quarta-feira, 28 de novembro de 2007

As Chagas do Progressista

Não tem nada a ver com o blog, as coisas andam polêmicas por aqui, mas eu apenas quero dar um recado. Se o Corinthians cair para a segunda divisão no domingo, as coisas vão ficar feias. Não falarei de futebol em si, mas irei destruir tud0 aquilo que me irrita nesse mundo de meu Deus. As dez pragas do Egito virarão brincadeiras de criança perto do ódio que dissiparei aqui. Reinaldo Azevedo, Los Hermanos, Jack White, Fernanda Young, Angélica, Caetano Veloso e Antonio Nóbrega, rezem todos vocês para o Corinthians ganhar do Grêmio e se safar. Rezem MESMO. Esse foi o modo Darth Vader on. Muito obrigado, e voltamos com a nossa programação normal.

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

TOP 5- ABBA

Cinco melhores músicas do ABBA, na chincha:

5-The Winner Takes It All (balada que ensinou um bocado de gente no mundo pop)
4-Dancing Queen (falar o que? Crássico)
3-Waterloo (rock dos bons)
2-Super Trouper (harmonia genial)
1-Take A Chance on Me (top 5, melhores pop songs já feitas)

TETÉIA DA SEMANA

PJ Harvey
Cantora inglesa, maior musa do cenário alternativo dos anos 90 (Courtney Love era apenas uma junkie sortuda e sem talento). Tem uma carreira admiravelmente constante, nunca tendo lançado um disco propriamente ruim, embora alguns recalcados por aí jurem de pés juntos que o Uh Huh Her, de 2004, poderia ser classificado como uma "obra menor na carreira da artista". Um exagero, logicamente. Seu melhor disco é o sensacional Rid Of Me, de 1993. Deu um belo de um pé na bunda do mito Nick Cave, quebrando pra valer o coração do bardo australiano, que chegou a compor um disco inteiro lamentando o fim do relacionamento. Ficou tão desconcertad que chegou a dizer numa entrevista que a PJ Harvey teria as mãos mais frias do mundo pop. Não é pra qualquer zé não, jão.

domingo, 25 de novembro de 2007

Girls just want to have fun yet

Acabou de me ocorrer um paralelo, a propósito do último post: Cyndi Lauper/Madonna, que é igualzinho a Giulietta Masina/Anita Ekberg. Preciso explicar? Tá bom, tá bom: em ambos os casos, a segunda era mais bonita que a primeira, de modo que quando a gente pensa nos anos 80 ou no Fellini, até pode acontecer de se lembrar primeiro da Lauper e da Masina, respectivamente, mas, porque a gente é fútil, acaba preferindo ouvir Like a Virgin na Fontana di Trevi.

Mais fotos da Cyndi Lauper:


Girls just want to have fun

Gostos? Não. Eram parâmetros, e absolutos. Absolutos. Aquele que por eles viver jamais errará. Jamais.

Desconfio que o anti-semitismo se instala sorrateiramente entre nós. Seinfeld e Proust atacados como nunca antes visto. E ambos judeus. Sem dizer que estudos apontam na genealogia de Shakespeare certa ascendência judaica, provavelmente marrana. E alguém duvida? Lady Macbeth não é a típica mãe judia? “Vai, Jacob, não seja frouxo, vai lá e mata aquele goyim, maldito incircunciso!” Mas é claro que só estamos brincando, é claro. Como não?

Mas pra que o clima não fique pesado, e a discussão se encerre enquanto é tempo, algumas fotos da Cyndi Lauper:

sábado, 24 de novembro de 2007

O camarada e seus gostos

Mas que coisa: de um dia para outro o camarada fundamentalista elege as coisas que ele considera geniais, como num faniquito intelectual repentino, que se mostra deveras interessante.

Falar de Shakeaspeare é covardia; certos cânones são incontestáveis, é um dever cívico ser simpatizante do bardo inglês, o mesmo que falar que gosta de Homero e, para nós brasileiros, Guimarães Rosa. A penetração cultural e a presença dessas obras são tamanhas que fica difícil dizer o contrário, a obra sai do seu cárater fechado, recluso e aporta suas referências para além: permeando obras, seja por influência direta como também por imanência. Parece que a obra flutua num espaço que contamina outras obras. Por isso, quando o camarada afirmou seu gosto pelo dramaturgo não fez mais que a obrigação.

Enquanto refutou Jack Kerouac, o camarada começou a fazer polêmica e mostra que ele adora também os americanos pré-beatnik: Faulkner e Hemingway, sobretudo. Fundamentalista, um saudosista melancólico, gosta dessa época muito: Edward Hoper é outro que faltou esse camaradinha dizer, mas ele disse negando o cânone da literatura beat, mas ele esquece que quando faz isso, acaba negando Conrad e talvez o próprio Hemingway, como Kerouac, pessoas errantes, expatriados, pessoas pé na estrada. Mas enfim eu também não sou muito fã do Jack, mas ele é longe de ser um embuste como foi Pollock, basta notar sua influência, que permeia até hoje.

Não vou criticar Arcade Fire ou mesmo Seinfeld, já denotei minha opinião acerca disso( o bom e velho embuste indie). Queria é falar de Proust. Como disse em postagem anteriormente, um cara chato . Coitado, ficou vinte e tanto anos escrevendo uma grande merda que ninguém nunca lê, resolveram,por pena do garoto homossexual com problemas respiratórios, dar algum crédito para o francês. Este, ser fanático por brioche, foi o outro fator. Cite outro escritor francês desse período(não, não vale o Sarte); já que não existia, eles resolveram empurrar o menino guela abaixo da cultura ocidental e parece que não deu muito certo, como Pollock, muitos falam dele, mas poucos conhecem a fundo sua obra, pois se conhecessem não falariam dela. Graças a deus, depois de algum tempo, temos autores de verdade, como Georges Perec e Raymond Queneau, mas isto fica pra outro post.

Revolução em imagens

Somos camaradas, e nunca preguei revolução? Ah, Brasil: lógica aqui não tem vez mesmo, o carnaval subsume tudo, e a gente larga os bacamartes e vai ouvir Águas de Março. Mas tá, revolução.

Pelo que se viu até agora, a camaradagem tem uma proposta, sim, antes que a Elite Golpista venha acusar que não. Alguns postulados nossos (agora sistematizados):

Jim Jarmusch é indie. Tem gente que não sabia.




















Oscar Wilde era cafetão (a pimp).

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Do Bom e do Ruim nas Artes e na Cultura

E já colocando em prática minhas resoluções de fim de ano antecipadas (o último post), Parâmetros do Bom e do Ruim nas Artes e na Cultura. É, e eu disse que não manjava dessas transcendências, sei, sei. Mas esquece. Meu passado tá sendo revisionado, já avisei. Lá vai:

  • Bom: Shakespeare, Seinfeld, Arcade Fire, Proust.

  • Ruim: Manoel de Barros, Robert Rodriguez, college bands brasileiras, Jack Kerouac.

Mea culpa tardio

Chega de falar do que eu não sei; de agora em diante, doutoro-me. E isso, me responsabilizando por tudo o que for dito; e até pelo que foi dito, as cagadas de outrora. Por exemplo, se voltarem a postagens anteriores (se vocês não leram, pelo menos eu li), depararão grosserias e horrores em várias áreas do conhecimento, sobretudo literatura. O único ponto que me parece irreparável, e todos hão de concordar comigo, é minha psicologia comportamental das mulheres. Aprofundado, pode-se consolidar como o caminho mais legítimo, isto é, para mim, no mundo das letras: auto-ajuda para quem não gosta de auto-ajuda. E gente que não gosta de auto-ajuda, não gosta por preconceito. Mas pompa resolve tudo, e o preconceito cai fácil, fácil: com purpurina, até pobre brilha, é o que dizem. Ora, investindo-se um pouquinho na forma, os resultados podem ser surpreendentes. Tipo La Rochefoucauld, Schopenhauer.

Cinema - Estréias da semana (o retorno)

É isso aí. Trago de volta a seção mais over desse blog. Estreías da semana, o guia mais sincero e equivocado de filmes que existe na net. Pois desse teclado saem somente as teclas da verdade. Confere ai o bagulho:


O Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford - Diretor: Andrew Dominik; Elenco: Brad Pitt, Casey Affleck e Mary Louise Parker
As filmagens ficaram prontas em 2005. O filme demorou dois anos para sair, já que o corte final tinha quase quatro horas de duração, o que deixou o pessoal do estúdio um tanto quanto nervoso. No final, deixaram 160 minutos mesmo, sabe como é. Falaram maravilhas desse filme, o que não deixa de ser meia verdade. O Brad Pitt e o Casey Affleck (o irmão Affleck que não merece apanhar) garantem o êxito do filme, auto indulgente demais nas suas tentativas de poesias visuais, aquela coisa Terrence Mallickiana de colocar os personagens olhando para o horizonte em meio a uma paisagem deslubrante. Sim, eu gosto dos filmes do Terrence Mallick, mas o Andrew Dominik, ex-diretor de comerciais na Austrália (precisamos começar a eliminar os atores e diretores australianos, é uma epidemia, e deixar somente o Peter Weir) passa longe da excelência do mestre. Pelo menos a gente já sabe qual vai ser o final do filme, afinal a história americana e o quilométrico título já garantem o serviço.

Viagem a Darjeeling - Diretor: Wes Anderson; Elenco: Owen "Suicide Solution" Wilson (sacaniei), Jason Schwartzman e o nariz do Adrian Brody.
O Wes Anderson voltou! Ouviram? O quê, ninguém ficou lá muito animado? A, tá, vamos todos crucificar o cidadão por culpa do Vida Marinha. Que nem era tão ruim assim. A história não é muito promissora, três irmãos que embarcam numa viagem pela Indía em busca da mãe. O elenco é indigesto, o insuportável nariz do Adrian Brody foi uma escolha infeliz, e o Jason Schwartzman já merece a honraria de Coppolla menos talentoso. Mas filmes do senhor Anderson jamais poderiam ser julgados pela superfície. Sei que não chega nem perto do neo-clássico moderno Excêntricos Tennembaums, mas aí seria pedir demais. E tem um bônus: antes de começar o filme propriamente dito, passa um curta chamado Hotel Chavelier, que introduz o personagem do Jason Schwartzman. São treze minutos em companhia da Natalie Portman, que contracena com ele apenas nessa parte. Um alívio para quem tem de encarar depois uma hora e meia do napudo mais insuportável do ocidente. Maldito Polanski.

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Top 5: Cinco boas rãzões para se dar uma bela duma surra no Ben Affleck

As razões são:

5- Gigli- Contato de Risco
4-Gigli- Contato de Risco

3-Gigli- Contato de Risco

2-Gigli- Contato de Risco

1-Gigli- Contato de Risco


Sério. Esse atentado estava passando ontem na TV a cabo. É a pior coisa jamais concebida pela mente de um ser humano (Martin Brest, no caso). Se o holocausto e a bomba atômica foram a vergonha da humanidade no século passado, o século que vivemos agora já terá a sua, mesmo faltando ainda 93 anos para o fim. E ainda vem gente dizer que tem peninha do Ben "Boneco de Olinda" Affleck e da Jennifer Lopez, que tiveram suas carreiras encerradas com esse projeto. Foi muito pouco. Eu nunca terei as duas horas que perdi assistindo aquilo de volta. Foi como uma lavagem cerebral, não consegui me livrar de assistir o desastre até o fim. Nós vamos mesmo deixar os dois sairem impunes por isso? Eu não. Estou tomando providências legais para ser ressarcido em nome dos milhares de neurônios perdidos e do tempo disperdiçado. Quanto ao Al Pacino, resolvi fingir que não vi ele no filme. Imagino que ele deva fazer o mesmo também.

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

A metalinguagem e metareferência nos quadrinhos publicados hoje, dois exemplos

Sabe, este camarada que vos fala costuma ler bastante quadrinhos, um fato corriqueiro e diário, é verdade. Hoje as publicações de quadrinhos no país estão apresentando grande variedade e grande qualidade: é fácil encontrar qualquer tipo de "gibi", independente de gosto: seja um leitor que gosta de super-heroís, um leitor que gosta de quadrinhos adultos, mangás , etc.

Tamanha a variedade, surpreendente para um mercado minguado como o brasileiro, onde é capaz de encontrar quadrinhos para não leitores de quadrinhos. Obras que diferem bastante do comum nas bancas de jornais. Daí que parto o meu primeiro exemplo.

Um quadrinho divertido?

Fun Home, obra de Alison Bechdel, onde a autora, através de um relato autobiográfico em quadrinhos, traça as suas primeiras experiências homossexuais como também o seu relacionamento conturbado e complicado com o pai, um homossexual enrustido, que através da permanência de um casamento forçado, mantendo ao mesmo tempo suas relações extraconjugais com seus alunos. E este pai da autora teria se "matado" por causa desse homossexualismo não assumido. A obra em si não explicita isso, mas durante todo o relato de Alison, ela parece insinuar isso.

A obra apresenta várias referências literárias, com especial atenção para Ulisses, obra de James Joyce(o grande destruidor do romance), e sua relações com a Odisséia, de Homero. No decorrer da própria narrativa, ela própria relaciona sua relação com o pai com as relações paternas de Bloom, protagonista de Ulisses.

Além da narrativa soberba, do texto genial, da metalinguagem e metareferência que enriquecem e acrescentam muito a obra(seria outra obra sem isto, apenas uma história bobinha). Mais, deixam a obra aberta, caso comum da arte moderna, a obra aberta para o diálogo; metareferencial, onde aponta coisas que se relacionam com ela, Alison executa tudo de maneira genial, a obra foi contemplada com Eisner Award de 2007 e também foi eleito o melhor "livro" de 2006 pela revista Time. Quem diria, outro livro de figurinhas desbancando os chatos herméticos viciados em Proust, este, o chato mais hermético de todos.

Grant Morrison

Rei das referências e metalinguagem, Grant Morrison, teve recentemente publicado sua obra mais megalomaníaca: Os Sete Soldados da Vitória, publicado no brasil em 8 volumes de 100 páginas cada. A última edição saiu neste mês.

A DC comics deu liberdade total a Grant Morrison, ele resolveu trabalhar com sete heróis de segunda categoria: Justin, o Cavaleiro Andante; Frankstein; Senhor Milagre; Klarion, o menino bruxo; Projétil; e por fim, Zatanna. Através de um lançamento cronológico onde cada herói teve sua revista, em 4 edições, alternando numa ordem já premeditada por Morrison e começando como também finalizando com outra duas edições, respectivamente: Sete Soldados da Vitória #0 e Sete Soldados da Vitória #1.

O interessante, além dos incríveis artistas convocados para tal empreitada, é como Morrison amarra a trama. Ora, os protagonistas apresentam, aparentemente, um inimigo comum, porém não formam um supergrupo. Longe disso, eles apenas, as vezes, se encontram durante a história, isso só alguns e ocasionalmente. Através do esforço isolado de cada um, acabam minando a força dos Sheedas, os malzões da história, e por fim, um deles tem que se sacrificar para impedir a ceifa dos Sheedas.

Morrison alterna de revista pra revista, citando elas mesmas, uma na outra e assim por diante; as repercussões das ações dos personagens acabam influenciado os personagens de outras revistas. E acaba acrescentando muito a história, ao invés de trabalhar apenas com uma boa história de um supergrupo que impede uma dominação alienigena(coisa que já existe aos montes). Grant não quis ser original, ele já fez isso antes, ele apenas percebeu que seria mais interessante, sobretudo para os tempos atuais e para a obra, tratar da maneira que tratou, isso mesmo, a sensibilidade do roteirista acabou trazendo muito mais valor para os quadrinhos do que a teimosia da pessoas que acham que Proust é o máximo e deve ser imitado, assim como todos os outros chatos herméticos da literatura atual, pois os antigos tinham motivo para serem herméticos e chatos.

Outra coisa interessante, neste outro exemplo de obra aberta: a leitura em conjunto, pois cada leitor perceberá certas referências e influências, sejam elas de quadrinhos, de cinema, de literatura, de cultura. A obra se põe como um jogo, onde cada releitura possibilita outras interpretações e impressões, indiferentes delas serem erradas ou certas. Então, que tal largar seu Proust e jogar um pouco?

Sobre literatura e crítica literária marxista

Um dia haverá uma grande explosão, e todas as cidades e máquinas serão destruídas. Voltaremos à estaca zero tecnológica. Só sobreviverão, coincidentemente, esses indivíduos atualmente perdidos e inúteis, os simpatizantes da literatura. Eu sei bem o perigo dessas categorias vagas e por isso muito abrangentes – qualquer professorzinho universitário é elevado a um Spinoza, por tabela. Mas, ainda assim, peço que tomem simpatizante num sentido lato, lato. Afinal, comigo é que nem estar na cozinha do pensamento, de pijama em casa com as idéias. A gente nunca desenvolve nada que dê pra levar pro boteco pra se mostrar pra rapaziada.

Mas voltando: então, tem esse holocausto, e esses remanescentes maricas que gostam de livros. E finge que esse povo também não vai ter de se ver com nenhum problema relativo à escassez de alimento ou água. Tipo, o mundo vai ter explodido, uma porrada de gente morrido e tal, mas de resto tudo certo. É isso mesmo, isso mesmo, vocês pegaram bem o espírito da coisa. Bom, é aí que esse povo, muito de boa, em vez de encher o saco do público com intermináveis solos metalingüísticos, só pra mostrar como eles são perspicazes e virtuoses e tudo o mais, e também porque eles não tem nada melhor do que isso pra falar, é aí que eles vão escrever uns livros legais, que nem antigamente, quando era impossível que alguém, narrando uma história, dissesse que estava narrando uma história, porque a história era boa demais pra eles precisarem se perder em maçantes questões de método e simplesmente porque todo o mundo ia achar isso muito chato, muito babaca, que nem blog e tal. (Ah, mas antigamente era outra coisa, o sentido estava dado, a totalidade, etc, o crítico dialético vem aqui buzinar na minha orelha. Ah, é? Bom, cala a boca, e deixa eu contar a minha história. Nunca ouviu falar em suspension of disbelief? E não se preocupa que o finalzinho aí embaixo tá do jeitinho que você queria, Lukács.)

Este homem, ele ainda saltita pelo campo de centeio.

Afinal, eles vão ter alguma coisa pra contar que não sejam as desventuras de sua vida pequeno-burguesa de outrora. Eles vão falar sobre essa grande explosão e de como eles salvaram o mundo, mesmo que a verdade (é, a verdade...) seja que eles só tenham sobrevivido à droga da explosão, de cagados que eles eram. E todo o mundo vai pagar pau. E isso é Literatura. E História também, com movimento dialético e o escambau.

A volta do camarada, Algarve nunca mais

"Onde vc estava, camarada?"
"Por aí, dei umas voltas; a pé, carro, trem, bicicleta. Algumas vezes navio."

"E pra onde vc foi, camarada?"
"Por aí, rodei algumas cidades: São Paulo, Araraquara, Bauru, Oswaldo Cruz, Marsilac e daí fui pra Algarve: grande cidade, lá dei umas voltas de bicicleta, sobretudo."

"E por que voltaste?"
"Acabou o dinheiro do google adsense, acabou o 'patrocínio'."
"Ah..."

Momento Reinaldo Azevedo: "A minha vida. A vida de um homem".

Eu sou um homem. Eu ando por aí que nem um homem. Eu tenho o porte de um. Eu saio, eu caço para prover alimentos para a minha família, eu faço fogueiras para aquecer os meus rebentos. Eu luto contra os meus rivais que eventualmente tentam roubar nossas provisões com minha clava de madeira. Eu sou um homem. Eu sou o ocaso de Eva. Eu não sou um peixe-espada. Eu sou um homem. Você não é um homem. Eu sou. Boo-hoo pra você. Esse foi o momento Reinaldo Azevedo de hoje. Muito obrigado.

Uma breve reflexão para os jovens estudantes

Domingo acontecerá o milésimo vestibular da Fuvest. Preocupado que sou com o rumo da vida dos emos, miguxos e outros rótulos que frequentam esse blog, resolvi trazer aqui uma palavra de paz e aconselhamento para esse momento tão duro na vida dos nossos queridos aborrescentes. By Comrade Progressist, eis uma pérola transcedental de sabedoria:

"Aqueles que semeiam o trigo, colhem a tempestade, embora um fenômeno natural não possa ser ocasionado por um evento de cunho agrário, se for essa a terminologia correta. A não ser, lógico, quando falamos em terremotos, os quais podem, sim, ser ocasionados por sementes gigantes capazes de moverem placas tectônicas, o que, como não poderia deixar de ser, ainda não aconteceu. Quer dizer, pelo menos há uma pequena possibilidade, que envolveria a produção de frutos gigantescos e... é... err... bem...ok, na verdade, não há possibilidade alguma. Fiquemos com o sentido metafórico então, tomando certas liberdades de interpretação? Se sim, fico contente".

É fofo esse blog

Sim, concordo. Fofo. Somos que nem aquele amaciante, o que tem o urso como garoto propaganda. Nós deixamos as roupas muito mais macias e cheirosas.

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Um blog fofo

Depois de trocar os livros pelos blogs definitavemente, uma coisa que eu reparei é que, por mais que fizéssemos braço de ferro com a Natureza, somos um blog fofo, em comparação com outros meninos e meninas tão pretensiosos quanto nós.

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

TETÉIA DA SEMANA

Jenna Fischer
Atriz norte-americana, destaque na versão yankee do seriado The Office. Interessante como ela conseguiu dar uma nova cara para a sua personagem, que difere bastante do que era no original inglês. E também como ela consegue evitar o velho clichê das mulheres em shows cômicos, sempre relegadas ao papel de escadas para as piadas. Com o sucesso do seriado, ela já anda arriscando papéis no cinema, como no filme do Wil Ferrel Escorregando para a Glória. Será ela uma nova... err... Jennifer Aniston? Sabe como é Rachel, Friends, Brad Pitt...

Lou Diamond Phillips: A Volta do Progressista

Sim, ele está de volta. Aquele que representa o Hip-Hop, o pesadelo do Pop. O cara das gírias fora de moda, dos textos ineficientes, das retóricas de boca de lixo. Progressista, um moleque de valor. Mas chega de papo furado, vamos ao que interessa: caramba, aonde é que anda Lou Diamond Phillips, o melhor dos Jovens Pistoleiros (Emilio Estevez my ass)? Explico: numa noite insone no Hotel o qual estava hospedado, notei que estava passando no canal MGM (não, o Hotel não tem TV a cabo, é gato mesmo) um filme com o Lou, no qual ele era um vagabundo errante que ia parar, no meio de uma tempestade, numa casa no meio do nada, com um fazendeiro psicopata e sua mulher pacata. São as únicas três pessoas que aparecem no filme, o orçamento de elenco deve ter sido uma piada de barato. Pois bem, a tempestade eventualmente se transforma num furacão, e o senhor Diamond acaba ficando preso naquela casa inóspita. O final é óbvio: ele dá em cima da mulher do cara, os dois acabam, digamos, conhecendo melhor um ao outro e o fazendeiro surta de vez, e aí... é, nada muito promissor mesmo. Mas pô, dá pra ver que o senhor Diamond Phillips era um sujeito bem bacanudo. Poderia ter tido uma carreira mais digna. Hoje, esquecemos todos dele. Como íamos esquecendo do Progressista, nessa sua breve ausência. Não deveríamos tratar assim nossos ídolos. Não mesmo.
Obs: não sei qual era o nome do filme. Tentativas de adivinhação: Perdido no Arizona (deve ser por lá), O Fazendeiro que Errou, A Casa no Meio Do Nada, Adivinha quem vem Para Roubar sua Muié, As Aventuras do Lou Diamond Phillips, Jovens Pistoleiros 2, O Bom, o Mau e a Rapariga.

domingo, 18 de novembro de 2007

TETÉIA DA SEMANA FAKE

De como, no cinema, o homem assume o papel de terapeuta da mulher. E só aí...




Tá, tá, óbvio e tal. Anyway, habla con ella.

sábado, 17 de novembro de 2007

Como se refinar (madrugada adentro)

Restringir seu gosto aos favoritos, preferencialmente filmes pouco citados e p&b, e autores canônicos mas ofuscados por highlights como Homero, Shakespeare, etc. Mas, sobretudo, restringir seu vocabulário, o que também equivale a granjear uma poética e eventualmente uma ontologia, uma metafísica, whatever.

Como em blogs refinados

Por alguém que não empregue a expressão “por alguma coisa qualquer”.

Eu sou uma ameaça. Eu sou fino.

(Mas amanhã o Camarada Progressista retorna, ah, ele retorna.)

3º dia e meio

Dois gestos lançariam o Fomos ao Cinema de vez à mera categoria de blog, que eu nem mais poderia me referir a nós mesmos como o Fomos ao Cinema, já não haveria estatura pra isso. A saber: a indicação de um outro blog, por exemplo, o portuga Estado Civil, e eu contar alguma coisa de muito pessoal a meu respeito, por exemplo, dizer que eu tenho prisão de ventre. Não preciso dizer que não farei nem uma coisa nem outra.

3º dia

Hoje eu acordei bem. Ontem, também. Em geral, eu sempre acordo bem, até pra trabalhar. Eu devo ser louco. Eu acordo e lavo o rosto, bem lavado. Quer dizer, às vezes, eu esqueço de lavar o rosto, né? Mas só às vezes, que ninguém é de ferro, gente. Mas aí eu lembro e vou e lavo. Aí eu tomo café. Hoje eu tomei café, por exemplo. E tem café, tem leite, tem pão, tem manteiga (quer dizer, não é Manteiga, é margarina com manteiga; mix, sabe? supergostoso!). E tem bolacha, tem suco, tem tudo. Tipo, feriado ou sábado, que nem hoje, eu fico aqui de boa, blogando, de pijama. O bom do feriado e do sábado é que a gente não trabalha, né? A gente descansa, ufa! Mas tem gente que não, também. Gente que trabalha até de sábado e feriado, aquela correria. A vida da gente é maluca mesmo.

Mas então, eu queria contar mesmo é que eu tô pra conhecer uma mina, olha, que tem tudo pra dar certo. Depois de tantos percalços... Então, vocês me desejem sorte, beleza?

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Sexta-Feira, vem cá!

Esqueci de dizer: só sou eu esses dias. Camarada Progressista viajou pra Shangri-la, volta na segunda; e o Camarada Moderado, bom, ele tá firme. Quatro dias isolado, portanto. Um homem pode enlouquecer desse jeito. Tom Hanks conversava com uma bola de vôlei. Vocês são a minha bola de vôlei.

Por influência de blogues de universitários de Jornalismo, essa gente vislumbrada e por isso mesmo cheia de energia, preencherei o vazio criativo causado pela ausência dos camaradas postando textos curtinhos, sobre coisas descoladas, do tipo "só estou escrevendo sobre o que eu senti", mea culpa tradicional que já te prepara pra um monte de groselha, e da pior, porque o sujeito tem que ter uma subjetividade que se garanta como objetividade pelo menos no caso dos moleques começarem a gritar iééé-iééé, vai deixar? vai deixar?. E vou até postar mais de uma vez ao dia.

Podia também postar textos curtinhos sobre coisas com relevância social, que também faz parte, mas a minha sacolinha de consciência social and stuffs anda vazia, preciso ir mais ao shopping ver a molecada se divertindo no farol.

Ó, gente, mas é só temporariamente que o Fomos ao Cinema vai ficar parecendo um blogue mesmo, que eu vou até chamar ele de blog só. Depois, volta tudo ao normal, e vocês fingem que a gente nunca deixou de ser um site wannabe. Ai, já são tantas as concessões...

Fala que eu te escuto

Cinco coisas que eu gosto e que me deixam mal diante de gente cínica wannabe, universitários leitores de Clarice Lispector e o populacho blasé em geral, aleatoriamente listadas:

  • o vídeo do filtro solar;
  • Terra dos Homens, de Antoine Saint-Exupéry;
  • Melhor é Impossível (e entre os meus 10 mais);
  • balanços sobre a vida aos vinte e poucos anos, com questionamentos precoces sobre se eu me tornei um homem de caráter, em conversas estilo filme do Win Wenders, com longas pausas meditativas e, principalmente, paciência do interlocutor com as mesmas, mas em enquadramentos à Edward Hooper frustrados por uma mesa cheia de adolescentes que estudam no Dante Aleghieri, tirando fotos uns dos outros com o celular;
  • minas paty.

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Tem o Pelé e tem o Edson

Porque a obra, mesmo não sendo muito inteligente, é sempre mais inteligente que o autor:

“Quem é o capitão Nascimento no filme? É um sujeito que dedicou sua vida à tropa de elite. Passou sua vida justificando para si mesmo a violência que perpetra nas favelas. Ele está vendo que a dedicação que teve foi equivocada e não se sustenta numa sociedade civilizada. O filme mostra isso, apresentando o personagem com síndrome de pânico, que não consegue sustentar a realidade na qual apostou ou conciliar uma vida em família com a mulher e o filho, é um personagem angustiado”.

(José Padilha, diretor de Tropa de Elite.)

Burro. Capitão Nascimento não tem conflito nenhum. Fora ter de ouvir a ladainha da esposa, não há outro motivo pra ele querer largar o BOPE.

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Traduções do Progressista

É isso aê, cambada. Para aqueles que não conseguem nem dizer hello na língua de Shakespeare, que querem desesperadamente compreender o significado das suas canções favoritas sem ter de apelar para aquele amigo mala que carrega livros de RPG embaixo do braço e acha o máximo citar despudoramente por aí expressões como "mana", "nível de dano" e o escambau, aqui vou eu, humilde e anglicano Camarada Progressista, ensinar o caminho das pedras. Para começar, traduzo a melhor música da década 00. Mr. Brightside, do The Killers, inclusive dando meus pitacos nos versos, pra elucidar melhor os pontos duvidosos com toda a classe do mundo. Não precisa agradecer, estamos aqui ao seu dispor mesmo (mas não abusa não, jão).

The Killers - Mr. Brightside

I'm coming out of my cage
And I’ve been doing just fine
Gotta gotta gotta be down
Because I want it all
It started out with a kiss
How did it end up like this
It was only a kiss, it was only a kiss
Now I’m falling asleep
And she’s calling a cab
While he’s having a smoke
And she’s taking a drag
Now they’re going to bed
And my stomach is sick
And it’s all in my head
But she’s touching his—chest
Now, he takes off her dress
Now, let me go
I just can’t look its killing me
And taking control
Jealousy, turning saints into the sea
Swimming through sick lullabies
Choking on your alibis
But it’s just the price I pay
Destiny is calling me
Open up my eager eyes
Cause I’m Mr Brightside
I never...(Repeat it 245 times)

Os Matadores - Mano Lado Bão

Eu estou saindo da minha cela, prisão, gaiola, use a palavra de sua preferência, todas usadas como metáforas para aprisionamentos psicológicos, logicamente
E eu estava me saindo muito bem
Tenho, tenho, tenho de ir com tudo
Por que eu quero o bagulho todo
Tudo começou com um beijo
Como é que foi terminar desse jeito?
Foi somente um beijo, foi somente um beijo
Agora eu tô caindo de sono
E tipo, ela tá chamado um taxi aí
Enquanto o maluquinho puxa um fuminho
E ela toma um ar básico, sabe como é
Agora, tipo, tirem os menores da sala: eles estão indo para a caminha fazer coisa feia
E o meu estômago está ardendo, tipo enjoado, saca?
E está tudo na minha cabeça
Mas ela está tocando o peito do jão agora
Ok, agora fica pesado: ele tira o vestido dela (safado)
Agora, deixe-me ir embora
Eu não posso olhar o bagulho não, está me matando por dentro
E tomando o controle

(agora vai pro refrão. Tomando fôlego, ai vai:)

Ciumento, transformando santos em mares, oceanos e outras metáforas aquáticas (corno)
Nadando por entre canções de ninar doentias (corno)
Engasgado com os seus alibis (corno)
Mas, pô meu, esse é o preço que se paga, tá ligado? (corno)
O Destino clama por mim(corno)
Abrindo os meus olhos ávidos (corno)
Por que eu sou o Mano Lado Bão (CORNO!)

Eu nunca... (repetir o bagulho 245 vezes. Qual a idéia por trás da repetição dessa sentença incompleta? Simples. Mais ou menos, é como se ele dissesse que "eu nunca imaginei que você seria capaz de colocar um par de chifres na minha cabeça, logo você que para mim era a verdadeira divindade.)
Há, sim, esqueci de falar só mais uma coisinha: CORNO!

Pronto. Lindo mesmo. Mais em breve, rapaziada esperta e boa de praia (?????).

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

TETÉIA DA SEMANA

Cláudia Abreu

Atriz carioca. É, brincando, a melhor atriz da sua geração, conseguindo elevar o nível de qualquer porcaria que participa. Entre suas façanhas, destaco quando ela fez o David Hasselhoff tupiniquim Reynaldo Gianecchini conseguir elogios por sua interpretação na novela Belíssima. Contracenando com a Cláudia, o cidadão acabou se coçando e conseguiu entregar uma perfomance que pelo menos não nos causava náuseas. Ele deveria doar metade dos seus salários e cachês para a senhora Abreu por toda a eternidade por isso. Mas o momento mais sensacional da sua carreira foi no final da minissérie Anos Rebeldes, quando sua personagem, Heloísa, é morta num tiroteio. Top-5 dos maiores momentos da história da nossa TV. Pena que a Cláudia é discreta e muito seletiva nas suas escolhas de projetos. Temos que aturar incautas sem a metade do seu talento nas novelas e filmes tupiniquins da vida, e tendo que se contentar com doses homeopáticas dela apenas. Mas qualquer diretor esperto sabe: quer parecer mais talentoso do que realmente é? Chama a Cláudia Abreu e coloca ela nos seus projetos o máximo que puder. Não é verdade, Sílvio de Abreu?

sábado, 10 de novembro de 2007

Ed Wood's fiction: Uma história de sucesso

Joe Fratelli e Rihanna se casaram em Las Vegas, como nos filmes. Também, com esses nomes, não podia ser diferente. Joe Fratelli não perdeu tempo e tratou de fazer um filho em Rihanna, que, apesar de ser coxa, era uma beleza.

Moravam em Marsilac, São Paulo. Rihanna era manicura e Joe Fratelli vivia de biscates. Um dia, acabou se metendo em negócios espúrios. Chorando, disse pros coxinha que um primo dele tinha arranjado o serviço e que ele não sabia o que é que tinha na caçamba. Como não adiantou o da cerveja, tomou cacetada pra ficar esperto. Por falta de provas, foi liberado e saiu contando vantagem pra rapaziada.

O moleque nasceu. Rihanna sorriu pra Fratelli, que fez uma churrascada olímpica pra comemorar, e naquele momento eles achavam que eram as pessoas mais felizes do mundo inteiro. Isso até descobrirem que o moleque era a cara do Escobar, truta firmezinha do futebol de quarta-feira. Como Fratelli era escocês, o fato da criança não ser cabeluda só piorou o lado de Rihanna.

Sem dizer que o lance todo era incrivelmente noveleiro, mas pré-Projac, o que Rihanna, muito dissimulada, fez notar. Fratelli não entendeu, como sempre, a espirituosidade da adúltera e meteu a mão na cara da safada pra ela largar de ser besta.

A vizinhança, silvícolas corrompidos pelo homem branco e agora prisioneiros do vício da maconha e do YouTube, munidos de um celular com uma câmera de 3.0 megapixels, filmaram e fizeram upload da coisa toda. Assim, Fratelli acabou atrás das grades novamente; só que, agora, com 3000 acessos de prova que ele tinha realmente sentado a mão na cara da mulher. E pior: foi cair justo nas mãos dos mesmos policiais corruptos (frustrados por terem sido transferidos pra uma delegacia da mulher) que o tinham soltado muito a contragosto da outra vez e que aproveitaram pra compensar nessa.

Liberta do opressor, Rihanna deixou o filho - que batizaram de Elvis da Conceição - com a mãe e, com o dinheiro da venda da caminhonete de Joe Fratelli, se mandou pros States. Lá foi descoberta por Timbaland, que a viu contar sua trajetória de sofrimento e superação na Oprah.

Hoje, ela metaforiza sua emancipação em canções intimistas que falam de guarda-chuvas.

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Ed Wood's fiction: Try a little tenderness

Olive Hoover tem nove anos de idade e quer vencer o Pequena Miss Sunshine, um concurso de beleza infantil organizado pelo cineasta indie Gus Van Sant no interior da Califórnia. Para realizar o sonho da baixinha, os Hoover (pai, mãe, irmão, tio gay suicida e avô junkie) topam participar de um reality show da MTV, As Quebradeiras. As Quebradeiras são seis minas superbaladeiras e cheias de atitude que vão ensinar o verdadeiro significado da felicidade para a família Hoover.

No inicío, muita curtição, muita pegação, mas uma surpresa bem desagradável está por vir. Quando, após ser preso numa ação comandada pelo Capitão Nascimento numa balada em Campinas, o vovô morre, de causas desconhecidas, Dwayne, desiludido, desiste de entrar pro Bope e acaba surtando. Sensibilizadas, as Quebradeiras o levam pra pular da tirolesa. Mas Dwayne interpreta mal a boa vontade de Erika, força uns amassos, e o clima fica pesado. Mas tudo volta ao normal quando Larissa pergunta o que quer dizer “polidactilia”, e ninguém sabe responder, daí todo o mundo cai na gargalhada.

Nesse meio-tempo, Olive aprende um ou dois truques com Vanessa para se dar bem na passarela. Mas a coisa fica realmente divertida quando J. T. LeRoy, convidado por Gus Van Sant para ser um dos jurados da competição, vem cumprimentar a pequena Olive e lhe dizer que realmente não importa quem vence, mas o que o ser humano é em seu interior. As meninas insistem, e ele aceita bater uma foto sem os óculos escuros. Mas, arrependido, toma a câmera da mão de Vanessa, e daí a confusão. Olive começa a chorar, o que deixa as Quebradeiras furiosas. Vendo a situação engrossar pro seu lado, LeRoy sai correndo, mas tropeça, cai de boca e quebra o nariz.

Apesar do processo movido pelo escritor, a temporada termina em alto astral, com todo o mundo cantando Try a Little Tenderness, do velho Otis Redding, puxada pela Camile, no caminho de volta pra casa. Vocês conhecem a letra?

“[This is for you] Ooh she may be weary
And them young girls they do get weary
Wearing that same old shaggy dress
But when they get weary
[You gotta] try a little tenderness


[Tell you, might not believe it, but]
You know she's waiting
Just anticipating
The thing that she'll never, never, possess, no, no
But while [all the time] she's without it
Go to her and try just a little bit of tenderness


[That’s all you gentlemen gotta do]
Oh, but its one thing
It might be a bit sentimental yeah, yeah
She has – her greaves and care
But the soft words [they] are spoken so gentle
But, oh, that makes it, makes it easier to bear, yeah


You wont regret it
No, no,
Them young girls they don’t forget it
[Cause] Love is their whole, whole happiness Yes, yes, yeah
And it’s all so easy
Come on and try
Try a little tenderness
Yeah try
Just keep on trying


You've got to love her
Squeeze her
Don't tease her Make love [Get to her]
Hold her tight
Just, just try a little tenderness
That’s all you gotta do
You’ve gotta hold her tight


One more time
You’ve got to love her hold her
Don't tease her
Never leave her
Make love to her
Hold her, man


Try a little tenderness
[Just one time] God have mercy now”

Heroes, The Office e a greve dos roteiristas

O bicho tá pegando na gringolândia. Os roteiristas de Hollywood entraram em greve, pela primeira vez desde 1988, quando uma greve de proporções semelhantes teve efeitos drásticos nas produções cinematográficas e televisivas. Basicamente, daquela vez a paralisação durou cinco meses, e os estúdios e canais de tv resolveram chutar o balde e contratar cada vez mais e mais roteiristas baratinhos, o que baixou drasticamente o nível das produções. Agora, justamente no momento que as séries americanas vivenciavam o seu momento mais criativo desde a popularização dos televisores na década de 50, vem essa paralisação e joga um balde de água fria. O medo de todos, é que essa greve gere um impasse igual ao que ocorreu em 88, e que os chefões do entreternimento tomem as mesmas atitudes daquela vez, o que seria mortal para as ambições artísticas dos projetos existentes. Ou seja, o nível iria cair lá embaixo, mais uma vez. No começo, fiquei animado quando soube que a horrenda, ridícula e absurda série Heroes poderia ter o final da sua segunda temporada abruptamente mudado para dezembro. Seria maravilhoso. Adoraria ver os Heroes freaks chorando ao ver sua sériezinha de quinta indo praticamente para o limbo por culpa de uma greve. Mas nem tudo o que reluz é ouro.

Pouco depois de saber esse notícia do Heroes, descubro que a sensacional versão americana da série The Office também será brutalmente prejudicada. O problema é que muitos atores do elenco também são roteiristas, escrevendo diversos episódios da série, e todos aderiram em massa à greve. O ator principal, Steve Carell, resolveu ser solidário aos seus colegas e não apareceu para gravar no primeiro dia da greve, nem nos subsequentes. Ou seja, a quarta temporada da série está seriamente ameaçada, já que apenas dois capitulos estão prontos para essas semanas pós-greve, o que significa que logo terão de colocar reprises no ar. E se o fim dessa paralisação for o mesmo da de 19 anos atrás, provavelmente a série como um todo também poderá estar seriamente ameaçada. Um absurdo. Estavam querendo até criar um The Office 2, com outros atores, tamanho o culto criado à série (idéia estúpida, mas que dá uma idéia boa da excelência da série. Grande Ricky Gervais). Os Seinfeldmaníacos, que estavam finalmente conseguindo suprir sua demanda de séries cômicas inteligentes, já podem voltar a se preocupar seriamente. Já a série mais subestimada da história da humanidade, Lost, essa tem esperança ainda, já que a temporada começa apenas em fevereiro e já existem oito episódios gravados. Ou seja, os insuportáveis Lostmaníacos (que perdem em chatura apenas para os Heroes freaks) ainda podem esperar com alguma folga o fim dessa greve sem terem de ver sua série favorita virar um Esquadrão Classe A da vida. Nós do blog iremos acompanhar o desenrolar dessa história toda e relatar tudo para vocês? Não sei. Talvez eu fique empolgado com essa idéia e resolva fazer uma greve contra o Fundamentalista e o Moderado, esses opressores do proletariado e serventes do capitalismo brutal!

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

TETÉIA DA SEMANA

Isobel Campbell

Ex-integrante da banda indie Belle & Sebastian, que fez um baita barulho no início da década, e hoje empreendendo uma digna carreira solo. Isobel entrou na banda depois de um breve romance com o fundador, Stuart Murdoch, e participou da banda desde o início das atividades, em 1996 (tinha parcos 20 anos na época) até 2002, quando saiu por motivos pessoais, formando uma outra banda chamada Gentle Waves que durou dois discos, e depois, ai sim, produzindo discos solos, inclusive lançado um álbum com o cachaceiro mor do grunge Mark Lanegan, ex-Screaming Threes e membro honorário do Queens of The Stone Age. Ela chegou a vir para o Brasil com o Belle & Sebastian, lembro dela até no programa do mala do Jô Soares entrevistando a banda, e ela quieta, com a famosa cara de "como fala esse gordo chato!". Ela era, junto com os dois Stuarts, Murdoch e Davis (esse também saiu da banda recentemente) a porta-voz da banda. Pena que hoje em dia, sem Isobel e Davis, ninguém se lembra mais que o Belle & Sebastian existe. Mas da senhorita Campbell, não nos esquecemos. Como poderíamos?

Woody Allen, Godard e o American Pie

Existem filmes que literalmente nos chamam de burros. Na cara dura mesmo. Tipo, apontam o dedo e falam: "vai lá jão, quero ver você assistir o bagulho e não sair babando oligofrenicamente depois". Lógico que não ajuda nada quando você assiste o negócio nas altas horas da madrugada e um tanto quanto sonado. Funciona bem quando se vê um American Pie da vida, cujas piadas já vem com tradução simultânea e ajuste imediato para todos os tipos de mentes e estados físicos e psicológicos. Tipo naquele filme maluco do Roger Vadim, Barbarella, quando a Jane Fonda chegava no planeta e os maluquinhos falavam uma língua que ela não entendia, e ela simplesmente apertava um botão no pulso e pronto, lá iam eles falar um inglês perfeitíssimo, com direito a impecáveis sotaques britânicos em alguns casos (por essas e outras que considero o Vadim lado a lado com o mito Ed Wood, mas isso é outro papo). Nos American Pies da vida, quando o cara solta um pum (o que ocorre a cada cinco segundos no filme) você já sabe, por mais sono que tenha ou mais chumbado que esteja, que é hora de dar uma risada, só pra manter o status quo. Rá, rá, rá. Tipo, "eu não sou intelectualóide, e não me recusarei a rir desse pum, pois isso me faria descer ao nível daqueles imbecis que assistem festivais do Godard nos cines universitários da vida e ainda batem a cabeça de felicidade". Opa, eu citei o nome Godard na última sentença? Pronto, cheguei no assunto principal. Não, não é o Godard. Quer dizer, não majoritamente. É mais a idéia toda que existe por trás dos filmes dele. O negócio é que outro dia aí, assistia televisão em outra madrugada insone, quando ao passar por um canal de filmes Cult (um doce pra quem adivinhar qual) vejo que eles exibiam um filme de 1987, dirigido pelo Jean-Luc Godard e com o Woody Allen e a Molly Ringwald, musa-mor dos anos 80, ao menos para os teenagers espinhudos. Todas essas informações (tirando logicamente a descrição da Senhorita Ringwald, embora ache que seria muito engraçado se eles agregassem essas groselhas nos resumos, tipo quando fosse um filme do Tom Cruise, "elenco: Tom "Cientologia freak" Cruise) eu encontrei quando apertei a tecla que mostra o resumo dos programas em exibição, um pequeno luxo de muita valia, principalmente para quem num passado não muito distante tinha que enfiar bombril na antena para assistir o bagulho. Tempos modernos. Enfim, o filme chamava Rei Lear, obviamente calcado na peça do Shakeaspeare. Não me lembrava de tal película na carreira do Godard, nem que o Woody Allen estava envolvido (ele que odeia atuar em filmes de outros diretores) e muito menos que a Molly Ringwald estivesse no meio. Tamanha loucura nem chega perto do que era esse filme. Sem dúvida alguma, a coisa mais insana que eu já assisti em toda a minha vida. Tudo aquilo que falam de mal do Godard podia ser comprovado nesse exercício de agonia travestido de cinema. A tão achincalhada fase eighties do Jean-Luc.


Basicamente, o filme conta uma história passada num mundo no qual o acidente nuclear de Chernobyl (que tinha acontecido pouco tempo antes do filme ser feito) tinha tido efeitos quase apocalípticos, e toda a história da arte tinha sido perdida. Então um cidadão chamado William Shakespeare Quinto resolve tentar fazer algo para resgatar parte dessa história, e chegando num resort (?) acaba, apenas por presenciar os fatos lá ocorridos, lembrando de todos os diálogos da peça Rei Lear. Fatos esses que envolvem um chefe da Máfia e sua filha oportunamente chamada Cordelia (interpretada pela Molly Ringwald), um professor chamado Jean-Luc Godard (interpretado pelo próprio), que fica xerocando sua própria mão o filme todo (sem motivo aparente), quatro globins humanóides que ficam atormentando Cordelia, e um cavalheiro deveras fidalgo sem função alguma no filme e cuja namorada (interpretada pela Julie Delpy, tinha me esquecido dela) fica constantemente invisível. Sim. Invisível. Ai, o Shakespeare Quinto resolve fazer um filme com a peça, e manda o negócio para Nova Iorque, para um tal de Senhor Alien (agora sim, interpretado pelo Woody Allen) editar. A trama por si já seria o suficiente para mandar o Godard e todos os envolvidos para os melhores hospícios da Normandia. Mas a execução do negócio é que acaba dando aquela sensação de que a loucura é um troço subestimado. Os personagens jamais olham uns para os outros. Todos falam como se estivessem fazendo monólogos, discursos, não existem conversas propriamente ditas. Sempre olhando para o alto, para o lado, para o chão, para qualquer lugar que não a cara dos outros personagens. A câmera, como de praxe em diversos filmes do Godard, jamais se move. Inúmeras vezes durante o filme, mesmo quando personagens falavam alguma coisa, o áudio era interrompido por berros insanos de gaivotas voando na cena no momento. É, gaivotas. Umas duzentas vezes durante o filme. Não que fosse desagradável ver algum personagem que estivesse falando alguma bobagem sobre a contemporaneidade do Shakespeare sendo interrompido pelo barulho das gaivotas. Sem dúvida, foram os momentos mais agradáveis do filme.
Todos sabemos que o Woody Allen é um grande fã da nouvelle vague, e que deve ter sido uma honra para ele atuar num filme de um dos seus ídolos. Mas, cá entre nós, justamente o Woody Allen, que sempre demonstrou nos seus filmes, livros e rotinas de comédia uma maneira brilhante de falar de alta cultura com bom humor e sem cabecismos, participar de um troço insano desses, somente a idolatria para justificar. Já a Molly Ringwald, essa deve ter se achado a principal beneficiada com a empreitada. Afinal, na época ela vivia dando entrevistas dizendo-se cansada do mundinho do John Hughes, e querendo expandir seus horizontes de atuação para não ficar presa naquele universo adolescente. Perdeu, patricinha. Tanto fez que nunca mais se livrará do estigma. Godard nenhum foi capaz de trazer o antídoto para o doce mundo do senhor Hughes. Eu aguento esses negócios na boa, adoro brigar com filmes que tentam zoar com a minha cara, se bobear eu poderia até chamar essa película para a porrada, dar uns belos cascudos nela, quebrar o seu nariz e coisa e tal. Nada me atinge. E vamos lá, todos sabemos que o negócio do Godard eram os "conceitos". Os seus filmes depois de uma época viraram teses. Época essa que dura mais ou menos até os dias de hoje, precisamente. Enredo, personagens, diálogos, câmeras que, por Cristo, se movem durante o filme. Coisas que deixaram os filmes do Godard fazem uns bons trinta anos. Citei o American Pie no começo para exemplificar uma idéia. A de que filmes como esse e o Rei Lear do Godard são exercícios de cinema diametricamente opostos, um chamando o espectador de anta, mas tentando explicar tudo direitinho para que ele possa prestigiar o bagulho e trazer as sonhadas verdinhas depois, e o outro já usando a burrice do pobre espectador como pressuposição, nem se dando ao trabalho de tentar demonstrar coisa alguma. No meio desses dois extremos é que jazem as verdadeiras pérolas da sétima arte. O que hoje em dia significaria o quê, os filmes do Paul Thomas Anderson? Ué, o que o Adam Sandler tava fazendo naquele filme do maluquinho que ficava embriagado de amor então?

sábado, 3 de novembro de 2007

Camarada Fundamentalista escorregando no tomate

As pessoas não acreditam que eu sou romântico, elas riem quando eu digo que sou carinhoso. Pra ser sincero, não entendo por que tanto ceticismo a meu respeito. É o fundamentalismo? É o esnobismo fake? Ou só porque eu escrevo que não gosto de fã do Chico Buarque?

Chega uma hora em que todo homem cede e admite que é fraco, de alguma maneira fraco. Acho que a minha vez chegou. Porque vocês aprenderam muito de mim. Vocês ouviram muitas coisas a respeito do amor e das mulheres, coisas que por força do medo, da ignorância ou da má-fé das pessoas costumam ser caladas. Mas mesmo um mestre como eu, um Sócrates no amor, mais cedo ou mais tarde, há que se confessar limitado, possivelmente ignorante. Até mesmo, estúpido. Mas qual seria a minha estupidez no amor, a minha estupidez acerca das mulheres? Eu vou lhes contar.

Tem a ver com Edward Hopper. Vocês sabem, aquele pintor norte-americano, que, por causa de Paris, Texas, do Win Wenders, acabou caindo nas graças da molecadinha. Eu podia me gabar, dizendo que já gostava de Edward Hopper antes de ter assistido Paris, Texas. Mas seria medíocre, seria desnecessário; além do mais, gostar de Edward Hopper, pelo que eu sei, não é lá muito highbrow.

De qualquer forma, é a pintura de Hopper que alimenta as minhas maiores ilusões em relação às mulheres. Daquelas ilusões que fazem John Wayne corar. Contemplar uma de suas telas me faz suspender, momentânea e inadvertidamente, minha misoginia aguçada, criada a leite e ovos. Talvez eu devesse parar por aqui. Já me expus o bastante. Mas não, prossigamos.

Outro dia eu estava olhando pra New York Movie (1939).

E comecei a imaginar que talvez esta moça gostasse de assistir Charlie Brown, não porque o Snoopy era uma gracinha; que talvez ela já tivesse visto Persona mais vezes do que eu, mas sem essa história de se identificar com a Elisabeth ou com a Alma, uma distinção extremamente duvidosa; que talvez ela só gostasse de sentar num banco de praça e ver as nuvens e as pessoas passarem. Mas aí, quando você começa a tecer idílios em bancos de praça, que fica até parecendo poema do Manuel Bandeira, é que a coisa tá feia; aí, você sabe que está perdendo o juízo, que está querendo ser lírico, quando não tem um pingo de lírica no seu coeficiente de gênio. E o contra-senso se revela como tal: uma mulher que seria, tipo, um homem. E aí eu achei que a coisa tava ficando muito esquisita, parei e fui assistir as Quebradeiras, na MTV.