sexta-feira, 30 de maio de 2008

Cidadão Kane: Uma Análise Profunda

Vamos brincar de Cidadão Kane? Vamos? Legal! Olha, vou analisar aspectos do filme e do personagem principal, Orson W... ops, quer dizer, Charles Foster Kane, divididos em duas categorias: prós e contras. Divertido, vai ser. Ioda, eu falo como. Star Wars, nada a ver com o tema. Louco, eu sou. Vamos lá então. Prós e Contras:


Prós:

Kane era riquíssimo. Então, era um bom provedor. Conseguiu sustentar legal suas duas esposas, além de construir um vasto império. É importantíssimo que um homem possa providenciar do bom e do melhor para a sua esposa. Que bom. Ponto para Kane.


Kane tinha boa visão empresarial. Ponto importante. Isso o ajudou a ficar mais rico do que já era (sua família já era riquíssima, ele apenas expandiu o patrimônio). Sua rede de jornais foi importante.


Suas esposas eram bonitas. Um homem rico precisa de mulheres bonitas do lado, e Kane compreendeu bem. Se fossem feias, não seria exatamente um desastre, mas também não seria bom. Melhor que fossem bonitas, então.


Kane era alto. Importante que um homem rico seja alto, embora isso nem sempre aconteça. Com isso, conseguia causar uma sensação ainda mais sufocante de domínio sobre os demais. Se fosse baixo, Kane apenas poderia exercer poder sobre seus semelhantes com o seu dinheiro. Sendo alto, já podia chamar qualquer um para a porrada, que com certeza se garantiria. Técnicas de lutas orientais poderiam ajudar? Poderiam, mas não eram moda no início do século XX. Mas tinha o boxe, esporte que infelizmente não exercia qualquer atrativo sobre Kane.

Não sucumbiu aos problemas de infância. Separado da mãe (idéia da própria) para poder ter uma educação fina, Kane poderia ter facilmente se deixado abater. Mas como não gostava muito dela mesmo, foi um alívio se ver longe dela. Pôde então, já cedo, desenvolver um intelecto abrangente e incisivo. Com a mãe do lado? Seria possível, mas um tanto quanto improvável.


Não virou boyzinho. Com uma fortuna de herança, poderia ter vivido a Doce Vida. Mas preferiu trampar duro. O trampo dignifica o homem.


Contras

Isolamento. Kane se deixou isolar dos demais ao ser engolido por suas próprias pretensões e cobiças, num mundo incapaz de compreender sua visão deliciosamente ambiciosa de vida. Enquanto todos tinham dorzinhas na consciência, Kane queria ganhar dinheiro e influenciar o pensamento dos americanos. Tipo um Big Brother midiático. A idéia era ótima, mas ele foi engolido por ela. Pena.


A segunda esposa. Ela era lindona, mas era perva. Ele deveria ter controlado ela sem maiores problemas, mas tinha absurdas dificuldades nesse campo. A burralda arruinou uma produção de ópera toda bancada por Kane somente para ela estourar, além de gerar um atrito definitivo com o braço direito de Kane no Jornal, que se recusou a escrever uma crítica positiva sobre a atuação da esposa de Kane. Uns sacodes na moleca teriam resolvido.


A queda da bolsa de 29. Gerou inacreditáveis problemas financeiros para Kane. Os impostos de Roosevelt sobre os milionários foram um soco no estômago. Preocupações que poderiam ter sido evitadas.


Calvície na velhice. Kane tinha dinheiro saindo pelo ladrão, e poderia ter dado um jeito nessa incômoda situação. Obviamente, ele nunca deve ter ouvido falar de produtos revolucionários como o Sana Hair, que promete devolver a composição original do seu cabelo em 20 dias, no máximo. Se soubesse, teria sido diferente.


O nome da gigantesca e nababesca propriedade na qual viveu isolado com a segunda esposa. Xanadu. Na época parecia ter um belo apelo, mas se Kane pudesse prever o futuro (algo que um homem tão poderoso como ele deveria ter achado um meio de conseguir), jamais teria dado esse nome. Hoje em dia, esse nome está associado de maneira irreversível ao horroroso filme da Olivia Newton John de 1981, Xanadu, que também gerou uma música horrenda e grudenta. Xanadu virou sinônimo de breguice pura. Além do filme, houve também a longuíssima e insuportável canção composta pela banda Rush, de inacabáveis 11 minutos, que também deu sua contribuição para manchar o nome Xanadu para sempre. Kane deveria ter tido mais cuidado. Eu poderia ter ajudado, darei agora sugestões de nomes mais nobres para o lar de Kane nas suas últimas décadas de vida, mesmo sabendo que elas jamais poderão ser aproveitadas (que pena):
Brr... chega a dar arrepios

-Eldorado dos Carajás- seria bom para combater a idéia de alienação social que existia quando os americanos na grande depressão se lembravam de Kane. Uma homenagem como essa teria amolecido o coração dos famintos yankees.


-Maracanã - faria jus às épicas dimensões da propriedade


-Marsilac - o maior bairro de São Paulo, virtualmente inabitado e cheio de áreas verdes, lembra muito a composição de Xanadu. Seria um belo nome também.


-Rancho da Pamonha - nome que realçaria o aspecto gastronômico da propriedade, além de poder gerar uma boa possibilidade de lucros para Kane. Se arrumasse um bom cozinheiro, poderia ganhar muito dinheiro com os viajantes que parassem por lá para comprar boas doses de currais e milhos quentes. Considerando que a nossa querida Palmirinha Onofre foi contemporânea de Kane, ele poderia ter lançado mão dos seus raros dotes culinários nessa empreitada, visto que Palmirinha é um produto do interior paulista, mais que familiarizada com a arte de verter milho em gostosuras.


Último aspecto contra: Rosebud. Não é uma boa palavra para se dizer no momento da morte, nem fica bem como última palavra dita por alguém antes de morrer. Acho que teria sido importante se Kane tivesse dito coisas edificantes como "farinha pouca meu pirão primeiro", "aonde cabem dez cabem vinte", "drogas matam", "respeite o meio-ambiente", "a soma do quadrado dos catetos é igual ao quadrado da hipotenusa", "Eu era fã do Wilson Simonal", e, logicamente, "timãããããão, eô!". Lamentável.
O que era Rosebud? Nós sabemos. Nós sabemos bem o que era.


Conclusão: Kane queria ser amado, com muito amor. Não foi. Tchau, Kane. Lembraremos sempre de você.

2 comentários:

  1. adorei essa visão adolescente miguxo do filme, hehehehe...

    e pra acabar, o rosebud poderia ter se chamado morey, de morey bug!

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  2. A minha odiosa professora de artes fez meu grupo apresentar esse lindo filme u.u

    Um dia eu mato ela o.o

    adorei seu "texto" .

    bj.

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