quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Também fui pobre e desconhecido

Ainda estou aguardando a minha vez, pois, como você deve ter lido por aí, o filme independente do momento, Juno, foi roteirizado por uma blogueira, que nem nóis, que ficou famosa sendo blogueira. Aí, incrédulo, você me fala que isso só acontece nos EUA, mas vem cá, é... talk to the hand!

O nome da tal é Brook Busey-Hunt, ou Diablo Cody, que, se eu fosse cafajeste, mencionaria que é plenamente pegável. Mas sem sexismo por hora. E você vive falando que eu deveria escrever alguma coisa, tipo um roteiro pro Wolf Maya rodar um filme horrível com o Gianecchini.

Mas você me esnoba por que eu assisto filme na Globo; e a tecla SAP serve pra quê, então? E, além disso, só a Globo pra resgatar grandes sucessos do cinema como Por um fio, do Joel Schumacher, com o Colin Farrell dando tudo de si como ator. O filme é ele, e ele é um chorão irritante. Lembra o Alexandre, o filho de Amon cheio de biquinhos, conquistando a Ásia num chororô sem fim? Mas ali eu desculpo, porque com o Jared Leto de amante, é razão suficiente, e até pra mais, até pra cortar os pulsos. Era do personagem, então.

Joel Schumacher é mestre nessas coisas e bota o Colin Farrell numa cabine telefônica e faz disso um filme, cheio de closes. Me chamasse, e eu escrevia coisa muito melhor. Tipo: o Colin Farrell tem um caso com a Katie Holmes; o Tom Cruise fica sabendo e, em vez de pedir divórcio, mandar matar o Farrell ou puxar o chorão prum duelo, tenta convertê-lo pra cientologia, porque, diz ele, assim o problema fica resolvido, porque o adultério é uma fraqueza da mente dos três, que só precisam mentalizar que não rolou nada.

Colin Farrell não aceita porque não quer desagradar a mãe, que é metodista, então o Tom Cruise começa a vociferar, até parecer que a cabeça dele vai explodir. Nessa hora chega o Terry Gilliam, e o filme acaba inesperadamente. Esse final é bem Monty Python, eu sei.

Chora agora, ri depois.

O que mais me impressiona no Joel Schumacher, no entanto, é o moralismo dele. É, o cara tem coragem de filmar um Batman campy, mas é moralista. Por um fio e Um dia de fúria são ambos pregações sobre como as pessoas não ligam pro sentimento das outras, snif, snif. Isto é, versam sobre a alienação e individualismo da vida nos grandes centros urbanos, etc, etc. Tipo Kubrick, obcecado com o tema da desumanização, certo?

Só que enquanto o Kubrick absorveu esse processo como um elemento estético, resultando em filmes que filisteus como Stephen King simplesmente consideram frios, Schumacher bota uma mão na cintura e a outra na testa e diz, melancólico-indignada, “Vocês me dão nojo!”, ou “Que falta de amor!” e faz beicinho. Mas até o moralismo nas mãos do Schumacher fica campy, com o Jack Bauer conseguindo tornar o Colin Farrell uma pessoa melhor na base do “Pede pra sair!”. A única coisa que eu posso concluir é que o Joel Schumacher é brasileiro, e ninguém sabia.

As palavras desacompanhadas...




Sozinho, estado lastimável na urbania cotidiana: "não, não posso dar um abraço virtual, não é a mesma coisa"; "numa festa onde as pessoas pulam, se divertem, não acontecia o mesmo comigo".




Em ambos os casos: numa festa abarrotada e na vida virtual, sintomas de solidão podem aparecer, sintomas de incomunicabilidade evidente, de uma forma ou outra aquilo se agrava, pode se agravar. Como conviver bem com isso?

Imagine então: um sistema real de solidão, onde o calor humano existente só seja aquele vindo de você mesmo, existem casos ficcionais exemplares: Robison Crusoé; Conde de Monte Cristo; no meio audiovisual, o Naúfrago. A arte trata desse tema há muito tempo, é verdade. A solidão evidente, a física, é tratada há muito tempo na cultura geral, nem preciso dizer daquela que é somente pessoal, íntima.

São coisas que nos confundem, que nos oprimem, que nos desorientam. Perdemos as razões das coisas, somos imprudentes. A solidão hoje toma forma e denota muitos problemas, vemos nas cidades grandes, aquelas cheias de pessoas, a impessoalidade, a formalidade costumam ser artífices dela. E armam bem a rede, tomam prumo, nem percebemos e fomos todos capturados e solirariamente acreditamos que a internet romperá as barreiras, já tentou conversar por msn e por telefone e percebeu a diferença? Ou mesmo ao vivo, nem uma realidade a base de holografia substituirá o contacto, mas essa não é a questão que busco aqui.

Fui ver o filme "Eu sou a lenda", estrelado por Will Smith. Tal filme, tirando as cenas de ação do final, trata basicamente disto: solidão. Não precisa mais detalhes, o resumo é esse, nas horas do filme, vemos apenas o protagonista e seu cachorro nas maiorias das cenas, intercaladas por cenas predecessoras que levaram ao estado atual da cidade do protagonista. Ou seja, temos aí somente a solidão e suas justificativas, apesar do ator ser quem é, ele surpreende, pense: não é fácil atuar sozinho durante quase um filme inteiro. Altamente recomendável.

Ainda que não seja sensacional, o filme me fez refletir: estava sozinho em casa, pensando um monte de coisas ao mesmo tempo: O filme, a morte do ator que faz o curinga, James Dean. Liguei para o camarada fundamentalista, esbocei tais idéias, ele fez um adendo:

"Não se esqueça do Phoenix, não se esqueça dele"

Sorri e desliguei o telefone, a morte de River Phoenix, por ingestão excessiva de barbitúricos. Traça aí um estranho coincidência com Heath Ledger, de causas mortis ainda confusa. Chegamos na vida de jovens talentos cujas mortes emergiram no auge da carreira. Merdas acontecem, o mundo é realmente estranho. Daí temos lendas, posso citar outros mais que sucederam da mesma situação, todos tão lendários quanto: atores e atrizes se perdaram nesse mundo de drogas e afins, mas essa não é a questão, a solidão era o que queria abordar, a solidão de um lenda, as lendas caminham sozinhas, mas sei que o novo Batman vai render uma boa bilheteria, triste infortúnio para arrecadação de bilheteria, mundo estranho.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

TETÉIA DA SEMANA

Gabriela Spanic

Atriz venezuelana, imortalizada ao atuar na colossal novela mexicana A Usurpadora, sucessão no SBT no final da década passada, antes do Sílvio Santos ficar gagá e mudar a programação da emissora a cada cinco segundos. Se nós considerarmos, vamos ver, Cidadão Kane como o maior êxito da linguagem de dramaturgia transposta para vídeo, tanto em termos de cinema quanto de televisão, as novelas mexicanas estariam juntas com os filmes do Michael Bay do outro lado da moeda. Mas, ao contrário dos filmes de Bay, as novelas mexicanas conseguem proporcionar belíssimas risadas, ao desconsiderar desde o início qualquer tipo de sutileza em termos de roteiros e interpretações e partir logo para o dramalhão, com épicas histórias de drama, vinganças e amores impossiveís. A máxima do "é tão ruim que chega a ser bom" vale. No caso da Usurpadora, quem já ousou assistir algum capítulo sabe bem o que fez a novela ser um dos maiores êxitos da história da Televisa, a Globo Mexicana, lançando a Gabriela Spanic ao estrelato. Fez tanto sucesso por aqui também que quando ela veio para o Brasil, levantou a audiência de todos os programas do SBT que visitou. A saga das irmãs gêmeas separadas no nascimento, com uma se tornando bondosa e pobre e a outra rica e malvada é uma aula de como não ter vergonha alguma daquela palavra chamada maniqueísmo. Pô, pra quê complicar, enfiar complexidade e profundidade nos seus personagens, se você pode partir pra ignorância e deixar tudo às claras desde o começo? Quem é bonzinho é bonzinho e não tem defeitos, e quem é mal é pior do que bater na mãe, oras! Nem todo mundo pode ser o Tennessee Williams não, pô! "O quê, eu não sou filha de Dom Carlos Eduardo da Veiga? NÃÃÃÃAÃÃÃÕOOOOOOO!!!!!!!".

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

E aqui deixamos de ser blasé

O sol brilhou frio sobre nossas manhãs na última terça-feira. Briony Tallis correu, abraçando um maço de folhas de papel totalmente preenchidas com uma letra miúda, para me mostrar sua nova incursão literária. Eu estava do lado de fora, tentando consertar uma velha bicicleta, como se eu fosse capaz de fazê-lo. Juntamente com um sopro gelado e súbito de ar, Briony chegou. Estava visivelmente eufórica. Notando-o, fiz-me indiferente, apenas para provocá-la, e continuei com meus cálculos e movimentos inúteis sobre um mecanismo cujo nome ignorava. Muito previsível, ela me gritou. "Ora, Briony, o que foi?"

Neste momento, fomos interrompidos. Era o Camarada Progressista. Heath Ledger havia morrido. O camarada e eu éramos apaixonados por cinema, e aqui evito usar o termo “cinéfilo”, pois não quero que com ele venha o preconceito que aqueles que se denominam cinéfilos demonstram por ocorrências como a morte absurda e inesperada de Heath Ledger, por reunir elementos que a aproximam mais do mundo das celebridades que do bom cinema. E, neste sentido, um cinéfilo é muito característico, já que ele se prende a algum momento passado, como o dos musicais dos anos 1940, afirmando que ali o cinema atingira seu auge como forma e, por conseqüência, reduzindo todo o resto, principalmente a produção contemporânea, a expressões minguadas de pseudo-arte. Aqui, eu deveria dizer “eu lamento por vocês”, mas não, porque não lamento.

Eu não vou defender a arte ou pregar em nome dela. Antes, quero afirmar este fenômeno que vivemos, a cultura (de massas). Alguém irromperá na platéia e dirá “Godard disse que a cultura é inimiga da arte”. Ah, mas Godard disse tantas coisas. E não se trata disso, ainda que acima eu tenha procedido a uma espécie de auto-justificação. Heath Ledger morreu. Nenhum de seus filmes me chamava particularmente a atenção. No entanto, era um ator jovem e talentoso: a descrição mais gasta ainda vale para demonstrar que, no caso, transcendemos a discussão cinematográfica, forçados à discussão existencial.

Cogita-se suicídio. A família desmente. Como o Camarada Progressista me dizia, logo surgirão dezenas de fatos que em tudo indicavam uma personalidade errática e suicida de alguém que jamais satisfizera, com seu comportamento, ao espírito sanguinário dos paparazzi. Aliás, uma dessas explicações mirabolantes já se pronuciaram, como ainda o camarada me informava: o envolvimento com o personagem do Coringa, um de seus dois últimos trabalhos, já concluído, levaram-no a encher a mente de “pensamentos psicopáticos”. Como eu duvidaria disso?

Seja como for, um rapaz de 28 anos está morto. A tragédia disso é muito evidente para nós, que prezamos tanto a juventude; ainda mais a juventude bem-sucedida. E muito provavelmente de forma acidental, tornando tudo muito mais absurdo. Mas, enfim, agora, quando olhamos para uma foto do ator, ficamos é com uma sensação de vazio enorme, como se afinal fôssemos muito próximos dele e a nossa perda fosse real. De fato, talvez tenhamos perdido algo, que não sei bem especificar. Toda vez que morre alguém de quem soubemos mais do que o primeiro nome, acontece isso. E a sensação de vazio é real, apesar da menção a ela ser clichê.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Oscar 2008: Indicações

É, cambada, não teve jeito mesmo. A Academia ignorou o filme do moleque do Bom Retiro, e O Ano Que Os Meus Pais Saíram de Férias não foi indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro. Mas temos que manter a cabeça erguida, já que no ano que vem veremos o Tropa de Elite ser o primeiro filme não falado em inglês a ser o vencedor do Oscar de melhor filme. Viajei? É claro que não. Cês acham que os velhinhos da Academia serão loucos de contrariar o Capitão Nascimento? E como o Oscar é válido apenas para filmes lançados em circuito nos EUA, e o Tropa será lançado por lá em meados desse ano, o negócio vai ficar feio. E também tem a dor de cabeça deles não terem dado nenhum prêmio para o Cidade de Deus, considerado por muitos o melhor filme da década de 00 até agora. Como o gênero "tráfico-de-favela-carioca" está tomando o lugar das sagas de mafiosos na preferência dos críticos, então podemos esperar muito. Mesmo se o Tropa tivesse sido o representante brasileiro na categoria de filme estrangeiro, não teria tido chances, já que os eleitores dessa categoria são diferentes dos das outras, um bando de velhos babões que adoram filmes com lições de valores familiares. Um Capitão Nascimento teria sido muito para eles. Mas no ano que vem não escapa, e como diz a bela música do Tihuana, agora o bicho vai pegar.
CAO HAMBURGER, PEDE PRA SAIR! PEDE!

Indicações aos prêmios principais e comentários:
Melhor filme:
Conduta de Risco (Michael Clayton) - Elogiado filme de estréia do roteirista dos filmes do Jason Bourne (Identidade, Supremacia e Ultimato Bourne), Toni Gilroy. George Clooney interpreta um advogado bonzão envolvido num caso de proporções dantescas. Vai ganhar? É lógico que não. Então pra quê perder tempo falando? Vocês que me dizem.
Desejo e Reparação (Atonement) - É batata: todo ano, a Academia enfia um filme britânico de época entre os indicados a melhor filme. Deve ser o sotaque, talvez. Esse esforço do diretor Joe Wright fez bela carreira de prêmios nos festivais, tem belos truques narrativos, mas vai sair de mãos vazias. Explico: o diretor não foi indicado. E em apenas duas ocasiões na história do Oscar, o prêmio de melhor filme foi para uma película a qual o seu diretor não tinha sido indicado (uma delas em 89, quando o soporífero Conduzindo Miss Daisy foi premiado, mesmo com o seu diretor Bruce Beresford ignorado). E nem a Keira Knightley foi indicada. É, foi só pela lembrança mesmo...
Juno (Juno) - Esse cumpre o papel que foi desempenhado primeiramente pelo Pulp Fiction e nas últimas edições pelo Encontros e Desencontros, Sideways e Pequena Miss Sunshine: representar o circuito alternativo. Tipo, a Academia dizendo, "ei, continuem aí, fazendo esses belos filmes, quem sabe um dia não chega a vez de vocês, ao invés de se conformarem com um roteiro original aqui e um ator coadjuvante ali". Chances de ganhar? As mesmas do Corinthians ganhar a Libertadores desse ano. Ou seja, zero. Pelo menos, fizeram justiça à nossa querida Ellen Paige. TETÉIA! TETÉIA!
Onde os Fracos Não Tem Vez (No Country For Old Men) - Agora sim, entra um favorito. Alardeado como melhor filme dos ~irmãos Coen desde Fargo, unanimidade entre os críticos, pode representar finalmente a glória suprema para os irmãos. E eu que pensei, depois de ver uma sessão de meia noite do horrendo Matadores de Velhinha com o estimado Moderado, que a carreira deles tinha acabado. Mea Culpa?
Sangue Negro (There Will Be Blood) - Imaginem um filme de 158 minutos. Agora, imaginem que os primeiros 15 minutos desse filme transcorrem sem diálogo algum. Agora, imaginem que esse filme não se chama 2001 - Uma Odisséia no Espaço e que o seu diretor não se chama Stanley Kubrick. Paul Thomas Anderson arriscou nessa, e pelo jeito se saiu bem com a história de um homem lutando para enriquecer no início da indústria petrolífera yankee. Daniel Day Lewis resolveu parar de ser engraxate na Irlanda para trampar um pouquinho. Bom para nós. Muito bom.
Melhor Diretor:
Tony Lelroy - Conduta de Risco: Ganhou na loteria, se tornando um dos raros diretores a serem indicados logo no seu primeiro filme. Seu próximo filme será sobre uma dupla de espiões interpretados pelo Clive Owen e pela Julia Roberts. É, já vi que o cara se amarra numa espionagem. Bocejos.
Jason Reitman - Juno: Filho do diretor Ivan Reitman, rei das comédias oitentistas (fez Os Caça-Fantasmas, Um Tira no Jardim de Infância entre outros). Imagine o bode do cara. Rala por duzentos anos em Hollywood, fazendo um monte de filmes (uns bons, outros abomináveis como o horrendo Júnior) sem nunca ter passado nem perto do Oscar, ai vem o seu fedelho e já no seu segundo filme importante é indicado. É a sina da vida, fazer o quê.
Julian Schnabel - O Escafandro e a Borboleta- Por favor, alguém liga pro cidadão e avisa que ele foi indicado pelo seu filminho francês (embora ele seja americano). Liguem lá, vai! Não custa nada, pô! Até hoje não ligaram pro John Singleton para avisar que ele tinha sido indicado pelo Donos Da Rua. Não repetiremos o erro, por favor.
Joel e Ethan Coen - Onde os Fracos Não Têm Vez - A Academia finalmente acertou. Depois de ter indicado somente o Joel para melhor diretor pelo Fargo em 96 por problemas trabalhistas, agora indicou os dois irmãos, que nunca custa relembrar, não são siameses. Quer dizer, vai saber, né... Dessa vez eles levam. Aposto o que quiser com vocês, eles vão ganhar. Arizona Nunca Mais, finalmente.
Paul Thomas Anderson - Sangue Negro: Pronto, seu mala! Foi indicado finalmente. Dá pra parar de encher o saco de todo mundo agora? Seus filmes são muito bons, mas você é um porre, hein? Custava ter deixado o Burt Reynolds falar nas coletivas de divulgação do Boogie Nights? Teria te evitado uma bela duma surra, com certeza. E vai perder pros Coen, jão.
Melhor Ator:
Daniel Day-Lewis - Sangue Negro: Podiam evitar desperdícios e já dar o prêmio para ele agora. Todo mundo sabe que é dele a estatueta. Vai se igualar ao seleto grupo de atores com dois prêmios principais, ao lado dos Marlons Brandos, Spencers Tracys e Tom Hanks da vida (ganhou seu primeiro Oscar no Meu Pé Esquerdo, longínquos 19 anos atrás). A não ser que fiquem com pena do Tommy Lee Jones... Aliás...
Tommy Lee Jones - No Vale das Sombras: Surpreendente não foi a sua indicação em si, mas ela ter vindo pelo filme do maleta do Paul Haggis, ao invés de sua atuação no Onde Os Fracos Não Têm Vez. A Academia medrou, apenas na primeira década da cerimônia, década de 30, ocorreram casos de um ator ou atriz receberem duas indicações por filmes diferentes na categoria de melhor ator/atriz, algo que ocorreu com Ronald Colman, Maurice Chavalier e Greta Garbo, entre outros. Lógico que isso era facilitado por na época 10 nomes serem indicados na categoria, ao invés dos costumeiros cinco que perduram dos anos 40 até os dias de hoje( depois disso, ocorreram apenas indicações para um ator por filmes diferentes no mesmo ano para a categoria principal e de coadjuvante, o que aconteceu nesse ano com a Cate Blanchett como veremos depois). Será que vão ter dorzinha de consciência e dar pro Tommy Lee o que é o Day-Lewis por direito? No Country For Old Men.
Viggo Mortensen - Senhores do Crime: Lembram da minha lista de atores mais insuportáveis, que tinha dez nomes? Bom, se eu tivesse colocado um décimo primeiro, teria sido esse. Indicado pelo filme do David Cronenberg, outro que deve ter cansado de esperar ser lembrado apenas pelos roteiros e já deve ter encomendado o seu suicídio. Se ele ganhar, eu cuspo no chão. Cuspo mesmo.
George Clooney - Conduta de Risco: Um belo dia, a Academia acordou e resolveu acreditar que o George Clooney é um excelente ator. Outra indicação para ele, então. Que sempre interpreta a si mesmo em todo santo filme que faz, seja sendo um espião, um advogado ou um golpista com um monte de homens do lado (11, 12 e depois 13). Humphrey Bogart fazia o mesmo, diriam alguns. Nessa, eu já emendava com uma muqueta no meio das fuças. Dobrem a lingúa quando pronunciarem o nome de Bogart, seus jões!
Johnny Depp - Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet: Pronto, virou esculhambação. Essa nem o Depp esperava. Aliás, vamos fazer um favor para o Johnny? Vamos contar para ele que o Tim Burton não é o único diretor de cinema que existe no mundo? Há, tá, ele conhece outro, o Gore Verbinski. Nossa, tinha me esquecido, que diretores para se trabalhar, né não?

Melhor Atriz:

Cate Blanchett - Elizabeth: A Era de Ouro - Dez anos depois de ser indicada pelo Elizabeth, Cate Blanchett marca de novo, na continuação daquele filme. Inexplicável, já que o filme é um lixo e Blanchett apenas repete os maneirismos de dez anos atrás. A Academia foi absurdamente generosa com ela esse ano, já que nem essa nem a outra indicação que ela ganhou (que comentarei em seguida) eram previstas.

Julie Christie - Longe Dela: O quê, a Julie Christie tá viva ainda? Aonde?

Laura Linney - The Savages (sem título em português ainda, o que indica a bela carreira que fará nos nossos cinemas): Parece que a Laura Linney tem sorte quando faz filmes nos quais suas personagens dividem a cena com um irmão problemático. Sua outra indicação para melhor atriz (foi indicada também para coadjuvante pelo Kinsey) foi pelo filme Você Pode Contar Comigo, quando contracenou com o Mark Ruffallo (argh), e agora é indicada por um filme no qual divide a cena com um irmão interpretado pelo Philip Seymour Hoffman. Se eu fosse ela, só fazia filmes nesse estilo, quem sabe um dia ela chega na Meryl Streep em número de indicações.

Marion Cotillard- Piaf – Um Hino ao Amor: esse filme ficou em cartaz por meses nos cinemas de arte da Avenida Paulista, sem ninguém dar a mínima. Agora, a atriz francesa que interpretou a Edith Piaf no filme é indicada. Custava vocês terem dado mais atenção ao filme? Custava? Agora vão lá, correr atrás do tempo perdido.

Ellen Page - Juno: Vamos lá, todos juntos: TETÉIA! TE-TÉ-I-A! Não falei, pô? Kitty Pryde, quem te viu, que te vê, hein?

Melhor Ator Coadjuvante:

Hal Horbrook - Na Natureza Selvagem: Ator de 265 anos, conseguiu ser indicado por um filme dirigido pelo Sean Penn. O bom velhinho não merece apenas o Oscar, merece também um belo dum Nobel da Paz. Aguentar o mala-mor (quando eu digo que o Sean Penn é o mala-mor, eu quero dizer que ele é O MALA-MOR, de verdade) é para poucos e bons e puros de coração.

Javier Bardem - Onde os Fracos Não Têm Vez: Já é dele o prêmio. Fazer o quê, o espanhol é bom mesmo.

Tom Wilkinson - Conduta de Risco: A Academia gostou mesmo desse filme, hein? Eu nunca vou entender tanta puxação de saco em cima do Tom Wilkinson. Maldito Ou Tudo ou Nada, que lançou esse inglês mala nas raias do estrelato.

Philip Seymour Hoffman - Jogos do Poder: roubou a cena do Tom Hanks nesse filme do Mike Nichols, o que nem chega a ser grande mérito, já que ultimamente o senhor Hanks tem tirado belas sonecas nas películas que protagoniza. Cadê a alma, caramba? O Tom Hanks arte, o Tom Hanks moleque? Mas o Seymour Hoffman é o único que pode tirar o prêmio do Javier Bardem, então respeitemos.

Casey Affleck - O Assassinato de Jesse James Pelo Covarde Robert Ford (ufa) - Como esperado, a Academia vergonhosamente preteriu esse filme, indicando-o apenas para categorias técnicas e nessa. Mais um grande filme chutado. Mas o Casey Affleck, se houver justiça, deveria ser o ganhador, já que humilha em toda cena que aparece. Preciso zoar o Ben Affleck e seus dez anos de carreira e Framboesas de Ouro enquanto seu irmão mais novo logo no seu quinto filme já vai para as cabeças? Como dito no caso Reitman: a vida é assim mesmo. O talento que falta em alguns sobra naqueles tão próximos de nós.

Melhor Atriz Coadjuvante:

Amy Ryan -Medo da Verdade: indicada pelo filme dirigido pelo Ben Affleck. Como contracenou com o Casey Affleck, já dá para imaginar de quem realmente é o mérito dessa indicação.

Cate Blanchett -Não Estou Lá: Cinco pessoas interpretaram o Bob Dylan (inclusive o Heath Ledger, sniff) nesse filme maluco, e apenas a Cate foi indicada. Foi merecido? Sim, a interpretação dela está sensacional. Mas não dá pra engolir a outra indicação dela. Injustificável.

Ruby Dee- O Gângster: Veteraníssima atriz (seu primeiro trabalho é de 1939!), indicada pelo justamente ignorado filme do Ridley Scott. Não vai ganhar, já que normalmente a categoria de atriz coadjuvante é reservada para atrizes iniciantes. Eu se fosse ela, nem ia na festa, ficava em casa comendo bolinhos e assistindo E O Vento Levou pela enésima vez.

Saoirse Ronan- Desejo e Reparação: Humilhou a Keira Knightley nessa. Ficou chato mesmo. Tem apenas 13 anos de idade, será que repetiria a façanha alcançada pela Tatum O'Neal e pela Anna Paquin, que foram premiadas nessa categoria ainda crianças? É provável.

Tilda Swinton-Conduta de Risco: se tem uma atriz que não fede nem cheira, é essa. Tá sempre lá, nos Constantines e Crônicas de Nárnia da vida, mas se você bobear, nem nota a presença dela. Mas como a Academia adorou esse filme, então teremos de aturar.


Outras categorias: vai no Google e digita: "indicações Oscar 2008", ou então, "2008 Oscar Nominations". Melindrou, né?

Heath Ledger: What?

Eu estou abismado. Heath Ledger, o ator australiano indicado ao Oscar pelo Brokeback Mountain e que estará na continuação do Batman como o novo Coringa (já tinha filmado todas as cenas) morreu de overdose em Nova Iorque ontem. 29 anos, caçamba! Vai virar mito? River Phoenix 2? Veremos, mas que eu estou, digamos, chocado, eu estou. Obviamente, todos por essas bandas se lembrarão dele pelo filme que virou símbolo da "geração Orkut", 10 Coisas que Eu Odeio Em Você, versão comédia-romântica-aborrescente da peça de Shakespeare, A Megera Domada. A cena na qual ele interrompe um ensaio de cheerleaders da sua pretendente romântica no filme (a personagem da Julia Stiles) para cantar I Can't Take My Eyes Off You é antológica. Aliás, aquele filme é lembrado como tendo, ao lado do Segundas Intenções, um patamar acima das comédias românticas que infestaram o mundo no fim da década de 90 e começo dessa, muito por causa do elenco, já que o tempo provou que Heath Ledger e Julia Stiles eram atores com maiores pretensões do que os Freddies Prinzes Jrs. da vida. Pelo menos até o dia de ontem. Eu sei, bem tristão mesmo.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

TETÉIA DA SEMANA

Mary Lynn Rajskub


Atriz e comediante americana, mais conhecida por interpretar a agente anti-terrorista Chloe O’Brian na série 24 Horas. Ela entrou na terceira temporada para fazer apenas uma participação especial, mas agradou tanto os freaks do show que acabou sendo efetivada, e hoje é o segundo maior salário da série e também segunda em número de episódios, perdendo nos dois quesitos apenas para você sabe quem. Sim, num show no qual Jack Bauer sai atirando em qualquer criancinha que vê pela frente em nome do Tio Sam, Mary Lynn injeta um pouco de, digamos, humanidade numa atmosfera tão árida. Será que a fraca sexta temporada fará os produtores darem um belo de um chutão no Kiefer Sutherland e fazerem da Mary Lyon a protagonista de facto do bagulho todo? É lógico que não, mas esperem cada vez mais proeminência da ex-comediante de stand-ups dentro do mundo do senhor Bauer. Há, uma última coisa: ela estava no Pequena Miss Sunshine, numa participação pequena, porém deveras marcante. Não falei pra vocês que só faltou o Bill Murray para aquilo ser perfeito?

Oscar 2008: aviso

Amanhã não percam, as indicações do Oscar de 2008, comentadas com toda a real jogada na cara, sem as palavrinhas de efeito dos críticos babões. A coisa vai ficar feia por aqui. E ai se a Angelina Jolie for indicada. O único prêmio que ela merece na vida é o de lábios supremus. E também a comemoração pela indicação do filme tupiniquim O Ano em que meus pais saíram de férias (esqueci de ligar o caps lock no resto). Será? Aguardem.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Falta pouco, Moderado

O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias está entre os 10 concorrentes finais para a indicação ao Oscar de melhor filme estrangeiro. O que significa que o tão amado filme do nosso Camarada está com um pé e meio na maior festa do cinema (ou pelo andar da greve dos roteiristas, a maior e mais glamourosa entrevista coletiva do mundo). Cao Hamburger oscarizado? O que o andrógino Nino do Castelo Rá-Tim-Bum diria disso? O quê, andrógino?

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Mamãe, me ensine a dançar!


Os camaradas foram ver Encantada, pobres incautos: fiquei até feliz de não ser convidado para a sessão. Certas coisas deixo pra eles, os meninos são otimistas ainda. Vi o nome Disney e Musical inserido num mesmo filme, fico com um pouco de medo, deveras não sou muito fã de musical. Deixo os clássicos do musical para Rubens Ewald Filho, logo sobra mais dvds na prateleiras para o moço colecionar.

Até assisto uns clássicos, meio a contragosto, mas assisto. Ora são clássicos, contudo também são musicais; imagino um cara cantando e dançando, o protagonista, um tipo bonitão com queixo capaz de furar olho; na minha cabeça ele, o principal, nunca é o melhor dançarino, o melhor costuma ser um cara secundário não muito bonito. Continuando a construção, imagino o cara dançando mediocrimente, uma garoa de leve e a cidade inteira, um cenário falso, pegando fogo. Mas o cara continua dançando mal, ignorando tudo ao redor: bons tempos do oficial advertindo Gene Kelly.

Não é a questão daquilo soar fora da realidade, e sim porque sempre parece incongruente ao contexto. Aguentar um cara que dança mal e canta pior ainda, é um pé no saco. E te digo: na maioria das vezes ele consegue atuar pior ainda, saudades de Fred Astaire, grande homem! Péssimo ator, mas sabia dançar.

Espero algum dia ainda que alguém filmará o musical supremo: um filme mudo, com uma grande trilha. Enquanto isso eu fico com a escola de Dança do sr. Myagi

Wax on! Wax off!

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

TETÉIA DA SEMANA

Guta Stresser

Atriz paranaense, protagonista do filme Nina e mais famosa por fazer parte da série global A Grande Família, remake de outra do mesmo nome passada nos anos 70, interpretando a caçula da família Bebel. Lógico que a série, que começou no já longínquo ano de 2001, já demonstra algum cansaço, mas não se pode negar que é um produto de classe superior. As três temporadas antes da morte do ator Rogério Cardoso em 2004 são sensacionais, e a série não deve nada para qualquer sitcom yankee, pelo contrário, quando lembramos de coisas como Three and A Half Man sentimos até orgulho de sermos brasileiros. Guta tem um papel de destaque na série, conseguindo se impor mesmo diante de excelentes atores como Marco Nanini, Pedro Cardoso e o finado Rogério Cardoso. Tenho ressalvas apenas em relação ao filme Nina. Quantas a equipe tomou quando foram filmar aquilo? De resto, vejamos como andará a carreira dela quando a série encerrar as suas atividades, o que está previsto para meados desse ano. Aguardemos então, sim, aguardemos.

sábado, 12 de janeiro de 2008

Bruce Lee vs. Gay Power

Certas vezes me pergunto: qual o limite do cinema? O que pode ser filmado, finalizando e, por ventura, comercializado? Hoje em dia, com advento da internet e seu desenvolvimento para a popularização do meio imagético, através de sites como youtube, tudo é válido e possível, como também acessível, por isso temos muita besteira na internet e nos meio audiovisuais em geral; não censuro essas coisas, em certo grau sou favorável do cinema non-sense, do humor negro e ramificações afins, mas até esse tipo de cinema b, existe um limite, coisa que até Ed Wood percebeu.

Enfim, estava em casa, numa madrugada ociosa, eu e uma amiga, assistindo o Canal Brasil, quando nós deparamos com essa pérola do cinema boca do lixo brasileira: Kung Fu Contra as Bonecas(1976), só pelo título era de se esperar uma boa diversão, pelo menos uns sorrisos amarelos. Pra quem nunca acompanhou o cinema nacional, ou conhece a história dele, o cinema boca do lixo foi um movimento dos cineastas paulistas, através de filmes de baixo orçamento e propostas inusitadas conseguiu grande apelo popular, lotando os cinemas de todo país; uma mistura arrojada de humor, pastiche e paródias inusitadas garantiram um bom momento para o cinema brasileiro e também ótimos títulos: "Senta no Meu que Entro na Tua" é um exemplo disso; os títulos são costumavam ser um resumo do que esperar, e não era coisa boa, logicamente não se levavam a sério, e aí estava o charme e a força desse cinema.

Tanto Ed Wood como Mojica são fontes e incentivadores direto desse cinema: o qual parece nunca ser pretensioso, conhecer o universo e querer dar respostas pra eles, não, longe disso, eles querem entreter e apenas isso. Que as respostas do mundo fique para as religiões, a filosofia e a ciência; aqui, no mundo da ficção, nós no divertimos e fazemos rir; tirar o público um pouco da sua vivência miserável com baixo orçamento e muita criatividade, é disso que trata, sem confabulações geniais, viradas de roteiro ou mesmo um estética maravilhosa. Mesmo assim, o filme te conquista, talvez seja isso mesmo: a honestidade, a cara limpa do filme, a cumplicidade que te leva ao um grau de admiração e compadecimento e, depois de uns minutos, você está rindo das besteiras e do clima irreal, aí você foi capturado.

Voltando ao filme, Kung Fu contra as Bonecas, trata da história de um homem que volta a casa paterna e descobre que sua família foi brutalmente assasinada por um bando de cangaceiros. O protagonista, auxiliado por uma sensual lutadora de capoeira, parte em busca dos cangaceiros e acaba descobrindo que eles não são tão, digamos, espada como os cangaceiros deveriam ser. O roteiro é uma mistura da Série Kung Fu com o filme Operação Dragão, protagonizado por Bruce Lee; o filme correu o circuito internacional com o nome Bruce Lee vs. Gay Power, o título tentou aproveitar a fama do ator americano, ora, na época tudo que tinha kung fu em cinema, era atribuíodo a Lee, pelo menos o que vendia. A película recheada de humor acído e non-sense, apresenta até boas coreografias de luta , tanto para época e se tratando de um filme brasileiro, ainda mais do cinema boca do lixo. Nosso Bruce Lee do sertão diverte e o mais engraçado; um dos roteiristas é Walter Negrão, pra quem não sabe, grande responsável por série da globo, preferia que ele continuasse a escrever filmes boca do lixo, mesmo. Ironias da vida. Enfim, filme recomendado para um dia cinzento, sobretudo se for um Domingão do Faustão.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Parabéns, Camarada Fundamentalista!

Hoje é um dia de festa no blog. O Camarada Fundamentalista completa mais uma primavera. Sim, um começo lustroso de ano. Depois dos arroubos das festas de Natal e Ano Novo, temos agora que enfrentar um mega jet-set em homenagem ao Camarada. Ele, um dos homens mais admirados do país, merece um belo abraço de todos vocês aí do outro lado (não, não escrevo da ex-Berlim Oriental, refiro-me às barreiras virtuais. Na verdade, nunca estive na velha Berlim). Sem sua obstinação e suas palavras classudas e límpidas, não poderíamos jamais ter construído qualquer coisa que fosse. Fundamentalista, não só um camarada, mas sim um estandarte.

Uhm, eu me lembro dessa foto de algum lugar...

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Fomos ao cinema ver Encantada

Sala Disney do Cinemark, aquela com o Mickey mandando o Pluto desligar o celular. Então, isso pra assistir Encantada. Eu afundava na poltrona toda a vez que via uma pochete se aproximando, acompanhada da esposa entediada e/ou eufórica, e a criança acima do peso. Mencionei que é um filme da Disney? Porque é. Uma coisa que vocês vão querer lembrar, assim evitarão muitos mal-entendidos e falsas expectativas.

Pois foi bem divertiduxo, em alguns momentos até espirituoso. Com exceção dos vinte minutos finais, que me deram a impressão de que o roteirista estava cheio de escrever, então amarrou vários elementos de contos de fadas, como lhe vieram à cabeça, e pronto, o negócio estava feito. Depois foi pra casa assistir Grey’s Anatomy com a mãe.

Entre outras coisas, eu sempre quis ser figurante de filme da Disney. Figurante dançarino. Vivem em conflito o meu figurante dançarino interior e o meu intelectual interior. Tento resolver o impasse por aqui, blogando. Mas vocês vêem, que prova maior da decadência cultural dos nossos dias: trinta anos atrás, alguém desejaria ser figurante de An American in Paris, Singin’ in the Rain; mas eu, eu fico com Encantada.

Ai, ratinho, você fala? Ah, mas isso é tãããããão pós-moderno!

E eu ainda estou com That’s How You Know na cabeça, Amy Adams e os backing vocals rastafaris. O que poderia comprometer o meu julgamento, se eu fosse menos cínico que a maioria das pessoas pra quem o filme foi feito: platéias que já não engolem musicais, eu acho. Tanto que estão até representadas na tela pelo Patrick Dempsey, que faz as vezes de galã cético em relação ao amor. Acho que ele devia levar um pouco desse cinismo pra Grey’s Anatomy. Atenuaria o tom boboca-vislumbrado da série.

Então, você tem a Amy Adams e o Patrick Dempsey, astros de segundo escalão, num filme da Disney. Eu só não sei direito distinguir a madrasta desenho animado da Susan Sarandon. As más línguas dizem que o desenho animado faz menos careta. Seja como for, eu me diverti horrores.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

TETÉIA DA SEMANA

Ellen Page

Atriz americana, todos devem se lembrar dela nos filmes dos X-Men, interpretando a garota mutante psíquica espertinha Kitty Pride, que no final do terceiro filme, depois do farsante, ops, diretor Brett Rattner ter matado metade do elenco principal, acaba tendo de se juntar aos mutantes mais experientes (leia-se Wolverine) para descer a porrada nos partidários do Magneto. É dada como certa a sua indicação para o Oscar de melhor atriz desse ano pelo filme Juno, no qual interpreta uma adolescente enfrentando uma gravidez não planejada. Já ganhou e foi indicada para uma penca de prêmios, então não será nada surpreendente ver a moleca mutante ganhando o Oscar. Quem sabe ela não pega a estatueta e dá na cabeça do Senhor Rattner, por ter a colocado no meio do fogo cruzado? Magneto move pontes com a mente, jão!

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Premier monde etc.

A França em ebulição, e eu não ia aproveitar? Alguns fatos:

Sarkozy, como Balzac, atribuiu-se a partícula: doravante, Nicolas de Sarkozy.

Proibiram o cigarro na França. Para fazer valer a lei, volta a guilhotina. Tabagismo e decapitação, sem dúvida o Brasil nunca vai ser primeiro mundo. Falta-nos radicalismo, literalidade. Literalidade que só a guilhotina pode proporcionar à consciência de um povo. Aqui, dizíamos "cabeças vão rolar", e nunca tivemos idéia do que isso significava; hoje, dizemos "democracia", que permanece tão obscuro quanto "humor inteligente". Acreditem, ser irônico é já ser antibrasileiro.

Carla Bruni era modelo, mas é difícil achar boas fotos dela no Google. Nem dela, nem da Elisha Cuthbert, que sempre posa pra fotos que um blog família como este nunca publicaria. Tá, o que é que a Elisha Cuthbert tem a ver com os franceses? Nada. Mas pior a Jenna Fischer, e é com ela que eu encerro o post:

A cada Jim Halpert sua Pam Beesly.

Idílio?

Sobremesa e verdade

As ceias de Natal e Ano Novo me levaram a reforçar certas convicções.

Vamos falar a verdade: flocos é o melhor sabor de sorvete, por suas qualidades muito sutis: especialmente pelo fino contraste das raspas de chocolate. Muito, muito sofisticado. Creme é delicioso, mas over: de vez em quando, você se permite, mas já sabendo que o risco de vexame é grande. Baunilha é mais contido, por outro lado. E chocolate, bom, chocolate é a prova cabal do filistinismo numa pessoa, é para os desprovidos de espírito. Mesmo um chocólatra, isto é, principalmente um chocólatra há de convir que se trata de uma adaptação muito pobre para sorvetes isso que a gente chama sabor chocolate. Como um bom livro que resultou num filme medíocre. Chocolate é uma coisa, e sorvete é outra.

Mas e morango? Vou dizer pra vocês o que é que eu penso de quem toma sorvete de morango por opção: tudo mulherzinha. Homem que toma sorvete de morango não fica só no sorvete de morango. Morango. Até o nome entrega. E nem me venham falar de napolitano: que grosseria! É o mesmo que celebração ecumênica, com o babalorixá e o pastor luterano de mãos dadas abençoando a multidão. Muito politicamente correto, mas burro, burro, burro.

Retrospectiva 2007 - Fomos ao Cinema

Eu não suporto retrospectivas. Quando os canais de tv, jornais e sites de internet resolvem apelar para esse artifício para preencher as suas programações vazias de Janeiro (todo mundo de férias, sabe como é), fico fulo da vida. Então o que diabos estou fazendo aqui assinando um texto que tem como título justamente tão odiada palavrinha? Eu não tenho a menor idéia. Quer dizer, não vamos nos enganar: o quintal dos outros é sempre mais limpo que o nosso. Aí, cê pega essa frase, inverte, e aí explica bem o meu comportamento aparentemente incoerente. Pareceu confuso? Lógico que pareceu. Mas eu vou é cortar esse papinho brabo, e ir direto ao que realmente interessa: relembrar quatro fatos marcantes do nosso primeiro ano de atividade, desde o início de blog, no já longínquo mês de Abril de 2007.

Mês Lindsay Lohan


Como profetas do apocalipse, dedicamos um mês inteiro para a maior periguete do mundo contemporâneo. Textos, crônicas, resenhas de todos os filmes feitos por ela, nada ficou de fora, sempre com o nosso olhar crítico, imparcial e insento. Das party girls, Lindsay é a maior, e como ela vai capotar logo, então já fizemos a nossa parte. Seria como se nós tivéssemos um blog em 1962 e fizéssemos (reparem no uso indiscriminado do Pretérito Imperfeito do Subjuntivo) um mês inteiro dedicado à Marylin Monroe antes da morte dela. Celebremos os vivos ainda vivos, e não os mortos toda e inteiramente mortos!


Greve da USP e as Tretas Moderado/Fundamentalista X Reinaldo Azevedo

Dois estudantes beneméritos da Universidade de São Paulo, os Camaradas Moderado e Fundamentalista se deixaram tomar pelas chagas da verdade e resolveram meter a real no colunista mais tarja preta do hemisfério sul, Reinaldo Azevedo, o Diogo Mainardi sem talento, quando o incauto resolveu chamar os estudantes públicos e grevistas de "vagabundos" e "neomaoístas". O Fundamentalista deixou o senhor Azevedo tão melindrado, que o mesmo convocou seu exército de nerds republicanos para ofendê-lo, por meio de comentários nos seus posts(o blog do cidadão é moderado e o cidadão pode-se dar ao luxo de escolher os comentários que vão ao ar, um exemplo de democracia). Um verdadeiro baile no fantoche da Veja, sem dúvida.

Seinfeld e as Tretas Moderado X Fundamentalista/Progressista

Uma guerra civil ameaçou tomar conta do até então Suiçamente neutro blog. Depois de um texto meu falando sobre a chegada do box da oitava temporada da série criada por Jerry Seinfeld e Larry David, uma reação em cadeia de pura cólera se deu início, com ataques e ironias de ambos os lados, e que duram até os dias de hoje. Basicamente, eu e o Fundamentalista somos fãs da série, enquanto que o Moderado a abomina incondicionalmente, já que ele acha que a série é coisa de indies imbecilóides, e que o humor do show não se adequa ao seu estilo de humor. A treta foi tão grande que uniu até dois desafetos declarados, como eu e o Fundamentalista.´E também gerou outras discórdias, como quando o Moderado acusou os dois outros camaradas de não seguirem suas dicas. De toda a discussão e de todas as brigas, pouco se resolveu, já que aparentemente nenhum dos lados cederá em momento algum. O que nos restaria? Ignorar o assunto ou seguirmos com as trocas de farpas? Enterrar algo assim não diz respeito à imaculada tradição de combatividade dos camaradas. Por isso, esperem muita treta para esse ano ainda. E prevejo mais um motivo de discórdia em vista: Michael Scott e companhia. Aguardem.

Mês de Natal
Outro mês temático, acabou sendo um completo e profundo estudo dos efeitos da celebração do nascimento de Cristo e seus efeitos dentro da cultura Pop. Filmes, estudos sociológicos-filosóficos e odes aos efeitos que a data cria nos, sobe trilha, corações humanos. Falamos de Ernest, Capra, Sartre e Dwight Schrute, homens que um dia trabalharem por natais mais dignos e humanos para os seus iguais. Estudamos a solidão humana, o assombro de pais em relação ao comportamento errático de seus filhos, a miséria e as sombras que pairam nesse momento que gera tanta reflexão e desalento para os menos afortunados. O que mais poderia se esperar? Um fim grandioso para esse nosso já lendário primeiro ano.

terça-feira, 1 de janeiro de 2008

TETÉIA DA SEMANA

Kate Nash

Cantora inglesa, primeira tetéia do novo ano que se inicia nesse blog que odeia clichês (principalmente aquele Progressista lá). Bombando nas rádios inglesas com a bela Foundations (um nome nada usual para canções de amor pops) e escrevendo todas as músicas de seu primeiro disco, Made of Bricks, tem tudo para dar um belo de um pé na bunda das bagaceiras Amy Winehouse e Lily Allen das paradas (tem apenas 20 anos de idade). Como elas vão capotar logo, então veremos a senhorita Nash dominando todo o bagulho. Quer dizer, até ela ir pára os States e ser chamada para uma baladinha com a Lindsay Lohan... opa, quer dizer, isso já aconteceu. Fazer o quê, né?