quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Fomos ao cinema ver O Curioso Caso de Benjamin Button mas esperamos escrever algo melhor sobre isso

Eu tinha que escrever sobre Benjamin Button. O chefe mandou (vocês não sabem como é opressivo fazer parte de um blog coletivo; me arrependo amargamente do dia...). Isso aqui é tipo um rascunho. Quem sabe a gente pensa em alguma coisa melhor depois de ver o filme pela segunda vez (você não está convidado) amanhã.

Mas o que dizer de Benjamin Button (queiram notar o estilo depoimento de orkut)? É bonito e cheio de falhas como um rosto com uma boa estrutura óssea mas problemas de pele. É um Forrest Gump II. E tem uma moldura narrativa tosca apoiada na leitura de um diário zzzzzzzzz. Mas a história é poderosa, principalmente o fim a que Benjamin é conduzido. Muitos acertos, muitos pontos luminosos.

E gosto do idílio de Benjamin e Daisy na metade pro final do filme. Lembra Fitzgerald, num conto do qual é enfim inspirado o filme. Fitzgerald, cujo romantismo é sua maior limitação e encanto.

"Let's never come here again because it will never be as much fun."

Todos juntos agora devemos perguntar por que Katrina. Por que Katrina? Cineastas são gente muito misteriosa. Mas como foi Eric Roth, roteirista de Forrest Gump, que também escreveu Benjamin Button e o encheu de elementos que acha ele compõem seu estilo, mas que passariam muito bem por plágio de si mesmo, meu palpite é que o Katrina está no filme pela mesma razão por que está a travessia de Tilda Swinton ao Canal da Mancha e Forrest conhecendo Nixon: ficção e realidade cruzando-se etc e tal. Muito profundo e sagaz.

E a Daisy da Cate Blanchett é tipo a Kate Hepburn dela pro Aviador, né? Deu uma epidemia de autoplágio durante as filmagens.

David Fincher deu um talk to the hand pro Oscar mas fez um filme de Oscar e está faturando como nunca com Benjamin Button. Meu nome é David Fincher e eu nasci em circunstâncias incomuns. Mas me endireitei e quero a minha parte em dinheiro.

Mas o melhor do filme é quando é original. E tem essas coisas que aprecio muito em filmes, parece que são chamadas “cenas inesquecíveis” ou “cenas bonitas”. Por exemplo uma em que Benjamin adormece no chão, ao lado da cama de sua mãe adotiva, segurando a mão dela. Mó bonito ae.

David Fincher maldiz o Oscar e fez filme de Oscar. A gente bloga e acha que é artista. Que mais?

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Oscar 2009 - Indicações

Eu sei, eu sei. Já ouço as vozes nas suas cabecinhas: "putz, lá vem esse mala do Progressista com mais um texto sobre a temporada dos prêmios! É Oscar, Globo de Ouro, Sundance, Festival de Gramado e o escambau... se joga, moleque!". Vou ignorar tamanhas ofensas contra a minha pessoa, mesmo com toda a minha sensibilidade (err.... ui?). Antes de ir para os indicados (a festa ocorre no dia 22 de Fevereiro), mando aqui um tapa nas costas do meu mais novo amigo, Barack Obama. A minha intimidade com os presidentes norte-americanos é MAIS do que notória. Jogava bridge com o Franklin Roosevelt , era presença constante nas festas na mansão dos Kennedy, discutia livremente os rumos da conturbada política externa americana com o Nixon, e nos últimos tempos tentava ensinar em vão o Bush Jr. a adivinhar a capital dos EUA e dos outros 3 países que ele conhecia (Canadá, França e Rússia). Vocês acham que o meu nickname é Progressista sem nenhum motivo? Ok, ok, vamos então comentar os indicados nas categorias principais.

Curiosidade: o filme do Clint Eastwood, Gran Torino, foi impiedosamente ignorado, não levando uma mísera indicação sequer para casa. Assim vocês matam o véio do coração!

MELHOR FILME

O Curioso Caso de Benjamim Button
O filme de David Fincher é o provável vencedor, já que duvido muito que a Academia repita a ousadia do Globo de Ouro, que deu o prêmio de melhor filme de Drama para o Sllumdog Millionaire. Ousadia e burrice, já que o filme do Danny Boyle é um engodo de proporções Junísticas (e vocês sabem bem todo o meu "amor" pelo Juno). Então, como esse ano foi bem mais fraco que o anterior (quando vimos dois filmaços como Sangue Negro e Onde os Fracos Não Têm Vez disputando as estatuetas), será justo o prêmio, uma vez que, embora não livre de defeitos, o filme de Fincher é um belo tratado sobre o tempo. E o Fincher é mestre. Mas não custa lembrar que esse é, disparado, o filme mais convencional realizado por ele. Como é quadrada essa Academia. Dá até raiva.


Quem Quer Ser um Milionário? (Slumdog Millionaire)
O título nacional é feio, hein? Mesmo sendo adequado, não deixa de soar como aquelas comédias ridículas protagonizadas pelo David Spade no final da década de 90. Em relação ao filme de Danny Boyle, ele preenche a vaga "não oficial" que a Academia cede todo ano para os alternativos desde 94, quando Pulp Fiction foi o marco zero da causa undergroud. Curiosamente teremos um baita deja vu esse ano, já que a principal disputa no Oscar 95 foi Forrest Gump X Pulp Fiction, e nesse ano teremos Benjamim Button X Slumdog Millionaire, o primeiro filme tendo um roteiro que praticamente clona o esqueleto narrativo do filme de Zemeckis (culpa do roteirista de ambos os filmes, Eric Roth), e o segundo um estouro vindo dos circuitos undergrounds. O final do filme não vai mudar dessa vez, como não o foi naquele ano. Mas, se a Academia resolver dar o prêmio para o Slumdog Millionaire, que é um engodo ainda maior do que o horrendo Juno (batendo na madeira três vezes, urgh), teremos de dar o braço a torcer. O mundo é dos indies, esses antenados amantes do mundo virtual.


Milk - A Voz da Igualdade
Sabia que a Academia daria muito mais espaço para esse filme do que o Globo de Ouro (no qual ele foi virtualmente ignorado). Eles adoram uma biografiazinha de personalidades controversas lutando por uma causa impossível e que acabam virando mártires de uma causa. O filme de Gus Van Sant não tem chance alguma de ganhar o Oscar, mesmo se ocasionalmente viesse uma dor de consciência na Academia por terem preterido o Brokeback Mountain em 2006. Não, a compensação em favor da causa gay não existirá nesse caso. Preciso dizer que, embora jamais tenha achado o Brokeback Mountain tudo aquilo que falam, ainda sim achei inacreditável terem dado o prêmio para o Crash. Não estou fazendo média, mesmo. Juro. Acreditem em mim. Pela mamãe.


O Leitor (The Reader)
Filme mais "e daí?" dos indicados, a produção de Stephen Daldry pouco irá despertar paixões, apenas ocupando o lugar cativo das produções de época na premiação. Mais um em uma longa lista de filmes medianos que parecem serem muitos melhores do que realmente o são, por culpa das perfomances da Kate Winslet. Acho que nem a Meryl Streep consegue isso. No mais, a estranha relação entre Daldry e a Academia será mais aprofundada por mim ai embaixo. Não deixem de conferir. Pela mamãe.





Frost/Nixon
Parabéns, Ron Howard. Você conseguiu mais uma vez. Lobista dos infernos.





MELHOR DIRETOR

David Fincher - O Curioso Caso de Benjamim Button
Finalmente. Demorou bons 19 anos, mas a Academia resolveu conceder uma indicação ao melhor diretor surgido dos anos 90 para cá. Para quem acompanha a carreira de Fincher, não deixará de ser uma emoção vê-lo subir ao palco do Kodak Theather para pegar a sua estatueta. Mas isso talvez acabe não acontecendo, já que Fincher já deu declarações dizendo que "não dá para levar o Oscar a sério" e tudo mais. Ele pode até falar algo assim, mas que ele aliviou o tom e produziu um filme de narrativa bem adequada para os paladares da Academia, isso é inegável. Não dê uma de Ron Howard, Fincher, e admita a verdade. Você continuará sendo mestre, indepedentemente do resto.

Danny Boyle - Quem Quer Ser um Milionário?
12 anos depois do Trainspotting, Boyle finalmente sobre às cabeças. Não que ele não seja um diretor competente. Seus 3 filmes anteriores (Extermínio, Caiu do Céu e Sunshine) eram todos eficientes exercícios de cinema, e vinham mostrando uma retomada de direção do diretor, depois de cometer os horrendos A Praia e Por uma Vida Menos Ordinária no fim dos anos 90. Mas todo esse estardalhaço em torno do Slumdog Millionaire e a inevitável indicação ao Oscar de melhor diretor que vem agora ameaçam mudar o status do inglês. Sim, Sunshine era um filme bem mais ambicioso que suas realizações anteriores, mas acabava se afundado nas suas próprias pretensões vazias. Será que chegou finalmente o dia em que veremos Danny Boyle chutando a porta e querendo ser tratado como um diretor verdadeiramente autoral, um realizador cujas obras não mais passarão dessapercebidas, e sim reconhecidas como eventos de suma importância da cultura moderna? Desculpem, não consegui terminar essa sentença sem dar uma bela gargalhada. Danny Boyle, que grande piada. Diretor junkie food tratado como gênio, só podia dar nisso mesmo.


Gus Van Sant - Milk - A Voz da Igualdade
11 anos atrás, Gus Van Sant perdia o Oscar de melhor diretor (tinha sido indicado pelo belo Gênio Indomável) para o James Cameron, por aquele filme do navio lá. Vamos reconhecer que o cara é talentoso. Muita gente tem birra com ele, já que o seu nome praticamente virou sinônimo do cinema alternativo americano, e tudo aquilo que esse rótulo acarreta. Mas, colocando a criminosa refilmagem do Psicose à parte, uma carreira com filmes como Drugstore Cowboy, Garotos de Programa, Gênio Indomável, Encontrando Forrest e Elefante não pode ser menosprezada. Mesmo um filminho menor como Um Sonho Sem Limites tinha as suas qualidades. Não vai levar, mas fica o registro, pelo menos. Isso foi bem Moderado.


Stephen Daldry - O Leitor
Segundo a Academia, Stephen Daldry é o melhor diretor da história do cinema. Explico. O enganador inglês dirigiu apenas 3 longa-metragens até o presente dia, sendo eles por ordem cronológica Billy Elliot, As Horas e esse O Leitor. Filmes absolutamente convencionais, que jamais poderiam passar perto de serem considerados obras-primas. Pois bem. Daldry foi indicado ao prêmio de melhor diretor pelos 3 filmes. Um índice de 100% de aproveitamento, sem precendentes na história da premiação. Doentio, para dizer o mínimo. Enquanto isso, David Fincher penou por duas décadas para ser lembrado. Se A Academia e o Daldry se amam tanto assim, que vão para um Motel e deixem o resto da humanidade em paz, pombas. Simples. Já aguardo a quarta indicação dele pelo Billy Elliot 2 - Esse Moleque Dançarino é Uma Parada.


Ron Howard - Frost/Nixon
CENSURADO

O hilário Fonzie, ao lado do manezão que foi indicado a melhor diretor e cujo texto eu censurei pelo alto número de palavras de baixo calão e outras profanidades. Happy Days


MELHOR ATOR



Brad Pitt - O Curioso Caso de Benjamim Button
Pitt é um excelente ator, e a indicação é justa. Mas ele deveria ter ganho o prêmio mesmo pela sua atuação ano passado no O Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford. Como nem indicado foi, fica a imprensão de uma compensação. É o favorito, mas Penn também está no páreo. Sua única indicação anterior tinha sido como ator coadjuvante pelo 12 Macacos, em 1995.




Frank Langella - Frost/Nixon
Langella sempre foi um excelente coadjuvante, e a sua atuação como Richard Nixon vem sendo elogiadíssima. Mas qualquer ator que aceita trabalhar com o exu Ron Howard perde automaticamente qualquer consideração que possa vir a merecer. Um mínimo de dignidade, né não?






Sean Penn - Milk - A Voz da Igualdade
Penn é um ator levemente superstimado. Digo levemente porque, mesmo reconhecendo seu talento, não consigo tolerar um número alto de perfomances do sujeito. Muito mais alto do que seria normal para um ator do seu calibre. Talvez seja aquele insuportável ar de auto-importância que ele emprega em algumas de suas perfomances. "Olhem todos para mim, eu sou o novo Marlon Brando, então ajoelhem-se perante mim, por favor". Quem já se deu ao trabalho de assistir ao horroroso Uma Lição de Amor (pelo qual ele foi inacreditavelmente indicado em 2001) sabe do que eu estou falando. Mas quando ele deixa a indulgência de lado e realmente trabalha pra valer, é capaz de interpretações à altura do hype que o cerca, o que parece ser o caso nesse filme, no qual faz um ativista gay americano que acaba virando mártir da causa. É provavelmente o único que pode tirar o prêmio do Brad Pitt. Essa é a sua quinta indicação.




Richard Jenkins - The Visitor
Engraçado. Pouco tempo atrás, fui assistir ao filme Queime Depois de Ler, o décimo-terceiro melhor filme dos 13 que os irmãos Coen fizeram na carreira, e não pude deixar de notar que a melhor perfomance naquele péssimo filme era de um careca pouco conhecido, sempre acostumado a ser o coadjuvante dos coadjuvantes nas incontáveis produções que participou no decorrer da sua carreira (já tem 61 anos de idade). Quando descubro que uma outra perfomance dele nesse ano vinha sendo muito elogiada pelos críticos, e que acabou sendo premiada com uma surpreendente indicação ao Oscar. Nesse ainda inédito The Visitor (duvido que lancem aqui na Tropicálialand), ele interpreta um introspectivo professor universitário que vai a Nova York para uma conferência e acaba encontrando um casal de imigrantes vivendo no seu apartamento. Sério, a Academia adora professores no melhor estilo Morango Silvestre (Bergman!), e Jenkins estava no lugar certo, e na hora certa.



Mickey Rourke - O Lutador
Como era a musiquinha, mesmo? Ah, lembrei, chamava-se Cinema, do one-hit-wonder Ice Mc. Vamos lá, todo mundo junto:
John Wayne - UHUUUUUUUUUU!!!!! Eddie Murphy - UHUUUUUUUUUUUUUU!!!!!! Alan Deloin - UHUUUUUUUUUUUUUUU!!!!!- MICKEY ROURKE - UHUUUUUUUUUUUUUU!!!!!!!!!
Os dias de boxe acabaram. Rourke voltou, cumpade! Faltava um bad ass no cinema contemporãneo. Muitos Matt Damons e Di Caprios fazendo caras de bons moços. Mostra para essa cambada, Rourke, como é que se faz! Já tem a minha torcida. Sei que vai perder para o Pitt ou para o Sean Penn, mas não custa sonhar. Bem que ele poderia chamar o Penn para a porrada no meio da premiação. Ouvi dizer que eles têm uma treta que remonta aos anos 80. PORRADA! PORRADA!


MELHOR ATRIZ


Anne Hathaway - O Casamento de Rachel
Indicada pelo ainda inédito filme do Jonathan "Silêncio dos Inocentes" Demme (estréia prevista para 13 de Fevereiro por aqui), a graciosa Hathaway sempre foi uma atriz talentosa, conseguindo dar dignidade até para os horrendos Diários da Princesa. Muitos já me xingaram por eu não ter feito ela Tetéia da Semana quando a hoje morimbuda seção existia, mas eu venho aqui hoje pedir humildemente desculpas por isso. Não é de coração, mas vocês finjam ai que acharam as minhas intenções sinceras, e eu finjo que levo em conta a opinião de vocês, e todo mundo fica bem feliz.



Melissa Leo - Frozen River
Atriz virtualmente desconhecida, que fez carreira basicamente participando de inúmeras séries de TV americanas (chegou a ser regular de uma que durou 5 anos, Homicide: Life on The Street, em meados dos anos 90) e que agora tem seu talento reconhecido no elogiado filme da diretora iniciante Courtney Hunt (que foi indicada como roteiro original). Como Melissa já bate nos 48 anos de idade, já não era mais em tempo.




Meryl Streep - A Dúvida
Milésima indicação de Streep (falando sério, é a décima-quinta), que logo precisará ter o mesmo tratamento do Jack Nicholson, que meio que foi considerado não-oficialmente como hors concours. Chega de roubar o espaço de atrizes mais jovens. Mas como o filme Dúvida vem sendo elogiadíssimo (e a sua omissão na categoria de melhor filme vem sendo criticada), e Streep é mesmo uma das melhores atrizes da história, bem que ela podia levar o prêmio (é a favorita ao lado da Kate Winslet) e fechar com chave de ouro sua participação no Oscar. Seria melhor para todo mundo.




Kate Winslet - O Leitor
Winslet não foi indicada como Coadjuvante pelo Revolutionary Road, o que a impede de tentar repetir o feito do Globo de Ouro e levar o prêmio nas duas categorias de atriz. Mas disputará verozmente o prêmio com a Meryl Streep, então preparem-se, que podemos acabar sendo testemunhas de uma bela catfight entre as duas atrizes. Quem não gosta de ver duas mulheres brigando, mesmo uma sendo uma quase-sexagenária com um nariz levemente avantajado, e a outra uma gordinha charmosa? Vocês duvidam, é? Lembram da cara que a Kate Winslet fez quando perdeu o Oscar em 98 para a Helen Hunt? O mundo todo viu, jogou uma praga tão grande na mulher, que a série Mad About You foi cancelada no ano seguinte e a Hunt jamais conseguiu recuperar a sua carreira novamente.




Angelina Jolie - A Troca
Ok, vamos admitir algo aqui. A bocuda Jolie apenas foi indicada para a Academia se aproveitar da publicidade toda em cima do casa Brangelina e garantir uns pontinhos a mais na audiência. Quem conseguiu como eu chegar ao final do péssimo A Troca (Clint Eastwood ainda me deve os 15 reais que paguei de ingresso) sabe que a perfomance dela é sufocantemente caricata. Mas a Academia perdeu uma chance inacreditável. Explico. Se eles quisessem mesmo aumentar a audiência, bastava terem indicado também a Jennifer Aniston pelo Marley e Eu (o que não seria nenhum absurdo, já que ela trabalhou muito bem naquele filme). Sério, Jolie X Aniston com o Brad Pitt assistindo tudo de camarote. Eu iria até chorar de emoção, mesmo sabendo que nenhuma delas ia levar o prêmio de qualquer maneira.

MELHOR ATOR COADJUVANTE

Robert Downey Jr. - Trovão Tropical
Trovão Tropical foi o filme mais hilário de 2008. E a perfomance quase surrealista de Downey Jr. é preciosa. Justíssima a indicação, pena que não vai levar. É a sua segunda, sendo a primeira em 93 pelo Chaplin.







Philip Seymour Hoffman - A Dúvida
Hoffman vem sendo um nome constante na lista de indicados (sua terceira indicação em quatro anos). Não sem justiça, já que se trata de um senhor ator. Mas vai perder o prêmio, o que não deixa de ser uma pena.






Josh Brolin - Milk - A Voz da Igualdade
A trajetória de Brolin não chega a ser épica como a do mito Mickey Rourke, mas também vale uma menção. De ator acostumado a participar de produções de quinta categoria até a metade dessa década (seu filme mais famoso havia sido o inqualificável Homem Invisível, e ainda em 2005 ele participou de uma bomba do quilate de Mergulho Radical), Brolin deu uma virada na carreira depois de participar do Grindhouse em 2006, emendando uma série impressionante de filmes (Onde os Fracos Não Tem Vez, No Vale Das Sombras, Gangster Americano e W.), culminando com a sua primeira indicação pelo filme do Gus Van Sant. Tudo isso num espaço de 2 anos. Sério, quem quiser ser ator em Hollywood, é só procurar o agente do sujeito, que o cara é fera. Brincadeira, Brolin deve a sua ascensão ao seu talento apenas, que vinha falhando em ser reconhecido, mas que agora está latente para todos. Sério. Pela mamãe. Mas não vai levar. Pena?


Michael Shannon - Foi Apenas um Sonho
O filme do Sam Mendes foi impiedosamente ignorado pela Academia, que reconheceu apenas o esforço desse ator levemente (outra vez?) vesgo, e que tem no seu currículo participações em obras-primas como Pearl Harbor, 8 Mile, Canguru Jack, Bad Boys 2 e Bem-Vindo À Prisão. Que carreira fantástica. Mas não vai levar. Ufa.





Heath Ledger - O Cavaleiro das Trevas
I see dead people. Não falo aqui da carreira do M. Night Shyamalan (justamente lembrado em várias categorias no Framboesa de Ouro pelo literal Fim dos Tempos). Como até a minha prima de 2 anos de idade sabe que o prêmio já é do presunto australiano, a Academia poderia poupar o tempo de todos e já mandar a estatueta para a família do cidadão. E nós finalmente poderemos virar a página Cavaleiro das Trevas e seguir com as nossas vidas.



MELHOR ATRIZ COADJUVANTE

Amy Adams - A Dúvida
Segunda indicação para a bela americana nascida na Itália (o pai era oficial americano), o que já faz de Amy provavelmente a melhor atriz da nova geração. Peguei um leve trauma dela, por culpa do filme Encantada (até hoje posso ouvi-lá cantando aquelas musiquinhas insuportáveis), mas seria estúpido se não reconhecesse o seu talento. Tá, eu sei, eu sou um estúpido, mas precisa falar na cara, pombas?



Viola Davis - A Dúvida
Atriz acostumada com papéis coadjuvantes, e que havia me impressionado bastante na sua curta participação no fraco Paranóia, no ano passado. Percebam que o filme A Dúvida teve 4 indicações nas categorias de atores, além da indicação para roteiro adaptado, e mesmo assim foi ignorado nas categorias de filme e diretor. Dizem que é por culpa da temática fortíssima do filme (um padre acusado de supostamente molestar um estudante negro), que assustou os membros da Academia, esse seres tão ingênuos e moralistas.




Taraji P. Henson - O Curioso Caso de Benjamim Button
Críticos vêm acusando a atriz de roubar os maneirismos de interpretação da mítica perfomance da Hattie McDaniel no ...E O Vento Levou (pela qual a atriz ganhou o Oscar de coadjuvante, uma façanha incalculável para uma atriz negra em 1940). É verdade mesmo. Mas eu não vejo isso como algo tão ruim assim, e digo que achei a perfomance dela nesse Benjamim Button perfeitamente aceitável perto do que o papel pedia.





Marisa Tomei - O Lutador
A maior piada da história da Academia foi o prêmio de melhor atriz coadjuvante dado para a Marisa Tomei pelo Meu Primo Vinny, em 1992. Dizem que o já na época veterano Jack Palance se confundiu na hora de ler a ganhadora. Maldade. Mas a Academia vem desesperadamente tentando justificar o prêmio desde lá, indicando pela terceira vez Marisa (a outra indicação veio pelo Entre Quatro Paredes, em 2001). Nós já entendemos, todo mundo erra uma vez ou outra. Agora, persistir no erro...


Penelope Cruz - Vicky Cristina Barcelona
Para mim, já é dela. Melhor perfomance do ano passado, disparada. No belo filme do Woody Allen, Cruz aparece já com um certo tempo de projeção, e simplesmente incendeia a tela, deixando a pobre Scarlett Johansson atordoada. Como existe um histórico de atrizes coadjuvantes ganhando prêmios por filmes do senhor Allen (os dois prêmios da Dianne Wiest e a Mira Sorvino), acho que podemos dar como certo o favoritismo de Cruz.


Obs 1: a cerimônia será apresentada pelo Hugh Jackman. Que idéia brilhante. Agora sim, a audiência vai ir às alturas. Sério, será mesmo que o Billy Cristal soa tão anacrônico assim para o público mais jovem?
Obs 2: confiram todas as outras indicações nesse link aqui.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Comentários gerais acerca do Globo de Ouro 2009

"Qual a diferença entre o Charm e o Funk?", já perguntava um pequeno clássico dos anos 90. Ninguém conseguiu responder jamais essa pergunta com muita propriedade (embora a própria canção tentasse entrar no mérito da questão, falhando miseravelmente). A resposta poderia ser que o funk era mais safado e com ênfase no ritmo, enquanto o charm era mais melodioso e rômantico. . Uso essa porca peça de retórica para evitar entrar na batidíssima questão "Oscar X Globo de Ouro", lebre sempre levantada pelos periódicos, sites de informações E blogs de formadores de opinião. Todo mundo sabe que o Oscar, embora com suas sempre polêmicas e injustificáveis decisões de tempos em tempos, é o que conta de verdade, enquanto o Globo de Ouro, além de ter menos crédito de rua (foi criado em 1944, enquanto o Oscar veio em 1929), é uma premiação muito prejudicada pela insana divisão de categorias.
De um lado os filmes de drama, e do outro os filmes de musical/comédia. Sim, isso é meio que estúpido mesmo. Sei que os organizadores não mudam essa palhaçada simplesmente para não perderem o diferencial em relação ao Oscar. Mas isso coloca um belo de um joinha nas testas dos cidadões. Por que musicais comédia, dois gêneros supostamente diferentes, deveriam necessariamente dividir as mesmas indicações? E como os musicais não estão necessariamente na crista da onda faz uns bons 50 anos, não soa como um belo anacronismo essa divisão? Ninguém jamais conseguiu explicar isso direito. Mas como eu disse que não queria falar sobre esse fato, e acabei dedicando um monte de linhas ao fato, devo mesmo é parar com a brincadeira e ir direto para os comentários sobre os ganhadores. Putz, mas a música não sai da minha cabeça agora... "qual a diferença entre o Charm e o Funk? Um anda bonito e o outro elegante". Genial a letra, mesmo. Alguém ai lembra do Copacabana Beat? E do Sampa Crew? Mandem e-mails, por favor, com suas impressões sobre essas grandes bandas.

Categorias que são divididas por gênero

Melhor filme de Drama (argh!) - Vencedor: Slumdog Millionaire, do Danny Boyle
A vitória do filme do Danny Boyle nessa categoria (que é o verdadeiro termômetro do melhor filme do Oscar) é assustadora. Bem que eu tinha alertado no meu texto das previsões do Oscar que muita gente boa andava achando esse filme o melhor. Mas como o caráter todo do negócio é o mais fora do esquemão possível, poderíamos então esperar o vencedor mais incomum da história do Oscar? E o segundo filme passado na Índia a ganhar o prêmio (Gandhi era o outro, seus moleques!)? Não, esqueçam. A Academia não dará o prêmio para esse filme. Mas a vitória surpreendente ainda sim deixará as suas marcas no cinema.
Danny Boyle (é o único com óculos na foto, seus jões!) e um monte de indianos batutas. Perai, tem mais dois ai na foto que não são indianos não...

Melhor filme de Musical/Comédia (ARGH!) - Vencedor: Vicky Cristina Barcelona, do Woody Allen
Os concorrentes nessa "categoria" eram ridículos (Mamma Mia? Queime Depois de Ler?), mas o filme do véio Allen é tão bom, mas tão bom, que meio que esse prêmio nos deixa bem contentes mesmo. Quem perdeu nos cinemas é bocozão e devia ter o lanche roubado na escola na época do colégio. E também levava um monte de cuecões dos pervos. Sério, vão lá ver agora e não passem mais vergonha.

Melhor perfomance de um Ator em um filme de Drama (what the fuck?) - Vencedor: Mickey Rourke, pelo The Wrestler
Está pintando ai um dos maiores renascimentos da história do cinema. 15 anos atrás a carreira do Mickey Rourke estava tão acabada que ele tinha virado lutador de boxe para pagar as contas. E é só olhar para a cara mutilada do sujeito para perceber o quão amarga pode ser a vida. Mas ele já tinha começado a virar o jogo no exagerado Sin City (era a melhor coisa naquela droga de filme), e pelo jeito dá um show no filme do enganador Darren Aronofski. Mas se o filme for bom, poderei perdoá-lo. Como um pai perdoa o seu filho. Como o Dia perdoa a Noite. Como o...
AAAAAAAAAAAHHHHHHHH!!!!!!!!!! Alguém coloca um saco na cabeça dele, caçamba!

Melhor perfomance de uma atriz em um filme de Drama - Kate Winslet, pelo Revolutionary Road
A gordinha gente boa é uma baita atriz, e provavelmente deve levar o Oscar também pelo papel. Mas o filme não deve ser grande coisa, pelo o que tem se ventilado. É nem provável que em poucos anos ela alcance o número de indicações que a sua concorrente derrotada no Globo de Ouro nesse ano, Meryl Streep. A muié tem apenas 33 aninhos e já tem 5 indicações ao Oscar, e como levará duas indicações certas na cerimônia desse ano, terá então 7 indicações ao todo. Por essas e outras que eu já estou indo para Londres pedir a mão dela em casamento. Não que ela fosse aceitar, logicamente. Mas você não pode culpar um cara por tentar. Lembrei daquela música que o personagem do Chef (Isaac Hayes, in memorian) cantava no South Park, pedindo para ela largar o molecote do Di Caprio e ir com ele, um homem de verdade. Na mosca. Kate, largue o Sam Mendes e venha com um homem de verdade.

Categorias de caráter geral

Melhor Diretor - Danny Boyle, pelo Slumdog Millionaire
Danny Boyle, esse alegre rapaz inglês, mostrou que é o ó do borogodó, humilhando os seus concorrentes com uma vitória acachapante. Esse filme tem de ser bom, mas muito bom mesmo, para justificar a milésima vez em que David Fincher sai preterido em alguma premiação. Mas os meus aguçados instintos (ui!) apontam que, tipo, veremos um baita de um engodo vindo por ai. Vão por mim. Esperem o já antecipadíssimo "Fomos ao Cinema ver Slumdog Millionaire". Será que vai ser escrito por mim ou pelo Fundamentalista? Mistério.

Melhor Atriz Coadjuvante - Kate Winslet, pelo The Reader
Sim, vocês não leram errado. A gordinha biita conseguiu levar os dois prêmios de atriz da noite. Sério, dessa vez pelo filme do Stephen "Billy Elliot" Daldry. Depois vocês dizem que eu estou errado ao pensar em pedir a mão da garota em casamento. Nessa categoria ela conseguiu vencer a Penelope Cruz, que humilhou no Vicky Cristina Barcelona. Espero então que a perfomance da Katinha justifique isso. Agora, o negócio é o seguinte: caso a Kate Winslet repita esse feito no Oscar, levando os prêmios de melhor atriz principal e coadjuvante, terá estabelecido um feito absolutamente inédito, desde a longinqua primeira festa, em 1929. Muito bem, minha bela esposa. Agora vamos jogar uma partidinha de truco, por favor.
Tá, eu sei, ele fez o Beleza Americana. Mas por acaso você já ouviu falar no clássico Governador Valadares - The Motion Picture, Katinha? Clássico imortal da Comrades Movies Incorporated.

Melhor Ator Coadjuvante - Heath Ledger, pelo Cavaleiro das Trevas
E o presunto levou o prêmio. Já que as cinzas dele foram espalhadas em uma praia na Austrália, deveriam tacar a estatueta lá também, como uma justa homenagem. Agora só falta o Oscar, e ai então, finalmente, o defunto poderá descansar em paz. It's better to burn out, than to fade away. My, my, hey, hey.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

O Última Parada 174 está fora da disputa do Oscar? NÃO! INJUSTIÇA!

Como pode! Esse filme maravilhoso desse gênio chamado Bruno Barreto (diretor dos clássicos absolutos Anjos no Asfalto, Romance da Empregada, Bossa Nova, Voando Alto e Casamento de Romeu e Juilieta) não foi aprovado para a lista de 10 finalistas às cinco indicações? ABSURDO! INFÂMIA! Não podemos ficar quietos. Para mim, Última Parada 174 é o maior filme da história. E o Bruno Barreto é, sem dúvida alguma, o melhor diretor de cinema desde que os manos Lumiere mostraram o trenzinho vindo na direção de um atordoado público no fim do século XIX. Que a Academia viva com essa vergonha. Shame on you.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Desafios de 2009

Apesar da insistência da minha mãe, que simpatiza muito com o Che desde que viu Diários de Motocicleta, recusei me tornar socialista aos vinte e cinco. Expliquei a ela que ser socialista é como ser metaleiro, você tem que ter quinze anos, muita espinha na cara e uma revolta contra o sistema por não conseguir pegar ninguém.

Eles então dizem que somos todos iguais e só nos levam a acreditar nisso por força de repetição quando tantas são as provas em contrário que eles mesmos dão um jeito de esfregar 24 horas por dia na cara da gente.

Ingrid Bergman




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Pauly Shore

Então, é sobre esse tipo de fato que a gente tem e vai ter de passar por cima todos os dias pra viver um 2009 mais justo e assim melhor que 2008. Mas a gente consegue.

Somos todos iguais. Somos todos iguais. Somos todos iguais. Somos todos iguais. Somos todos iguais. Somos todos iguais. Somos todos iguais. Somos todos iguais. Somos todos iguais. Somos todos iguais.

Feliz Ano-Novo ae tb.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

E no apagar das luzes do ano da graça de 2008, eles Foram ao Cinema ver Marley & Eu

A noite adentrava, quieta e sonolenta, no último dia do ano. E as pessoas, comovidas com o espetáculo dramático que tinham acabado de presenciar, derramavam-se em lágrimas e fungadas na escura sala de cinema. Casais em prantos, famílias inteiras em desalento, uma sinfonia de sentida comoção. Ante tamanha demonstração de transe coletivo, Camarada Progressista resolve agir, e revoltado com essa palhaçada toda, levanta de sua cadeira e aponta para a multidão, de maneira imperativa e perniciosa, bradando em alto tom e bom som: " caçamba, se esses jões estão chorando por esse cachorro mala, imagina o que não fizeram quando acabou o Lista de Schindler! Devem ter se jogado nas paredes, esmurrado as cadeiras, babado uns nos outros e o escambau!".

Marley e Eu, assim como o livro que inspirou a história (escrito pelo John Croogan, no filme interpretado pelo Owen Wilson) e que vendeu dois zilhões de cópias no mundo todo, é meticulosamente construído para provocar as bacias de lágrimas que nós presenciamos no final da projeção. As fungadas, os soluços... sério, parecia um funeral coletivo. Esse espetáculo de manipulação promovido pelos realizadores é tão deprimente que meio que acaba fazendo você quase esquecer os méritos do filme, que, mesmo longe até de ser considerado um bom filme, é acima da média da produção habitual dos filmes mainstream. Algo que também podia ser dito do filme anterior do diretor David Frankel, O Diabo Veste Prada. É, pelo jeito o cidadão tem uma queda em fazer filmes inspirados em livros de linguagem mais pop e que venderam horrores. Não que isso seja lá muito elevado em termos artísticos, mas como ninguém ai parece se importar muito, então Frankel se mostra cada vez mais um especialista em entreter o povão, como se fosse uma espécie de Adryan Line, bem menos sacana e mais limpinho, dos anos 00. Mas quais são os méritos desse filme? E quais são os motivos da sua épica derrocada? Veremos.

Rachel e Ross


Méritos

Alan Arkin é mestre. Ele faz a arte da atuação parecer brincadeira de criança. Como todo craque, não precisa de esforço nenhum para provocar os melhores momentos cômicos do filme, que falha muito nesse aspecto. Bravo, Pequena Miss Sunshine, por ressuscitar a carreira do homem.

Jennifer Aniston é muito subestimada. Ela na verdade é a grande responsável pelo turbilhão de emoções causadas na última parte do filme. Não fosse tão convincente o seu retrato da mulher-com-pretensões-de-carreira-que-abre-mão-de-tudo-em-nome-dos-filhos, o impacto do final seria bem menor. Podemos dizer que ela é o coração desse filme? Sim, podemos. Agora só falta ela parar de trocar farpas com a bocuda da Jolie nos jornais, e tudo ficará bem.

Falhas

Vocês lembram do fim dos anos 90, quando o Owen Wilson tentou emplacar como ator sério e falhou horrendamente? E ai se redescobriu nos anos 00, criando uma persona relaxada nos filmes de comédia que fez com a turma do frat pack (Vince Vaughan, Ben Stiller, Jack Black, seu irmão Luke Wilson e o Will Ferrel) e faturando horrores nas bilheterias? Pois bem, dito tudo isso e deixando os filmes do Wes Anderson de lado, concluímos que o suicida Owen não é lá muito eficente como ator dramático. E isso se faz sentir com força nesse filme. Não fosse a Jennifer Aniston... E eu volto a afirmar o que disse em textos do ano que passou: ele não parece ter se recuperado dos problemas que o levaram à tentativa de suicídio. Sério, internem o cara na primeira clínica de reabilitação que estiver por perto. Depois não digam que eu não avisei.

Eu poderia criticar a lógica do roteiro, que permite aos espectadores presenciarem um casal expor os seus filhos a um psicopata travestido de cachorro como o visto no filme. Mas ai eu lembro que isso realmente aconteceu na vida real,e vejo que o nosso querido amigo Croogan era na verdade um péssimo pai. E nos exibe, com orgulho, toda a sua falta de noção. E a angústia suburbana de Croogan, mesmo com os seus belos empregos (jornalismo é uma profissão ingrata), sua bela esposa e família, e sua bela casa, acaba atirando o espectador para fora do filme. Mas, outra vez, o problema parece ser com o Croogan mesmo. O filme sutilmente nos leva a entender que Croogan se sente muito mais à vontade com o canino do que com a sua família, e o que acontece com o cão no fim do filme acaba sendo o mote para ele finalmente lembrar que tem filhos e o escambau. Ou seja (spoilers adiante, não leia o fim do parágrafo se não viu o filme), precisou o cão capotar para ele finalmente pelo menos fingir ser um pai de verdade. Aos que duvidam, lembro de uma cena na qual ele chega do trabalho e os filhos o cercam, e eles rolam juntos na grama parecendo se divertir, e então todos se levantam e acabamos notando um silêncio meio constrangedor entre Croogan e os filhos quando se direcionam de volta para a casa, até que avistam o cão tendo dificuldades para subir os degrais da porta, e então Croogan mostra então mais uma vez todo o amor que sente pelo cão gordo. Sério, não sei a que ponto os acontecimentos do filme são reais ou não, mas eu tenho pena dos filhos desse cara na vida real, mesmo ele estando podre de rico agora. Maldito Marley! O que me lembra do último tópico, que é...


Ross, Rachel e Joey


O cachorro, Marley. A presença dele nesse filme me lembrou sabe quem? Tommy DeVito, personagem do Joe Pesci no Bons Companheiros, filme do Martin Scorcese. Sim, não estou maluco não. A presença de Pesci naquele filme é frontalmente subversiva, e ninguém, nem os personagens nem os espectadores, conseguia relaxar com ele em cena, tamanho era o efeito do seu comportamento insano e imprevisível. Mas aquilo era totalmente esperado pelo roteiro daquele filme, e os resultados eram sensacionais. Marley nesse filme provoca o mesmo efeito. Não sei se era esse o propósito do filme, mas toda vez que o cão aparecia correndo que nem um maluco e quebrando tudo em sua volta, o sentimento era de um desconforto tremendo. Mas, mesmo o personagem de Wilson afirmando a cada cinco segundos que esse era o pior cão do mundo, não sei se isso é lá muito inspirador, já que a intenção do filme deveria ser fazer os espectadores se importarem com ele, e da sua interação com a família. Sei que ninguém pareceu se importar muito com isso, mas no meu caso, fiquei absolutamente aliviado quando vi o fim do cachorro. Ufa! Já foi tarde, cão mala. Vai ver que foi por isso que fiquei incomodado com o festival de lágrimas na sala de projeção. Pô, se ao menos fosse a Lassie que tivesse morrido... ou até o Beethoven, o cão que era esperto pra cachorro... ou era o Bingo que era esperto pra cachorro? Mandem e-mails esclarecendo essa importante dúvida, por favor. Mas, por favor, sem chororô. Como dizia a minha vó, vergonha é roubar e não pode carregar. O que isso tem a ver com o resto será sempre um grande mistério.


BUÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁA! Snif!