segunda-feira, 4 de julho de 2011

Em defesa da coisa chamada Jack White

Agora que Jack White acabou com a sua banda (duo) ruim, eu acho que posso finalmente corrigir uma injustiça que cometi contra o talentoso guitar hero e produtor. Escrevi muitos anos atrás um texto baixo, injusto e ultrajante contra o rapaz de Detroit (tão baixo, injusto e ultrajante que eu nem vou passar o link para o texto), em que eu questionava a sua eficiência como compositor, guitarrista, produtor, irmão, marido e homem como um todo. O texto gerou uma série de críticas de leitores e turistas de plantão. Comentários que questionavam a minha eficiência como escritor, comentarista, cronista, romancista, irmão, filho, marido e homem como um todo. Dançamos então eu e os fãs de White uma valsa de ofensas, escárnios, dentes rangidos e cóleras em geral. Uma baixaria, que deve ter soado divertida para observadores de fora da polêmica, que são as pessoas que não dão a mínima nem para o Jack White, nem para os fãs do Jack White, nem para mim e nem para os fãs (?) do Fomos ao Cinema. Ou seja, 99,99%  da população mundial. Que coisa triste.

Mas o tempo voa, e o mundo muda, e o homem cresce e entende coisas. Muitas coisas. Coisas que o cercam de todos os lados. Que o atingem como um chute no queixo de um lutador de UFC (TRAZIDO A VOCÊ PELA REDE TV, A REDE QUE MAIS CRESCE NO BRASIL. NÃO PERCAM UFC NO RIO  EM SETEMBRO). Que o levantam da cadeira, como os choques que avassalam o corpo de um homem em uma cadeira elétrica. Eu acordei ontem, e eu entendi. Finalmente eu entendi. Eu não odiava o Jack White. Eu não odiava os White Stripes. Eu não odiava o Raconteurs. Eu ODIAVA O HYPE. Eu, que nunca fiz parte do Public Enemy, não belivava (meu neologismo inglês-português-babaca) no hype. Don’t, don’t, don’t. Mas eu entendi.

Os mano, pow, as mina, pá

O Flavor Flav teve 48 reality shows na VH1, o Chuck D só aparece em palestras do Partido Verde americano ou em participações em shows do Rage Against The Machine, e todo o resto seguiu em frente. Cresceu e entendeu coisas. Jack White não pode ser a coisa mais importante da humanidade, mas dentro desse pequeno universo de pessoas que preferem uma guitarra alta e estridente castigando o martelo do ouvido, ele é uma coisa. Ele transcende o objeto, e chuta o indireto e direto no queixo como um lutador de UFC (Steven Seagal diz: “eu apoio o UFC RIO, e quero ver  todos vocês lá em Setembro). Ele é um sujeito, e ele carrega a sua quantidade justa de predicados nos ombros. Ele tem uma gravadora indie; ele produz bandas punks de riot girls, cantoras veteranas de country music, e grupos alternativos de polca porto-riquenha; ele casa, EM MANAUS, NO NOSSO BRASIL-SIL-SIL-SIL, com uma supermodel; ele se separa da mesma supermodel dando uma festa em conjunto com ela para comemorar a ocasião; ele participa de um documentário de guitarras com Jimmy Page e The Edge (aka David Evans) dirigido pelo homem que dirigiu bem dirigido a festa de pijamas do Protocolo de Kyoto que foi Uma Verdade Inconveniente; ele monta uma banda com e coloca uma garota linda no vocal (isso sim é pro atividade, e deveria inspirar mais e mais roqueiros a tomar a mesma atitude, formando milhares de bandas com mulheres lindas nos vocais); ele faz participações engraçadas no gringo The ColbertReport, se aproveitando do seu status de guitar god (o herói que virou Semideus) e do seu timing cômico estritamente sério, que bem se contrastou com o histrionismo intencional do apresentador. Jack White faz um monte de coisas, e todas essas coisas não são donas dele.

Frost/Nixon (há uma piada interna perdida no infinito particular)
Ele é dono de todas as coisas da sua vida, ele comanda o seu exército bem particular de coisas e coisas que cercam as coisas que em conjunto formam um pequeno mundo de atividades baseadas em várias coisas diferentes. Ele conseguiu uma reação. Ele conseguiu uma reação em vocês, e em mim. Ele lá, bem longe com as suas coisas. Viram como ele é maior que eu e vocês? Nem se pularmos como um lutador de UFC se preparando para um kickflip no queixo do adversário (Jean Claude Van Damme endossa Steven Seagal, e também apóia o UFC RIO: “se fosse por mim, Setembro chegaria amanhã já, de tão ansioso que estou pelo UFC RIO), nem assim conseguiremos alcançá-lo, ele e suas coisas. Que coisas inúteis somos nós.

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