segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Fomos ao Cinema ver Frances Ha

Black Block sem máscaras

Frances Ha é um filme em preto e branco
Ele foi bancado por brasileiros
Eu sou brasileiro
Eu não desisto nunca
O gigante acordou
Ele é espionado pelos americanos
Noah Baumbach, o diretor de Frances Ha, é americano
Greta Gerwig, a atriz que interpreta a Frances Ha, também é americana
Os dois namoram na vida real, um namoro que é bem americano
Dinheiro brasileiro; história, temática e espionagem americana
Então,
O Fomos ao Cinema voltou
O Fundamentalista casou
E o Moderado?
E eu?
Eu vi a luta contra a tarifa
Uma dança brasileira, não como a dança de Frances Ha, que é uma dança americana. (o ponto final).


sexta-feira, 19 de agosto de 2011

A Árvore da Vida: uma acrítica

Obs: o termo “acrítica” não encontra correspondência na norma culta da língua portuguesa, e portanto trata-se de um neologismo, ou de uma tentativa de.


Eu gosto de dinossauros. Jurassic Park é o meu filme favorito, Jurassic Park 2: Mundo Perdido é o meu segundo filme favorito, e Jurassic Park 3 é o meu terceiro filme favorito.  Por isso tive uma grata surpresa quando assisti ao filme A Árvore da Vida e me deparei com duas cenas que continham diversos dinossauros.  Pena que as cenas duram poucos segundos. Mas eu gosto de dinossauros, e espero que todos que vejam o filme também tenham uma impressão boa dele por causa das cenas com os dinossauros, que são bichinhos maneiros (ou eram bichinhos maneiros, já que a sua extinção dificulta a apreciação dos mesmos pelas plateias modernas, que também ressentem-se da recente extinção do pássaro Dodô).

No mais, o Brad Pitt repete a sua atuação do filme Clube da Luta, que é talvez o meu filme favorito, brigando e pedindo pra apanhar em diversos momentos do filme.  Ele interpreta um pai bom de briga, e afim de briga, e que enxerga a briga como a melhor maneira de doutrinar crianças, assim como o seu personagem no Clube da Luta enxergava a briga como a melhor maneira de doutrinar adultos. A procura por frustrações no primeiro caso, e a procura por inocência no segundo. E o filme me lembrou também Conta Comigo, que é o meu filme favorito, por contar com crianças contando umas com as outras.  Uma lembrança da amizade juvenil entre crianças, e a qualidade idílica e etérea de um mundo preso em memórias que envolve uma juventude passada com crianças contando umas com as outras.

A antecipação da morte, e a entrega de um filho, que é normalmente considerado o bem mais precioso de um homem (na maior parte das vezes, penso que certos espectadores comprariam mais a ideia se fosse um I-Phone) nos braços de uma entidade maior (no caso eu apostaria em Deus, o onipotente e todo poderoso) é um tema do filme, o que me lembrou um filme que eu posso apostar alto ser o meu favorito, que á A Paixão de Cristo. Naquela obra-prima de Mel Gibson, Jesus apanhava, o que mais uma vez remete aos conceitos abordados no supracitado Clube da Luta. Jesus apanhava para salvar a humanidade, e ao contrário de Brad Pitt não revidava os golpes que recebia, já que procurava o castigo silencioso, aceitando a punição por acreditar que ela serviria a um bem maior.  Brad Pitt não acreditava que a briga traria qualquer tipo de bem, mas sim que ela criaria um senso de comunidade entre os homens, o que facilitaria a execução do seu plano fascista de dominar o mundo e escravizar os homens com a promessa de liberdade.

 Por isso tudo, é inevitável não sentir a falta do Edward Norton no Árvore da Vida, já que sem ele o filme se ressente da falta de um Clark Kent, já que sem um Clark Kent o filme acaba não mostrando as sempre maneiras cabines telefônicas, algo que me remete ao meu filme favorito, Por um Fio, clássico moderno de Joel Schumacher, onde Jack Bauer pune um desavisado Colin Farrel em nome dos pecados do mesmo, retomando a linha indivisível de pensamento que une todas essas produções: o papel de Deus na conduta do homem, e a disposição ou não do homem em sacrificar algo ou alguém importante na sua vida para apetecer a ordem divina e atingir uma nobreza bíblica, o que remete a Ben Hur e sua corrida das charretes. E ao Planeta dos Macacos, com a escravização de Chalrton Heston, que também é escravizado em Ben Hur, e que se estivesse vivo com certeza teria sido escalado nesse A Árvore da Vida, provavelmente dividindo a cena com os amáveis e maneiros dinossauros.

Tyler Durden e seu exército fascista (faux fascista?)


A figura da mãe, tratada como um anjo inocente, porém obrigada pelas circunstâncias a lidar com a dor e punição de pecados que podem ou não serem dela, remete indubitavelmente à saga Crepúsculo, que eu provavelmente devo considerar como a minha saga da filmes favorita. Nela temos Bela, um anjo caído condenado a passar o resto de seus dias na companhia de um vampiro (cuja eternidade e força e poderes metafísicos normalmente lhe atribuem a figura de um diabo medieval), por pecados que podem ou não serem dela. Oras, mas então temos mais uma vez a figura do cordeiro de Deus, a criatura inocente sacrificada pela crueldade dos homens, insensíveis à aura angelical do mesmo e de sua conexão divina. A mãe do A Árvore da Vida e a Bela são iguais, e os filmes também o são.

Se o filme é dividido em diversos fragmentos temporais, temos no mais contemporâneo o Sean Penn, que vem clamando em seus filmes um sofredor, um pecador, um ser humano sem divindades ou dons especiais, que se contenta em absorver silenciosamente e resignadamente a culpa e as punições que a vida lhe cobra, como um Jó moderno, mas ainda mais quieto do que Jó, já que Jó deu uma resmungadinha no começo dos seus infortúnios, talvez incomodado com o calor ou coisa que o valha. Como eu acredito que todos os filmes dividem um mesmo universo, e seus personagens são todos os mesmos, e suas locações e tempos são todos os mesmos, e tudo no final se resume à mesma história sendo contada desde o começo de tudo, eu acho que temos então no A Árvore da Vida um bom resumo daquilo que eu acredito ser basicamente a história que vem sendo contada em tudo desde o início de tudo, que é a história de Deus, do homem e dos dinossauros. Não necessariamente na ordem citada.



O pecador (traiu a mulher com uma modelo russa muitos anos mais jovem)


O filme é dirigido pelo recluso Terrence Malick, que segundo as poucas fotos disponíveis é um homem que tem uma barba. E que é um homem cuja existência é colocada em dúvida por muitos. E muita gente jura de pés juntos ter visto o homem andando sobre águas. Eu não sei, pois Peter Sellers fez a mesma coisa 30 anos atrás e ninguém saiu falando por ai que viu o ator inglês realizando milagres. Não, minto. Ele fez um cientista nazista recuperar o movimento de suas pernas. Mein Fuhrer, ele pôde voltar a andar. Ele andou, e assim como os dinossauros do Jurassic Park, ou os macacos do Planeta dos Macacos, ou os macacos de 2001, ou as charretes de Ben Hur, ou o Cristo do A Paixão de Cristo do Mel Gibson, ou o Colin Farrel na cabine telefônica, ou o Tyler Durden em sua fábrica de sabão, ou o Sean Penn em tudo que o Sean Penn fez, ele ficou em pé no parapeito da ponte.  E ele contemplou a natureza, essa assassina que exterminou os dinossauros e os pássaros Dodôs. E ele.. FIM

Ou não (faux finale?), já que, colocando tudo o que foi escrito aqui em letras miúdas, farei um prós e contras do filme, e vocês vejam ai se querem ou não assistir ao filme.
Prós:
-Dinossauros
-Tyler Durden
-Conta Comigo
-A Paixão de Cristo
-Sean Penn em estado de culpa e com sentimentos agridoces

Contras
-Não contar com Clark Kent
-Não contar com Chalrton Heston
-Não contar com  Peter Sellers
-Não ser dirigido pelo Mel Gibson
-Não ser dirigido pelo Joel Schumacher
-Ter menos vampiros que a saga Crepúsculo (mas é debatível se esse erro não seria compensado pelo fato do filme ter mais dinossauros que a saga Crepúsculo, dependendo subjetivamente da preferência de uma pessoa por vampiros ou por dinossauros, ou então, caso a pessoa gostar dos dois igualmente, se não for possível criar um híbrido dos dois, uma espécie de Vampirossauro, ou coisa que o valha)
-Ter os dinossauros, mas eles não serem como os dinossauros do Jurassic Park
-Eu poderia colocar também a extinção do pássaro Dodô, mas isso não pode ser considerado culpa do filme.

Agora sim: FIM (vrai finale?)

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

A vida explica a arte: entrevista com Lars Von Trier

O artista por ele mesmo.

Meu nome é Lars von Trier. Eu sou um cineasta dinamarquês. Meu trabalho é influenciado por Brecht como um prédio da Cohab é influenciado pela Bauhaus.

Uma câmera na mão e uma ideia na cabeça.

Por fora bela viola, por dentro pão bolorento.

Diga-me com quem andas e eu te direi quem és.

Quem muito abaixa, mostra a bunda.

Ui. Bem, você é conhecido como um cineasta anti-establishment, apesar de sempre escalar um elenco de estrelas hollywoodianas. Imagino que você pretenda com isso ir além da fachada desconstruindo a imagem que a indústria das celebridades criou para esses indivíduos a fim de lhes devolver a humanidade ironicamente, diga-se de passagem, através da degradação.

É por aí [anotando]. E eu também gosto de dinheiro.

"Nunca escalaria Natalie Portman. Ela não é loira."

Você, como Hitchcock, tem alguma fixação com loiras angelicais?

Éééé. E Bergman.

Mas Bergman não tinha opção: na Suécia todas são loiras.

Ué, e o Hitchcock era gorducho e baixinho.

Você disse que seu último filme, Melancolia, foi motivado pela sua depressão.

Sim. Mas é mais do que isso. Melancolia é um 2001: uma odisseia no espaço com Wagner em vez de Strauss e a voz engraçada do Kiefer Sutherland em vez da voz engraçada do Hall 2000. É uma ficção científica psicológica intimista sobre a maldade do ser humano. Tipo os filmes do Joel Schumacher.

Explique a sequência inicial.

Adoro Wagner. Me identifico muito com suas ideias. Sei que é tabu. Mas não tem nada de errado com ópera em alemão. Die Walküre é insuperável. Imagine um estábulo e violinos.

É essa a chave do simbolismo dos cavalos no filme?

Na mosca [coçando o cotovelo].

O republicano quando jovem.

Alguns críticos disseram que Melancolia não passa de uma fantasia autoindulgente e megalomaníaca.

Não entendi a pergunta.

Vou reformular: você gostaria que o mundo acabasse?

Só porque no filme a depressão da Kirsten Dunst é do tamanho de um planeta que se choca com a Terra, explodindo tudo?

Vou reformular mais uma vez: por que Jack Bauer não explodiu o planeta assassino?

Sou conhecido como um cineasta anti-establishment, apesar de sempre escalar um elenco de estrelas hollywoodianas. Imagino que você pretenda..., quer dizer, eu pretendo com isso ir além da fachada desconstruindo a imagem que a indústria das celebridades criou para esses indivíduos a fim de lhes devolver a humanidade ironicamente, diga-se de passagem, através da degradação [lendo].

Poderia comentar o episódio de Cannes?

Bom, Ross e Rachel viajam sem ninguém ficar sabendo, exceto Joey. O pessoal começa a perguntar sobre os dois, e Joey, pressionado, não consegue guardar o segredo. Ele diz que eles viajaram pra Cannes quando de fato eles viajaram pra Cannes. Mas ninguém acredita. Lá Ross e Rachel me conhecem durante um coquetel. Rachel bebe um pouco demais, e acabamos na cama. Na manhã seguinte, Ross e eu tomamos café juntos e começamos a discutir quando eu lhe digo que não acredito na evolução.

Por que nunca foi ao ar?

Você sabe quem manda nos Estados Unidos. Se eu der nome aos bois... Por exemplo, nem sabia que ainda baniam gente hoje em dia.

Pra terminar, fale um pouco sobre sua misantropia.

O ser humano é mau e egoísta. Eu não acredito no ser humano. Ele nunca devolveu o meu CD do Erasure.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Em defesa da coisa chamada Jack White

Agora que Jack White acabou com a sua banda (duo) ruim, eu acho que posso finalmente corrigir uma injustiça que cometi contra o talentoso guitar hero e produtor. Escrevi muitos anos atrás um texto baixo, injusto e ultrajante contra o rapaz de Detroit (tão baixo, injusto e ultrajante que eu nem vou passar o link para o texto), em que eu questionava a sua eficiência como compositor, guitarrista, produtor, irmão, marido e homem como um todo. O texto gerou uma série de críticas de leitores e turistas de plantão. Comentários que questionavam a minha eficiência como escritor, comentarista, cronista, romancista, irmão, filho, marido e homem como um todo. Dançamos então eu e os fãs de White uma valsa de ofensas, escárnios, dentes rangidos e cóleras em geral. Uma baixaria, que deve ter soado divertida para observadores de fora da polêmica, que são as pessoas que não dão a mínima nem para o Jack White, nem para os fãs do Jack White, nem para mim e nem para os fãs (?) do Fomos ao Cinema. Ou seja, 99,99%  da população mundial. Que coisa triste.

Mas o tempo voa, e o mundo muda, e o homem cresce e entende coisas. Muitas coisas. Coisas que o cercam de todos os lados. Que o atingem como um chute no queixo de um lutador de UFC (TRAZIDO A VOCÊ PELA REDE TV, A REDE QUE MAIS CRESCE NO BRASIL. NÃO PERCAM UFC NO RIO  EM SETEMBRO). Que o levantam da cadeira, como os choques que avassalam o corpo de um homem em uma cadeira elétrica. Eu acordei ontem, e eu entendi. Finalmente eu entendi. Eu não odiava o Jack White. Eu não odiava os White Stripes. Eu não odiava o Raconteurs. Eu ODIAVA O HYPE. Eu, que nunca fiz parte do Public Enemy, não belivava (meu neologismo inglês-português-babaca) no hype. Don’t, don’t, don’t. Mas eu entendi.

Os mano, pow, as mina, pá

O Flavor Flav teve 48 reality shows na VH1, o Chuck D só aparece em palestras do Partido Verde americano ou em participações em shows do Rage Against The Machine, e todo o resto seguiu em frente. Cresceu e entendeu coisas. Jack White não pode ser a coisa mais importante da humanidade, mas dentro desse pequeno universo de pessoas que preferem uma guitarra alta e estridente castigando o martelo do ouvido, ele é uma coisa. Ele transcende o objeto, e chuta o indireto e direto no queixo como um lutador de UFC (Steven Seagal diz: “eu apoio o UFC RIO, e quero ver  todos vocês lá em Setembro). Ele é um sujeito, e ele carrega a sua quantidade justa de predicados nos ombros. Ele tem uma gravadora indie; ele produz bandas punks de riot girls, cantoras veteranas de country music, e grupos alternativos de polca porto-riquenha; ele casa, EM MANAUS, NO NOSSO BRASIL-SIL-SIL-SIL, com uma supermodel; ele se separa da mesma supermodel dando uma festa em conjunto com ela para comemorar a ocasião; ele participa de um documentário de guitarras com Jimmy Page e The Edge (aka David Evans) dirigido pelo homem que dirigiu bem dirigido a festa de pijamas do Protocolo de Kyoto que foi Uma Verdade Inconveniente; ele monta uma banda com e coloca uma garota linda no vocal (isso sim é pro atividade, e deveria inspirar mais e mais roqueiros a tomar a mesma atitude, formando milhares de bandas com mulheres lindas nos vocais); ele faz participações engraçadas no gringo The ColbertReport, se aproveitando do seu status de guitar god (o herói que virou Semideus) e do seu timing cômico estritamente sério, que bem se contrastou com o histrionismo intencional do apresentador. Jack White faz um monte de coisas, e todas essas coisas não são donas dele.

Frost/Nixon (há uma piada interna perdida no infinito particular)
Ele é dono de todas as coisas da sua vida, ele comanda o seu exército bem particular de coisas e coisas que cercam as coisas que em conjunto formam um pequeno mundo de atividades baseadas em várias coisas diferentes. Ele conseguiu uma reação. Ele conseguiu uma reação em vocês, e em mim. Ele lá, bem longe com as suas coisas. Viram como ele é maior que eu e vocês? Nem se pularmos como um lutador de UFC se preparando para um kickflip no queixo do adversário (Jean Claude Van Damme endossa Steven Seagal, e também apóia o UFC RIO: “se fosse por mim, Setembro chegaria amanhã já, de tão ansioso que estou pelo UFC RIO), nem assim conseguiremos alcançá-lo, ele e suas coisas. Que coisas inúteis somos nós.

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segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Oscar 2011 - Não que tenha algo de errado com isso

Não querendo dar uma de Capitão Nascimento, mas já me desculpando pela incoerência (pô, o malucaço desceu a lenha no filme, ai chega depois e cita o bagulho no texto aê?), eu quero começar a minha bem pessoal cobertura da festa do Oscar 2011 com a seguinte declaração: A ACADEMIA PRECISA ACABAR, PARCEIRO.

Nós chegamos a um ponto em que tudo aquilo que a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas defende e representa está ultrapassado, obsoleto, totalmente alienado do mundo em que vivemos e da evolução do cinema como um todo.  E o Oscar, o carro-chefe e  menina dos olhos de ouro da instituição, é um símbolo cristalino de toda essa oligofrenia. Assistir a todo o processo de votação e premiação desde o início, quando os estúdios começam lá por Outubro os lobbies em favor dos seus filmes, passando pela criação da cerimônia de premiação, até o fatídico dia em que ela acontece, é como testemunhar um acidente de carro terrível desde o começo, quando um motorista breaco ultrapassa o farol vermelho. Para explicar melhor, dividirei o texto em duas partes:



PARTE UM – A CERIMÔNIA

Começando pela festa em si, que nos últimos anos tem se esforçado para atrair um público mais jovem, que é sempre o favorito dos anunciantes em qualquer mercado de qualquer ramo de negócios global. A escalação de James Franco e Anne Hathaway como apresentadores soava errada desde o início, já que o primeiro é um poser sem talento que se acha o James Dean da era Apple, com seus twitters e blogs e vídeos no You Tube retratando toda a sua inquietude artística e verve multimídia. E a segunda, que é uma gracinha, obviamente não tem experiência alguma e jogo de cintura para apresentar o prêmio. E o resultado final  foi trágico, uma verdadeira humilhação para os dois e para a Academia. 

Eu acompanhei a pré-cerimônia, o famoso Tapete Vermelho, e já ali percebi que o James Franco devia ter tomado todos os ácidos que o seu “eu artístico no âmago do perfomer” poderia suportar, já que estava com uma postura  aérea totalmente assustadora nas entrevistas, mascando um chiclete e nem se dando ao trabalhar de olhar para os entrevistadores, respondendo às perguntas com monossílabos e grunhidos, demonstrando um desinteresse que acabou se estendendo para a festa e a sua perfomance como apresentador.  Um show de simpatia, realmente. Como diria o outro: “pô mermão, se não quer fazer o bagulho, fica em casa olhando pra parede, rapá!”.

A abertura, com Franco e Hatthaway procurando o Alec Baldwin dentro das cenas dos 10 filmes indicados na categoria principal provocou um constrangedor silêncio na platéia, que demonstrou alguma reação apenas quando Baldwin apareceu no vídeo. Sorrisos amarelos por todos os lados, e uma idéia equivocada e sem sentindo algum (procurar o Alec Baldwin? WTF?) culminando em uma execução pobre e pouco imaginativa. 

E daí em diante fomos presenteados com um casal de apresentadores sem química alguma, com uma se esforçando demais e o outro claramente não dando a mínima, e os dois demonstrando uma total falta de carisma, timing cômico e capacidade de improvisação, sendo engolidos pelo roteiro ridículo e babaquento da cerimônia. Mas a Academia, que pela festa inteira se demonstrou indecisa entre fazer tudo para os jovens twitadores modernos ou agradar os velhinhos que viram Kramer Vs Kramer vencer o Apocalipse Now 30 anos atrás, resolveu deixar os dois de joelhos, em total humilhação. 

Em determinado momento, Billy Cristal foi chamado para anunciar uma montagem ridícula em que o defunto Bob Hope (maior apresentador da festa, apresentou 18 vezes o prêmio em um intervalo de 40 anos) aparecia no palco com ajuda da velha e boa tecnologia. Um momento “tai velharada, Bob Hope e Cristal, para vocês não se sentirem esquecidos por nós. Agora vão jogar bingo”. Cristal foi aplaudido de pé, e nos poucos segundos que ficou no palco provocou mais risadas da platéia do que James Franco e Anne Hathaway conseguiram em toda a festa. Era nítida nos presentes a cara de “pelo amor de Deus, Billy, não vá embora e nos deixe com esses dois moleques sem graça pelas próximas 25 horas de festa!” Mas Cristal, segundo a Academia, afasta os jovens, esses desconhecidos, da cerimônia, porque ele é velho. Sacaram? James Franco e Anne Hathaway são jovens, e ele não é. 

Foi constrangedor, e quando a câmera voltou para os dois depois, eles estavam visivelmente embaraçados. E continuou na mesma toada até o fim, com cada aparição do casal de apresentadores sendo mais constrangedora que a última. Um desastre, e a pior perfomance de apresentadores do Oscar que eu vi em toda a minha vida. E a idéia de colocar atores para apresentar, que funcionou razoavelmente bem com Hugh Jackman e Alec Baldwin e Steve Martin, parece ter sido enterrada de vez.

James Franco rezando para a tortura acabar logo, e Anne Hathaway tentando chamar a responsa. Epic Fail

Quanto às apresentações dos prêmios, o único momento que destoou e provocou alguma reação foi quando o mito Kirk Douglas, com 95 anos de idade e recém-recuperado de um derrame, apareceu no palco para entregar o prêmio de melhor Atriz Coadjuvante. Mesmo mal conseguindo andar, com dificuldades terríveis na fala, o ator fugiu do script, e deu um pequeno show de simpatia para uma platéia agradecida. Ele fez até um suspense na hora de anunciar a vencedora, a insuportável Melissa Leo, que fez um discurso tão freak e over que fez a Sally Field parecer um show de discrição no infame “vocês me amam!” de 1986. 

Pegou mal, e demonstrou que a excelente atriz deve ter sérios problemas em separar realidade da ficção. PARA DE ATUAR E RELAXA, MUIÉ! E a gracinha Hailee Steinfeld, que simplesmente humilha no Bravura Indômita (que perdeu todos os 10 prêmios que concorreu, quase empatando com o recorde de 11 do A Cor Púrpura, o que é uma vergonha) e deu um show de simpatia no Tapete Vermelho, ficou de mãos abanando.

Um cada vez mais careca Jude Law e Robert “dou 10 pilas para quem me arrumar um pozinho” Downey Jr. também tentaram fugir um pouco do horrendo roteiro e dar alguma graça à festa. O resto dos apresentadores se limitou a fazer o simples, o que gerou incontáveis momentos de tédio e constrangimento. Mas o momento mais involuntariamente hilário de toda a cerimônia foi quando foi exibido um clipe de “humor” com Franco e Hathaway cantando sobre diversos filmes, que culminou em uma piada sobre o fato dos atores da Saga Crepúsculo aparecerem sempre sem camisa nos filmes. Sério, perdeu-se um momento para fazer uma piada batidíssima sobre uma série de filmes que nada tinha a ver com a cerimônia. Mas puxa vida, os jovens precisam ser agradados, e se o que vale para isso é mostrar o Jacob sem camisa, então ao povo o que é do povo, pombas.

Kirk Douglas, o mito, lembrando com galhardia da memorável festa de 1854. Aqueles eram os tempos...

A Academia reclama e luta contra a crescente diminuição da audiência na festa. E o que ela faz para combater a queda e ameaça de irrelevância? Monta um show de 3 horas tedioso, amarrado, sem ritmo algum nem nas piadas e nem nas montagens e números musicais, demonstra indecisão sobre o tom a ser adotado, tentando agradar diversos grupos e faixas etárias sem critério algum nas escolhas, e escala dois atores sem experiência em premiações e que não são lá nenhum estouro em matéria de carisma para comandar o show. 

O raciocínio é simples, parceiro (ops!): se eu quero vender um produto, não posso entregar uma coisa mal feita e porca. A Academia quer audiência, quer anunciantes, quer ver o público jovem se interessar pela premiação, e para conseguir tudo isso entrega um produto final de amargar, de fazer bebum parar de encher a cara por falta de fé na humanidade. Nesse ritmo, em 10 anos veremos o MTV Movie Awards virar a premiação mais importante do mundo do cinema.  Melhor Beijo é o que há.

PARTE 2: A PREMIAÇÃO

A tendência do Oscar ser ganho por filmes conservadores em detrimento de projetos mais ousados e arriscados é notória, e a discussão é até batida. Qualquer análise dos filmes premiados desde 1929, e o contraste gritante em relação aos filmes que mereciam ganhar e saíram de mãos abanando, é exemplar sobre a bunda-molice aguda da Academia. Mas o que aconteceu nessa festa de 2011 foi um divisor de águas. 

Pode-se dizer que agora o processo é irreversível. Os 6500 votantes da Academia deram um recado bem claro e definitivo sobre as intenções da instituição, e sobre o quê as pessoas devem esperar da premiação. Um dedo médio para todos aqueles que discursam sobre a necessidade do Oscar buscar caminhos mais progressistas e em sintonia com qualquer noção de modernidade e relevância.

Vocês ai viram O Discurso do Rei? Saíram de suas casas e pagaram 20 pilas para ver o filme inglês? Eu vi. DUAS VEZES. Pois no final da primeira sessão, eu fui acometido por uma insuportável curiosidade. Fiquei querendo entender desesperadamente o porquê das 12 indicações que o filme recebeu. Por isso, acabei indo ver o filme de novo. Mas sai mais uma vez sem entender o porquê de um filme tão débil, insosso, preguiçoso, opaco, insípido, frouxo  e covarde ter sido agraciado com o maior número de indicações entre os concorrentes de 2010. E o porquê do filme ter saído, no final de 3 excruciantes horas de uma premiação mais torturante que a crucificação de Cristo, com o prêmio de melhor filme de 2010. 

Um ano no qual tivemos entre os 10 finalistas Toy Story 3, Cisne Negro, A Origem, 127 Horas, O Lutador, Inverno da Alma e A Rede Social. Não sou fã de todos esses filmes, mais é inegável que representaram tentativas ousadas de narrativa e construção cinematográfica, todos resultando em experiências que, mesmo se mal sucedidas subjetivamente, se demonstraram ousadas, inquietantes e válidas no final. E mesmo Bravura Indômita, que é um faroeste, um gênero considerado ultrapassado e pouco atraente para as plateias modernas, é um filme cuja vitória seria infinitamente mais relevante, já que é superior em todos os pontos de vista, com uma trama enxuta, concisa e vigorosa e com os Irmãos Coen mais uma vez inspiradíssimos na direção. E no final nós vimos o filme mais retrógrado e bundão sair com o prêmio.

Contrariando os rumores, Colin Firth não é gago na vida real. 

Desde o anúncio do prêmio os críticos têm virado as suas armas contra os irmãos Weinstein, Harvey e Bob. Os dois eram os donos da Miramax, estúdio que foi infame nos anos 90/início dos anos 00 por fazer campanhas vergonhosas para filmes medíocres como Chocolate, Regras da Vida e As Horas serem agraciados com toneladas de indicações, e que conseguiram a estatueta principal para Shakespeare Apaixonado e Chicago, dois filmes que hoje são assustadoramente irrelevantes.  

Os irmãos foram chutados da Miramax em 2005, e todos suspiraram aliviados, achando que os irmãos Weinstein estavam finalmente acabados e nós pararíamos de ver filmes horríveis sendo premiados por culpa do lobby dos Weinsteins. Mas meu amigo, se o Jason, o Fredy Kruger e o Hellraiser voltaram dos mortos, por que seria diferente com os Weinstein? Em 2005 eles formaram a Weinstein Company, e depois de razoavelmente quietos por um tempo, eles voltaram com tudo esse ano, voltando a emplacar um vencedor de melhor filme depois de 7 anos. E mais uma vez, com uma vergonhosa e nada discreta campanha de divulgação. 

Conseguiram até o prêmio de Melhor Diretor para o fraquíssimo Tom Hooper, obrigando nós, David Finchermaníacos, a engolir seco mais uma vez. Em nenhuma parte durante os 98 minutos do O Discurso do Rei existe um momento sequer em que o espectador perceba algum plano, jogo de câmeras, sacada ou ideia minimamente inteligente ou diferenciada por parte do diretor. E mesmo assim, o manezão venceu David Fincher e Darren Aronofski, dois diretores infinitamente superiores sobre qualquer aspecto. 

Eu falarei tudo o que penso sobre o filme em um texto a ser escrito em breve, caso eu consiga superar o delirium tremens provocado pelos copos e copos de vinho barato que tomei para agüentar a cerimônia. Mas repito: a Academia deu um fuck you definitivo para a relevância, e vai pagar feio por isso. Chega uma hora que anos e anos de Rains Mans, Conduzindo Miss Daisies, Dança com Lobos, Forrest Gumps, Shakespeare Apaixonados, Gladiadores, Mentes Brilhantes, Crashes e esse O Discurso do Rei acabam pagando um preço. Ninguém é mais mulher de malandro na era da internet. Perguntem para o maluco beleza Mark Zuckenberg.

CURTAS SOBRE A FESTA:

-Natalie Portman.... ah, Natalie Portman...

-Colin Firth e Geoffrey Rush não se dão muito bem. Em diversos momentos durante as entrevistas antes da festa e na premiação em si, quando sentaram perto um do outro, eu percebi algo esquisito entre eles. Quando a Sandra Bullock anunciou o prêmio de melhor ator (eu passei meses tentando esquecer que ela ganhou um Oscar, em vão) para Firth, Rush mal escondeu sua total indiferença e nem se dignou a se levantar, e eles não se cumprimentaram. No mais, a vitória do ator inglês foi relativamente justa, já que ele realmente se destaca como o gago e bundão Rei George VI. Mas se você colocasse uma arma na minha cabeça e me perguntasse quem merecia ter ganho, eu diria sem hesitar que Javier Bardem pegou mais um drama barato e risivelmente depressivo (uma contradição em termos que resulta em uma ironia indireta)do Alejandro Inarritu e tirou leite de pedra. Uma atuação fantástica, em um filme que oferece 150 minutos de deleite para potenciais suicidas. A Julia Roberts tinha razão.

-Natalie Portman... ah, Natalie Portman...

-Christian Bale, que ganhou o justo prêmio de melhor ator coadjuvante, tem a inscrição “eu preciso de caixas e caixas de lítio para sobreviver” escrita por toda a sua testa. Malucaço. Ele tem o hábito de dar entrevistas e aparecer em premiações utilizando o sotaque do personagem do filme em que ele apareceu por último, algo que ele faz, segundo palavras do próprio, para “não confundir o público”. Vê-lo  fazendo o discurso de agradecimento com um carregadíssimo sotaque de Boston, local de origem do seu personagem no filme O Vencedor, e com uma barba obscena, foi algo surreal.

-Natalie Portman....ah, Natalie Portman...

-Aaron Sorkin ganhou o Oscar de roteiro adaptado, pelo roteiro do A Rede Social. Ele é o criador da série West Wing, que era sensacional até a saída do brigão na quarta temporada, quando ele simplesmente se mandou e deixou a série na mão do incompetente John Wells, acabando na sétima temporada como uma pálida sombra do show que era nas mãos de Sorkin.  A dupla Fincher-Sorkin funcinou maravilhosamente bem, o que era esperado, já que o estilo dos dois batia bem em teoria, o que acabou se confirmando na prática. Já esperamos ansiosos por mais um projeto dos dois, o que infelizmente não parece que vá acontecer em breve, já que o próximo projeto de Fincher, a adaptação cinematográfica do livro A Garota com a Tatuagem de Dragão, terá o roteiro escrito por Steve Zailan, que fez o roteiro do A Lista de Schindler e Gangues de Nova York, mas que andou dando umas escorregadas ultimamente. Mas David Fincher pode filmar uma privada por 100 minutos e ainda fazer o negócio ficar interessante.

-Natalie Portman... ah, Natalie Portman...

Natalie Portman... ah, Natalie Portman...

-Gwyneth Paltrow interpretando uma das canções indicadas foi o momento mais brega e babaquento da festa, o que é uma façanha.  Será que ela odeia tanto os seus fãs assim? Ou o Chris Martin não anda comparecendo em casa...  i here Jerusalem Bells ringing? E falando em Jerusalem...

- Natalie Portman...ah, Natalie Portman...

-James Franco foi acompanhado por câmeras e uma equipe de produção por todo o período de ensaios e durante a premiação, com um documentário sobre a sua “experiência como apresentador do Oscar” (bocejos) sendo feito. Qualquer final que não envolva o rapaz colocando um três oitão na cabeça e explodindo os seus miolos gritando antes “EU SOU UMA FARSA! EU NÃO SOU ARTISTA, EU SOU MOLEQUE, E VOU PEDIR PRA SAIR!” não será um final justo.

-Na hora em que Jeff Bridges anunciou o prêmio para La Portman, pudemos ter uma visão bem completa do ser que engravidou e casará com a musa-mor. A cara dele está gravada, e medidas extraordinárias serão tomadas. Gaddafi será pouco.

-Um dos meus sites favoritos, o gringo AV Club, publicou um texto recente analisando as dúvidas que existem sobre as capacidades de atuação de Natalie Portman. Se vocês souberem escrever em inglês ai, por favor tomem vergonha na cara e vão defender a musa dos ataques dos invejosos, algo que o texto faz bem, embora com interpretações por vezes equivocadas.

-Ideia para o ano que vem: colocar a Natalie Portman no palco por 3 horas seguidas, e no final passar uma lista rápida com os ganhadores. Mas bem rápido mesmo, que nem naquele episódio do Simpsons quando o Bart arruma um emprego trabalhando no programa do Krusty, e ele chama os amigos para assistirem o episódio no qual o nome dele apareceria finalmente nos créditos, e a lista passa tão rápido que eles não conseguem ver, culminando com um irado Nelson dando um murro no estômago dele, "por ter desperdiçado o valioso tempo de todos e mentido". Então, parafraseando Nelson Muntz, eu agradeço a Academia por ter disperdiçado o nosso valioso tempo e mentido. Mas lamento não poder socar vocês no bucho.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Grandes Frases do Cinema - Traduções - Parte 2

O Mágico de Oz
Toto,  I've got a feeling we're not in Kansas anymore
Toto, eu acho que nós, tipo assim, não estamos mais em Kansas.



Star Wars - O Império Contra-ataca
Luke, i am your father
Luke, eu sou o seu papai


Apocalypse Now
I love the smell of napalm in the morning... smells like victory
Eu adoro o cheiro de napalm nas manhãs.... dentro do contexto, cheira a a vitória




Tubarão
You're gonna need a bigger boat.
Um barco maior fará-se necessário, observando-se a situação atual. 


A Vida de Brian
He's not the Messiah, he's just a very naughty boy!
Ele não é o Messias, ele é apenas um garoto com tendências homoeróticas!


O Iluminado

Wendy...Darling, light of my life, I'm not going to hurt ya. You didn't let me finish my sentence. I said I'm not going to hurt ya, I'm just gonna bash your brains in I'm gonna bash 'em right the fuck in.
Wendy... queridinha, luz da minha vida, eu não vou te machucar. Você não deixou eu completar a minha sentença. Eu disse que eu não vou te machucar, eu vou apenas arrebentar a sua cabeça, eu vou arrebenta-lá violentamente, e aceitando a possibilidade concreta dos seus miolos acabarem saindo, caso a força usada por mim contra a sua cabeça seja capaz de tamanho estrago.


Top Gun - Ases Indomáveis
I feel the need... the need for speed!
Eu sinto a necessidade.... a necessidade de velocidade!


Os Bons Companheiros
You mean, let me understand this cause, ya know maybe it's me, I'm a little fucked up maybe, but I'm funny how, I mean funny like I'm a clown, I amuse you? I make you laugh, I'm here to fuckin' amuse you? What do you mean funny, funny how? How am I funny?
Você quer dizer, deixe me entender isso pois, você sabe, eu estou um pouco louco talvez, mas eu sou engraçado como, eu quero dizer engraçado como se eu fosse um palhaço, eu entretenho você? Eu faço você rir, eu estou aqui para não usualmente entreter você? O que você quis dizer com engraçado, engraçado como? Como eu sou engraçado? Responda-me, por favor.


Questão de Honra
You can't handle the truth!
 Não o vejo em condições de encarar a verdade!


Forrest Gump - O Contador de Histórias
My momma always said, "Life was like a box of chocolates. You never know what you're gonna get.
Minha mamãezinha querida sempre dizia, " a vida é como uma caixa de bombons da Garoto, você nunca sabe qual você vai escolher, pode ser às vezes um Serenata de Amor, um Sonho de Valsa, mas também pode ser um Itcôco, ou aqueles com rum dentro que são ruins pra diabo. Concluímos então que a intenção de mamãe era, usando como extremos o Serenata de Amor e o bombom com rum dentro que é ruim pra cacete, utilizar as opções dentro de uma caixa de bombom para representar a dicotomia existente entre as possibildades de escolhas na vida de todos os seres humanos, uma espécie de hermenêutica rudimentar que no caso se aplica com sucesso tanto para as noções filosóficas reduzidas e puramente observacionais de mamãe, quanto a capacidade reduzida de compreensão e entendimento de qualquer tipo de conceito ou explanação que possa existir dentro do meu campo de conhecimento, por culpa do meu Q.I. baixo ".


Pulp Fiction - Tempo de Violência
Uuummmm, this is a tasty burger! 
Uhmmmm, mas que hamburger gostoso! 


Batman e Robin
Ice to see you!
Gelo em ver você!


Con Air 
Put the bunny back in the box
Coloca o coelhinho de volta na caixinha, vai....




 X-Men - A Última Batalha
Yeah, it's the Juggernaut, bitch!
É isso aí, é o Juggernaut, mulher de reputação questionável!


O Cavaleiro das Trevas
Why so serious?
Por que toda essa seriedade?



Tropa de Elite
Pede pra sair, que você é moleque!
Ask to leave, because you are a little rascal!



Cidade de Deus
Dadinho é o caralho, meu nome agora é Zé Pequeno , porra!
Little Dice is wrong, my name is Little Joe now, ok? Please, try to memorize it, because i don't want to say this again to you, in these circunstances, ok?




terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Oscar 2011 - Indicações

É isso ai, cambada. Depois de termos transformado o Fomos ao Cinema em uma entidade fantasma, com textos escassos e totalmente aleatórios espalhados no último ano, chega até a parecer uma tremenda hipocrisia eu vir aqui falar sobre as indicações ao Oscar 2011. Mas como eu não tenho vergonha alguma nesta cara que mamãe passava talquinho, deixo os sorrisos amarelos de lado e me concentro no que tenho de fazer. Sabe quando você vai ao banheiro, e pega um rótulo de Shampoo para ler, só para manter a concentração e relaxar? É, tipo assim, por ai. Peguem os seus Johnsons e Johnsons, sentem, e deixem a mãe natureza trabalhar, que eu vou é pra galera! NÃO MORRA, CHICO ANYSIO! E o salário, ó....

Obs: ao contrário dos últimos anos, vou começar da categoria menos importante para frente, culminando na mais importante. Para manter o suspense, sacou? Tipo, meu, regra básica de manual de roteiro. E já ouço as mulheres reclamando: "quer dizer então que Atriz Coadjuvante é a menos importante? Que porco chauvinista!".Olha mulherada, não reclamem comigo, reclamem com a Academia, já que assistindo às indicações no E! (canal que devota 90% da sua programação ao Hulk Hogan e a Kim Kardashian hoje em dia) eles usaram essa mesma ordem. Quem é o verdadeiro inimigo? Já sinto o cheiro dos sutiãs queimando.
Melhor Atriz Coadjuvante:


Hailee Steinfeld - Bravura Indômita

Indicada logo no seu primeiro filme comercial, a atriz de 14 anos  havia participado apenas de filmes para TV e curtas. Os críticos mais alvoriçados dizem que ela quase consegue ofuscar o Jeff Bridges e o Matt Damon na refilmagem dos Irmãos Coen. Vale lembrar que no original de 1969, que rendeu a John Wayne o seu único Oscar, a personagem seria interpretada pela cantora Karen Carpenter, um desejo de Wayne que não foi seguido pelos produtores, que optaram pela fraquíssima Kim Darby, odiada por Wayne e que já tinha 22 anos de idade. Steinfeld redime a personagem, e ainda sobreviveu à saraivada de cuspes que todos aqueles que contracenam com Bridges acabam sofrendo. Way to go, girl!



Amy Adams - O Vencedor

Segunda indicação da loirinha, que mais uma vez mostrou garra e passou incolume a um set que reuniu Mark Wahlberg (um ex-deliquente juvenil), Cristian Bale (cujos hobbies incluem gritar psicoticamente com diretores de fotografia) e David O. Russel (que dizem ser louco no melhor estilo bater a cabeça na parede).O clichezento filme de boxe caiu nas graças da Academia, e rendeu 2 indicações de atriz ao prêmio de coadjuvante, algo raro.





Helena Bonham Carter - O Discurso do Rei

Eu sempre digo que a Academia reserva trocentas indicações todo ano para o filme de época britânico da temporada. O Discurso do Rei foi o agraciado dessa vez. Bonham Carter interpreta uma jovem Rainha-Mãe Elizabeth (mãe da Rainha Ellizabeth II) no filme. É a sua segunda indicação, a primeira sendo para melhor atriz pelo Asas do Amor, em 1996. As duas por filmes NÃO DIRIGIDOS por Tim Burton, seu maridão. O quê, alguém ai disse "LOSER!"? Não fui eu...




Jacki Weaver -Animal Kingdom

Primeira indicação da atriz australiana, que está no auge da graça nos seus 63 aninhos.  Uma grande revelação, sem dúvida alguma, que ainda tem muitos e muitos anos de carreira e grandes filmes pela frente. Ela estava no belo filme do Peter Weir de 1975, Picnic na Montanha Misteriosa. Dei uma sorte do cacete, comprei o DVD por 10 pilas jogado em um canto em uma Lojas Americanas aqui perto de casa. 




Melissa Leo -  O Vencedor

Segunda indicação da atriz de 50 anos. É disparada a melhor coisa do filme, e é merecidamente a favorita ao prêmio, ao lado de Steinfeld. Mas acho que perde, infelizmente, já que normalmente a Academia gosta de favorecer atrizes jovens na categoria de coadjuvante. Se bem que isso é mais um clichê de jornalista preguiçoso, já que se você analisar a lista, perceberá que nomes como Judi Dench, Tilda Swinton, Reneé Zelweger, Cate Blanchett e Rachel Weisz ganharam o prêmio nos últimos anos, entre outras. 







Melhor Ator Coadjuvante


Cristian Bale - O Vencedor

 Primeira indicação do Batman. Olha, que ninguém queira ser amigo de Cristian Bale. O ator ficou putinho por não ter sido escalado por Cristopher Nolan para protagonizar o A Origem, sendo preterido pelo Leonardo Di Caprio, e se vingou aceitando ser coadjuvante em um filme dirigido por David O. Russel, diretor que uma certa vez deu uma chave de braço em Nolan no meio de uma festa, pelo simples fato do seu colega de profissão não querer liberar o canastra Jude Law para um filme. Vingança is a prato best served cold, como diziam os Klingons. E para piorar para o Nolan, ele não (SPOILER ALERT!)  foi indicado a melhor diretor pelo Origem, sendo lembrado apenas pelo roteiro, enquanto que Russel foi. Já vi que as filmagens do Dark Knight Rises (que terá a Anne Hathaway como Mulher Gato, haja lenço) serão animadas. Favorito absoluto ao prêmio.




Jeremy Renner - Atração Perigosa

O elogiado filme do Ben Affleck foi epicamente ignorado pela Academia, que lembrou apenas do superestimado Renner, que ganha a sua segunda indicação seguida, a primeira no ano passado pelo A Guerra do Terror. Alguém ai lembra desse filme? O californiano vai se especializando em chamar a atenção com personagens levemente psicóticos, a famosa "Escola Jack Nicholson de atuação".




Geoffrey Rush - O Discurso do Rei

Quer dar uma de sabichão pra cima dos seus trutas? Pergunte para eles em que país nasceu o Geoffrey Rush. E quando eles responderem "Inglaterra, pombas! Que pergunta mais tonha!", dê um tapão na cara dos meliantes. O ator AUSTRALIANO emenda a sua quarta indicação (as outras sendo por Shine em 1996, Shakeaspeare Apaixonado em 1999, e Quills em 2001). Curiosamente por uma personagem conterrâneo, um fonoaudiólogo australiano que ajudava o Rei George VI com seus discursos e oratórias públicas.





John Hawkes - Inverno da Alma

Hawkes é um caso interessante. Ele faz parte daquela rara estirpe de atores que causam uma reação de "quem?" quando alguém cita os seus nomes, mas que cujas caras são reconhecidas instantaneamente quando vistas na tela, já que  são figuras carimbadas em filmes e produções de TV como coadjuvantes. Hawkes, que já tem 51 anos de idade e marca a sua primeira indicação, participou de todos os filmes e de todas as séries de TV lançadas desde 1985, quando começou a sua carreira. Inverno da Alma foi a surpresa entre as indicações, já que arrebatou um punhado delas, incluindo (SPOILER) melhor filme.




Mark Ruffalo - Minhas Mães e Meu Pai

Propositalmente deixado por último. Minhas Mães e Meu Pai é um filme que mostra tudo o que existe de errado no cinema alternativo americano. Falarei mais sobre o filme lá embaixo, já que essa não é infelizmente a única lembrança da produção entre os indicados. Mark Ruffalo, um ator que adora se apoiar em muletas irritantes de atuação para parecer mais convincente em seus papéis, entrega uma perfomance constrangedora, merecedora de uma lembrança do Framboesa de Ouro, se esse filme não tivesse sido visto por apenas 10 pessoas, entre elas eu e as 9 que votaram nas trocentas categorias em que ele foi indicado. Vergonhoso.



Melhor Atriz 



Natalie Portman - Cisne Negro

A musa-mor, rainha de todos os nerds e freaks, e que quebrou todos os corações dos homens ao anunciar uma gravidez e um casamento recentemente, ganha a sua segunda indicação (a primeira havia sido como coadjuvante pelo Closer, em 2004). Já é a vencedora, então  deve estar com o discursinho pronto. Aposto que ela agradecerá ao manezão do dancarino que ela conheceu no set do Cisne Negro, e que foi o responsável pelas duas piores notícias de 2010. Junto-me ao coro daqueles que querem que a ONU mande o cidadão (cujo nome eu me recuso a saber) para a corte internacional de Haia, acusado de crimes contra a humanidade. Dando o mesmo prêmio carinhoso recebido por açougueiros como Slobodan Milosevic: a forca. Ê, Ê, Ê, Ê, TEM UM PALHAÇO QUERENDO APARECER, E VAI MORRER! No mais, é óbvio perceber que, ganhando o primeiro Oscar com 29 anos de idade, Natalie igualará no futuro o recorde de 4 estatuetas da Katherine Hepburn, que tinha 27 anos quando ganhou o seu primeiro, em 1934.




Michelle Williams - Blue Valentine

A viúva do Coringa (essa doeu) ganha a sua segunda indicação (a primeira sendo de coadjuvante por Brokeback Mountain, em 2005). Acabou desbancando o seu parceiro no filme, Ryan Gosling, que era apontado como favorito a uma indicação de melhor ator, mas que foi deixado de lado. Já prepara as mãos para aplaudir a triunfal subida de La Portman ao palco. 




Nicole Kidman - Reencontrando a Felicidade 

É sério isso, cambada? Nicole Kidman? Em 2011? Que baita bode... Ela já estava lá, esquecida, toda mutilada por desastrosas cirurgias plásticas que fizeram o seu rosto parecer com o V do V de Vingança, e tendo que aturar uns tapas do  marido drogado e cachaceiro (o cantor Keith Urban), depois de viver por 10 anos com o maior maluco da história da humanidade, Tom Cruise, e a Academia tinha que lembrar dela de novo? Depois do involuntariamente hilário Austrália, eu achei que o caixão havia sido fechado. Ledo engano. O filme foi solemente ignorado, depois de ser hypado no ano passado, mas Kidman conseguiu a sua terceira indicação (a primeira pelo Molin Rouge em 2001 e a segunda, e que lhe rendeu o prêmio, pelo As Horas em 2003). Será que ela engolirá o orgulho e aplaudirá a Natalie Portman? Veremos.



Jennifer Lawrence - Inverno da Alma

 Primeira indicação da graciosa atriz de 20 anos de idade, que leva com categoria um difícil papel no bom Inverno da Alma. O efeito colateral da indicação é trazer ainda mais barulho e hype para o lançamento do The Beaver, filme dirigido por Jodie Foster e estrelado pelo segundo maior maluco da história da humanidade, o Fuhrer Mel Gibson, e que foi adiado por um ano e ameaçado de nem ser lançado por culpa dos escândalos do ator. Ela é humilde, e aplaudirá com graça e elegância La Portman quando ela subir para pegar o prêmio.





Annette Bening - Minhas Mães e Meu Pai

Annette Bening é a Nicolas Cage de saias. Assim como o sobrinho do Francis Ford Coppolla, ela é uma atriz talentosa e excelente tecnicamente, mas que tem uma tendência ao exagero e à caricatura quando cai nas mãos de diretores pouco talentosos. No caso do horrendo Minhas Mães e Meu Pai, ela é a única a sair com dignidade do desastre, entregando uma perfomance contida e segura como a amante traída da Julianne Moore. Não o bastante para eu considerar a sua indicação justa, mas ela não me faz querer vomitar depois de beber água do Rio Tietê, algo que a indicação do Mark Ruffalo certamente provocará. É a sua quarta indicação, sendo elas por ordem a de 1990 pelo Os Imorais, a inexplicável de 1999 pelo Beleza Americana (uma das piores atuações que eu já vi na minha vida) e em 2004 pelo Adorável Júlia.


Melhor Ator



Javier Bardem - Biutiful

O filme estreiou Sexta aqui em Sampa, então tire o seu traseiro gordo da poltrona e vá conferir e julgar se a indicação do mito Bardem foi justa. Deve ser chato ser o melhor ator vivo em atividade (De Niro e Pacino se aposentaram nos anos 90) ao lado do Daniel Day-Lewis, então o Bardem vai se divertindo como pode. O filme mexicano (que foi indicado e é o favorito a Melhor Filme Estrangeiro) é fraquinho, mas Bardem tira leite de pedra do material, e consegue pegar um papel que ficaria facilmente piegas com um ator menos talentoso e o transforma em mais uma grande perfomance. Terceira indicação, sendo a primeira em 2000 pelo Antes de Amanhecer, e a segunda, que lhe rendeu o prêmio de coadjuvante, pelo Onde os Fracos Não Têm Vez, em 2008. Dizem que ele deve a indicação para o lobby que a Julia Roberts, que fez o pavoroso Comer, Beber e Rezar com ele no ano passado, e que fez uma campanha pouco discreta, que incluiu festas e recepções, pelo ator espanhol. Antes que vocês perguntem: sim, deve ter rolado. A Penelope Cruz que não nos ouça.


Colin Firth - O Discurso do Rei

 Hugh Grant e Colin Firth nasceram com um dia de diferença um do outro. O primeiro em 9 de Setembro de 1960, e o segundo no dia seguinte, 10 de Setembro, do mesmo ano. Essa coincidência bizarra, e o fato dos dois serem os atores ingleses de maior destaque nas bilheterias nos últimos 20 anos, os transformou em rivais armagos, com constantes pontadas em público, bem representadas nas cenas de briga nos dois Bridget Jones. Quem já se deu ao trabalho de ouvir a faixa de comentários do Simplesmente Amor (sim, eu ouvi, pode rir) se matou de dar risada com a tiração de sarro de Grant com o colega, inclusive com ele incentivando os companheiros de comentários a zoarem o Colin Firth, que segundo Grant se acha demais e é incapaz de rir de se próprio. Mas Firth, que era considerado um canastra não muito tempo atrás, emenda a sua segunda indicação seguida ao Oscar (a primeira no ano passado, pelo Direito de Amar), interpretando o Rei George VI. Acho que já passou da hora do Hugh Grant parar com as palhaçadas e as diversões com prostitutas, e correr atrás do prejuízo. Eu juro que torço por ele, entre os dois. Mas tá ficando feio. Ganhou o Globo de Ouro e é o favorito.



James Franco - 127 Horas

Primeira indicação de Franco, que completa bem sucedidamente o ciclo de estrela adolescente (apareceu no chatíssimo Nunca Fui Beijada em 1999, e fez a série cult Freaks e Geeks em 2000, ao lado de Jason Segel e Seth Rogen) para ator sério e respeitado. Primeira indicação, pelo hypado filme do copião Danny Boyle, que ainda não se desculpou por roubar descarademente o Fernando Meirelles no Quem Quer Ser um Milionário.





Jesse Eisenberg - A Rede Social

Primeira indicação do jovem  ator (27 anos), que é conhecido nas rodinhas como o Michael Cera com talento. Corre por trás (ao lado de Jeff Bridges) do favorito Colin Firth, e se vencer se tornará simplesmente o ator mais jovem a ganhar a estatueta na categoria principal, superando o Adrien Brody, que tinha 29 anos quando ganhou pelo O Pianista.Valeu também por ter desbancado o mala sem alça Justin Timberlake, que gastou alegadamente 2 milhões de dólares em uma campanha ridícula e barulhenta para ser indicado como coadjuvante pelo filme, chegando a dizer que "caso fosse indicado, se concentraria apenas na carreira de ator". PERDEU, PRAIBÓY!



Jeff Bridges - Bravura Indômita

Em 1969, John Wayne ganhou o seu único Oscar interpretando Rooster Cogburn, o delegado bêbado, desbocado e durão de Oklahoma, em sua missão de ajudar uma jovem garota a procurar o assassino de seu pai. 41 anos depois, Bridges é indicado pelo mesmo papel, no remake dos Irmãos Coen. Se vencer, será a segunda vez em que dois atores ganham um Oscar interpretando o mesmo papel (a primeira sendo "apenas" com Don Corleone, que rendeu o Oscar de ator para Marlon Brando e de coadjuvante para Robert De Niro), sendo a primeira com os dois prêmios na categoria principal. E ele também igualará o Tom Hanks, sendo o segundo ator a ganhar o Oscar em dois anos seguidos. O que joga contra é o fato do filme ter estreiado tarde para os padrões da corrida do Oscar, em meados de Dezembro, o que lhe tirou da disputa do Globo de Ouro, e que pode custar o Oscar a Bridges. É a sua sexta indicação, sendo elas além da do ano passado em 1971 (ô loco, meu, olha a fera ai!) pelo A Última Sessão de Cinema, em 1975 pelo O Último Golpe, em 1985 pelo Starman, e em 2001 pelo A Conspiração (as duas primeiras foram para coadjuvante).

Melhor Diretor


Darren Aronofski - Cisne Negro

Depois de 15 anos de hypes, drogas e rock'roll, Aronofski finalmente consegue a sua indicação a Melhor Diretor. Depois de ser injustiçado ao não ser indicado pelo  O Lutador, nada mais justo do que a Academia indicar o  diretor, cujos filmes, que antes carregavam nos tons surreais, estão ficando cada vez mais sóbrios e elegantes. Ninguém pode reclamar que o diretor não tem concisão nos seus projetos, já que todos os filmes dirigidos por ele são relativamente curtos em metragem.  O seu filme mais longo - O Lutador - tem 108 minutos, enquanto que um filme ambicioso como A Fonte tinha 96, e o seu primeiro, Pi, tinha efêmeros 84. É, parece que o Aronofski não curte muito uma vibe David Lean não. 



David O. Russel - O Vencedor

Se o mundo fosse um lugar justo, David O. Russel estaria agora em uma cela bem acolchoada e escura, com uma camisa-de-força e toda a sorte de remédios para bipolares. Mas como não é, ele comemora a sua primeira indicação ao Oscar. Enumerando aqui algumas das façanhas cometidas pelo diretor na sua carreira: ele foi às vias de fato com o normalmente calmo George Clooney durante as filmagens do bom Os Três Reis, resultando na declaração do ator de que jamais trabalharia com ele de novo; a já mencionada chave de braço no Cristopher Nolan; e os famosos e documentados em vídeo rompantes de loucura que ele deu no set de Huckabees - A Vida é uma Comédia, que quase culminaram no malucaço espancando a sexagenária atriz Lily Tomlin. A indicação, mesmo depois de tudo isso, prova que a Academia pode ser imparcial, já que muitos davam a carreira de Russel como acabada. Ele é obviamente um diretor talentoso, mas O Vencedor não é um filme que traz nada de novo ao já batidíssimo gênero de filmes de boxe. Mas eu tenho curiosidade de saber como ele se comportaria caso ganhasse a estatueta. Napoleão Bonaparte é pouco.


David Fincher - A Rede Social

Ah, que maravilha. A segunda indicação de Fincher (a primeira sendo em 2008, pelo Curioso Caso de Benjamim Button), que merecia ter sido indicado por todos os filmes que fez, exceto Alien 3 e Quarto do Pânico. Eu não esperava muito do projeto, já que não enxergava muito apelo na história do criador do Facebook, site que mal tem 4 anos de idade, mas Fincher entregou mais um clássico pra galera. É o favorito, e já não era em tempo se ganhar. Mas tem a pesada sombra dos Coen, que podem ter chegado na última hora para roubar o prêmio. 





Ethan Coen e Joel Coen - Bravura Indômita

Outro projeto que soou estranho à primeira vista, já que era uma verdade bem estabelecida que  o Bravura Indômita original de 1969, baseado em um livro de sucesso na época, era um faroeste meia boca, e que Wayne havia ganho o prêmio mais como reconhecimento pela sua carreira, e não pelas qualidades do filme, algo que o próprio ator concordava. Mas os Coen viram que a história tinha muito mais potencial do que o alcançado por aquele filme, e comemoram agora a terceira indicação para Joel, que foi indicado sozinho pelo Fargo em 1996, e a segunda para a dupla, que levou o prêmio em 2008, pelo Onde Os Fracos Não tem Vez. Favoritos, ao lado de Fincher.


Tom Hooper - O Discurso do Rei

Pobre diretor inglês... eu não queria estar na pele do camarada. Christopher Nolan não foi indicado a melhor diretor pelo A Origem, e ninguém precisa ser gênio para perceber que Hooper, que era azarão, tirou a vaga do diretor mais superestimado da história da humanidade na categoria. Os Nolan lovers, um exército que já foi capaz de tirar O Poderoso Chefão do posto de melhor filme no IMDB apenas por despeito, já devem estar mandando  ameaças de morte para o cidadão. Era basicamente um diretor de minisséries e séries de TV, até filmar no ano passado The Damned United, filme sobre os 44 dias em que o famoso treinador Brian Clough treinou o Leeds United, um dos principais times de futebol da Inglaterra, nos anos 70. Dai para o Discurso do Rei foi um pulo, e Hooper se aproveitou da regra que parecer realmente existir na Academia, de sempre indicar um diretor britânico de algum drama de época, algo que eu acabo de cunhar como sendo " A REGRA JAMES IVORY". Vou lá registrar os direitos e já volto.


Melhor Filme  
Vale ressaltar que este é o ano mais forte na categoria desde 1995, que viu Um Sonho de Liberdade e Pulp Fiction perderem para Forrest Gump. Como diria Fausto Silva: "só tem fera, meu! ô loco!"




127 Horas - 6 indicações

O filme é um cocô... não, não, eu prometi não fazer mais isso. Hehehehehe. Eu gostava do Boyle, mas ele sacaneou com nós, guerreiros tupiniquins. Então eu devo dizer que fico contente ao perceber que, mesmo com suas 6 indicações, o filme não passará nem perto de levar o prêmio. Já bastou um Quem Quer Ser um Milionário? para todos aprenderem a lição.





Toy Story 3 - 5 indicações

Dizem que o Steve Jobs está com o pé na cova, com transplantes de fígado e tudo mais. Então é bom a Pixar aproveitar enquanto dá, pois sem o maior cretinaço dos Séculos XX E XXI a grana vai ficar curta. Mais uma eterna amostra de um bando de marmanjões com problemas de crescimento emocional dando aos filmes da Pixar uma importância e relevância maior do que  eles realmente merecem. É um filme muito bom, ambicioso, maravilhosamente realizado, mas... blergh. Leva 5 indicações pra casa. Agora com as 10 indicações na categoria principal, todo ano vai rolar filme da Pixar na lista. Até o Carros 2 no ano que vem, podem apostar. Até o Jobs conseguir resistir, obviamente.... huahuahuahauhauhauaha!



Cisne Negro - 5 indicações

O filtro que revela os favoritos entre os dez filmes indicados sempre será a categoria de melhor diretor. Por consequência, os filmes que foram indicados a melhor diretor se sobressaem sobre aqueles que não foram, o que coloca o Cisne Negro entre os concorrentes.  Mas o filme é esquisito demais para os padrões de Academia, que dá toda a cara de que considerará o Oscar dado a Natalie Portman como o suficiente. 






O Vencedor- 7 indicações

É o quarto filme sobre Boxe a ser indicado ao Oscar de Melhor Filme nos últimos 35 anos (Rocky, Touro Indomável e A Menina de Ouro foram os outros). Como Russel foi indicado a melhor Diretor, e o filme levou 3 indicações em categorias de atuação, não seria uma surpresa tão grande se levasse. Mas o Oscar que Cristian Bale receberá como coadjuvante já será considerado com um grande prêmio de consolação. Digo e repito: Mark Wahlberg é fraco demais para protagonizar um filme desses. Russel deveria ter dado alguma chave de braço em outro diretor, e conseguido um ator melhor para o protagonizar.





O Discurso do Rei - 12 Indicações

Sim, você não leu errado. 12 indicações. É o filme com o maior número de indicações, e o único que pode, em teoria, empatar ou ultrapassar o recorde de 11 estatuetas divididos por Ben-Hur, Titanic e Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei. Isso transforma o filme em favorito ao prêmio? De jeito algum. Tem toda a cara de fazer a limpa nos prêmios de direção de arte e figurino, e ficar de mãos abanando no resto, já que a Academia, que adora sacanear o Globo de Ouro, pode tirar de Colin Firth o prêmio de ator.





Inverno da Alma  - 4 indicações

Primo pobre da categoria, já que é o filme mais desconhecido, o que menos indicações recebeu, e também não viu a sua diretora Debra Granik ser indicada a melhor Diretor. Mas é melhor que 127 Horas, O Vencedor e Toy Story 3, isso eu garanto. Do Minhas Mães e Meu pai então... bom deixa pra lá.




A Origem - 8 Indicações

Se os Nolan Lovers pudessem votar na Academia, o farsante já teria 567 prêmios de melhor diretor. Mas ainda bem que essa gente está condenada a enfiar a cabeça na privada e dar a descarga por toda a eternidade. O filme vai fazer a rapa nas categorias técnicas (sons, efeitos visuais), e merecidamente, diga-se de passagem. Mas vai ser apenas isso. Tá, talvez o Nolan ganhe como melhor roteiro original. Os Nolanzetes precisam agora se agarrar com todas as forças na "exceção Conduzindo Miss Daisy", nome que eu cunhei também (obrigado pelas palmas), que versa sobre aquela tediosa produção ter sido a única vencedora do Oscar de Melhor Filme nos últimos 70 anos a não ter tido o Diretor indicado na sua categoria. Que decadência, hein, Nolanzetes? Apelar para a boa e velha Miss Daisy como um fiapo de esperança! Lembrem-se do Morgan Freeman...


Minhas Mães e Meu Pai - 4 Indicações

Sei que é cedo, porém já acho que posso apontar Minhas Mães e Meu Pai como pior filme a ser indicado na categoria principal na história do Oscar, e isso considerando a tradição de aberrações da Academia. O filme vale como um manual de tudo que existe de insosso e equivocado no cinema alternativo americano. A premissa pretensamente inteligente e original, a visão progressista dos relacionamentos de sexo e raças, os diálogos descolados e repletos de referências a ícones alternativos (Joni Mitchell é a bola do vez, no caso do filme), e os atores talentosos e hypados respirando o ar fresco do undergound do cinema americano depois de participarem das megas produções. Essa equação indigesta (indiegesta?) resulta em um filme inacreditavelmente insosso e, pasmem, careta, que é tão ou mais boboca que a média das produções dos grandes estúdios. Um lixo, e uma indicação absolutamente vergonhosa e injustificável. Ui, magoei, santa!


Bravura Indômita - 10 indicações
Primeiro faroeste indicado a Melhor Filme desde Os Impordoáveis, que levou o prêmio em 1992. Estreiou mais tarde que os outros concorrentes, e isso pode acabar custando o prêmio no final, mas é favorito ao lado do Rede Social. Quarto filme dos Irmãos Coen indicado na categoria (Fargo, Onde os Fracos Não tem Vez e Um Homem Sério foram os outros).






A Rede Social - 8 Indicações
 Ganhou o Globo de Ouro de Melhor Filme de Drama, e é o favorito ao prêmio. Não deixa de ser curioso que os dois favoritos sejam filmes com temáticas e tempos tão geometricamente distintos, já que temos um faroeste lento, silencioso e reflexivo, passado no Território Indiano que hoje é Oklahoma em meados do século XIX no Oeste americano, e o outro um drama com diálogos ditos de maneira quase vertiginosa sobre a criação de um site de relacionamentos por dois programadores geniais na universidade mais famosa dos EUA. Cabe à Academia resolver se toda essa modernidade e contemporaneidade, abraçada com gosto e com diferentes níveis de categoria pelos Finchers, Nolans e Boyles da vida, é saudável, ou se a nostalgia dos Coen diz mais ao coração daqueles que acham que tudo está andando depressa demais. Bom, eles que respondam isso ai, jão, que eu vou é jogar o meu GTA IV, Mafia Style! E dá-lhe pancada na moringa das velhinhas!