É isso ai, cambada. Depois de termos transformado o Fomos ao Cinema em uma entidade fantasma, com textos escassos e totalmente aleatórios espalhados no último ano, chega até a parecer uma tremenda hipocrisia eu vir aqui falar sobre as indicações ao Oscar 2011. Mas como eu não tenho vergonha alguma nesta cara que mamãe passava talquinho, deixo os sorrisos amarelos de lado e me concentro no que tenho de fazer. Sabe quando você vai ao banheiro, e pega um rótulo de Shampoo para ler, só para manter a concentração e relaxar? É, tipo assim, por ai. Peguem os seus Johnsons e Johnsons, sentem, e deixem a mãe natureza trabalhar, que eu vou é pra galera! NÃO MORRA, CHICO ANYSIO! E o salário, ó....
Obs: ao contrário dos últimos anos, vou começar da categoria menos importante para frente, culminando na mais importante. Para manter o suspense, sacou? Tipo, meu, regra básica de manual de roteiro. E já ouço as mulheres reclamando: "quer dizer então que Atriz Coadjuvante é a menos importante? Que porco chauvinista!".Olha mulherada, não reclamem comigo, reclamem com a Academia, já que assistindo às indicações no E! (canal que devota 90% da sua programação ao Hulk Hogan e a Kim Kardashian hoje em dia) eles usaram essa mesma ordem. Quem é o verdadeiro inimigo? Já sinto o cheiro dos sutiãs queimando.
Melhor Atriz Coadjuvante:
Hailee Steinfeld - Bravura Indômita
Indicada logo no seu primeiro filme comercial, a atriz de 14 anos havia participado apenas de filmes para TV e curtas. Os críticos mais alvoriçados dizem que ela quase consegue ofuscar o Jeff Bridges e o Matt Damon na refilmagem dos Irmãos Coen. Vale lembrar que no original de 1969, que rendeu a John Wayne o seu único Oscar, a personagem seria interpretada pela cantora Karen Carpenter, um desejo de Wayne que não foi seguido pelos produtores, que optaram pela fraquíssima Kim Darby, odiada por Wayne e que já tinha 22 anos de idade. Steinfeld redime a personagem, e ainda sobreviveu à saraivada de cuspes que todos aqueles que contracenam com Bridges acabam sofrendo. Way to go, girl!
Amy Adams - O Vencedor
Segunda indicação da loirinha, que mais uma vez mostrou garra e passou incolume a um set que reuniu Mark Wahlberg (um ex-deliquente juvenil), Cristian Bale (cujos hobbies incluem gritar psicoticamente com diretores de fotografia) e David O. Russel (que dizem ser louco no melhor estilo bater a cabeça na parede).O clichezento filme de boxe caiu nas graças da Academia, e rendeu 2 indicações de atriz ao prêmio de coadjuvante, algo raro.
Helena Bonham Carter - O Discurso do Rei
Eu sempre digo que a Academia reserva trocentas indicações todo ano para o filme de época britânico da temporada. O Discurso do Rei foi o agraciado dessa vez. Bonham Carter interpreta uma jovem Rainha-Mãe Elizabeth (mãe da Rainha Ellizabeth II) no filme. É a sua segunda indicação, a primeira sendo para melhor atriz pelo Asas do Amor, em 1996. As duas por filmes NÃO DIRIGIDOS por Tim Burton, seu maridão. O quê, alguém ai disse "LOSER!"? Não fui eu...
Jacki Weaver -Animal Kingdom
Primeira indicação da atriz australiana, que está no auge da graça nos seus 63 aninhos. Uma grande revelação, sem dúvida alguma, que ainda tem muitos e muitos anos de carreira e grandes filmes pela frente. Ela estava no belo filme do Peter Weir de 1975, Picnic na Montanha Misteriosa. Dei uma sorte do cacete, comprei o DVD por 10 pilas jogado em um canto em uma Lojas Americanas aqui perto de casa.
Melissa Leo - O Vencedor
Segunda indicação da atriz de 50 anos. É disparada a melhor coisa do filme, e é merecidamente a favorita ao prêmio, ao lado de Steinfeld. Mas acho que perde, infelizmente, já que normalmente a Academia gosta de favorecer atrizes jovens na categoria de coadjuvante. Se bem que isso é mais um clichê de jornalista preguiçoso, já que se você analisar a lista, perceberá que nomes como Judi Dench, Tilda Swinton, Reneé Zelweger, Cate Blanchett e Rachel Weisz ganharam o prêmio nos últimos anos, entre outras.
Melhor Ator Coadjuvante
Cristian Bale - O Vencedor
Primeira indicação do Batman. Olha, que ninguém queira ser amigo de Cristian Bale. O ator ficou putinho por não ter sido escalado por Cristopher Nolan para protagonizar o A Origem, sendo preterido pelo Leonardo Di Caprio, e se vingou aceitando ser coadjuvante em um filme dirigido por David O. Russel, diretor que uma certa vez deu uma chave de braço em Nolan no meio de uma festa, pelo simples fato do seu colega de profissão não querer liberar o canastra Jude Law para um filme. Vingança is a prato best served cold, como diziam os Klingons. E para piorar para o Nolan, ele não (SPOILER ALERT!) foi indicado a melhor diretor pelo Origem, sendo lembrado apenas pelo roteiro, enquanto que Russel foi. Já vi que as filmagens do Dark Knight Rises (que terá a Anne Hathaway como Mulher Gato, haja lenço) serão animadas. Favorito absoluto ao prêmio.
Jeremy Renner - Atração Perigosa
O elogiado filme do Ben Affleck foi epicamente ignorado pela Academia, que lembrou apenas do superestimado Renner, que ganha a sua segunda indicação seguida, a primeira no ano passado pelo A Guerra do Terror. Alguém ai lembra desse filme? O californiano vai se especializando em chamar a atenção com personagens levemente psicóticos, a famosa "Escola Jack Nicholson de atuação".
Geoffrey Rush - O Discurso do Rei
Quer dar uma de sabichão pra cima dos seus trutas? Pergunte para eles em que país nasceu o Geoffrey Rush. E quando eles responderem "Inglaterra, pombas! Que pergunta mais tonha!", dê um tapão na cara dos meliantes. O ator AUSTRALIANO emenda a sua quarta indicação (as outras sendo por Shine em 1996, Shakeaspeare Apaixonado em 1999, e Quills em 2001). Curiosamente por uma personagem conterrâneo, um fonoaudiólogo australiano que ajudava o Rei George VI com seus discursos e oratórias públicas.
John Hawkes - Inverno da Alma
Hawkes é um caso interessante. Ele faz parte daquela rara estirpe de atores que causam uma reação de "quem?" quando alguém cita os seus nomes, mas que cujas caras são reconhecidas instantaneamente quando vistas na tela, já que são figuras carimbadas em filmes e produções de TV como coadjuvantes. Hawkes, que já tem 51 anos de idade e marca a sua primeira indicação, participou de todos os filmes e de todas as séries de TV lançadas desde 1985, quando começou a sua carreira. Inverno da Alma foi a surpresa entre as indicações, já que arrebatou um punhado delas, incluindo (SPOILER) melhor filme.
Mark Ruffalo - Minhas Mães e Meu Pai
Propositalmente deixado por último. Minhas Mães e Meu Pai é um filme que mostra tudo o que existe de errado no cinema alternativo americano. Falarei mais sobre o filme lá embaixo, já que essa não é infelizmente a única lembrança da produção entre os indicados. Mark Ruffalo, um ator que adora se apoiar em muletas irritantes de atuação para parecer mais convincente em seus papéis, entrega uma perfomance constrangedora, merecedora de uma lembrança do Framboesa de Ouro, se esse filme não tivesse sido visto por apenas 10 pessoas, entre elas eu e as 9 que votaram nas trocentas categorias em que ele foi indicado. Vergonhoso.
Melhor Atriz
Natalie Portman - Cisne Negro
A musa-mor, rainha de todos os nerds e freaks, e que quebrou todos os corações dos homens ao anunciar uma gravidez e um casamento recentemente, ganha a sua segunda indicação (a primeira havia sido como coadjuvante pelo Closer, em 2004). Já é a vencedora, então deve estar com o discursinho pronto. Aposto que ela agradecerá ao manezão do dancarino que ela conheceu no set do Cisne Negro, e que foi o responsável pelas duas piores notícias de 2010. Junto-me ao coro daqueles que querem que a ONU mande o cidadão (cujo nome eu me recuso a saber) para a corte internacional de Haia, acusado de crimes contra a humanidade. Dando o mesmo prêmio carinhoso recebido por açougueiros como Slobodan Milosevic: a forca. Ê, Ê, Ê, Ê, TEM UM PALHAÇO QUERENDO APARECER, E VAI MORRER! No mais, é óbvio perceber que, ganhando o primeiro Oscar com 29 anos de idade, Natalie igualará no futuro o recorde de 4 estatuetas da Katherine Hepburn, que tinha 27 anos quando ganhou o seu primeiro, em 1934.
Michelle Williams - Blue Valentine
A viúva do Coringa (essa doeu) ganha a sua segunda indicação (a primeira sendo de coadjuvante por Brokeback Mountain, em 2005). Acabou desbancando o seu parceiro no filme, Ryan Gosling, que era apontado como favorito a uma indicação de melhor ator, mas que foi deixado de lado. Já prepara as mãos para aplaudir a triunfal subida de La Portman ao palco.
Nicole Kidman - Reencontrando a Felicidade
É sério isso, cambada? Nicole Kidman? Em 2011? Que baita bode... Ela já estava lá, esquecida, toda mutilada por desastrosas cirurgias plásticas que fizeram o seu rosto parecer com o V do V de Vingança, e tendo que aturar uns tapas do marido drogado e cachaceiro (o cantor Keith Urban), depois de viver por 10 anos com o maior maluco da história da humanidade, Tom Cruise, e a Academia tinha que lembrar dela de novo? Depois do involuntariamente hilário Austrália, eu achei que o caixão havia sido fechado. Ledo engano. O filme foi solemente ignorado, depois de ser hypado no ano passado, mas Kidman conseguiu a sua terceira indicação (a primeira pelo Molin Rouge em 2001 e a segunda, e que lhe rendeu o prêmio, pelo As Horas em 2003). Será que ela engolirá o orgulho e aplaudirá a Natalie Portman? Veremos.
Jennifer Lawrence - Inverno da Alma
Primeira indicação da graciosa atriz de 20 anos de idade, que leva com categoria um difícil papel no bom Inverno da Alma. O efeito colateral da indicação é trazer ainda mais barulho e hype para o lançamento do The Beaver, filme dirigido por Jodie Foster e estrelado pelo segundo maior maluco da história da humanidade, o Fuhrer Mel Gibson, e que foi adiado por um ano e ameaçado de nem ser lançado por culpa dos escândalos do ator. Ela é humilde, e aplaudirá com graça e elegância La Portman quando ela subir para pegar o prêmio.
Annette Bening - Minhas Mães e Meu Pai
Annette Bening é a Nicolas Cage de saias. Assim como o sobrinho do Francis Ford Coppolla, ela é uma atriz talentosa e excelente tecnicamente, mas que tem uma tendência ao exagero e à caricatura quando cai nas mãos de diretores pouco talentosos. No caso do horrendo Minhas Mães e Meu Pai, ela é a única a sair com dignidade do desastre, entregando uma perfomance contida e segura como a amante traída da Julianne Moore. Não o bastante para eu considerar a sua indicação justa, mas ela não me faz querer vomitar depois de beber água do Rio Tietê, algo que a indicação do Mark Ruffalo certamente provocará. É a sua quarta indicação, sendo elas por ordem a de 1990 pelo Os Imorais, a inexplicável de 1999 pelo Beleza Americana (uma das piores atuações que eu já vi na minha vida) e em 2004 pelo Adorável Júlia.
Melhor Ator
Javier Bardem - Biutiful
O filme estreiou Sexta aqui em Sampa, então tire o seu traseiro gordo da poltrona e vá conferir e julgar se a indicação do mito Bardem foi justa. Deve ser chato ser o melhor ator vivo em atividade (De Niro e Pacino se aposentaram nos anos 90) ao lado do Daniel Day-Lewis, então o Bardem vai se divertindo como pode. O filme mexicano (que foi indicado e é o favorito a Melhor Filme Estrangeiro) é fraquinho, mas Bardem tira leite de pedra do material, e consegue pegar um papel que ficaria facilmente piegas com um ator menos talentoso e o transforma em mais uma grande perfomance. Terceira indicação, sendo a primeira em 2000 pelo Antes de Amanhecer, e a segunda, que lhe rendeu o prêmio de coadjuvante, pelo Onde os Fracos Não Têm Vez, em 2008. Dizem que ele deve a indicação para o lobby que a Julia Roberts, que fez o pavoroso Comer, Beber e Rezar com ele no ano passado, e que fez uma campanha pouco discreta, que incluiu festas e recepções, pelo ator espanhol. Antes que vocês perguntem: sim, deve ter rolado. A Penelope Cruz que não nos ouça.
Colin Firth - O Discurso do Rei
Hugh Grant e Colin Firth nasceram com um dia de diferença um do outro. O primeiro em 9 de Setembro de 1960, e o segundo no dia seguinte, 10 de Setembro, do mesmo ano. Essa coincidência bizarra, e o fato dos dois serem os atores ingleses de maior destaque nas bilheterias nos últimos 20 anos, os transformou em rivais armagos, com constantes pontadas em público, bem representadas nas cenas de briga nos dois Bridget Jones. Quem já se deu ao trabalho de ouvir a faixa de comentários do Simplesmente Amor (sim, eu ouvi, pode rir) se matou de dar risada com a tiração de sarro de Grant com o colega, inclusive com ele incentivando os companheiros de comentários a zoarem o Colin Firth, que segundo Grant se acha demais e é incapaz de rir de se próprio. Mas Firth, que era considerado um canastra não muito tempo atrás, emenda a sua segunda indicação seguida ao Oscar (a primeira no ano passado, pelo Direito de Amar), interpretando o Rei George VI. Acho que já passou da hora do Hugh Grant parar com as palhaçadas e as diversões com prostitutas, e correr atrás do prejuízo. Eu juro que torço por ele, entre os dois. Mas tá ficando feio. Ganhou o Globo de Ouro e é o favorito.
James Franco - 127 Horas
Primeira indicação de Franco, que completa bem sucedidamente o ciclo de estrela adolescente (apareceu no chatíssimo Nunca Fui Beijada em 1999, e fez a série cult Freaks e Geeks em 2000, ao lado de Jason Segel e Seth Rogen) para ator sério e respeitado. Primeira indicação, pelo hypado filme do copião Danny Boyle, que ainda não se desculpou por roubar descarademente o Fernando Meirelles no Quem Quer Ser um Milionário.
Jesse Eisenberg - A Rede Social
Primeira indicação do jovem ator (27 anos), que é conhecido nas rodinhas como o Michael Cera com talento. Corre por trás (ao lado de Jeff Bridges) do favorito Colin Firth, e se vencer se tornará simplesmente o ator mais jovem a ganhar a estatueta na categoria principal, superando o Adrien Brody, que tinha 29 anos quando ganhou pelo O Pianista.Valeu também por ter desbancado o mala sem alça Justin Timberlake, que gastou alegadamente 2 milhões de dólares em uma campanha ridícula e barulhenta para ser indicado como coadjuvante pelo filme, chegando a dizer que "caso fosse indicado, se concentraria apenas na carreira de ator". PERDEU, PRAIBÓY!
Jeff Bridges - Bravura Indômita
Em 1969, John Wayne ganhou o seu único Oscar interpretando Rooster Cogburn, o delegado bêbado, desbocado e durão de Oklahoma, em sua missão de ajudar uma jovem garota a procurar o assassino de seu pai. 41 anos depois, Bridges é indicado pelo mesmo papel, no remake dos Irmãos Coen. Se vencer, será a segunda vez em que dois atores ganham um Oscar interpretando o mesmo papel (a primeira sendo "apenas" com Don Corleone, que rendeu o Oscar de ator para Marlon Brando e de coadjuvante para Robert De Niro), sendo a primeira com os dois prêmios na categoria principal. E ele também igualará o Tom Hanks, sendo o segundo ator a ganhar o Oscar em dois anos seguidos. O que joga contra é o fato do filme ter estreiado tarde para os padrões da corrida do Oscar, em meados de Dezembro, o que lhe tirou da disputa do Globo de Ouro, e que pode custar o Oscar a Bridges. É a sua sexta indicação, sendo elas além da do ano passado em 1971 (ô loco, meu, olha a fera ai!) pelo A Última Sessão de Cinema, em 1975 pelo O Último Golpe, em 1985 pelo Starman, e em 2001 pelo A Conspiração (as duas primeiras foram para coadjuvante).
Melhor Diretor
Darren Aronofski - Cisne Negro
Depois de 15 anos de hypes, drogas e rock'roll, Aronofski finalmente consegue a sua indicação a Melhor Diretor. Depois de ser injustiçado ao não ser indicado pelo O Lutador, nada mais justo do que a Academia indicar o diretor, cujos filmes, que antes carregavam nos tons surreais, estão ficando cada vez mais sóbrios e elegantes. Ninguém pode reclamar que o diretor não tem concisão nos seus projetos, já que todos os filmes dirigidos por ele são relativamente curtos em metragem. O seu filme mais longo - O Lutador - tem 108 minutos, enquanto que um filme ambicioso como A Fonte tinha 96, e o seu primeiro, Pi, tinha efêmeros 84. É, parece que o Aronofski não curte muito uma vibe David Lean não.
David O. Russel - O Vencedor
Se o mundo fosse um lugar justo, David O. Russel estaria agora em uma cela bem acolchoada e escura, com uma camisa-de-força e toda a sorte de remédios para bipolares. Mas como não é, ele comemora a sua primeira indicação ao Oscar. Enumerando aqui algumas das façanhas cometidas pelo diretor na sua carreira: ele foi às vias de fato com o normalmente calmo George Clooney durante as filmagens do bom Os Três Reis, resultando na declaração do ator de que jamais trabalharia com ele de novo; a já mencionada chave de braço no Cristopher Nolan; e os famosos e documentados em vídeo rompantes de loucura que ele deu no set de Huckabees - A Vida é uma Comédia, que quase culminaram no malucaço espancando a sexagenária atriz Lily Tomlin. A indicação, mesmo depois de tudo isso, prova que a Academia pode ser imparcial, já que muitos davam a carreira de Russel como acabada. Ele é obviamente um diretor talentoso, mas O Vencedor não é um filme que traz nada de novo ao já batidíssimo gênero de filmes de boxe. Mas eu tenho curiosidade de saber como ele se comportaria caso ganhasse a estatueta. Napoleão Bonaparte é pouco.
David Fincher - A Rede Social
Ah, que maravilha. A segunda indicação de Fincher (a primeira sendo em 2008, pelo Curioso Caso de Benjamim Button), que merecia ter sido indicado por todos os filmes que fez, exceto Alien 3 e Quarto do Pânico. Eu não esperava muito do projeto, já que não enxergava muito apelo na história do criador do Facebook, site que mal tem 4 anos de idade, mas Fincher entregou mais um clássico pra galera. É o favorito, e já não era em tempo se ganhar. Mas tem a pesada sombra dos Coen, que podem ter chegado na última hora para roubar o prêmio.
Ethan Coen e Joel Coen - Bravura Indômita
Outro projeto que soou estranho à primeira vista, já que era uma verdade bem estabelecida que o Bravura Indômita original de 1969, baseado em um livro de sucesso na época, era um faroeste meia boca, e que Wayne havia ganho o prêmio mais como reconhecimento pela sua carreira, e não pelas qualidades do filme, algo que o próprio ator concordava. Mas os Coen viram que a história tinha muito mais potencial do que o alcançado por aquele filme, e comemoram agora a terceira indicação para Joel, que foi indicado sozinho pelo Fargo em 1996, e a segunda para a dupla, que levou o prêmio em 2008, pelo Onde Os Fracos Não tem Vez. Favoritos, ao lado de Fincher.
Tom Hooper - O Discurso do Rei
Pobre diretor inglês... eu não queria estar na pele do camarada. Christopher Nolan não foi indicado a melhor diretor pelo A Origem, e ninguém precisa ser gênio para perceber que Hooper, que era azarão, tirou a vaga do diretor mais superestimado da história da humanidade na categoria. Os Nolan lovers, um exército que já foi capaz de tirar O Poderoso Chefão do posto de melhor filme no IMDB apenas por despeito, já devem estar mandando ameaças de morte para o cidadão. Era basicamente um diretor de minisséries e séries de TV, até filmar no ano passado The Damned United, filme sobre os 44 dias em que o famoso treinador Brian Clough treinou o Leeds United, um dos principais times de futebol da Inglaterra, nos anos 70. Dai para o Discurso do Rei foi um pulo, e Hooper se aproveitou da regra que parecer realmente existir na Academia, de sempre indicar um diretor britânico de algum drama de época, algo que eu acabo de cunhar como sendo " A REGRA JAMES IVORY". Vou lá registrar os direitos e já volto.
Melhor Filme
Vale ressaltar que este é o ano mais forte na categoria desde 1995, que viu Um Sonho de Liberdade e Pulp Fiction perderem para Forrest Gump. Como diria Fausto Silva: "só tem fera, meu! ô loco!"
127 Horas - 6 indicações
O filme é um cocô... não, não, eu prometi não fazer mais isso. Hehehehehe. Eu gostava do Boyle, mas ele sacaneou com nós, guerreiros tupiniquins. Então eu devo dizer que fico contente ao perceber que, mesmo com suas 6 indicações, o filme não passará nem perto de levar o prêmio. Já bastou um Quem Quer Ser um Milionário? para todos aprenderem a lição.
Toy Story 3 - 5 indicações
Dizem que o Steve Jobs está com o pé na cova, com transplantes de fígado e tudo mais. Então é bom a Pixar aproveitar enquanto dá, pois sem o maior cretinaço dos Séculos XX E XXI a grana vai ficar curta. Mais uma eterna amostra de um bando de marmanjões com problemas de crescimento emocional dando aos filmes da Pixar uma importância e relevância maior do que eles realmente merecem. É um filme muito bom, ambicioso, maravilhosamente realizado, mas... blergh. Leva 5 indicações pra casa. Agora com as 10 indicações na categoria principal, todo ano vai rolar filme da Pixar na lista. Até o Carros 2 no ano que vem, podem apostar. Até o Jobs conseguir resistir, obviamente.... huahuahuahauhauhauaha!
Cisne Negro - 5 indicações
O filtro que revela os favoritos entre os dez filmes indicados sempre será a categoria de melhor diretor. Por consequência, os filmes que foram indicados a melhor diretor se sobressaem sobre aqueles que não foram, o que coloca o Cisne Negro entre os concorrentes. Mas o filme é esquisito demais para os padrões de Academia, que dá toda a cara de que considerará o Oscar dado a Natalie Portman como o suficiente.
O Vencedor- 7 indicações
É o quarto filme sobre Boxe a ser indicado ao Oscar de Melhor Filme nos últimos 35 anos (Rocky, Touro Indomável e A Menina de Ouro foram os outros). Como Russel foi indicado a melhor Diretor, e o filme levou 3 indicações em categorias de atuação, não seria uma surpresa tão grande se levasse. Mas o Oscar que Cristian Bale receberá como coadjuvante já será considerado com um grande prêmio de consolação. Digo e repito: Mark Wahlberg é fraco demais para protagonizar um filme desses. Russel deveria ter dado alguma chave de braço em outro diretor, e conseguido um ator melhor para o protagonizar.
O Discurso do Rei - 12 Indicações
Sim, você não leu errado. 12 indicações. É o filme com o maior número de indicações, e o único que pode, em teoria, empatar ou ultrapassar o recorde de 11 estatuetas divididos por Ben-Hur, Titanic e Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei. Isso transforma o filme em favorito ao prêmio? De jeito algum. Tem toda a cara de fazer a limpa nos prêmios de direção de arte e figurino, e ficar de mãos abanando no resto, já que a Academia, que adora sacanear o Globo de Ouro, pode tirar de Colin Firth o prêmio de ator.
Inverno da Alma - 4 indicações
Primo pobre da categoria, já que é o filme mais desconhecido, o que menos indicações recebeu, e também não viu a sua diretora Debra Granik ser indicada a melhor Diretor. Mas é melhor que 127 Horas, O Vencedor e Toy Story 3, isso eu garanto. Do Minhas Mães e Meu pai então... bom deixa pra lá.
A Origem - 8 Indicações
Se os Nolan Lovers pudessem votar na Academia, o farsante já teria 567 prêmios de melhor diretor. Mas ainda bem que essa gente está condenada a enfiar a cabeça na privada e dar a descarga por toda a eternidade. O filme vai fazer a rapa nas categorias técnicas (sons, efeitos visuais), e merecidamente, diga-se de passagem. Mas vai ser apenas isso. Tá, talvez o Nolan ganhe como melhor roteiro original. Os Nolanzetes precisam agora se agarrar com todas as forças na "exceção Conduzindo Miss Daisy", nome que eu cunhei também (obrigado pelas palmas), que versa sobre aquela tediosa produção ter sido a única vencedora do Oscar de Melhor Filme nos últimos 70 anos a não ter tido o Diretor indicado na sua categoria. Que decadência, hein, Nolanzetes? Apelar para a boa e velha Miss Daisy como um fiapo de esperança! Lembrem-se do Morgan Freeman...
Minhas Mães e Meu Pai - 4 Indicações
Sei que é cedo, porém já acho que posso apontar Minhas Mães e Meu Pai como pior filme a ser indicado na categoria principal na história do Oscar, e isso considerando a tradição de aberrações da Academia. O filme vale como um manual de tudo que existe de insosso e equivocado no cinema alternativo americano. A premissa pretensamente inteligente e original, a visão progressista dos relacionamentos de sexo e raças, os diálogos descolados e repletos de referências a ícones alternativos (Joni Mitchell é a bola do vez, no caso do filme), e os atores talentosos e hypados respirando o ar fresco do undergound do cinema americano depois de participarem das megas produções. Essa equação indigesta (indiegesta?) resulta em um filme inacreditavelmente insosso e, pasmem, careta, que é tão ou mais boboca que a média das produções dos grandes estúdios. Um lixo, e uma indicação absolutamente vergonhosa e injustificável. Ui, magoei, santa!
Bravura Indômita - 10 indicações
Primeiro faroeste indicado a Melhor Filme desde Os Impordoáveis, que levou o prêmio em 1992. Estreiou mais tarde que os outros concorrentes, e isso pode acabar custando o prêmio no final, mas é favorito ao lado do Rede Social. Quarto filme dos Irmãos Coen indicado na categoria (Fargo, Onde os Fracos Não tem Vez e Um Homem Sério foram os outros).
A Rede Social - 8 Indicações
Ganhou o Globo de Ouro de Melhor Filme de Drama, e é o favorito ao prêmio. Não deixa de ser curioso que os dois favoritos sejam filmes com temáticas e tempos tão geometricamente distintos, já que temos um faroeste lento, silencioso e reflexivo, passado no Território Indiano que hoje é Oklahoma em meados do século XIX no Oeste americano, e o outro um drama com diálogos ditos de maneira quase vertiginosa sobre a criação de um site de relacionamentos por dois programadores geniais na universidade mais famosa dos EUA. Cabe à Academia resolver se toda essa modernidade e contemporaneidade, abraçada com gosto e com diferentes níveis de categoria pelos Finchers, Nolans e Boyles da vida, é saudável, ou se a nostalgia dos Coen diz mais ao coração daqueles que acham que tudo está andando depressa demais. Bom, eles que respondam isso ai, jão, que eu vou é jogar o meu GTA IV, Mafia Style! E dá-lhe pancada na moringa das velhinhas!