Curiosidade: o filme do Clint Eastwood, Gran Torino, foi impiedosamente ignorado, não levando uma mísera indicação sequer para casa. Assim vocês matam o véio do coração!
O filme de David Fincher é o provável vencedor, já que duvido muito que a Academia repita a ousadia do Globo de Ouro, que deu o prêmio de melhor filme de Drama para o Sllumdog Millionaire. Ousadia e burrice, já que o filme do Danny Boyle é um engodo de proporções Junísticas (e vocês sabem bem todo o meu "amor" pelo Juno). Então, como esse ano foi bem mais fraco que o anterior (quando vimos dois filmaços como Sangue Negro e Onde os Fracos Não Têm Vez disputando as estatuetas), será justo o prêmio, uma vez que, embora não livre de defeitos, o filme de Fincher é um belo tratado sobre o tempo. E o Fincher é mestre. Mas não custa lembrar que esse é, disparado, o filme mais convencional realizado por ele. Como é quadrada essa Academia. Dá até raiva.
O título nacional é feio, hein? Mesmo sendo adequado, não deixa de soar como aquelas comédias ridículas protagonizadas pelo David Spade no final da década de 90. Em relação ao filme de Danny Boyle, ele preenche a vaga "não oficial" que a Academia cede todo ano para os alternativos desde 94, quando Pulp Fiction foi o marco zero da causa undergroud. Curiosamente teremos um baita deja vu esse ano, já que a principal disputa no Oscar 95 foi Forrest Gump X Pulp Fiction, e nesse ano teremos Benjamim Button X Slumdog Millionaire, o primeiro filme tendo um roteiro que praticamente clona o esqueleto narrativo do filme de Zemeckis (culpa do roteirista de ambos os filmes, Eric Roth), e o segundo um estouro vindo dos circuitos undergrounds. O final do filme não vai mudar dessa vez, como não o foi naquele ano. Mas, se a Academia resolver dar o prêmio para o Slumdog Millionaire, que é um engodo ainda maior do que o horrendo Juno (batendo na madeira três vezes, urgh), teremos de dar o braço a torcer. O mundo é dos indies, esses antenados amantes do mundo virtual.
Sabia que a Academia daria muito mais espaço para esse filme do que o Globo de Ouro (no qual ele foi virtualmente ignorado). Eles adoram uma biografiazinha de personalidades controversas lutando por uma causa impossível e que acabam virando mártires de uma causa. O filme de Gus Van Sant não tem chance alguma de ganhar o Oscar, mesmo se ocasionalmente viesse uma dor de consciência na Academia por terem preterido o Brokeback Mountain em 2006. Não, a compensação em favor da causa gay não existirá nesse caso. Preciso dizer que, embora jamais tenha achado o Brokeback Mountain tudo aquilo que falam, ainda sim achei inacreditável terem dado o prêmio para o Crash. Não estou fazendo média, mesmo. Juro. Acreditem em mim. Pela mamãe.
Filme mais "e daí?" dos indicados, a produção de Stephen Daldry pouco irá despertar paixões, apenas ocupando o lugar cativo das produções de época na premiação. Mais um em uma longa lista de filmes medianos que parecem serem muitos melhores do que realmente o são, por culpa das perfomances da Kate Winslet. Acho que nem a Meryl Streep consegue isso. No mais, a estranha relação entre Daldry e a Academia será mais aprofundada por mim ai embaixo. Não deixem de conferir. Pela mamãe.
David Fincher - O Curioso Caso de Benjamim Button
Finalmente. Demorou bons 19 anos, mas a Academia resolveu conceder uma indicação ao melhor diretor surgido dos anos 90 para cá. Para quem acompanha a carreira de Fincher, não deixará de ser uma emoção vê-lo subir ao palco do Kodak Theather para pegar a sua estatueta. Mas isso talvez acabe não acontecendo, já que Fincher já deu declarações dizendo que "não dá para levar o Oscar a sério" e tudo mais. Ele pode até falar algo assim, mas que ele aliviou o tom e produziu um filme de narrativa bem adequada para os paladares da Academia, isso é inegável. Não dê uma de Ron Howard, Fincher, e admita a verdade. Você continuará sendo mestre, indepedentemente do resto.
Danny Boyle - Quem Quer Ser um Milionário?
12 anos depois do Trainspotting, Boyle finalmente sobre às cabeças. Não que ele não seja um diretor competente. Seus 3 filmes anteriores (Extermínio, Caiu do Céu e Sunshine) eram todos eficientes exercícios de cinema, e vinham mostrando uma retomada de direção do diretor, depois de cometer os horrendos A Praia e Por uma Vida Menos Ordinária no fim dos anos 90. Mas todo esse estardalhaço em torno do Slumdog Millionaire e a inevitável indicação ao Oscar de melhor diretor que vem agora ameaçam mudar o status do inglês. Sim, Sunshine era um filme bem mais ambicioso que suas realizações anteriores, mas acabava se afundado nas suas próprias pretensões vazias. Será que chegou finalmente o dia em que veremos Danny Boyle chutando a porta e querendo ser tratado como um diretor verdadeiramente autoral, um realizador cujas obras não mais passarão dessapercebidas, e sim reconhecidas como eventos de suma importância da cultura moderna? Desculpem, não consegui terminar essa sentença sem dar uma bela gargalhada. Danny Boyle, que grande piada. Diretor junkie food tratado como gênio, só podia dar nisso mesmo.
Segundo a Academia, Stephen Daldry é o melhor diretor da história do cinema. Explico. O enganador inglês dirigiu apenas 3 longa-metragens até o presente dia, sendo eles por ordem cronológica Billy Elliot, As Horas e esse O Leitor. Filmes absolutamente convencionais, que jamais poderiam passar perto de serem considerados obras-primas. Pois bem. Daldry foi indicado ao prêmio de melhor diretor pelos 3 filmes. Um índice de 100% de aproveitamento, sem precendentes na história da premiação. Doentio, para dizer o mínimo. Enquanto isso, David Fincher penou por duas décadas para ser lembrado. Se A Academia e o Daldry se amam tanto assim, que vão para um Motel e deixem o resto da humanidade em paz, pombas. Simples. Já aguardo a quarta indicação dele pelo Billy Elliot 2 - Esse Moleque Dançarino é Uma Parada.
CENSURADO
O hilário Fonzie, ao lado do manezão que foi indicado a melhor diretor e cujo texto eu censurei pelo alto número de palavras de baixo calão e outras profanidades. Happy Days
Pitt é um excelente ator, e a indicação é justa. Mas ele deveria ter ganho o prêmio mesmo pela sua atuação ano passado no O Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford. Como nem indicado foi, fica a imprensão de uma compensação. É o favorito, mas Penn também está no páreo. Sua única indicação anterior tinha sido como ator coadjuvante pelo 12 Macacos, em 1995.
Langella sempre foi um excelente coadjuvante, e a sua atuação como Richard Nixon vem sendo elogiadíssima. Mas qualquer ator que aceita trabalhar com o exu Ron Howard perde automaticamente qualquer consideração que possa vir a merecer. Um mínimo de dignidade, né não?
Penn é um ator levemente superstimado. Digo levemente porque, mesmo reconhecendo seu talento, não consigo tolerar um número alto de perfomances do sujeito. Muito mais alto do que seria normal para um ator do seu calibre. Talvez seja aquele insuportável ar de auto-importância que ele emprega em algumas de suas perfomances. "Olhem todos para mim, eu sou o novo Marlon Brando, então ajoelhem-se perante mim, por favor". Quem já se deu ao trabalho de assistir ao horroroso Uma Lição de Amor (pelo qual ele foi inacreditavelmente indicado em 2001) sabe do que eu estou falando. Mas quando ele deixa a indulgência de lado e realmente trabalha pra valer, é capaz de interpretações à altura do hype que o cerca, o que parece ser o caso nesse filme, no qual faz um ativista gay americano que acaba virando mártir da causa. É provavelmente o único que pode tirar o prêmio do Brad Pitt. Essa é a sua quinta indicação.
Engraçado. Pouco tempo atrás, fui assistir ao filme Queime Depois de Ler, o décimo-terceiro melhor filme dos 13 que os irmãos Coen fizeram na carreira, e não pude deixar de notar que a melhor perfomance naquele péssimo filme era de um careca pouco conhecido, sempre acostumado a ser o coadjuvante dos coadjuvantes nas incontáveis produções que participou no decorrer da sua carreira (já tem 61 anos de idade). Quando descubro que uma outra perfomance dele nesse ano vinha sendo muito elogiada pelos críticos, e que acabou sendo premiada com uma surpreendente indicação ao Oscar. Nesse ainda inédito The Visitor (duvido que lancem aqui na Tropicálialand), ele interpreta um introspectivo professor universitário que vai a Nova York para uma conferência e acaba encontrando um casal de imigrantes vivendo no seu apartamento. Sério, a Academia adora professores no melhor estilo Morango Silvestre (Bergman!), e Jenkins estava no lugar certo, e na hora certa.
Como era a musiquinha, mesmo? Ah, lembrei, chamava-se Cinema, do one-hit-wonder Ice Mc. Vamos lá, todo mundo junto:
John Wayne - UHUUUUUUUUUU!!!!! Eddie Murphy - UHUUUUUUUUUUUUUU!!!!!! Alan Deloin - UHUUUUUUUUUUUUUUU!!!!!- MICKEY ROURKE - UHUUUUUUUUUUUUUU!!!!!!!!!
Os dias de boxe acabaram. Rourke voltou, cumpade! Faltava um bad ass no cinema contemporãneo. Muitos Matt Damons e Di Caprios fazendo caras de bons moços. Mostra para essa cambada, Rourke, como é que se faz! Já tem a minha torcida. Sei que vai perder para o Pitt ou para o Sean Penn, mas não custa sonhar. Bem que ele poderia chamar o Penn para a porrada no meio da premiação. Ouvi dizer que eles têm uma treta que remonta aos anos 80. PORRADA! PORRADA!
Indicada pelo ainda inédito filme do Jonathan "Silêncio dos Inocentes" Demme (estréia prevista para 13 de Fevereiro por aqui), a graciosa Hathaway sempre foi uma atriz talentosa, conseguindo dar dignidade até para os horrendos Diários da Princesa. Muitos já me xingaram por eu não ter feito ela Tetéia da Semana quando a hoje morimbuda seção existia, mas eu venho aqui hoje pedir humildemente desculpas por isso. Não é de coração, mas vocês finjam ai que acharam as minhas intenções sinceras, e eu finjo que levo em conta a opinião de vocês, e todo mundo fica bem feliz.
Atriz virtualmente desconhecida, que fez carreira basicamente participando de inúmeras séries de TV americanas (chegou a ser regular de uma que durou 5 anos, Homicide: Life on The Street, em meados dos anos 90) e que agora tem seu talento reconhecido no elogiado filme da diretora iniciante Courtney Hunt (que foi indicada como roteiro original). Como Melissa já bate nos 48 anos de idade, já não era mais em tempo.
Milésima indicação de Streep (falando sério, é a décima-quinta), que logo precisará ter o mesmo tratamento do Jack Nicholson, que meio que foi considerado não-oficialmente como hors concours. Chega de roubar o espaço de atrizes mais jovens. Mas como o filme Dúvida vem sendo elogiadíssimo (e a sua omissão na categoria de melhor filme vem sendo criticada), e Streep é mesmo uma das melhores atrizes da história, bem que ela podia levar o prêmio (é a favorita ao lado da Kate Winslet) e fechar com chave de ouro sua participação no Oscar. Seria melhor para todo mundo.
Winslet não foi indicada como Coadjuvante pelo Revolutionary Road, o que a impede de tentar repetir o feito do Globo de Ouro e levar o prêmio nas duas categorias de atriz. Mas disputará verozmente o prêmio com a Meryl Streep, então preparem-se, que podemos acabar sendo testemunhas de uma bela catfight entre as duas atrizes. Quem não gosta de ver duas mulheres brigando, mesmo uma sendo uma quase-sexagenária com um nariz levemente avantajado, e a outra uma gordinha charmosa? Vocês duvidam, é? Lembram da cara que a Kate Winslet fez quando perdeu o Oscar em 98 para a Helen Hunt? O mundo todo viu, jogou uma praga tão grande na mulher, que a série Mad About You foi cancelada no ano seguinte e a Hunt jamais conseguiu recuperar a sua carreira novamente.
Ok, vamos admitir algo aqui. A bocuda Jolie apenas foi indicada para a Academia se aproveitar da publicidade toda em cima do casa Brangelina e garantir uns pontinhos a mais na audiência. Quem conseguiu como eu chegar ao final do péssimo A Troca (Clint Eastwood ainda me deve os 15 reais que paguei de ingresso) sabe que a perfomance dela é sufocantemente caricata. Mas a Academia perdeu uma chance inacreditável. Explico. Se eles quisessem mesmo aumentar a audiência, bastava terem indicado também a Jennifer Aniston pelo Marley e Eu (o que não seria nenhum absurdo, já que ela trabalhou muito bem naquele filme). Sério, Jolie X Aniston com o Brad Pitt assistindo tudo de camarote. Eu iria até chorar de emoção, mesmo sabendo que nenhuma delas ia levar o prêmio de qualquer maneira.
MELHOR ATOR COADJUVANTE
Trovão Tropical foi o filme mais hilário de 2008. E a perfomance quase surrealista de Downey Jr. é preciosa. Justíssima a indicação, pena que não vai levar. É a sua segunda, sendo a primeira em 93 pelo Chaplin.
Hoffman vem sendo um nome constante na lista de indicados (sua terceira indicação em quatro anos). Não sem justiça, já que se trata de um senhor ator. Mas vai perder o prêmio, o que não deixa de ser uma pena.
A trajetória de Brolin não chega a ser épica como a do mito Mickey Rourke, mas também vale uma menção. De ator acostumado a participar de produções de quinta categoria até a metade dessa década (seu filme mais famoso havia sido o inqualificável Homem Invisível, e ainda em 2005 ele participou de uma bomba do quilate de Mergulho Radical), Brolin deu uma virada na carreira depois de participar do Grindhouse em 2006, emendando uma série impressionante de filmes (Onde os Fracos Não Tem Vez, No Vale Das Sombras, Gangster Americano e W.), culminando com a sua primeira indicação pelo filme do Gus Van Sant. Tudo isso num espaço de 2 anos. Sério, quem quiser ser ator em Hollywood, é só procurar o agente do sujeito, que o cara é fera. Brincadeira, Brolin deve a sua ascensão ao seu talento apenas, que vinha falhando em ser reconhecido, mas que agora está latente para todos. Sério. Pela mamãe. Mas não vai levar. Pena?
O filme do Sam Mendes foi impiedosamente ignorado pela Academia, que reconheceu apenas o esforço desse ator levemente (outra vez?) vesgo, e que tem no seu currículo participações em obras-primas como Pearl Harbor, 8 Mile, Canguru Jack, Bad Boys 2 e Bem-Vindo À Prisão. Que carreira fantástica. Mas não vai levar. Ufa.
I see dead people. Não falo aqui da carreira do M. Night Shyamalan (justamente lembrado em várias categorias no Framboesa de Ouro pelo literal Fim dos Tempos). Como até a minha prima de 2 anos de idade sabe que o prêmio já é do presunto australiano, a Academia poderia poupar o tempo de todos e já mandar a estatueta para a família do cidadão. E nós finalmente poderemos virar a página Cavaleiro das Trevas e seguir com as nossas vidas.
Segunda indicação para a bela americana nascida na Itália (o pai era oficial americano), o que já faz de Amy provavelmente a melhor atriz da nova geração. Peguei um leve trauma dela, por culpa do filme Encantada (até hoje posso ouvi-lá cantando aquelas musiquinhas insuportáveis), mas seria estúpido se não reconhecesse o seu talento. Tá, eu sei, eu sou um estúpido, mas precisa falar na cara, pombas?
Atriz acostumada com papéis coadjuvantes, e que havia me impressionado bastante na sua curta participação no fraco Paranóia, no ano passado. Percebam que o filme A Dúvida teve 4 indicações nas categorias de atores, além da indicação para roteiro adaptado, e mesmo assim foi ignorado nas categorias de filme e diretor. Dizem que é por culpa da temática fortíssima do filme (um padre acusado de supostamente molestar um estudante negro), que assustou os membros da Academia, esse seres tão ingênuos e moralistas.
Críticos vêm acusando a atriz de roubar os maneirismos de interpretação da mítica perfomance da Hattie McDaniel no ...E O Vento Levou (pela qual a atriz ganhou o Oscar de coadjuvante, uma façanha incalculável para uma atriz negra em 1940). É verdade mesmo. Mas eu não vejo isso como algo tão ruim assim, e digo que achei a perfomance dela nesse Benjamim Button perfeitamente aceitável perto do que o papel pedia.
A maior piada da história da Academia foi o prêmio de melhor atriz coadjuvante dado para a Marisa Tomei pelo Meu Primo Vinny, em 1992. Dizem que o já na época veterano Jack Palance se confundiu na hora de ler a ganhadora. Maldade. Mas a Academia vem desesperadamente tentando justificar o prêmio desde lá, indicando pela terceira vez Marisa (a outra indicação veio pelo Entre Quatro Paredes, em 2001). Nós já entendemos, todo mundo erra uma vez ou outra. Agora, persistir no erro...
Para mim, já é dela. Melhor perfomance do ano passado, disparada. No belo filme do Woody Allen, Cruz aparece já com um certo tempo de projeção, e simplesmente incendeia a tela, deixando a pobre Scarlett Johansson atordoada. Como existe um histórico de atrizes coadjuvantes ganhando prêmios por filmes do senhor Allen (os dois prêmios da Dianne Wiest e a Mira Sorvino), acho que podemos dar como certo o favoritismo de Cruz.
Obs 1: a cerimônia será apresentada pelo Hugh Jackman. Que idéia brilhante. Agora sim, a audiência vai ir às alturas. Sério, será mesmo que o Billy Cristal soa tão anacrônico assim para o público mais jovem?
Haha, primeira vez que vejo o blog.
ResponderExcluirMuito bom.
Post ótimo, sério mesmo.