quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Obrigado, mas não fumo.


"Antes todo mundo fumava", disse a mim uma garota na saída da faculdade. Um estalo na minha mente, evento um tanto raro, projetou algumas idéias, outro fator escasso hoje em dia. Meus colegas camaradas concordariam, vendo os filmes do bom e falecido Billy Wilder, ao menos lá, nas terras de Boulevard e cia, havia um grande número de aficionados pelo tabaco

A mocinha fumava, o mocinho fumava, a coquete fumava; uma conversa interessante anuciava-se quando já se pronunciara a fumaça de algum cigarro; se não houvesse cigarros em uma produção em meados da década de 50, colocariam ao menos algum indício, uma pequena mensagem de tabacaria, quiça um diálogo rápido sobre cigarros.

O cigarro figurava como um amigo para horas ruins e solitárias, para começar uma conversa com alguém, para matar o tempo. Poxa, gente legal fumava e dizia boas a respeito: atores, atrizes, pensadores, músicos( todos os jazzistas hipster que posso imaginar), jornalistas célebres e intelectuais. O conceito de maneiro, descolado estava muitas vezes relacionado ao ato de fumar, desde as jazz bands da década de 30 repercutindo na publicidade da época: lembro daqueles ótimos pin-ups do começo da década de 20 e 30 onde apareciam pessoas bonitas e felizes carregando sempre a tiracolo o maço de cigarros e um solto pronto a começar tal benfazeja.

Chesterfield e Camel eram nomes de excelência e deram empregos a desenhistas novatos por longos anos. Logo depois, na década de 60, veio o Tareyton na onda das ótimas publicidades: unindo o cigarro ao prazer, ao momento íntimo. Existia uma cultura tabagista forte que durou da década de 20 até os anos 90. Eventos mais recente são mais fáceis de serem pescados da nossa mente: O bom e velho cowboy da Malboro( que deus o tenha!) e as propagandas descoladas do Free( "seja jovem, seja leve, fume free!").

Não preciso dizer que em algum momento muitos descobriram que o tabaco não fazia muito bem à saúde, apesar das propagandas cheias de grafismos dizer o contrário, nosso amigo cowboy percebeu isso da pior forma; os personagens no cinema pararam de fumar cigarros(mesmo após um noite regada ao sexo), chegou um momento onde nem os vilões mais fumavam(mesmo os de filme noir) e filmes de época feitos hoje em dia também muitas vezes esquecem do bom e velho tabaco. Hoje quando vemos alguém fumando sabemos que a sina do personagem está traçada igual aqueles jovens de filmes de terror que tentavam descobrir o sexo enquanto o serial killer perseguia a moçada com sua serra elétrica: seria aqueles dois jovens que morreriam primeiro, talvez por causa do ferômonios a flor da pele; enfim, o personagem tabagista terá o mesmo triste desfecho, mas não pela serra elétrica, quem sabe ele será o responsável por alguma explosão de um posto de gasolina?

As indústrias tabagistas perderam espaço na televisão, no cinema, no rádio e em todos os lugares que tinham o seu brasão estampado. E não era por causa que utilizavam trabalho semi-escravo em suas plantações( work, work, work!) e sim porque a cada dia que passava algum cientista descobria algum malefício da nicotina, achava metais pesados, achava outra sebstância prejudicial. Até os jornalistas, considerados hi-users, estão começando a deixar o vício; ficando o cigarro apenas entre os saudosos, aqueles que já fumavam, os indies e nos filmes de Jim Jarmusch: seu "Sobre Café e Cigarros" denota levemente a tendência do abandono do fumo, pois nas filmagens mais recentes, daquela coletânea de curtas, muitos nem fumam mais, pior, nem tomam café.

Não faço uma apologia ao tabaco aqui. Só mostrei como o cigarro estava atrelado a uma cultura, a um modo de vida. O mundo não está melhor porque as pessoas fumam menos; trocamos a peça fálica branca, como denomina Freud o cigarro, por outros materiais: Junk-food, drogas ilícitas e o bom velho prozac sendo vendido como se fosse aspirina, quem sabe o Michael Bay não faça um filme espetacular com uma boa atriz e resgate o símbolo do ato de fumar?

Um comentário:

  1. "AI odeio esses fumantes que nao tem amor a propria vida" Frase dita comendo um ovo com bacon no cafe da manha.
    Tudo faz mal, o O2 mata. Porra se ate oq é indispensavel a vida oxida nossas hemoglobinas e nos faz viver menos, entao prefiro saborear algo prazeroso danoso mas por livre espontanea vontade.
    Entendo q outros nao tenham q suportar meu vicio, tenho o minimo de respeito( diferente dos apreciadores de funk e raveiros que sempre passam com o volume no talo perturbando a todos, mto mais do q os fumantes). Nao fumo em restaurantes, nao fumo em batizados, nao fumo em missas, nem em creches.
    Mas bom senso tem que vir de todas as partes, nao so do fumante. Estava lendo essa nova lei proposta, que proibe o cigarro em todos os hambientes publicos, ate mesmo no saudoso buteco. Ninguem vai p/o buteco p/ vive mais, as pessoas vao p/o buteco p/ come torresmo, toma cerveja, saborear aquela-que-mato-o-guarda e logico munidos de cigarros.
    Seguindo essa linha, prevejo um futuro nao mto longe, onde num show do rolling stones um fã vai gritar para Keith Richards, ou as suas cinzas em um ponte de crematorio, para tocar mais baixo pois sofre de ouvido sensivel. Ou teremos que percorrer centenas de Km em buscade um lugar onde tenha picanha com aquela gordurinha.
    Antes era a manteiga que fazia mal e a mragrina fazia bem, agora é a margarina q faz mas e a manteiga q faz bem. Prefiro viver do que viver em função da minha saude.
    falo pequeno

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