Se você for uma pessoa daquelas que jamais ouviu falar em Coco Chanel (que baita Mané você é, hein? Com todo o respeito), e colocar os seus olhos nesta produção francesa, sairá depois dos 115 minutos de projeção achando que a Senhorita Coco era uma chapeleira de quinta, daquelas que vão em lugares de alta classe empurrar as suas criações para as abastadas clientes, e que se apoiava em um punhado de ricaços para se sustentar, e que mesmo depois de se consagrar, era uma infeliz que tinha virado as costas para o que, pelo menos segundo o filme, realmente importa para as mulheres: o amor.
O filme, que deveria, caso fosse uma produção de sucesso, transmitir para o espectador o tamanho da influência da francesinha não só no mundo da moda, mas também em toda a sociedade no século XX, e o seu papel fundamental no que viria depois a ser chamado de emancipação feminina, prefere se concentrar em um dos fatos mais desinteressantes e aborrecidos da vida da estilista, partindo de uma presumpção equivocada a respeito da influência que os eventos tratados no filme tiveram ou teriam tido sobre Chanel. Mas tem dia que parece que é de noite, como diria o meu avô, e o que temos é uma produção cachorrenta, vira-lata, vagaba e safada, que desfila atuações frouxas e sem energia, que em nada são ajudadas pelo roteiro pouco flexível. Audrey Tatou, que lembra vagamente as feições de Coco, tenta trazer alguma energia ao filme, mais peca pela caracterização rígida demais. Os momentos de felicidade vividas pela estilista, principalmente quando “descobre” poder amar também, são traduzidos para a tela por Tatou com um desconforto inquietante, o que revela até uma certa preguiça por parte da nossa Amelie (será que o semblante cada vez mais rígido de Audrey nos filmes é culpa do seu descontentamento por ter sempre que ouvir comparações cretinas com a sua personagem mais famosa, de incautos como eu?), que não encarna Chanel com a mesma energia que Marion Cotillard empregou na sua Edith Piaf.
Chapeleira Louca, antes de Depp
Dizem por aí que o filme é soporífero e pouco elucidativo (termina em 1919, ainda com Coco longe do seu auge criativo, e longe das perrengas encaradas pela estilista na Segunda Guerra) por culpa da estratégia de lançamento, já que promete-se um “Coco Depois de Chanel” para os anos subseqüentes, que revelariam a segunda parte da história. Como não encontrei fatos mais substanciosos sustentando esta tese, acredito que não veremos a segunda parte, já que este filme não foi lá o maior sucesso da França para merecer mais uma produção. E se viesse, caso fosse com o mesmo time incompetente no comando, e com atuações tão esculhambadas como as vistas aqui, que não venha nunca mesmo.
A diretora do filme, Anne Fontaine, que faz aniversário 2 dias depois de mim (15 de Julho, nós poderíamos dar festas nervosas juntos, com uns videogames em rede, Nintendinhos e tudo mais, e uns hamburgeres e suco de Uva pra galera matar a sede), tem créditos ESTONTEANTES no currículo, que inclui filmes como.... e como.... e tem também aquele outro, o....er..... xápralá. Aparentemente o Luc Besson estava ocupado demais para o cargo, o que configura basicamente o cenário ideal para o fim dos tempos.
Coco Antes de Chanel é um dos filmes que mais desrespeita o seu alvo que eu jamais vi, e não por pintar a sua protagonista com cores pouco agradáveis, e sim por ser um filmeco que empalidece perante a inesgotável influência existente na vida de sua personagem. Chego a achar até que Anne Fontaine se ressente da influência de Chanel, já que praticamente joga no lixo as conquistas da mulher, e as poucas que demonstra faz questão de diminuir ao apostar conseguir interpretar a psique do mito, trazendo a estúpida questão do amor perdido à tona. Por isso que eu digo: antes ler sobre a Chanel na Wikipedia do que morrer com 20 pilas vendo essa porcaria.
sem falar no poster adulterado pelo excelentíssimo e saudabilíssimo senhor Serra que transformou um cigarro em uma caneta.
ResponderExcluirAh concordo com tudo.
ResponderExcluirFiquei super decepcionada em não ter visto a criacão do sapato bicolor e o chanel n.5.