Sacode, moleca! Só na bateria, vai! Agora a cuíca! É isso ai, cambada. O Fomos ao Cinema já entrou no clima de Carnaval que arrefece os trópicos nessa época do ano. Por isso, nada mais carnavalesco do que pagar 10 pilas para assistir ao mais novo engodo da maior enganação britânica, Stephen Daldry. O Leitor (baseado no livro escrito pelo autor Bernhard Schlink) já merece entrar na lista de piores filmes indicados à categoria principal do Oscar. Lista essa que inclui maravilhas como Ghost, Atração Fatal, Chocolate, Regras da Vida, A Vida é Bela, Inferno na Torre e Aeroporto, entre outros. Sério, depois de terminados os excruciantes 124 minutos de projeção, eu pensei em mais de 30 filmes lançadas em 2008 que são superiores a esse exercício de pretensão vazia e tédio absoluto. Uma pena, pois a história e os temas levantados por ela poderiam gerar um belo exemplar do cinema, mas todo o impacto que esse filme poderia ter tido morreu na mão pesadíssima de Daldry, que prova mais uma vez que faz os filmes pensando no Oscar e nas indicações para si mesmo e para os seus atores/equipe técnica.
A história, contada da maneira mais batida possível, relata no ano de 1958 o relacionamento entre um jovem estudante alemão, Michael Berg (interpretado pelo inexpressivo novato David Kross quando jovem e pelo Ralph Fiennes quando mais velho) e uma cobradora de bondes 20 anos mais velha, Hanna Schmtz (Kate "cansei de salvar filmes ruins" Winslet), que se "entregam ao amor" (suspiros) para darem alguma cor às suas existências vazias e miseráveis (zzzzzzzzzzz). Em alguns países isso chamaria-se coação de menores, mas aparentemente na Alemanha pós-guerra ninguém era de ninguém. Depois de vermos close-ups abudantes (err....) nas derrieres dos dois atores (o que no dicionário do Daldry significa estabelecer intimidade entre dois personagens), algumas discussões (por culpa da rudeza de Hanna) e uma mal recebida promoção no trabalho por parte dela, ela resolve se mandar de Berlim, deixando o pobre Michael a ver navios. Tempos depois, já na fervilhante década de 60 (Beatles, Rolling Stones, maconha, LSD e todo esse barato lindo ai) Michael já é um estiloso estudante de direito, paquerando geral e se acabando nos cigarros e poses para a câmera (isso se chama desenvolvimento de personagem no livro de Daldry). Quando o seu professor Bruno Ganz (ele mesmo, o Hitler do A Queda e o Anjo do Asas do Desejo, já batendo na porta do céu) o leva para curtir um julgamento básico de criminosas nazistas em nome dos estudos, Michael mal pode acreditar quando, em uma coincidência daquela de fazer o roteiro do Homem-Aranha 3 parecer o Cidadão Kane, Hanna se levanta para depor entre as acusadas. Essa descoberta acaba levando o filme para o rumo de um típico drama de tribunal, mas sem qualquer tipo de suspense ou tensão, e sim um desfile de histrionices e momentos risíveis (como quando as outras acusadas começam a gritar histericamente contra Hanna), entrecortados com imagens de um Michael cabisbaixo na platéia da côrte.
Nem o básico esse incompetente do Daldry sabe fazer. O filme então busca lançar uma reflexão a respeito da culpa do povo alemão em relação ao Holocausto, algo que assombra o país até os nossos dias e que impede os agradáveis germânicos de compartilharem um senso maior de orgulho patriótico. E que, no caso, encontra uma rima no filme com os sentimentos conflituosos que Michael experimenta ao saber que a sua ex-amante era na verdade uma açougueira nazista. Mas, como já poderíamos esperar, Daldry falha miseravelmente em trazer qualquer tipo de impacto emocional para o enredo, que acaba se arrastando em um drama mixuruca de tribunal, fechando então com um estudo absolutamente desinteressante de personagens, já que acabamos não se importando com as reflexões e ações de Michael quando mais velho e já interpretado por um Ralph Fiennes no piloto automático, embora o filme jogue na nossa cara os clichês mais baratos dos dramas. A coisa fica tão desesperadora que Daldry não hesita em colocar o Ralph Fiennes para chorar copiosamente em uma cena, que pelo contexo que ocorre acaba soando tristemente hilária, como que tentando, por osmose, provocar algum tipo de reação na platéia, que a essa altura do filme já está entregue a um estado catatônico. O final, ridículo e anti-climático como todo o resto do filme, é a melhor parte, já que não existem palavras capazes de explicar a sensação de alívio que o espectador sente ao ver os créditos começarem a rolar na tela. Ufa! Acabou.
"Você está tentando me seduzir, Senhora Robinson?"
A única coisa que se pode tirar de positivo de toda essa mediocridade, como já era de se esperar, é a perfomance da Kate Winslet, que consegue tirar leite de pedra ao brigar como classe e garra pela sua personagem, lutando contra as inconsistências e peleguices do roteiro e as interpretações desinteressadas de seus colegas, transformando a sua Hanna Schmitz em uma figura tragicamente tridimensional e complexa, fazendo nós, pobres espectadores, quase simpatizarmos com uma figura pateticamente ignorante e que, por não compreender bem o seu papel na sociedade, acaba sendo capaz de atos terríveis, sem compreender a dimensão dos mesmos. Ela estava cumprindo ordens. De pessoas inteligentíssimas diga-se de passagem. O povo alemão sabe disso. Nós sabemos disso. A Academia, que ama os filmes de Daldry como o poeta ama os seus versos (wtf?), sabe disso. Antes de acabar, deixem eu dar notas para os três filmes dirigidos por Daldry, e que renderam ao diretor 3 indicações, um índice de 100% de aproveitamento sem igual na história do cinema.
Billy Elliot - 3
As Horas - 6
O Leitor - 5
As Horas - 6
O Leitor - 5
É. Nessas horas eu me pergunto: cadê o Framboesa de Ouro? Para chutar cachorro morto (Shyamalan, Tom Cruise, Eddie Murphy, entre outros defuntos) eles são batutas, mas na hora de peitar o Oscar e indicar um filme que esteja concorrendo na categoria principal, ai não, né?
Obs: dos outros 3 filmes indicados ao Oscar, 2 estreiam dois dias antes da cerimônia (Milk e Frost/Nixo) e um quase um mês depois (Slumdog Millionaire). Mas o Fomos ao Cinema é parrudo, e vai na marra falar sobre eles. Até do Frost/Nixon, Progressista? Sim. Vocês verão. HUHAUHAUHUAHUAHAUHAUHAUHAUHAUAHUAHUAHUAHUAA! (Modo Bela Lugosi off).
Bela Lugosi is dead. Bauhaus também.
Bela Lugosi is dead. Bauhaus também.
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