terça-feira, 4 de março de 2008

Michael Jackson: 25 anos do Thriller

Saiu no Brasil recentemente a edição comemorativa dos vinte e cinco anos de lançamento do disco mais vendido da história, Thriller, do maluco de carteirinha Michael Jackson. Edição luxuosa, contando com remixes de gente como o Kanye West, Wi.l.l.i.a.m (o dono do péssimo Black Eyed Peas), entre outros menos cotados. Tal lançamento não deixa de ser um oportunismo, quando lembramos a lama na qual a carreira de Jackson está afundada, e que ele lançará seu primeiro álbum de inéditas em sete anos brevemente. Mas não se pode descartar a importância de um disco que vendeu 50 milhões de cópias no mundo todo. A pergunta é uma só: o disco era tão bom assim? Ou foi o sintoma de uma era? Como artista musicalmente falando, Jackson não tinha nem de longe o mesmo talento de um Prince, por exemplo. Seu único disco verdadeiramente bom é o primeiro, o belo Off The Wall. Thriller é irregular, para dizer o mínimo (dependendo totalmente do talento do produtor Quincy Jones),e os que seguiram eram bisonhos. Bad, Dangerous e Invicible, todos decepcionaram amargamente o público de um artista de quem todos tanto esperavam. Lógico que a turbulenta vida pessoal de Jacko não ajudou em nada, com seus inúmeros casos de pedofilia na casa dos horrores, mais conhecida como Neverland. Dica: se um dia for chamado para ir lá, educadamente decline do convite. Não é uma idéia, digamos, sadia. Mas agora, farei um faixa-a-faixa do disco que um dia ficou 27 semanas em primeiro lugar na parada da Billboard, e que colocou sete das suas nove faixas no top-10 americano. Disseco aqui então Thriller, em homenagem a todos que, assim como eu, são filhos da amalucada década de 80:

Capa da edição especial de aniversário, mostrando Michael e seus amiguinhos Zumbis.

1-Wanna be Startin' Somethin": Música mais acelerada do disco, soa inevitavelmente datada, com suas gordas linhas de baixo e sintetizadores pouco sutis. O trabalho de percussão foi todo realizado pelo coisa -nossa Paulinho da Costa, e é o único destaque da faixa. Com um refrão safado e repetido à exaustão, a música, que é a mais longa do disco (passando dos seis minutos) gruda e cansa rapidamente. Bola fora do mito Quincy Jones, que talvez tenha tido pouco o que fazer, pela música ter sido uma das quatro do disco escritas por Jackson, que deve ter teimado para ela sair desse jeito.

2- Baby Be Mine: Uma das duas do músicas do disco a não virar single de sucesso (a outra sendo The Lady In My Life), é muito melhor que outras músicas de Jackson que viraram hits. Faixa que mais lembra o espírito do disco anterior, Off The Wall, com uma produção bem mais orgânica. Black Music de primeira, injustamente esquecida.

3-The Girl is Mine: Lixo. Dueto fraquíssimo de Jackson com Paul McCartney, que resultou no fim da rápida amizade dos dois e na compra por Jacko dos direitos das músicas dos Beatles, o que foi trágica para os fãs da banda, que se viram impossibilitados de ouvir as músicas do grupo nas rádios e canais de TV, o que segue até hoje. O jeitão jeca da música é explicado pela triste fase que McCartney viveu nos anos 80, lançando discos que virariam piada. Nem Jones salvou essa.

4-Thriller: Todos se lembram do icônico clipe (na verdade um curta de quinze minutos), que lançou a MTV ao status de "canal jovem", algo que ela começa a perder somente agora, com o advento da internet. Mas quanto a música em si, méritos totais para Quincy Jones, que constrói um clima tenso e arrebatador utilizando basicamente apenas sequências infernais de baixo , sampleadas milhões de vezes por produtores, rappers e o escambau, com intervenções ocasionais precisas de metais, guitarras e sintetizadores. O refrão, majestosamente cantado por Jackson, presta uma homenagem dele aos seus filmes de terror favoritos (John Carpenter, Dario Argento, entre outros). Inicia a sequência de três canções que acabaram quase que sozinhas criando o status do disco.

5-Beat It: Com um riff de guitarra tocado por Eddie Van Halen (pasmem), Beat It é a canção mais "rock" do disco. O riff é melhor do que muitos que Van Halen produziu na sua própria banda, o que me leva a imaginar toda a grana que ele ganhou para tocar com Jackson. Ao invés do riff ser tocado repetidamente, nas pontes eram repetidas rápidas sequências de guitarra junto da bateria, para o riff entrar, gloriosamente, junto do refrão, em outra bela sacada de Quincy Jones. Rola até um solo de Van Halen no meio da música. Era impossível uma canção como essa não virar hit. Jackson tentou repetir a parceria com um guitarrista virtuoso ao convidar o Slash do Guns N' Roses para tocar na música Black and White, do álbum Dangerous, mas o resultado passou muito longe da excelência dessa. E deixou o Axl Rose louco da vida com Slash, já que até hoje ele reclama dessa "traição".

Michael e Quincy Jones, com dois dos trezentos Grammys ganhos pelo Thriller

6-Billie Jean: Os 4 minutos e 54 segundos mais espetaculares da história do pop. Nunca foi feita uma música tão perfeita quanto essa. Classuda do começo ao fim. Jackson e Jones estavam inspiradíssimos, e a música é referência para toda a produção musical até os dias de hoje. Sim, nós sabemos bem que o filho não era do Michael (ele não parece ser muito chegado, sabe como é), mas nem isso apaga a excelência dessa canção.

7-Human Nature: Música mais calma do disco, não mantem o nível estratosférico da canção anterior. Tem o jeitão das baladas daquela época, poderia ser facilmente composta por um Phil Collins da vida. Isso não pode, de maneira alguma, ser um elogio.

8-P.Y.T. (Pretty Young Thing): Constrangedora tentativa de Jackson soar como um garanhão pegador. Funkzinho sem maiores pretensões, que não consegue passar no teste do tempo, soando datado e quadrado. Péssimo uso de vocoders, que somente começam a encaixar bem em canções hoje em dia, vide o bom uso deles por bandas como o Daft Punk, por exemplo. A música fez sucesso mais por osmose, seguindo o caminho aberto pelas outras músicas, que ciraram uma demanda altísisma de músicas do Jacko junto com os fãs, do que por méritos próprios.

9-The Lady in My Life: Canção que fecha o disco, é a única balada propriamente dita. A letra é fraquíssima, e a música não fazia muito para escapar do rótulo "mela-cueca", apostando numa estrutura totalmente convencional e livre de maiores surpresas e invencionices. Imagino que era um ás guardado por Jackson e Jones caso o disco não estivesse fazendo sucesso, mas como a situação se mostrou absolutamente contrária, a música acabou não precisando sair à tona. Um desfecho nada satisfatório, mas que serviu apenas como, digamos, reserva de mercado.

Depois de tudo isso, é fácil perceber o quanto esse disco é superestimado. As 50 milhões de cópias devem-se à trinca fortíssima do meio do disco, Thriller, Beat It e, principalmente, Billie Jean, todas fruto do talento de Quincy Jones, muito mais do que o talento de Michael Jackson como compositor. O próximo disco de Jackson, que sairá ainda nesse ano, será produzido pelo incauto do Wil.l.i.am, o que não é nada promissor, já que é sinõnimo de samplers dolorosamente óbvios e melodias construídas todas em cima de onomatopéias, como vimos dezenas de vezes nas canções do Black Eyed Peas. Essa é a vantagem do Prince, que nunca precisou se apoiar em produtor nenhum, já que é capaz de emular uma banda inteira sozinho. Mas Thriller tinha o seu valor, com certeza, não tiremos isso de Jacko. Isso não!

Um comentário:

  1. eu uma pessoa qe jamais se esqecida por que a morte e di um vida para ou minha hormenage au erteno rei do pop .............

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