sábado, 29 de novembro de 2008

Elementos para uma História do High-five

[Prólogo à História do High-five entre os Povos do Ocidente, circa este sábado, à tarde.]

Dentre tantos que já pensaram em escrever sobre tantos assuntos que há, jamais houve quem se interessasse por escrever uma história do High-five, tendo eu pesquisado muito e nada encontrado, o que muito me surpreendeu, se não chocou de fato. Porque o High-five é coisa que precede em valor e importância a muitas outras a respeito das quais, no entanto, muitos livros já foram escritos por homens nobres. Foi pensando nisso que decidi escrever esta história do High-five entre os povos do Ocidente porque, se não há livros, não se poderá ler a respeito de assunto algum, seja lá como for. E porque grandes homens praticaram este High-five em momentos que agora e sempre serão lembrados pelo benefício que trouxeram aos homens, uma história do High-five é a história dos homens que o fizeram para que sem o High-five o mundo não afundasse em discórdia e mexerico. Mesmo havendo quem torcesse o High-five e dele fizesse veículo da injustiça e da opressão, porque o que é bom foi feito mal para que o mal fosse muito pior do que é e se mostrasse sumamente mau, como as escrituras dizem. Mas o High-five, todos o sempre souberam desde que há na terra homens, é paz, justiça, amor, fraternidade, união, igualdade, dancinha, liberdade, e porque é tudo isso é que resolvi escrever e assim garantir que jamais outra vez o High-five seja usurpado pelos homens ímpios que há aos montes.

E para que esta história do High-five seja devidamente composta, achei por bem visitar todos os locais onde o High-five foi feito em momentos decisivos, conforme me fosse possível, e quando não, procurei documentos e testemunhos de outros que porventura testificassem quem e por que fez o High-five em qualquer circunstância que me parecesse importante que o tivessem feito, e dessa maneira conferir por mim mesmo a veracidade do High-five. E é nesse grande espírito que é o do High-five que dou fé de que o que aqui vai escrito não é só verdade, como também não mente, e se o faz, é por engano meu; e por isso peço que quem o note o corrija, porque isto me será bem, e não mal, para que o High-five seja conhecido como deve ser, não só aqui, mas em toda a parte em que é feito, e mesmo onde não o é, para que assim passe a ser, e faça o seu bem conforme é.

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Também o High-five pode ser vítima da institucionalização, esfacelando-se seu espírito de celebração democrático e fraterno. A alegoria imperial nazifascista, tirada diretamente à mente do Führer, sabidamente fascinado pela Antiguidade Clássica, apropriou-se do já apropriado High-five romano. O nazifascismo só se beneficiou em sua mística com o ancestral apelo do cumprimento, cuja origem é incerta, remontando à Palestina abraâmica.


Churchill era adepto do hoje ultrapassado High-two, de natureza aristocrática (note-se que não há contato físico). Não podia imaginar ele que o High-two seria descaracterizado justamente pelo movimento hippie. Imagem oportuna para lembrar que o estabelecimento do High-five contemporaneamente não se fez sem a concorrência de um sem-número de gestos a que, embora exercendo perfeitamente seu papel comunicativo, falta a energia e riqueza simbólica do que se tornaria uma postura face à vida, transcendendo o mero cumprimento.


A recuperação do pequeno Timmie sem dúvida alguma não seria possível sem o suporte terapêutico do High-five, como a comunidade médica vem experimentando com sucesso cada vez maior entre os mais diversos pacientes.

Nesta ilustração extraída de um manual de medicina, ensina-se como fazer o High-five corretamente, de modo a não lesionar qualquer músculo ou prejudicar a coluna, obtendo um efeito eufórico pleno.

A grande influência do High-five sobre a cultura pop. Neste episódio de Seinfeld o High-five é recontextualizado e apresentado como sinal de parvoíce, imbelicidade, inépcia, obtusidade. Era a consagração do personagem David Puddy, intepretado por Patrick Warburton. Nada mais afinado com o espírito democrático e aberto do High-five que a sátira social inteligente.

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