Inimigos Públicos é filme de macho pra macho, segundo uma estética muito macha que Mann veio aperfeiçoando até chegar aqui mais sóbrio e nos entregar sua visão do romantismo macho, essa modalidade original dos romantismos. Mulheres deveriam mesmo acreditar senão no romantismo macho, que é claro que cobra seu preço em que talvez seu amante não volte, garota, porque o romântico macho crê que prova de amor é indispensável e que é dada apenas sob a forma de algum heroísmo, que como todo heroísmo é estritamente inconsequente e perigoso. É meio sexista, pois propõe que o mundo é o mundo do herói, no qual a mulher só pode ser aquela que precisa ser salva. Sexista, condescendente, etc e tal, mas muito bonito, como mostra Mann.
Pelamor, alguém me salve do mal!
Cada cena é obra de ourivesaria, ou coisa que o valha, latejando em nossas cabeças depois da sessão e nos garantindo que se trata de um espetáculo, de muito bom gosto, conforme deveriam ser dois em cada quatro filmes lançados, os outros dois sendo um de mau gosto intencional e o outro de mundo cão em estética modernista. Isso até vir algum gênio sob a inspiração de Shiva para restabelecer o Espírito desencarnado das artes nas artes e assim nos tirar do atoleiro de cinismo que matou John Hughes, acho eu, se é que não foi a Baader-Meinhof 15ª geração.
Marion Cotillard pode negar o 11 de Setembro e, dependendo do dia, o Holocausto, contanto continue sendo bijuzinho como aqui, emocionando o fundo do peito amigo macho mediante sua presença francesa exportação, naturalmente kitsch, mas por isso mesmo incrivelmente consumível. E Johnny Depp é o John Dillinger romantizado que Mann pediu a Deus, caindo morto covardemente varado de bala com a gentileza de galã hollywoodiano que se acha mais do que isso, talvez um tipo de Dillinger legalizado, como se Depp cumprisse os desejos consumistas de bon vivant do assaltante de 1930 estrelando num blockbuster como a versão bucaneira de Keith Richards, mas eu posso estar enganado.
No banco de trás, a mulher observa os homens sendo homens.
Como o eixo narrativo é a história de amor de Dillinger com Billie Frechette, pode levar a namorada, que mais gostará quanto menor for seu coeficiente libertário, mas lembrando que, segundo Michael Mann, namorar mulher libertária é o mesmo que namorar homem.
Hahaha, se acaso você realmente cortar sua orelha, vai ter que enviá-la por email.
ResponderExcluirSó posso continuar existindo virtualmente pra me manter nesse pretenso pedestal (: