terça-feira, 30 de outubro de 2007

A Copa do Mundo é nossa. Com brasileiro, não há empreteira que possa

É, cambada, o que ninguém esperava aconteceu. A FIFA anunciou hoje, às 12:30, que o Brasil será a sede da Copa do Mundo de 2014. Um anúncio absolutamente surpreendente. Acho que desde 1950 todos nós sabíamos que essa Copa seria aqui. Éramos os únicos concorrentes (Colômbia e Argentina saltaram fora por serem países, digamos, mais sérios), já que, pelo rodízio da FIFA, essa Copa teria de ser realizada obrigatoriamente na América do Sul, o que tirou potenciais concorrentes europeus, asiáticos e a Austrália da disputa. Mas mesmo assim, mantiveram a palhaçada, com direito a anúncio oficial com transmissão pela Rede Globo, sempre pronta para servir de boba da corte da nação. Nossa, quanta emoção. NENHUM estádio brasileiro tem qualquer condição de sediar uma Copa, de acordo com os estatutos de segurança da FIFA. Nem Maracanã, nem Morumbi, nem Arena da Baixada. Nenhum. Ou teremos de fazer 14 novos estádios ou teremos de fazer reformas profundas em todos eles. O que significa o de sempre: bilhões de dólares que serão desviad... quer dizer, utilizados para a construção dos mesmos. O governo sorri. A Globo sorri. A CBF sorri. O Paulo Coelho, que participou da equipe brasileira que foi fazer lobby pra gringaiada na sede da FIFA em Zurique e que eu nunca vi falar de futebol na vida, sorri. E quem pagará o pato seremos, como sempre, eu e você, financiadores dessa pataquada (iniciativa privada nenhuma irá bancar sozinha essa Copa inteira, nem sonhem com isso). E as cidades brasileiras? Afinal, São Paulo e Rio são duas das cidades mais seguras do mundo, com eficientíssimos sistemas de transportes, túneis que desmoronam e o escambau. A velha história de sempre. Quanto ao papo de que "uma Copa somente ajudaria a melhorar a infraestrutura das cidades envolvidas", mais groselha no ar. Os seis últimos países que sediaram uma Copa foram, pela ordem: Itália, EUA, França, Coréia do Sul/Japão e Alemanha. Precisa falar do abismo que separa essas nações da nossa, em qualquer tipo de critério? Financeiro, social, escolham o nome e chorem. Copa do Mundo não vai acabar com as infindáveis mazelas que assolam essa República. O México, que sediou a Copa em 1986 pela segunda vez por culpa da desistência da Colômbia (é, parece que lá o pessoal é mais vivo pelo menos), o fez numa época em que não existiam exigências tão criteriosas para se sediar um Mundial como as de hoje em dia, muito por culpa dos eventos lamentáveis ocorridos em estádios ingleses nos anos 80 que fizeram a FIFA fazer marcação cerrada nas condições dos estádios que sediassem eventos por ela subsidiados. Além de tudo, os estádios no México são muito melhores que os nossos, sobre qualquer prisma. Por isso tudo, lamento demais a politicagem da FIFA, e lamento mais ainda ter de servir de muleta para eminências pardas da política nacional (Lula, Ricardo Teixeira) encherem seus egos e outras coisas também. O negócio é zoar com a cara da FIFA: vamos exigir que a Rua Javari seja a sede paulistana do evento. Adoraria ver um Holanda e Argentina sendo jogado no amabilíssimo campo da Moóca, com aqueles vendedores de algodão doce tacando coisas na muringa dos jogadores, torcedores cuspindo nos jões que errassem passes de dois metros. Realidade, lance os seus implacáveis lencóis da vergonha sobre as nossas cabeças.

Um comentário:

  1. Colombo, fecha a porta dos teus mares e manda a copa pr'Europa.
    Se for mesmo aquí, uma MP qualquer deveria permitir que se usasse recursos do FGTS para construir a imagem do Lulabrás 2012.

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