quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

As palavras desacompanhadas...




Sozinho, estado lastimável na urbania cotidiana: "não, não posso dar um abraço virtual, não é a mesma coisa"; "numa festa onde as pessoas pulam, se divertem, não acontecia o mesmo comigo".




Em ambos os casos: numa festa abarrotada e na vida virtual, sintomas de solidão podem aparecer, sintomas de incomunicabilidade evidente, de uma forma ou outra aquilo se agrava, pode se agravar. Como conviver bem com isso?

Imagine então: um sistema real de solidão, onde o calor humano existente só seja aquele vindo de você mesmo, existem casos ficcionais exemplares: Robison Crusoé; Conde de Monte Cristo; no meio audiovisual, o Naúfrago. A arte trata desse tema há muito tempo, é verdade. A solidão evidente, a física, é tratada há muito tempo na cultura geral, nem preciso dizer daquela que é somente pessoal, íntima.

São coisas que nos confundem, que nos oprimem, que nos desorientam. Perdemos as razões das coisas, somos imprudentes. A solidão hoje toma forma e denota muitos problemas, vemos nas cidades grandes, aquelas cheias de pessoas, a impessoalidade, a formalidade costumam ser artífices dela. E armam bem a rede, tomam prumo, nem percebemos e fomos todos capturados e solirariamente acreditamos que a internet romperá as barreiras, já tentou conversar por msn e por telefone e percebeu a diferença? Ou mesmo ao vivo, nem uma realidade a base de holografia substituirá o contacto, mas essa não é a questão que busco aqui.

Fui ver o filme "Eu sou a lenda", estrelado por Will Smith. Tal filme, tirando as cenas de ação do final, trata basicamente disto: solidão. Não precisa mais detalhes, o resumo é esse, nas horas do filme, vemos apenas o protagonista e seu cachorro nas maiorias das cenas, intercaladas por cenas predecessoras que levaram ao estado atual da cidade do protagonista. Ou seja, temos aí somente a solidão e suas justificativas, apesar do ator ser quem é, ele surpreende, pense: não é fácil atuar sozinho durante quase um filme inteiro. Altamente recomendável.

Ainda que não seja sensacional, o filme me fez refletir: estava sozinho em casa, pensando um monte de coisas ao mesmo tempo: O filme, a morte do ator que faz o curinga, James Dean. Liguei para o camarada fundamentalista, esbocei tais idéias, ele fez um adendo:

"Não se esqueça do Phoenix, não se esqueça dele"

Sorri e desliguei o telefone, a morte de River Phoenix, por ingestão excessiva de barbitúricos. Traça aí um estranho coincidência com Heath Ledger, de causas mortis ainda confusa. Chegamos na vida de jovens talentos cujas mortes emergiram no auge da carreira. Merdas acontecem, o mundo é realmente estranho. Daí temos lendas, posso citar outros mais que sucederam da mesma situação, todos tão lendários quanto: atores e atrizes se perdaram nesse mundo de drogas e afins, mas essa não é a questão, a solidão era o que queria abordar, a solidão de um lenda, as lendas caminham sozinhas, mas sei que o novo Batman vai render uma boa bilheteria, triste infortúnio para arrecadação de bilheteria, mundo estranho.

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