terça-feira, 29 de abril de 2008

TOP 5 - Continental

Aviso: esse primeiro parágrafo será um clichezão vergonhoso de proporções dantescas. E o resto do texto será dolorosamente longo. Muito obrigado.

O fim da Guerra Fria, representado simbolicamente pela queda do Muro de Berlim em 1989, e o advento da Internet ,em meados de 1994, acabaram gerando uma nova era nesse mundo tão redondo e inchado no qual vivemos. Sim, a Globalização, que uniu povos e culturas dentro de uma mesma rede de comunicações e negócios. Na parte cultural, essa mudança não poderia passar desapercebida. Um filme nem bem é lançado nos States e já tem fotos e traillers rodando em computadores na Malásia. Ou então em Angola, Suriname, México, Austrália, Canadá, todos esses países ai, que ontem nem energia elétrica tinham, e hoje são potências globais. Dentro desse panorama tão amplo e abrangente, gostaria então de fazer um Top-5 dos melhores filmes já feitos nos seguintes continentes: América Latina, África, Ásia, Oceania e Rússia (antiga Atlântida, depois de ser redescoberta por Jaques Costeau). Não farei com a América do Norte e com as Zoropa, pois esses continentes possuem bons cinemas. É isso mesmo. O quê, a Rússia não é continente? Como é que se fala talk to the hand em russo? Tem algum leitor russo ai? O maluquinho do comercial da operadora de tv a cabo, o tal do Skavurska? Há, ele é apenas um ator careca se passando por russo? Ué, se ele pode fingir ser russo, por quê a Rússia não pode então ser continente, pombas? É grande pra caramba, tem um monte de terra, gelo e o escambau. E as russas, hein? Hein? HEIN?


OCEANIA
5- Pic-Nic na Montanha Misteriosa -Austrália
Obra-prima de Peter Weir, um filme sensível sobre um grupo de mulheres que se reúne para um piquinique numa montanha misteriosa, cheia de árvores falantes, elfos, hobbits e Golluns. O sucesso do filme inspiraria o diretor Neo-Zelandês-gordo Peter Jackson a filmar sua trilogia dos anéis, Senhor dos Anéis, na mesma montanha misteriosa. Pela primeira vez foi ouvida a famosa expressão de Gollum, "my precious", quando o bicho (é isso mesmo?) observa uma das meninas tomando banho numa cachoeira. Pervice das grandes, mas o mito nascia ali. Nenhum dos três filmes dos anéis de Jackson entrou nessa lista, uma pena.




4-Encantadora de Baleias - Nova Zelândia
Como o filme americano Free Willy foi um sucesso devastador na Nova Zelândia, e os espectadores do país ficaram putos da vida com a seqüência Free Willy 2, achando-a desrespeitosa com a baleia, o governo Neo-Zelandês resolveu (UEBA!) chutar a barraca e bancar uma seqüência por conta própria. Chamaram a famosa diretora australiana Olivia Newton-John (o que causou o rompimento das relações diplomáticas entre os dois países) para comandar a produção. Infelizmente não conseguiram contratar o Gorila Keiko, astro do filme yankee, mas deram a sorte de conseguirem com Steven Spielberg a liberação do tubarão mecânico que ele utilizou para fazer o filme Tubarão. Como tubarão e baleia é tudo a mesma coisa, o resultado ficou perfeito, e o temperamento explosivo que Willy mostrou nesse filme (como na épica cena na qual ela devora a pobre Encantadora de baleias-mirim) acabou sendo entendido como uma mudança natural para a baleia, depois de ter pulado tão alto no primeiro filme. . Um clássico, desde já.

3-Mad Max 1- Austrália
Filme que lançou ao mundo o mito Mel Gibson, contou de maneira épica a vida do grande filósofo alemão Karl Marx. Soou polêmica a escolha da produção de tirar a letra R do nome no título, já que soava melhor foneticamente falando o título Mad Max do que Mad Marx (tentem ai em casa, é mais fácil mesmo). Essa pequena licença poética não tira em nada o brilho do filme, que mostra um devastado mundo pós-guerra de classes, com Karl e seu melhor amigo Engels (interpretado com maestria pela Tina Turner) liderando os sobreviventes numa épica luta pela sobrevivência. Importante, e combativo.



2-Mad- Max 2 - Austrália
O que era bom, ficou ainda melhor. Depois do desbunde que foi o primeiro Mad-Max, os produtores conseguirem trazer um filme ainda mais impactante. Mais voltado para a comédia do que para a aventura, mostra os amigos Marx e Engels (mais uma vez a excelente dobradinha Gibson-Turner) lidando com a chegada de um aventureiro parrudaço e ciumento, Ike Turner (interpretado pelo próprio), que chega alegando que a divisão de capitais também precisa passar necessariamente pelo campo amoroso, a famosa divisão extra-marital, o que gera um triângulo amoroso de proporções imprevisíveis. Agradabilíssima homenagem às comédias românticas da Classic Hollywood, ainda que alguns tenham criticado o tom do filme (totalmente diferente do primeiro) e a violência (Ike espanca Engels selvagemente durante o filme). Tonhos, é uma pérola linda, e combativa.



1- Crocodilo Dundee - Austrália
Filme-documentário vital, que mostra o maconheiro gente boa Paul Hogan narrando a épica luta pela sobrevivência dos crocodilos aborígenes no Outback australiano. Como o ambiente desértico o lugar não é nada favorável para esses répteis, e a concorrência com os Cangurus e Koalas selvagens não ajudando em nada, os pobres crocodilos estavam sendo dizimados. Com esse documentário brilhante, Hogan conseguiu atrair os olhares do mundo para o sofrimento dos crocodilos. O sucesso estrondoso do filme gerou uma continuação (o inferior Crocodilo Dundee 2, que mostrava a migração dos crocodilos para os EUA), e imitações questionáveis, como o fraquíssimo Marcha dos Pinguins (Morgan Freeman não chega aos pés de Hogan na narração, e os pinguins são menos importantes que os crocodilos). Maior filme da história da Oceania, sem dúvida, apesar da produção recente da Papua-Nova Guinea merecer atenção. E combativo.



ÁFRICA (notável a influência governamental na produção dos melhores filmes desse continente, um exemplo a ser seguido por todos).


5-Uma Aventura na África - Martinica
Em 1950, o governo da Martinica resolveu mostrar ao mundo toda a efervescência desse ex-colônia Germânica. Chamaram o único diretor do país, John Huston, e pediram para ele dar um call nas estrelas internacionais Katherine Hepburn e Humphrey Bogart para estrelarem esse belo libelo das savanas Martinicanas. Muitas rainhas, leões, e um toque perfeito de canibalismo fazem desse filme uma obra-prima do cinema de lá, que hoje infelizmente não possui a mesma força. Não é mais combativo.


4-Cleópatra -Egito
O governo egípcio estava chateado. Hollywood não dava a mínima para as lendas dos faraós, preferindo filmar épicos bíblicos e filmes longos e caros sobre a Segunda Guerra. Tristonhos e infelizes, resolveram chutar o pau da barraca, pegando a metade de todo o PIB do país (cinqüenta milhões de dólares na época, que hoje corresponderiam a 300 milhões) e colocando em prática um sonho: filmar a história da mais perva das dominatrixes, Cleopátra, a egípcia enxuta que mexeu a cabeça do tonho do Julio César (interpretado por um ainda jovem Ben Affleck) e virou faraona (é assim que se escreve?) por saber lidar com serpentes e o escambau. Chamaram a maior estrela egípcia da época, Elizabeth Taylor, e o milagre foi feito. Suntuoso, luxuoso, um arraso. As 16 horas de duração do filme em nada diminuem seu impacto ante as platéias da época, e as platéias de hoje, e as platéias de qualquer era, sempre em deleite ao assistirem o filme.

3-Congo -Congo
O Governo Congolês enfrentava um dilema pervo em 1995: tinham os mais belos gorilas do mundo, mas não tinham meios de divulga-los para o mundo. Chamaram então o escritor americano Michael Crichton e pediram que ele escrevesse um roteiro delicioso, um noir de rara classe, envolvendo mulheres fatais (a maior estrela congolesa viva, Laura Linney) e gorilas investigadores, que fumavam feito chaminés e davam murros na mesa. Nem Bogart teria feito melhor. O Gorila Keiko foi tão bem nesse filme que acabou sendo chamado para fazer duas belas produções yankees, Free Willy (filme favorito do Boça) e King-Kong, o remake. Delícia!

2-Epidemia - Zaire
O vírus Ebola estava dizimando a população do Zaire (que hoje em dia não chama mais Zaire, infelizmente). Enciumados com o sucesso da empreitada do rival Congo no filme que ficou ai em cima na terceira colocação, os Zairenses resolveram chutar também o pau da barraca e produzir um mega-filme sobre o perigo do vírus pervo. Dustin Hoffman, lenda Zairense, foi convocado para estrelar esse filme importantíssimo, interpretando um médico autista às voltas com o vírus pervo e o seu irmão boyzinho, yuppie e cientólogo, um clone do Tom Cruise mais jovem. O filme acabou sendo vital para o fim da ameaça do vírus naquele país, já que todas as pessoas que assistiam e que estavam contaminadas acabavam se curando depois da projeção. Disse Dustin Hoffman na época: “o filme é maravilhoso, e eu curei o vírus. Roots.”.

1- Hotel Ruanda - Ruanda
Filme que mostrou o genocídio dos judeus da perspectiva de um gerente de um hotel da capital de Ruanda, interpretado pelo astro internacional Don Cheadle. As mazelas do país foram expostas, traçando um belo paralelo com o sofrimento dos judeus na Primeira Guerra de Franz Ferdinand. Cheadle chegou a ligar para o Parlamento Alemão, com boas intenções de amizade, e foi bem recebido. Nas palavras da primeira-ministra Germânica, Margaret Tatcher: “Filmaço. Um êxito em termos de combatividade. Dank, Ruanda, dank“.




ÁSIA


5-O Tigre e o Dragão - China
Filme lindo, com muita gente voando e cenários belos, e neve, e mulher lutando.







4-O Clã das Adagas Voadoras- China
Filme lindo, com muita gente voando e cenários belos, e neve, e mulher lutando.









3-Kundun - Tibete (embora não tenha ainda sua independência reconhecida pelo governo Chinês)
Não é um filme lindo, não tem gente voando nem cenários belos, nem neve, e nem mulher lutando, mas é importantíssimo. Filme mais oriental do diretor italiano Martin Scorcese, conta com rara parrudagem a lenda do Dalai Lama, e dos Dalais Lamas que vieram antes dele, que se chamavam também Dalais Lamas e eram todos herdeiros de Buda. Brad Pitt foi contratado por Buda em pessoa para fazer o filme, e com belas técnicas de maquiagem e uma boa máquina de barbear, ficou carecote e mandou ver no semblante sereno e calmo do Dalai. Alguns criticaram a sua escolha, já que ele é americano e o Dalai Lama tibetano, mas ele disse na época do filme: “eu não sou tibetano, mas sou combativo”. Filme maravilhoso e karmático.



2-Gandhi - Índia
Dirigido pelo famoso diretor indiano Sir Richard Attenborough e interpretado com maestria pelo maior astro indiano Sir Ben Kingsley, mostra a luta e a vida do maior líder do mundo, Indira Gandhi, e seu manifesto pacífico de não-violência (uma redundância em termos) contra a opressão dos órgãos de imprensa britânicos, e seus ávidos papparazzis. Federico Fellini fez uma ponta, como um fotográfo boa vida, cheio de ginga e malandragem. A cena do funeral de Gandhi (morto numa perseguição de carros com os paparazzis num túnel de Calculta) teve inacreditáveis seis bilhões de figurantes, um recorde, já que superava em muito a população mundial da época. Importante, e combativo.



1-Lawrence da Arábia -Arábia
Clássico -épico -mundial- lindo. Enciumados com o sucesso arrasador de Cleópatra, dos vizinhos e rivais africanos, os egípcios, o governo Árabe resolveu trazer a verdade á tona, contando a história do maior faraó de todos, Lawrence da Arábia, que saiu de sua Arábia natal para mostrar para o povo do Egito como é que se fazia. A escolha de Peter O’Toole para interpretar o faráo não pegou legal, mas o sotaque britânico do ator encaixou como uma luva no tom do filme. Depois disso, o grande diretor Árabe Sir David Lean iria para o continente russo, onde filmaria outra obra-prima que estará logo aqui nesse post.



RÚSSIA
5-Anastácia - Rússia
Desenho lindaço, simpático e doce sobre a princesa perdida, Anastacia, que sobreviveu ao massacre bolchevique dos Romanov e foi viver incógnita nas selvas Amazônicas, onde aprendeu com os índios a pintar, desenhar em pedras, caçar com arco -e- flecha e fazer o ritual do acasalemento (o famoso "vamos fazer nenê" indígena, parrudagem da nossa terra de Alencar e Andrade). A Disney russa gastou milhões nesse filme, que mostrou que os soviéticos também podem fazer desenhos lindos, interessados e combativos.



4-Doutor Jivago - Rússia
O diretor árabe Sir David Lean foi para a Rússia em 1964, convidado pelos comunistas, para filmar um épico delicioso sobre o Doutor Jivago, símbolo da resistência monárquica no meio da revolução vermelha, um reconhecimento dos simpáticos comunas ao espírito de luta dos Romanov e asseclas. Omar Sharif, maior ator russo de todos os tempos, foi chamado para interpretar o médico bigodudo, e não decepcionou, entregando um desempenho saudável e impactante. Julie Christie mostrou voluptuosidade e cavalagem como a amante americana de Jivago, e Rod Steiger (favorito do Fundamentalista) voltou a mascar chicletes com categoria. Os 456 minutos do filme são puro desbunde, e combativos.


3-Caçada ao Outubro Vermelho - Rússia
Com o fim do comunismo, Boris Yeltsin (o Zeca Pagodinho russo) resolveu mostrar que o seu país tinha deixado de vez para trás o passado vermelho, filmando essa historia explosiva e impactante sobre a cruzada de um agente yankee (Alec Baldwin) contra os pervos da KGB. O clone de Sean Connery feito para o filme 007-From Russia With Love (que estará logo aqui na lista) foi reutilizado para esse filme, com rara galhardia e doçura. Yeltsin foi acusado de traição pelos russos, mas o filme se sustenta pela qualidade do seu roteiro, escrito pelo mítico escritor russo Tom Clancy (autor de Crime e Castigo e Anna Karenina, entre outros).


2- O Rei e Eu -Rússia
Maior musical russo de todos os tempos, mostra um hipotético futuro no qual a Rússia seria dominada por um exército de carecas pervos, ao invés dos Comunistas Camaradas de Lenin. Yul Brynner comanda todo o filme com seus passos de guarânia (dança típica da Rússia) e mostra pé-de-valsa ao dançar com a russinha coisa-boa Deborah Kerr. Palavras de Joseph Stalin sobre o filme: “Gostei. Carecas são trabalhadores incansáveis, e eu sou cabeludo. E combativo também. Cheiquir ”.


1-007-From Russia With Love - Rússia
Os comunistas estavam putos. Como os filmes ocidentais eram proibidos no país, o comércio de DVDs piratas no mercado negro estava avassalador na década de 60. A série 007 era um sucesso entre os russos, e o governo resolveu então chutar o pau da barraca. Vendeu umas ogivinhas nucleares para o Paquistão e, assim como fizeram os australianos com o Free Willy, filmaram a versão soviética do agente mais britânico de todos os tempos. O apuro foi tanto, que os cientistas russos conseguiram criar um clone perfeito do ator Sean Connery, eliminando logicamente o sotaque escocês. O clone era tão perfeito, que os russos acabariam o emprestando para o governo brasileiro realizar o filme 007 contra o Foguete da morte anos depois (como a série original estava com Roger Moore como protagonista, o governo brasileiro teve de se virar com o clone de Connery mesmo, mas felizmente ninguém notou a diferença). O alto custo do filme infelizmente acabou por jogar a U.R.S.S. na lama, e a produção do país só seria ressuscitada por Yeltsin no já citado Caçada ao Outubro Vermelho. Mas o clássico ficou, mais combativo do que nunca.



AMÉRICA LATINA


5-Buena Vista Social Clube - Cuba
Maior feito do diretor Cubano Wim Wenders, mostra com galhardia e docência as aventuras e desventuras de um bando de simpáticos velhinhos cubanos, que ao entrarem em contato com casulos alienígenas, acabam ficando com a força de jovens de 20 anos de idade, podendo até jogar basquete numa boa. Destaque para a grande atuação do paraguaio Don Ameche, de rara parrudagem.




4-Jamaica Abaixo de Zero -Jamaica
Quando Bob Marley morreu, a Jamaica ficou sem um símbolo para representar o país no exterior. O que fazer, se perguntaram os chefes do governo jamaicano? Ai, eles lembraram do sucesso do time de trenó nas Olimpíadas de Inverno de Los Angeles em 1984 e resolveram contar ao mundo a história do time, desassociando definitivamente a imagem do país de Marley. John Candy (in memorian) foi chamado pra dar uma liga como técnico dos esforçados Jamaicanos (pra quem não sabe, faz calor pra caramba na Jamaica, o que não ajudava em nada o time de trenó a treinar), e a atuação de Jimmy Cliff (não creditada) como o atleta viciado em maconha que se livra do vício pelo poder do amor foi merecedora do Oscar do Coadjuvante (não creditado), não sem justiça. A cena final, com todos os atletas e Candy sentados, curtindo a vitória na santa paz de Jah, até hoje é lembrada com carinho. Jammin.

3- Maria Cheia de Graça - Colômbia
Biografia da cantora colombiana Shakira, mostrando sua juventude e seu passado como mula de traficantes, tendo de levar drogas para os EUA no estômago, e sua redenção final como cantora lasciva de sucesso. Shakira afirmou em entrevistas que adorou o material do filme, os paralelos que a narrativa fez de sua história com a da Virgem Maria, mas que a atriz escolhida para interpretá-la, Catalina Sandino Moreno, deixava muito a desejar no quesito “popozão”, empalidecendo perante a retaguarda vantajosa de Shakira. A resposta de Catalina foi franca: “ habla con la mano, bunduda!”. Grande filme, um exemplo para as meninas colombianas, e de outros países também. O pessoal na Guiana Francesa adorou também, acharam o filme combativo.

2-Brazil - Brasil
Filme mais famoso do diretor gaúcho Terry Gilliam, mostra um hipotético futuro no qual o país se mostra entregue a uma ditadura opressiva de coronéis e soldados, com muita opressão e perseguição, além de lavagens cerebrais opressivas. Como o país acabava de sair de uma ditadura parecida, veio bem a calhar. Robert de Niro fez exigências dantescas para participar do filme, como ficar o tempo todo numa bolha semelhante a usada por John Travolta no filme do moleque da bolha, para evitar o calor tropical e a violência do país. Não adiantou: bandidos furaram a bolha e apavoraram o ator nova-iorquino. Daniel Filho queria aproveitar a passagem de De Niro no país para chama-lo para fazer o seu filme O Romance da Empregada, mas esses eventos desafortunados impediram Filho de concretizar seu sonho (embora De Niro tenha engatado um tórrido, ardente e combativo romance com Betty Faria, entendendo finalmente por quê Tieta não foi feita da costela de Adão). Mas o filme é um luxo de combativo.

1-007 contra o Foguete da Morte - Brasil
No auge da ditadura militar, os generais que comandavam o país a ferro e fogo tinham dois sonhos: produzir a bomba atômica tupiniquim e, seguindo o sucesso da iniciativa russa, filmar a versão tropical do agente mais britânico de todos os tempos, James Bond. A bomba atômica ficou pra depois, mas o filme acabou saindo, para o nosso orgulho. Pegaram emprestado o clone de Sean Connery criado pelos russos para fazer o 007-From Russia With Love (filme que estará em breve nesse post) , para se passar pelo Roger Moore, e o sucesso foi total, já que ninguém notou a diferença. O clone foi inteligentemente rebatizado de Saulo Conério, um nome de rara felicidade e tupinicagem. O enredo, com os argentinos construindo um foguete para enviar uma bomba atômica para o Rio de Janeiro, aniquilando todos os brasileiros, e com Bond tendo de rebolar para salvar os brasileiros, e no final dar um chute nos fundilhos de Evita Perón (que, embora morta faz tempo na época do filme, virou a vilã do filme, em nome do apelo segundo os generais), acabou sendo uma bela injeção de ânimo para todo o povo, que estava chateado com a eliminação da Copa de 78. O filme foi o último suspiro da ditadura, que acabaria anos depois, com o trágico suicídio de Getúlio Vargas. Mas o general Figuereido não deixou o evento passar em branco. Palavras dele sobre o filme: “adorei. Aquele Roger Moore é um safado. Se fosse eu, descia o porrete. “ Essa declaração controversa gerou especulações sobre a orientação sexual do general e sua inteligência também, já que o clone era obviamente de Sean Connery, e não de Roger Moore, mas tudo foi esquecido com o tempo, e o filme, de rara combatividade, virou o melhor filme latino-americano de todos os tempos.
Alright?

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