O fim da Guerra Fria, representado simbolicamente pela queda do Muro de Berlim em 1989, e o advento da Internet ,em meados de 1994, acabaram gerando uma nova era nesse mundo tão redondo e inchado no qual vivemos. Sim, a Globalização, que uniu povos e culturas dentro de uma mesma rede de comunicações e negócios. Na parte cultural, essa mudança não poderia passar desapercebida. Um filme nem bem é lançado nos States e já tem fotos e traillers rodando em computadores na Malásia. Ou então em Angola, Suriname, México, Austrália, Canadá, todos esses países ai, que ontem nem energia elétrica tinham, e hoje são potências globais. Dentro desse panorama tão amplo e abrangente, gostaria então de fazer um Top-5 dos melhores filmes já feitos nos seguintes continentes: América Latina, África, Ásia, Oceania e Rússia (antiga Atlântida, depois de ser redescoberta por Jaques Costeau). Não farei com a América do Norte e com as Zoropa, pois esses continentes possuem bons cinemas. É isso mesmo. O quê, a Rússia não é continente? Como é que se fala talk to the hand em russo? Tem algum leitor russo ai? O maluquinho do comercial da operadora de tv a cabo, o tal do Skavurska? Há, ele é apenas um ator careca se passando por russo? Ué, se ele pode fingir ser russo, por quê a Rússia não pode então ser continente, pombas? É grande pra caramba, tem um monte de terra, gelo e o escambau. E as russas, hein? Hein? HEIN?
Em 1950, o governo da Martinica resolveu mostrar ao mundo toda a efervescência desse ex-colônia Germânica. Chamaram o único diretor do país, John Huston, e pediram para ele dar um call nas estrelas internacionais Katherine Hepburn e Humphrey Bogart para estrelarem esse belo libelo das savanas Martinicanas. Muitas rainhas, leões, e um toque perfeito de canibalismo fazem desse filme uma obra-prima do cinema de lá, que hoje infelizmente não possui a mesma força. Não é mais combativo.
4-Cleópatra -Egito
O governo egípcio estava chateado. Hollywood não dava a mínima para as lendas dos faraós, preferindo filmar épicos bíblicos e filmes longos e caros sobre a Segunda Guerra. Tristonhos e infelizes, resolveram chutar o pau da barraca, pegando a metade de todo o PIB do país (cinqüenta milhões de dólares na época, que hoje corresponderiam a 300 milhões) e colocando em prática um sonho: filmar a história da mais perva das dominatrixes, Cleopátra, a egípcia enxuta que mexeu a cabeça do tonho do Julio César (interpretado por um ainda jovem Ben Affleck) e virou faraona (é assim que se escreve?) por saber lidar com serpentes e o escambau. Chamaram a maior estrela egípcia da época, Elizabeth Taylor, e o milagre foi feito. Suntuoso, luxuoso, um arraso. As 16 horas de duração do filme em nada diminuem seu impacto ante as platéias da época, e as platéias de hoje, e as platéias de qualquer era, sempre em deleite ao assistirem o filme.
3-Congo -Congo
O Governo Congolês enfrentava um dilema pervo em 1995: tinham os mais belos gorilas do mundo, mas não tinham meios de divulga-los para o mundo. Chamaram então o escritor americano Michael Crichton e pediram que ele escrevesse um roteiro delicioso, um noir de rara classe, envolvendo mulheres fatais (a maior estrela congolesa viva, Laura Linney) e gorilas investigadores, que fumavam feito chaminés e davam murros na mesa. Nem Bogart teria feito melhor. O Gorila Keiko foi tão bem nesse filme que acabou sendo chamado para fazer duas belas produções yankees, Free Willy (filme favorito do Boça) e King-Kong, o remake. Delícia!
O vírus Ebola estava dizimando a população do Zaire (que hoje em dia não chama mais Zaire, infelizmente). Enciumados com o sucesso da empreitada do rival Congo no filme que ficou ai em cima na terceira colocação, os Zairenses resolveram chutar também o pau da barraca e produzir um mega-filme sobre o perigo do vírus pervo. Dustin Hoffman, lenda Zairense, foi convocado para estrelar esse filme importantíssimo, interpretando um médico autista às voltas com o vírus pervo e o seu irmão boyzinho, yuppie e cientólogo, um clone do Tom Cruise mais jovem. O filme acabou sendo vital para o fim da ameaça do vírus naquele país, já que todas as pessoas que assistiam e que estavam contaminadas acabavam se curando depois da projeção. Disse Dustin Hoffman na época: “o filme é maravilhoso, e eu curei o vírus. Roots.”.
Filme que mostrou o genocídio dos judeus da perspectiva de um gerente de um hotel da capital de Ruanda, interpretado pelo astro internacional Don Cheadle. As mazelas do país foram expostas, traçando um belo paralelo com o sofrimento dos judeus na Primeira Guerra de Franz Ferdinand. Cheadle chegou a ligar para o Parlamento Alemão, com boas intenções de amizade, e foi bem recebido. Nas palavras da primeira-ministra Germânica, Margaret Tatcher: “Filmaço. Um êxito em termos de combatividade. Dank, Ruanda, dank“.
Filme lindo, com muita gente voando e cenários belos, e neve, e mulher lutando.
4-O Clã das Adagas Voadoras- China
Filme lindo, com muita gente voando e cenários belos, e neve, e mulher lutando.
3-Kundun - Tibete (embora não tenha ainda sua independência reconhecida pelo governo Chinês)
Não é um filme lindo, não tem gente voando nem cenários belos, nem neve, e nem mulher lutando, mas é importantíssimo. Filme mais oriental do diretor italiano Martin Scorcese, conta com rara parrudagem a lenda do Dalai Lama, e dos Dalais Lamas que vieram antes dele, que se chamavam também Dalais Lamas e eram todos herdeiros de Buda. Brad Pitt foi contratado por Buda em pessoa para fazer o filme, e com belas técnicas de maquiagem e uma boa máquina de barbear, ficou carecote e mandou ver no semblante sereno e calmo do Dalai. Alguns criticaram a sua escolha, já que ele é americano e o Dalai Lama tibetano, mas ele disse na época do filme: “eu não sou tibetano, mas sou combativo”. Filme maravilhoso e karmático.
Dirigido pelo famoso diretor indiano Sir Richard Attenborough e interpretado com maestria pelo maior astro indiano Sir Ben Kingsley, mostra a luta e a vida do maior líder do mundo, Indira Gandhi, e seu manifesto pacífico de não-violência (uma redundância em termos) contra a opressão dos órgãos de imprensa britânicos, e seus ávidos papparazzis. Federico Fellini fez uma ponta, como um fotográfo boa vida, cheio de ginga e malandragem. A cena do funeral de Gandhi (morto numa perseguição de carros com os paparazzis num túnel de Calculta) teve inacreditáveis seis bilhões de figurantes, um recorde, já que superava em muito a população mundial da época. Importante, e combativo.
Clássico -épico -mundial- lindo. Enciumados com o sucesso arrasador de Cleópatra, dos vizinhos e rivais africanos, os egípcios, o governo Árabe resolveu trazer a verdade á tona, contando a história do maior faraó de todos, Lawrence da Arábia, que saiu de sua Arábia natal para mostrar para o povo do Egito como é que se fazia. A escolha de Peter O’Toole para interpretar o faráo não pegou legal, mas o sotaque britânico do ator encaixou como uma luva no tom do filme. Depois disso, o grande diretor Árabe Sir David Lean iria para o continente russo, onde filmaria outra obra-prima que estará logo aqui nesse post.
Desenho lindaço, simpático e doce sobre a princesa perdida, Anastacia, que sobreviveu ao massacre bolchevique dos Romanov e foi viver incógnita nas selvas Amazônicas, onde aprendeu com os índios a pintar, desenhar em pedras, caçar com arco -e- flecha e fazer o ritual do acasalemento (o famoso "vamos fazer nenê" indígena, parrudagem da nossa terra de Alencar e Andrade). A Disney russa gastou milhões nesse filme, que mostrou que os soviéticos também podem fazer desenhos lindos, interessados e combativos.
4-Doutor Jivago - Rússia
O diretor árabe Sir David Lean foi para a Rússia em 1964, convidado pelos comunistas, para filmar um épico delicioso sobre o Doutor Jivago, símbolo da resistência monárquica no meio da revolução vermelha, um reconhecimento dos simpáticos comunas ao espírito de luta dos Romanov e asseclas. Omar Sharif, maior ator russo de todos os tempos, foi chamado para interpretar o médico bigodudo, e não decepcionou, entregando um desempenho saudável e impactante. Julie Christie mostrou voluptuosidade e cavalagem como a amante americana de Jivago, e Rod Steiger (favorito do Fundamentalista) voltou a mascar chicletes com categoria. Os 456 minutos do filme são puro desbunde, e combativos.
3-Caçada ao Outubro Vermelho - Rússia
Com o fim do comunismo, Boris Yeltsin (o Zeca Pagodinho russo) resolveu mostrar que o seu país tinha deixado de vez para trás o passado vermelho, filmando essa historia explosiva e impactante sobre a cruzada de um agente yankee (Alec Baldwin) contra os pervos da KGB. O clone de Sean Connery feito para o filme 007-From Russia With Love (que estará logo aqui na lista) foi reutilizado para esse filme, com rara galhardia e doçura. Yeltsin foi acusado de traição pelos russos, mas o filme se sustenta pela qualidade do seu roteiro, escrito pelo mítico escritor russo Tom Clancy (autor de Crime e Castigo e Anna Karenina, entre outros).
2- O Rei e Eu -Rússia
Maior musical russo de todos os tempos, mostra um hipotético futuro no qual a Rússia seria dominada por um exército de carecas pervos, ao invés dos Comunistas Camaradas de Lenin. Yul Brynner comanda todo o filme com seus passos de guarânia (dança típica da Rússia) e mostra pé-de-valsa ao dançar com a russinha coisa-boa Deborah Kerr. Palavras de Joseph Stalin sobre o filme: “Gostei. Carecas são trabalhadores incansáveis, e eu sou cabeludo. E combativo também. Cheiquir ”.
1-007-From Russia With Love - Rússia
Os comunistas estavam putos. Como os filmes ocidentais eram proibidos no país, o comércio de DVDs piratas no mercado negro estava avassalador na década de 60. A série 007 era um sucesso entre os russos, e o governo resolveu então chutar o pau da barraca. Vendeu umas ogivinhas nucleares para o Paquistão e, assim como fizeram os australianos com o Free Willy, filmaram a versão soviética do agente mais britânico de todos os tempos. O apuro foi tanto, que os cientistas russos conseguiram criar um clone perfeito do ator Sean Connery, eliminando logicamente o sotaque escocês. O clone era tão perfeito, que os russos acabariam o emprestando para o governo brasileiro realizar o filme 007 contra o Foguete da morte anos depois (como a série original estava com Roger Moore como protagonista, o governo brasileiro teve de se virar com o clone de Connery mesmo, mas felizmente ninguém notou a diferença). O alto custo do filme infelizmente acabou por jogar a U.R.S.S. na lama, e a produção do país só seria ressuscitada por Yeltsin no já citado Caçada ao Outubro Vermelho. Mas o clássico ficou, mais combativo do que nunca.
4-Jamaica Abaixo de Zero -Jamaica
3- Maria Cheia de Graça - Colômbia
2-Brazil - Brasil
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