segunda-feira, 26 de maio de 2008

Aconteceu

O Pianista

Estava passando O Pianista na televisão, ééééé. E eu fiquei olhando de vez em quando. Porque O Pianista a gente no máximo olha. Não dá pra assistir ou ver um filme desses. Você vai ao banheiro, come uma bolacha, olha todo aquele sofrimento e miséria a que o povo judeu foi submetido pelo regime nazista, brinca com o gato, tira cera do ouvido. Essas coisas.

Não é porque é “muito forte”. Não, que bobagem. Schindler era bem mais dramático e eficiente nesse sentido. Foi quando o virtuosismo vislumbrado do Spielberg melhor funcionou, diga-se de passagem.

Seth Cohen (Adam Brody em atuação que lhe rendeu uma estatueta) de braços dados com os Aliados naquela praia famosa.

Mas qual era a idéia do Polanski ao filmar O Pianista? Era o pianista? O piano não pode ser porque aparece muito pouco. Ah, era mostrar como os judeus sofreram muito. Então. O Polanski não deve ter TV a cabo em casa e por isso nunca viu na vida um documentário sobre Auschwitz. Mas a gente já, a gente já.

Confundo sempre o Adam Brody com o Adam Brody. Um fez The O.C.

É o filme mais gratuito que eu já vi. Ruim, ruim. Mas sou eu que não tenho sensibilidade, que não gosto de judeus. Posso até acabar na cadeia porque o Polanski e o moleque do The O.C. resolveram se juntar pra fazer um filme só pra me ferrar. A vida é muito injusta, muito mais do que qualquer totalitarismo.

A Questão

No sofá da minha casa, que é a resistência reaça da sociedade brasileira (tão entregue à licenciosidade) muito mais do que o Olavo de Azevedo e o Reinaldo Carvalho, minha mãe e eu vendo flashes da Parada Gay. Se bem que falar de Parada Gay, com a Parada Gay aí, é tão uó... hmm, quanto usar reticências.

Mas aí apareceu um go-go boy falando que era o Homem-Melancia porque tinha uma bunda enorme, que ele começou a sacudir num shortinho vermelho, só que a única coisa que eu e a minha mãe vimos foi o cofrinho dele aparecendo. Minha mãe horrorizada, mas eu garanti pra ela que o cofrinho do rapaz não tinha nada a ver com Parada Gay, que aquilo era Brasil. Aquilo era subdesenvolvimento. Culpa do Lula.

Ai, mas de repente fiquei tão político, e isso é tão over. Daqui a pouco estou falando do fim do preconceito, da Parada Gay como movimento social e evento político. Fazer esteira também é bem social e político. Pessoas se reunindo em torno da esteira pra discutir seu uso comum pela sociedade, a necessidade de cotas para seu acesso.

Ombudsmancia

Agora, há de vir algum jagunço aqui e chiar porque eu sou preconceituoso. Se morre, meu, se morre! Lê as palavra antes de abrir a boca.

Mas pelo menos ninguém reclamou ainda da gente falar de cinema não sendo obviamente connaisseurs. Graças aos conselhos de Lady Macbeth, deixei de falar de cinema, para falar a partir de cinema.

Um comentário:

  1. Voltei. Vejo que permanecem afiados.

    Lembro que ao ver o Pianista fiquei pensando no "Champion" das Bicicletas de Belleville: eles se parecem um pouco.

    Direto ao ponto: "A vida é muito injusta, muito mais do que qualquer totalitarismo".

    De fato, muitos prosadores altamente bajulados nos bastidores literários não conseguem uma frase como essa: simples, objetiva, incisiva, isto: incisiva.

    Besitos,

    Srta. Gouveia

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