Não vou falar que tudo isso me atrapalha, uma grande massa disforme que interage comigo. Posso dizer uma náusea, agora fui exagerado e literário; sim, uma náusea me atrapalha, vomitei tudo aquilo que o Sarte repete desde 48: "sinto ali na parede, nos suspensórios, por todo lado ao redor de mim. Ela forma um todo com o café: sou eu que estou nela". Já disse, o problema é meu mas não está ao meu alcance, ele me cobre, me tange, me cega, pois não vejo na sua totalidade. Que melhor forma de busca-la, pra resolve-la que um diário, anotar todos aqueles pensamentos sobre tudo e todos. Problema pessoal resolvido? Nem precisou comprar "Quem roubou meu queijo"?
Se não me encaixo como posso ter um diário? Todos tem um diário; algo entre um blog ou um confessionário, pelo menos todos aqueles reprimidos, reprimidos até por alguma coisa que não sabem o que exatamente seja: repressão silenciosa que toma forma. Gosto de pensar nos escritores como um bando de "não-fiz por-isso-escrevo", talvez não esteja tão longe de um definição, assim como uma generalização brutal; um pensamento universalista, portanto definidor, pautado pelo isso ou aquilo, dicotomia do velho mestre Platão. Dois mil e quinhentos anos depois e volto pro grego barbudo que falava do professor em diálogos, que patético...
Momentum, o tempo importa... o sentido, mas que sentido, meu caro, tudo vira pra direita...
Tivesse eu uma mulher namorada tudo se resolveria, não é mesmo? Transaria mais, pensaria menos; pensar, parece que quando penso, tento resolver as coisas. Se algo se impõe, não respondo e quando tento, me frusto. Continuo, ora de que maneira mais fácil é esta: existo, logo continuo; caminho caindo, batendo nas paredes, adentrando no labirinto; por enquanto sozinho, fugir junto é sempre mais complicado. Poderia culpar a arte, sim esta sim, tudo movimento, ams tudo se movimenta e as pessoas continuam, a culpa minha de certa forma. Se existo, o mundo que me sufoca o qual não controlo, também é culpa minha. Não é a arte, a falta de comunicação, a sociedade, enfim, algo se impõe, vou esbarrando, batendo a cabeça, cedo eu ou o meu obstáculo. Como gosto da minha pessoa espero que seja o segundo.
Da total inexpressão a quase esquizofrenia, gosto de pensar como alguém a ser salvo, por mim mesmo assim espero. Burguês esclarecido, vai, empina a bunda, mostra o suor no rosto, as mãos cheias de calos e, sim, todo aquele dinheiro amassado. Sou daqueles chatos que querem construir alguma coisa, ver um trabalho meu, digo também, chato e egocêntrico; pois, além de tudo, quero ver o que consegui construir: penso em erguer um puxadinho; filho é muito custo e responsabilidade e nem fale dos feijões, não sou um bom criador de toda forma, por isso vou erguer um puxadinho na minha casa, vai ser minha marca.
Depois de montar meu puxadinho, talvez me sinta meio perdido, menos esvaziado; menos desfocados, com uma identidade menos deformada, desinformada, passo para a ficção: imagine o mundo sem vc? Do cinema para a vida, da vida para outro meio, mediando tudo. Quero dizer, já pensou nisso, é psicologia de boteco ou de filme barato, mas é um argumento interessante que pras pessoas perdidas, é um último escape, já que as palavras bastam, segue um rumo fora do blog.
É bom estar sem rumo, camarada. Há tantas opções. Lembro de um episódio do Muppet Babies, Miss Piggy e Caco, Fozzy, Gonzo, Animal & Rowlf descobrem um corredor com muitas portas, cada uma delas vai parar em outra dimensão. Ah, eu ficava super concentrada nesse desenho.
ResponderExcluirTão bom estar perdido: mistério, aventura, comédia, tudo isso. "O sabor refrescante da vida", como diria qualquer propaganda. Ou: "Mente aberta 24 horas por dia, para grandes saques e depósitos interessantes", céus, um slogan como esse nunca poderia vender cigarro, tão direto & eficiente: deveria ser de preservativo ou best-seller com alguma valia. Enfim, isso de pensar muito dá dor de cabeça & outras coisas: mau estar, revolta, ímpetos criativos, vontade de mudar o mundo e doenças piores, tou sabendo. Ah, se o puxadinho, os quadrinhos & os desenhos animados não ajudarem a controlar sua cabeça rolando em todas as direções, não sei, não sei...tsc, tsc. Concentre num poema oriental: imagem, pá. Idéia forte numa imagem, sem aquele ranger nas engrenagens do cérebro.
Talvez a melhor forma de se achar seja mesmo se perdendo. Pelo menos há uma procura. E achar alguém pra ajudar (mesmo quando ajuda significa apenas um bom ouvido e um cafuné enquanto se ouve) pode ajudar muito. A idéia de arranjar uma namorada não significa apenas "pensar menos", mas, sim, um passo em direção à famigerada maturidade: alguém para dividir, partilhar, fazer parte = assumir responsabilidades!
ResponderExcluirMas a pergunta que me faço é: o que impediria um camarada animado e sempre tão cheio idéias e assuntos tão ecléticos de encontar seu caminho?