sábado, 14 de junho de 2008

Rua Augusta: saudades e besteiras na madrugada

A noite começa. Mas quando a noite realmente começa? Simples, quando os noturnos saem de casa a fim de alguma distração fácil; sentar num bar e falar besteiras daquelas que não saem do bar: filosofia de botequim, para os mais íntimos.


Numa das ruas de São Paulo: Augusta, a noite caminha adentro, começou há muito tempo. Dois colegas discutiam amenidades sobre futebol enquanto minha cabeça pensava em movimentar a noite: dar uma volta, um passeio por esta avenida tão heterogênea, pois sempre é bom dar um passeio, botar as idéias no lugar, senão tirar todas e deixa-las num canto e só depois voltar e buscar, só bem de manhã.


Ok, alguns minutos de conversa e decidimos: um rolê na Augusta era necessário. Chamamos o garçom, pedimos pra fechar a conta, dividimos e partimos ladeira abaixo no sentido centro. Atravessamos a Rua Luís Coelho, um colega queria um cineminha no Unibanco.


"Vamos descendo e ver o que acontece."- sabiamente pontuou outro amigo. Tornava-nos vítimas do acaso e da impulsividade, melhor. Passamos a Antônio Carlos e nada nos chamou ao Sarajevo como também ao lotado Vitrine e nem pensamos no Ibotirama, pois sempre estava lotado. Continuamos, Matia Aires, Peixoto Gomide e antes de cruzarmos a Avenida Dona Antônia de Queiroz, no meio do caminho, um senhor com uma bengala chamou nossa atenção:


"E ae rapaziada, não querer conhecer umas menininhas hoje? Pra entrar é 15 reais e tem direito a duas horas de cerveja de garrafa."


Cada um olhou para o outro, lembrando que haviam olhado nas suas respectivas carteiras faz algum tempo e elas estavam um tanto desprovidas de conteúdo, e resolveram entrar em um desses famosos American Bar's que infestavam a Augusta na década de 80. Um pedaço da boca do lixo paulistana muito antes da Luz. E afinal, quinze reais é um preço justo por duas horas de cerveja de garrafa e também por se arriscar, 15 reais, é um preço justo.


Algumas cervejas depois já conversávamos efusivamente com as meninas da casa, dentre todas uma me chamou a atenção: primeiro, estava vestida diferente, ou seja com bastante roupa; se gundo, seu estilinho rocker misturado com indie me agradou muito. Uma Helena Ramos,tal sua beleza. Fui conversar com a garota, estava curioso.


"Ah... estou visitando minhas amigas, to me despedindo de São Paulo hoje, vou morar em Curitiba e abrir um negócio com minha namorada."


Era uma coisa a se pensar, eu acho. Não perguntei qual seria o negócio que a moça abriria lá em Curitiba, gostei de conversar com ela, bastante; parece que tal ofício demanda um tato pessoal que a pessoa acaba adquirindo, ou seja, ela quando conversava comigo me tratou, mesmo não mais trabalhando na casa e não fazendo mais programas, como eu gostaria de ser tratado numa conversa. As duas horas passaram, saímos de lá e já era a noite, a Cidade Sonegada dava sinais da manhã e nós caminhávamos pela Augusta, agora no sentido inverso.



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