"Você tem que falar das tirinhas, das tirinhas..."
O boom do jornalismo estadunidense, com as famosas brigas entre períodicos, foi também o aparecimento dos quadrinhos nas mídias impressas, por tabela, sua maior visibilidade. As tiras encartadas no jornal, desde Yellow Kid aos dias atuais, encanta as pessoas, por fim, solidificou as artes gráficas e a relação jornalismo e quadrinhos.
Como bom indie que se preze: gostar de mexer em programas gráficos acaba levando a pesquisa e a curiosidade para conhecer tiras: quadrinhos limitados, em sua maioria, por três ou quatro quadros. Enfim, todo indie pinguim que se preza deve, no mínimo, conhecer as tiras listadas abaixo.
1)Little Nemo(1905) - Criado por Winsor McCay
Uma das grandes e interessantes tiras do século XX. Com o uso de uma mesma trama: um garoto explora mundos surreais para sempre, no final, acordar e perceber que tudo não passou de um sonho bizarro(e sempre cainda da cama). Simples e superficial se imaginar pela descrição até agora, mas a tira surpreende: seja pelo uso da narrativa(dizem que influenciou muitos filmes e quadrinhos), a surrealidade dos universos percorridos pelo garoto ou pela qualidade do traço que lembra muitos cartazes do século XIX, contudo com um apelo mais cartunesco. A trama foi mantida até o final da tira, sem muitas reviravoltas. O sucesso da tira provocou até um briga pela sua publicação: do New York Herald com o New York American, do Hearst. As tiras, em formato digital, são encontradas no Comic Strip Library(em inglês). Fica um dúvida: será que influenciou todos aqueles filmes que finalizam com "Tudo não passou de um sonho"? Não me venha falar que é culpa só de Shakespeare, eu não acredito.
2)Peanuts(1950) - Criado por Charles M. Schulz
Minduim e sua turma começam a traçar seu curso de sucesso na década de 50, assim atingindo o mundo todo e tendo também gerado um desenho animado muito bem produzido. A premissa das aventuras é simples: mostra crianças e suas descobertas e aventuras. Mas como o protagonista, Charlie Brown, é um derrotado: loser na concepção léxica da palavra, acaba sendo sempre decepções e desventuras. Charlie é o personagem hamletiano pateta: sempre incapaz de agir da maneira certa e sempre cometendo os mesmo erros por causa da sua falta de habilidade em quase tudo. O interessante, além das tiras, são as partes do desenho animado onde aparecem adultos: nós, telespectadores, não entendemos o que os adultos falam(só as crianças do desenho), mostrando também que a criança vive em outro universo à parte do adulto e que se adentrarmos em um universo estaremos, por lógica, fora do outro.
3)Mafalda(1966) - Criada por Quino
Tira latino-americana, já se imagina protesto, ainda mais sendo argentina. Na mosca! Mas pensar que uma menina politizada iria causar tamanho rebuliço, é improvável. Quino sabiamente articulou uma turma onde os arquétipos sociais se representam na Mafalda e em sua turma. Boas sacadas, aliadas a muito uso de imagens da imaginação infantil. As tiras estão situadas no Clube da Mafalda. O quadrinho tem um estilo muito bom, como uma narrativa continda e soberba; os argentinos, parecem, dominam a arte sequencial muito bem. Enfim, Mafalda é realmente muito bom, mas dizem que as charges e os cartuns do Quino são superiores à tira. Outra coisa interessante é que ela é muitas vezes comparadas com O Charlie Brown, Umberto Eco acha isso, inclusive.
4)Turma da Mônica(1963, Franjinha e Bidu foi em 59) - Criada por Maurício de Souza
Influenciado pelo Peanuts, A turma da mônica é outra tira interessante voltada para o universo infantil. Seu viés, no entanto, é mais para as crianças e pré-adolescentes(sobretudo nos dias de hoje que o estúdio maurício de souza quer entreter as crianças). Contudo as origens revelam as raízes que tem com suas publicações irmãs: boas sacadas e críticas ao costumes. As tiras tem um bom arquivo no Tirinhas TDM. O interessante da Turma da Mônica é que o autor foi criando um universo de personagens que abrangesse além dos personagens da Rua do Limoeiro, por ventura, os personagens se encontram em grandes sagas a la comics de super-heróis. Minha crítica só pontua algo: a produção em série que se tornou a tira, ao longo dos anos, fez a qualidade cair, resultando em algo banal que simplesmente faz parte de um conglomerado. Nem me falem dos novos personagens politicamente corretos!
5)Calvin and Hobbes(1986) - Criado por Bill Watterson
Não, João Calvino e Thomas Hobbes não fazem parte de uma cruzada tirânica pelas tirinhas mundo afora. O "lobo do homem" é apenas um bichinho de pelúcia e é um tigre de verdade apenas para o outro protagonista: Calvin, logicamente. Como todas as outras boas tiras anteriores, alia a genialidade da época com sacadas atemporais. Um menino e seu bichinho de pelúcia: nada mais. Suas aventuras partem daí e se desenvolvem de todas as formas possíveis e imagináveis. Bom site sobre o garoto é o Depósito do Calvin. O Autor tem um política de proibir qualquer produto atrelado ao nome "Calvin and Hobbes", assim os genéricos e entusiástas ficaram a cargo da confecção e venda de tais produtos, até que é um cara legal, não?
Agora não me encham o saco e vão ler tiras nos links, muitas tiras!
Você deseja saber mais?
Manual Prático do indie pinguim - Parte 1: Discos de Jazz
Manual Prático do indie pinguim - Parte 3: Caixa de sobrevivência do Indie
Manual Prático do indie pinguim - Parte 4: Uma introdução a arte sequencial
Manual Prático do indie pinguim - Parte 5: Ser blogueiro?
O boom do jornalismo estadunidense, com as famosas brigas entre períodicos, foi também o aparecimento dos quadrinhos nas mídias impressas, por tabela, sua maior visibilidade. As tiras encartadas no jornal, desde Yellow Kid aos dias atuais, encanta as pessoas, por fim, solidificou as artes gráficas e a relação jornalismo e quadrinhos.
Como bom indie que se preze: gostar de mexer em programas gráficos acaba levando a pesquisa e a curiosidade para conhecer tiras: quadrinhos limitados, em sua maioria, por três ou quatro quadros. Enfim, todo indie pinguim que se preza deve, no mínimo, conhecer as tiras listadas abaixo.
1)Little Nemo(1905) - Criado por Winsor McCay
Uma das grandes e interessantes tiras do século XX. Com o uso de uma mesma trama: um garoto explora mundos surreais para sempre, no final, acordar e perceber que tudo não passou de um sonho bizarro(e sempre cainda da cama). Simples e superficial se imaginar pela descrição até agora, mas a tira surpreende: seja pelo uso da narrativa(dizem que influenciou muitos filmes e quadrinhos), a surrealidade dos universos percorridos pelo garoto ou pela qualidade do traço que lembra muitos cartazes do século XIX, contudo com um apelo mais cartunesco. A trama foi mantida até o final da tira, sem muitas reviravoltas. O sucesso da tira provocou até um briga pela sua publicação: do New York Herald com o New York American, do Hearst. As tiras, em formato digital, são encontradas no Comic Strip Library(em inglês). Fica um dúvida: será que influenciou todos aqueles filmes que finalizam com "Tudo não passou de um sonho"? Não me venha falar que é culpa só de Shakespeare, eu não acredito.
2)Peanuts(1950) - Criado por Charles M. Schulz
Minduim e sua turma começam a traçar seu curso de sucesso na década de 50, assim atingindo o mundo todo e tendo também gerado um desenho animado muito bem produzido. A premissa das aventuras é simples: mostra crianças e suas descobertas e aventuras. Mas como o protagonista, Charlie Brown, é um derrotado: loser na concepção léxica da palavra, acaba sendo sempre decepções e desventuras. Charlie é o personagem hamletiano pateta: sempre incapaz de agir da maneira certa e sempre cometendo os mesmo erros por causa da sua falta de habilidade em quase tudo. O interessante, além das tiras, são as partes do desenho animado onde aparecem adultos: nós, telespectadores, não entendemos o que os adultos falam(só as crianças do desenho), mostrando também que a criança vive em outro universo à parte do adulto e que se adentrarmos em um universo estaremos, por lógica, fora do outro.
3)Mafalda(1966) - Criada por Quino
Tira latino-americana, já se imagina protesto, ainda mais sendo argentina. Na mosca! Mas pensar que uma menina politizada iria causar tamanho rebuliço, é improvável. Quino sabiamente articulou uma turma onde os arquétipos sociais se representam na Mafalda e em sua turma. Boas sacadas, aliadas a muito uso de imagens da imaginação infantil. As tiras estão situadas no Clube da Mafalda. O quadrinho tem um estilo muito bom, como uma narrativa continda e soberba; os argentinos, parecem, dominam a arte sequencial muito bem. Enfim, Mafalda é realmente muito bom, mas dizem que as charges e os cartuns do Quino são superiores à tira. Outra coisa interessante é que ela é muitas vezes comparadas com O Charlie Brown, Umberto Eco acha isso, inclusive.
4)Turma da Mônica(1963, Franjinha e Bidu foi em 59) - Criada por Maurício de Souza
Influenciado pelo Peanuts, A turma da mônica é outra tira interessante voltada para o universo infantil. Seu viés, no entanto, é mais para as crianças e pré-adolescentes(sobretudo nos dias de hoje que o estúdio maurício de souza quer entreter as crianças). Contudo as origens revelam as raízes que tem com suas publicações irmãs: boas sacadas e críticas ao costumes. As tiras tem um bom arquivo no Tirinhas TDM. O interessante da Turma da Mônica é que o autor foi criando um universo de personagens que abrangesse além dos personagens da Rua do Limoeiro, por ventura, os personagens se encontram em grandes sagas a la comics de super-heróis. Minha crítica só pontua algo: a produção em série que se tornou a tira, ao longo dos anos, fez a qualidade cair, resultando em algo banal que simplesmente faz parte de um conglomerado. Nem me falem dos novos personagens politicamente corretos!
5)Calvin and Hobbes(1986) - Criado por Bill Watterson
Não, João Calvino e Thomas Hobbes não fazem parte de uma cruzada tirânica pelas tirinhas mundo afora. O "lobo do homem" é apenas um bichinho de pelúcia e é um tigre de verdade apenas para o outro protagonista: Calvin, logicamente. Como todas as outras boas tiras anteriores, alia a genialidade da época com sacadas atemporais. Um menino e seu bichinho de pelúcia: nada mais. Suas aventuras partem daí e se desenvolvem de todas as formas possíveis e imagináveis. Bom site sobre o garoto é o Depósito do Calvin. O Autor tem um política de proibir qualquer produto atrelado ao nome "Calvin and Hobbes", assim os genéricos e entusiástas ficaram a cargo da confecção e venda de tais produtos, até que é um cara legal, não?
Agora não me encham o saco e vão ler tiras nos links, muitas tiras!
Você deseja saber mais?
Manual Prático do indie pinguim - Parte 1: Discos de Jazz
Manual Prático do indie pinguim - Parte 3: Caixa de sobrevivência do Indie
Manual Prático do indie pinguim - Parte 4: Uma introdução a arte sequencial
Manual Prático do indie pinguim - Parte 5: Ser blogueiro?
Nenhum comentário:
Postar um comentário