domingo, 23 de setembro de 2007

Manual Prático do indie pinguim - Parte 4: Uma introdução a arte sequencial

Depois de três partes ricas, três atos que fariam qualquer dramaturgo sentir uma ponta de inveja. Voltei, sobretudo pelo apelo popular a esse guia de sobrevivência da contemporaniedade. Essa parte é um leve respiro, pois falarei de um tema esquecido pelas massas: os quadrinhos, mas nunca esquecido pelo adorados indie.

Essa seção foi pensada para vc, camarada x, que tem intenções de começar a adentrar no mundo dos quadrinhos. Pode até ser para más intenções, deixando claro, impressionar mulher nunca é mal intenção, se bem que poucas mulheres ficam impressionadas com alguém que goste e manje de gibis, se conhece tal garota, me apresente, pelo menos para eu tirar um foto e mostrar para os amigos, a foto tem que ser com uma edição do batman.

Agora, abaixo temos cinco gibis imprecindíveis para o começo da aventura( me senti a caixinha do Todynho agora)

1) Cavaleiro das Trevas - DC Comics - Frank Miller
Não existe personagem mais interessante, no mundo do super-heróis, do que o homem morcego. É um dos poucos heróis cuja galeria de vilões é bem respeitável, cada um destes apresentando uma variação de alguma psicopatologia e poucos têm superpoderes, criando um contraste interessante com o protagonista e sua obssessão pela justiça.

Frank Miller resolveu brincar com a mitologia do personagem: a trama se passa num futuro onde os Eua é um país totalitário onde as ações do assim chamados heróis não são benquistas pelo governo, com exceção do Superman cuja ações são coordenadas pelo proprio governo, não passando de uma marionete do estado.

Neste universo Batmam sofre as mazelas do tempo: ele está velho; enfraquecendo e perdendo a maioria das suas habilidades físicas , contando ainda mais com suas astúcia e engenhosidade e ,sobretudo com seu espírito inabalável, no final das contas, ele acaba sendo um personagem em busca de redenção, terreno que Frank Miller trabalha muito bem. Não por acaso, esta é uma das melhores histórias em quadrinhos de todos os tempos. A Panini relançou um encadernado de ótima qualidade que contem toda saga, incluindo a tão criticada continuação, mas mesmo assim vale o investimento.


2)Watchman - DC Comics -Alan Moore/Dave Gibbons
No mesmo período do lançamento do cavaleiro das trevas Moore e Gibbons recriaram um universo todo. Os dois quadrinistas deram fõlego para os quadrinhos e tiraram um pouco da mácula da década de 80.

Imaginem a seguinte coisa: os Eua proibiu todo o tipo de heroísmo, com exceção dos heróis autorizados pelo governo e alguns clandestinos que não desistiram dos seus ideais. Nesse status quo, um dos grandes heróis é assasinado , como uma reação em cadeia a investigação e a descoberta pelo responsável provoca coisas sem precedentes, por fim seu expetacular desfecho. Sobre esse prisma alguns estudiosos chegaram a afirmar que a obra tenta explicar, por vias indiretas, a teoria do caos. Ponto de vista interessante depois de algumas releituras.

Watchman foi relançado várias vezes, a ultima foi feita pela Brainstore.


3) Akira - Katsuhiro Otomo
Para contemplar nossa tríade de hqs bem influenciadas por 1984, temos Akira. Num mundo apocalíptico dominado por gangues e empresas sem escrúopulos, daí surge uma trama sobre pessoas com poderes mentais que findará num tema clássico: A rivalidade entre dois amigos e seu trágico desfecho

Além do enrendo bem elaborado, a arte de Otomo é fantástica, influenciou toda geração posterios e mais, solidificou o Japão como produtor de quadrinhos e desenhos animados.


4) O sistema - DC Comics - Peter Kuper
Se pensarmos desde quando as histórias em quadrinhos existem, poderemos considerar que elas existem há muito tempo: desde o tempo das cavernas, onde eram usadas para registros como também para contar histórias através de imagens

Ora, se os quadrinhos começaram sem nenhum balão para fala ou recordatório, era de se esperar que ainda hoje existissem gibis que partilham dessa premissa: narrativa e imagens, apenas.

O Sistema ilustra o cotidiano de uma metrópole que poderia ser qualquer cidade grande ocidental. Nas quase 100 páginas não encotramos nenhuma fala de personagens ou qualquer muleta verbal ou de escrita além das próprias imagens cujo encadeamento é soberbo: passando de personagem a personagem, indo e voltando, como nenhum cinema, teatro, animação ou livro foi capaz de transmitir. Como se todas aquelas pessoas executassem uma música que ora é harmônica e ora é desarmônica com a cidade que habitam

Pode-se dizer que Peter Kuper conseguiu captar a conteporaniedade das cidades utilizando de um recurso que existe desde a pré-história.

5)Contrato com Deus e outras histórias de cortiço - Will Eisner
Cotidiano tratado belamente atrelado a um experimentalismo visual: seria um bom resumo dessa graphic novel. Nenhum superpoder, nada de intrigas internacionais ou monstros intergaláticos para combater. Sim, existem demônios, mas eles são internos, pessoais, no encaram de frente dia a dia, antes do trabalho. A principal história fala de um homem que sempre foi um bom homem, mas que perdeu a fé quando sua querida filha morre. O cotidiano é o mote desse trabalho tão bem executado por aquele que hoje é chamado de "o" mestre dos quadrinhos.

Contrato com Deus foi relançado recentemente pela Devir numa edição de boa qualidade.


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