sábado, 29 de setembro de 2007

Fenomenologia do Sex and the city

Finalmente, ficou claro pra mim quem nós somos, o que é o Fomos ao Cinema, entre os blogues brasileiros. Nós, Camarada Moderado, Camarada Progressista e Camarada Fundamentalista, somos o Saia Justa dos blogues. Piadas sem graça e pautas - muitas vezes interessantes - tratadas de maneira infame e fútil, mas sempre, sempre com um verniz cabeça e, ao mesmo tempo, descolado, cool. E bota cool nisso!

(Ao lado, o (desejo de) vir-a-ser das integrantes do Saia Justa e, por que não dizer, dos camaradas deste blog.)

Humor em texto escrito não é grande coisa mesmo. Se você quer rachar o bico, como diz a molecada, vai assistir Zorra Total e Todo o Mundo em Pânico 1, 2 e 3. Com literatura e afins, no máximo, uma risadinha, mas, na maioria das vezes, só um sorrisinho mesmo, do tipo “ah, esse rapaz, que espirituoso que ele é, ha, ha, ha”. (Tá bom, tá bom: se você tiver espírito suficiente pra absorver o pensamento, dançar com ele, tomá-lo pra si, dá pra rir bastante; mas é trabalhoso, muito trabalhoso.)

Tipo humor inglês. Nada dessa coisa escrachada que desmancha penteado e derruba peruca. O que não é educado, afinal. Mas a literatura, por outro lado, é uma coisa educada, porque exige concentração. O sujeito tem que calar a boca pra ler, e não existe maior demonstração de boa educação que se calar a boca. É a essência das boas maneiras um indivíduo que jamais revele o que está pensando ou sentindo. É muito feio se mostrar, se expor sob qualquer aspecto.

Eu sei que aqui não é nem isso. Nem humor inglês. É mais pastelão, tipo os Três Patetas, com o sketch terminando com uma guerra de tortas. Apesar de, nesse caso, o Moe ser meio filosófico, meio profundo, como vocês costumam dizer. Mesmo sendo outra a chave pra se compreender o Camarada Fundamentalista, mesmo sendo essa chave o amor.

Porque tudo o que eu escrevi até hoje sempre proveio única e exclusivamente do meu amor. São todas declarações de amor, mesmo que de vez em quando invertidas. Porque eu sou todo amor. Em mim não existe isso de gosto ou espírito. Quando eu assisto um filme, por exemplo, eu não julgo se o filme é bom ou ruim (se me ouvirem falando se um filme é bom ou ruim, podem ter certeza de que estarei só fingindo que sei o que significa esse tipo de discriminação, pra assim agradar a audiência, tão perdida nessa história de crítica), eu me deixo encontrar pelo filme, sobre o Sena e sob a luz da lua, e depois fico cantando I love you for sentimental reasons pra caixinha do DVD.

Nasci pra escrever canções de amor, pra ser Jorge Ben e morar num país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza, mas só consegui aprender a ler La Rochefoucauld em francês e, em vez de ser identificado como um moralista, ser chamado de de filósofo, como se eu soubesse da insustentável leveza do ser e outras questões dignas de Márcia Tiburi, essa sim, uma das pensadoras mais vigorosas destes dias tão saia-justa, quá, quá, quá, quá, quá.

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Camarada Fundamentalista, um brasileiro (ou Gisele Bündchen, heroína de nossa gente)

Eu e o Brasil – uma das relações mais bonitas e delicadas que eu conheço. Tão delicada que chega a ser invisível para os olhos alheios, mesmo os dos meus íntimos. E como me acusam de ser insensível, de tratar mal a quem eu amo, de ser frio e distante! Ah, mas só o Brasil e eu é que sabemos: como eu lhe sou gentil e terno quando estamos a sós, como sou todo carinho com suas milhares de exceçõezinhas e caprichinhos. E pareço até o Manuel Bandeira, de tão emo que eu fico.

Eu, no ônibus lotado, logo de manhãzinha, com meu Grande Sertão: Veredas na mochila, sonhando com Riobaldo e Diadorim. Eu me trancando no banheiro do serviço pra matar tempo, e a hora do almoço chegar mais depressa – tão Macunaíma! E os blogs que eu leio, então! Especialmente o de um moço cheio de francofonices, zombando de Cansei de Ser Sexy e do cânone literário nacional, tsc, tsc, tsc. E não é que ele, fazendo assim, não podia ser mais Brasil?

Pois o Brasil é senão o impasse entre ser o outro ou simplesmente não ser nada. Veja lá: roupa de Papai Noel no verão, a Constituição Federal, a MTV, a Gisele Bündchen, e os exemplos não acabam mais. Tudo postiço, tudo coisa que não é daqui, porque, afinal de contas, o que é daqui, o que é aqui? O otimismo dos tropicalistas que me lêem talvez julgue o cenário exageradamente desolador. No entanto, não vou florear as coisas para poupá-los; mas posso pedir, como consolo, que atentem ao Latino: pois, apesar de tudo, há algo como o Latino. Dali há de nascer um novo país, sem Peri nem Ceci, e por isso certamente maior.

Nossa seção Brasil foi tocada de lado, principalmente por mim: confiram, minha última postagem é do tempo em que eu procurava consolidar minha candidatura à Câmara Estadual de São Paulo, amealhando apoio junto aos universitários. Pra isso, até briga com o Reinaldo Azevedo eu arranjei. Logo com ele, que eu amo tanto. E involuntariamente, poxa! Mas eu quero retomar meu compromisso, diante de vocês, de amar o Brasil, e de falar dele, e de beijá-lo na frente de todo o mundo, porque o que é que a gente leva da vida senão o que a gente faz de bom pra quem a gente ama, né?

E, bom, eu também estou atrás da minha brasilidade, tão empulhada pelos meus vícios indie e meus flertes com o mainstream. Ai, é tão hipócrita da minha parte falar assim do mainstream, como se eu também não estivesse interessado no que é que a baiana tem. Por exemplo o blogspot, que é tão establishment; sem dizer que, bom, não colocamos à toa uns anúncios do Google Adsense logo AÍ ACIMA, claro que sem ficar induzindo ninguém a ir lá clicar e ajudar a gente, pois, pessoal, a gente estamos aqui, pessoal, trabalhando honestamente, pessoal, mas a gente podíamos estar roubando e matando, mas, não, pessoal, a gente estamos aqui, trabalhando pra obter o sustento da gente honestamente, pessoal, e por isso, pessoal, a gente agradeceríamos a colaboração, pessoal, e quem puder ajudar, que Deus abençoe, mas quem não puder ajudar, que Deus abençoe também, pessoal, e desculpa por tudo, pessoal.

A Maldição do Radiohead

Eu gosto do Radiohead. Embora esteja muito longe de poder ser considerado fã da banda, gosto um bocado de alguns discos e músicas do grupo do loser e freak de plantão Thom Yorke. Já que essa banda não me provoca arroubos de paixão, mas também passa longe de ser um estorvo para os meus ouvidos, deveria nutrir com ela uma relação saudável, que trouxesse momentos agradáveis em dias soturnos, que é quando a elegante sombriedade da banda se faz necessária. Mas acontecimentos bizarros com esse Camarada que vos fala mostram que a história não é bem essa. Voltemos no tempo então, no modo Mc Fly de ser da coisa (vai que é sua, Michael J. Fox!).

2001. Ensino Médio, terceiro ano do colegial. Compro numa loja vagabunda perto do meu colégio o cd OK Computer, terceiro álbum do Radiohead. Preço: 35 pilas. Sabe-se lá o motivo, resolvo levar o disco para a escola, no dia seguinte. Mostro para os meus colegas, que ficam alvoriçados, já que muitos gostavam da banda. O primeiro a pedir emprestado o Cd é o nosso conhecidíssimo Camarada Moderado, que tinha se juntado naquele ano à nossa classe. Empresto. Uma semana depois, o Camarada traz o cd de volta, como combinado. Mas outro amigo nosso, cuja identidade manterei em sigilo, pede o disco emprestado. Cedo o mesmo, mais uma vez, nos mesmos termos do acordo feito com o Moderado. Mas depois de uma semana, quando fui cobrar o nosso amigo (nossa relação nunca foi exemplar, então a conversa foi rude), ele disse que tinha emprestado para outro amigo nosso, aí esse outro amigo disse que já tinha devolvido o cd para ele, e nesse acusa de cá, acusa de lá, a verdade é que eu nunca mais vi a cor do cd. OK para o computador, mas não para mim, ó trágico destino. Mas deixei para lá e segui minha vida adiante.

Um ano depois, quando fazia Cursinho numa famosa instituição de ensino numa avenida mais famosa ainda (glamour é pouco), resolvo comprar o cd Pablo Honey, primeiro álbum do Radiohead, aquele que tem a mítica canção Creep. Nem me atrevi a levar para o cursinho, sabe como é. Pois bem, ouço o cd por dois dias, moderadamente, já que tinha que estudar pra porcaria do Vestibular. No terceiro dia, quando pego o disco e coloco para ouvir, noto que o mesmo estava travando logo na primeira música. Não acreditava, um cd comprado a meros três dias, dando pau. Pego o cd na mão e noto um gigantesco risco, ocupando um raio inteiro do cd. Eu tinha tido todo o cuidado do mundo para manusear o disco, ele não veio com risco nenhum, ele não caiu no chão em nenhum momento. Nada poderia ter causado tamanho rombo naquele pequeno círculo de plástico e alumínio. Até hoje guardo o disquinho riscado na caixa original do cd, ele sempre a rir da minha incurável patetice. Rá, rá, rá, não deu nem pra três dias, jão, já entrei nos pormenores das danificações, certo truta? Cdzinho abusado....

Depois dessas duas pauladas seguidas em menos de um ano, resolvo dar um tempo. Fico bons cinco anos sem nem pensar em comprar um cd do Radiohead, só ouvindo algumas faixas baixadas por mim na internet. Mas depois de tamanho hiato, andava por uma Americanas da vida, observando atentamente as famosas promoções da loja, quando me deparo com algo surpreendente. Os cds The Bends e Hail To The Thief, 10 pilas cada. Aí não deu pra resistir. Gastando 20 reais, quase a metade do que tive de desenbolsar para comprar o OK Computer seis anos antes, teria em mãos o segundo e sensacional cd do Radiohead (meu favorito da banda) e o disco mais recente lançado por eles, respectivamente. Essa oferta tentadora ativou minha temida impulsividade (canceriano babão) e lá fui eu pro caixa. Voltei lépido e feliz para casa, acreditando que finalmente poderia curtir em paz as adornadas músicas de Thom e cia. Ledo engano. A maldição iria se fazer presente, pela (acredito eu) última e derradeira vez. Ouço os discos por toda uma semana, principalmente o The Bends. Num belo dia, me disponho a ouvir mais uma vez os cds, pego o meu case e procuro pelos mesmos. Acho o Hail to The Thief, ouço um pouco, depois resolvo colocar o outro. Procuro no mesmo case, onde jurava que tinha colocado o The Bends, e não acho. Olhos nos outros cases, e nada. Reviro o quarto inteiro, olho em todas as caixas de cds, gavetas do armário, embaixo da cama, enfim, coloco o quarto de cabeça pra baixo e não acho o bendito. Depois expandi minha busca para o resto da casa, olho em todo os cantos possíveis e imagináveis, e nada de achar. Passado um ano todo, mesmo eu procurando com frequência, mesmo tendo olhado cinquenta vezes em todos os lugares onde o cd pudesse estar, não tive qualquer êxito na minha busca. O cd, mais rápido do que veio, sumiu sem deixar qualquer rastro. A caixa original ainda está comigo, esperando, como a esposa que tolamente aguarda a volta do marido que, tendo um dia saído para compar cigarros, nunca mais deu as caras. Corna, sabe bem ela que não existe volta. Que ache outro disquinho para completar a tampa da sua panela.

Quanto ao Hail To The Thief, esse acabou tão riscado em poucas semanas de execução, que já hesitava em funcionar. Algumas poucas vezes ia, outras muitas mais emperrava, empacando feito mula parruda. Numa dessas irritantes vezes que o cd teimava em não funcionar, travando logo nos primeiros acordes da primeira canção (Humberto Gessinger, descanse em paz), 2+2 = 5, me enfureci de tal maneira, que peguei o disco e taquei na parede, colérico como um cão, babando e espumando toda a sua raiva. Era o meu eu lírico, tortuoso e vingativo, levantando-se contra a maldição. E a maldição, tinhosa como só ela, aspiciosa e malévola, devolveu o ataque despedaçando o disco em diversas partes, o contato violento com o reboco da parede sendo o juiz e mediando os termos. A maldição saía vitoriosa, e eu recebia a condenação definitiva. No Radiohead for me. Se vocês estiveram achando tudo isso coincidência, deixem-me pegar outra banda inglesa da mesma geração, britpop por excelência, para fazer uma comparação: Oasis.

Tenho todos os cds da banda, alguns, como o What's The History Morning Glory e o Definitely Maybe, comprados há mais de uma década. E todos eles funcionam perfeitamente até hoje. Um deles, o Be Here Now, mesmo estando totalmente riscado (não por culpa minha, mas essa é uma longa história, eu cuido bem dos meus cds), muito mais até do que estava o Hail to the Thief, funciona sem problema algum, jamais travando qualquer segundo que for. Somente com os disquinhos da bandeca do Thom Yorke é que o bicho pega. O motivo da existência dessa maldição, eu jamais saberei. Vou chutar um motivo bem tosco e idiota, e vocês julguem se falei groselha ou não. Li uma vez numa revista (acho que foi a mais uma vez extinta Bizz, se não me engano), em meados de 2000, uma matéria que falava sobre uma suposta sincronia entre o disco Kid A, lançado naquele mesmo ano pelo Radiohead, e o chatíssimo filme Bruxa de Blair. Que, nos mesmos moldes da famosa sincronia Mágico de Oz/Dark Side of the Moon, garantia que as músicas do disco correspondiam com absoluta precisão às cenas do filme, com as letras do senhor Yorke descrevendo cenas que ocorriam, partes instrumentais sincronizando com danças dos personagens, entre outros fatores. Pois bem, eu fiquei tão impressionado, que resolvi fazer o teste. Peguei emprestado o Kid A com um amigo meu, que fazia um curso técnico comigo na época e para o qual eu sempre emprestava discos, e aluguei o filme e fiz a sincronia. Correspondia mesmo com as descrições da revista. Mas talvez esse ato de curiosidade pode ter custado, vamos ver, 35 mais 30 (preço que paguei no Pablo Honey) mais 20, ou seja, 75 reais. E, pelo teor desse texto também, parte da minha tão prezada sanidade, e muitos de vocês com certeza concordarão com isso. "Esse progressista é um bebum ambulante mesmo, maluco que só ele". Há: devolvi o Kid A inteiro para esse amigo, sem problemas, o negócio é comigo mesmo. This is what you get, when you mess with us...

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Caravana de São Miguel Paulista...

Não dá pra esconder, vocês viram o contador do Site Meter aí do lado, não viram? Não vou me fazer de difícil. Pois é, mais uma vez ressalto, confesso que a gente também quer faturar algum. E nesses últimos dias, logo agora que eu (e, pelo que eu sei, também o Camarada Progressista) tenho passado por mais uma crise criativa, o número de acessos estourou, e parece que vocês têm acessado diretamente nosso humilde endereço blogspot. E isso, assim, do nada, porque até outro dia eram só os camaradas de sempre, um séquito diminuto, mas fidelíssimo.

E eu, amante dos holofotes, amigo dos olhares alheios, não podia resistir, por isso dou uma de Silvio Santos e passo a interagir com o auditório: "E vocês, aí do fundo, estão vindo de onde? São... São Miguel Paulista! Eh, São Miguel Paulista! Nossa, mas é muito longe!"

(Ah, sim, vai que alguém aí tenha uma amiga ou irmã bonitinha e esperta, e que fale francês: eu, Camarada Fundamentalista, entre 20 e 25 anos, cabelos negros e ondulados; gosto de crianças, algodão-doce e bexigas, e de ir ao cinema e dar longas caminhadas ao entardecer; e procuro quem me ensine a Marselhesa no original.)

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

O fundamentalismo em prática

Odeio todos os graduandos, sobretudo os de Letras. E, dentre os de Letras, sobretudo aqueles cuja maior ambição acadêmica (num sentido lato) é se tornarem professores de inglês. E sem exceções, até se for mulher, e bonita, porque o meu ódio contra a mediocridade humana é a coisa mais imparcial que eu conheço no mundo todo. E nisso, até pareço um cruzado, degolando os malditos sarracenos. E não que eu não seja medíocre, pois o sou freqüentemente: acho que até por isso mesmo eu fico com mais raiva ainda e desconto nos medíocres-sem-culpa.

Mas o que me mata é alguém ter a oportunidade de se tornar, de alguma forma, melhor e mais relevante para a droga desse mundo e simplesmente se fechar, achando tudo muito chato, difícil ou estranho. As três palavras mais usadas por gente medíocre, prisioneiros da convencionalidade que são. (“Difícil” pode ser substituído por “complicado”; e “estranho”, por “esquisito”.)

Mas, então, vocês, muito conciliadores e brandos, podem me perguntar: “Mas camarada, pode você por acaso legislar sobre o que é melhor ou pior e, daí, considerar alguém medíocre ou não?” Em outras palavras: quem tu pensa que é? Ora, respondendo no mesmo tom que vim adotando desde o início deste texto, diria: “será que o nome Camarada FUNDAMENTALISTA não diz nada? Se não diz, no máximo, posso pedir, e muito gentilmente, que afastem de mim esse papinho relativista de vocês”.

Mas eu amo vocês. Vocês nos adicionaram aos favoritos, e por isso eu amo vocês. Vocês vão clicar naqueles links do Google Adsense que a gente colocou logo aí em cima mostrando que, afinal de contas, a gente também quer faturar um pouquinho que seja com essa história toda, e por isso eu amo vocês. Sim, e por tudo isso, a minha resposta tem de ser melhor e mais educada que aquela. Vamos a ela, pois.

Na verdade, só tenho uma coisa a dizer: gente medíocre também incomoda vocês, eu sei que sim. Esse pessoal pra quem não se pode dizer nada que escape ao vocabulário e universo de idéias da novela das oito, sem escutar, acompanhado de uma careta: “Ãh, como assim? Não entendi”. Nessas horas, o que vocês fazem? Vocês não saem andando, não viram e dizem “ah, fala com a minha mão”? Pois se não fazem, deveriam. Chega de paz e amor.

E, por favor, não se trata de rejeitar o fácil pura e simplesmente, e de viver em função de tudo quanto seja hábito e expressão de exceção, deixando de usar a sua bota-plataforma só porque todo o mundo tá usando, mesmo você tendo começado a usá-las muito antes de virar moda. Não é nada disso. Não torçam as minhas palavras. A questão é outra: a questão é a seguinte: se um dia o horóscopo falhar e você ficar sem saber o que fazer, a quem você vai recorrer? A alguém que vai morrer sem ter lido, no grego, Parmênides conceituar o Ser e o não-Ser? Ah, pois eu não creio nisso de jeito nenhum, menina.

terça-feira, 25 de setembro de 2007

è o fim do caminho, to ouvindo demais isso, perae deixa eu dar uma mijada

Estou ouvindo, nos últimos cinco anos, que algum ramo morreu: já me falaram que a arte morreu, por isso Duchamp começou, no final da sua vida, a jogar xadrez compulsivamente, pois acreditava que a única arte verdadeira era o xadrez, a única que não fora maculada, digo fora já que os puristas estetas seguidores dele acham que o xadrez faleceu quando Kasparov perdeu do Deep Blue. Uma vez fui numa palestra chamada “a poesia morreu, mas não fui eu que matei”, os palestrantes eram todo auto-demoninados poetas; nunca vi propaganda mais enganosa. Ora, se a poesia está morta, pq diabos tem poetas lá na frente, deveria ter um crítico de poesia, um estudioso da área, quem sabe um editor e, talvez, dois ou três poetas defendendo o contrário, a réplica presente para criar uma boa discussão. Mas justamente aqueles, aqueles que negavam a premissa da discussão logo de cara e estavam em peso. Parecia um sarau, os poetas declamavam uma poesia deles e depois aquela babação e inflação de ego; pessoas comuns passavam rapidamente, algumas enfurecidas foram embora, outras nem entravam na sala. Aí percebi que realmente a poesia, pelo menos aquela coisa que concebiam como tal, para o povo em geral estava morta, enterrada e bem enterrada.

Outras execuções foram anunciadas: a da força estudantil, a do socialismo, a da religião, sobretudo. Como pode dizer que os estudantes não tem força? Que agora são passivos? Basta pensar, as coisas mudam, hoje os centros acadêmicos estão desarticulados e existe outras áreas de grande interesse para os jovens, não tem mais uma ditadura ou repressão clara: não existe um inimigo comum, é isso. Como também é válido para todas as áreas nas quais devemos concentrar as forças. As escolhas, a vida, tudo fragmentou-se e os inimigos comuns seguiram o exemplo, seguiram e aprenderam muito bem; tanto que hoje dão escola. Deixo aqui sem comentar sobre religião e política, pois são religião e política.

Voltando para o extermínio, é fácil perceber o quão longe estamos de tudo e ao mesmo tempo perto; é caro leitor, são momentos de esquizofrenia, nada daquele demodê dos anos 80: o caminho é o abismo, besteira! Estamos perdidos com a velocidade das coisas, os futuristas ficariam loucos com a atualidade, ainda bem que a maioria já morreu. Essa velocidade virtual vem acompanhada junto de uma letargia urbana. Você pode muito bem comprar coisas pela internet, se comunicar com alguêm na China e ver um filme que nem entrou em cartaz e tudo isso ao mesmo tempo e sem sair de casa, mas existem letargias: trânsito, caos urbano, poluição, terrorismo em todo lugar, violência e todas as mazelas cotidianas que atrasam nossa vida. Os meios materias não acompanharam os meios imaterias; aconteceu os Jetsons, só que ao contrário do desenho: não temos robôs, carros flutuantes ou cachorros que falam, contudo os computadores, a biotecnologia, a comunicação que diferença... daí dessa incongruência contribuir para um certo pessimismo, ainda que tenhamos as esteiras automáticas nos aeroportos, mas só nos aeroportos e em alguns lugares chiques.

Se mudou e tudo mudou mesmo, como o chamado pós-modernismo em que vivemos é o mesmo do final da década de 70? Pois toda aquela base de estudo do homem e da sociedade- vulgo comunicação, filosofia e ciências sociais- é a base ainda para os estudos atuais. Acho que toda aquela base findou junto com a década de 80, posteriormente mais breve, com a queda do muro e da Urss( falei que não ia falar, mas...). Ou seja, precisamos de outros parâmetros, os quais ainda não foram cristalizados. Contudo podemos se otimistas, pois se o anos 80 acabaram bem, sem a morte conceitual de nada(apenas do bom gosto), pq justamente agora querem nos fazer acreditar que as coisas estão morrendo e tudo terá um fim trágico?

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

TETÉIA DA SEMANA

Joss Stone
Cantora inglesa, que com apenas 20 anos de idade já tem 3 discos lançados. É uma versão refinada e turbinada das jurássicas (exagerei?) starletes americanas Britney Spears e Cristina Aguilera, já que canta cem mil vezes melhor que as duas e também tem mais bom gosto na hora de selecionar o seu repertório, enveredando mais pelo bom caminho da soul music, ao invés de apostar no velho pop pasteurizado que marcou a carreira de tantas cantoras nos últimos tempos. Tinha 16 anos quando seu primeiro disco, The Soul Sessions, foi lançado. Um prodígio, sem dúvida. Se comparada com as suas pares britânicas, Lilly Allen e Amy Winehouse, Joss tem se mostrado quase uma freira franciscana. Enquanto as outras duas afundam-se em mares de indulgência, drogas e excessos, faltando em shows a lá Tim Maia e dando vexames seguidos, Stone encontrou sua polêmica mais forte quando surgiram rumores sobre um caso dela com o produtor de seu último disco lançado nesse ano, Introducing Joss Stone. Como o cidadão era bem mais velho, tentaram fazer fogo em cima do assunto. Mas nada que tirasse o sono de ninguém. Quer dizer, depois de terem achado até vídeo da Meg White fazendo coisas feias, eu não duvido de mais nada... Olha lá, hein, Joss Stone!

domingo, 23 de setembro de 2007

Manual Prático do indie pinguim - Parte 4: Uma introdução a arte sequencial

Depois de três partes ricas, três atos que fariam qualquer dramaturgo sentir uma ponta de inveja. Voltei, sobretudo pelo apelo popular a esse guia de sobrevivência da contemporaniedade. Essa parte é um leve respiro, pois falarei de um tema esquecido pelas massas: os quadrinhos, mas nunca esquecido pelo adorados indie.

Essa seção foi pensada para vc, camarada x, que tem intenções de começar a adentrar no mundo dos quadrinhos. Pode até ser para más intenções, deixando claro, impressionar mulher nunca é mal intenção, se bem que poucas mulheres ficam impressionadas com alguém que goste e manje de gibis, se conhece tal garota, me apresente, pelo menos para eu tirar um foto e mostrar para os amigos, a foto tem que ser com uma edição do batman.

Agora, abaixo temos cinco gibis imprecindíveis para o começo da aventura( me senti a caixinha do Todynho agora)

1) Cavaleiro das Trevas - DC Comics - Frank Miller
Não existe personagem mais interessante, no mundo do super-heróis, do que o homem morcego. É um dos poucos heróis cuja galeria de vilões é bem respeitável, cada um destes apresentando uma variação de alguma psicopatologia e poucos têm superpoderes, criando um contraste interessante com o protagonista e sua obssessão pela justiça.

Frank Miller resolveu brincar com a mitologia do personagem: a trama se passa num futuro onde os Eua é um país totalitário onde as ações do assim chamados heróis não são benquistas pelo governo, com exceção do Superman cuja ações são coordenadas pelo proprio governo, não passando de uma marionete do estado.

Neste universo Batmam sofre as mazelas do tempo: ele está velho; enfraquecendo e perdendo a maioria das suas habilidades físicas , contando ainda mais com suas astúcia e engenhosidade e ,sobretudo com seu espírito inabalável, no final das contas, ele acaba sendo um personagem em busca de redenção, terreno que Frank Miller trabalha muito bem. Não por acaso, esta é uma das melhores histórias em quadrinhos de todos os tempos. A Panini relançou um encadernado de ótima qualidade que contem toda saga, incluindo a tão criticada continuação, mas mesmo assim vale o investimento.


2)Watchman - DC Comics -Alan Moore/Dave Gibbons
No mesmo período do lançamento do cavaleiro das trevas Moore e Gibbons recriaram um universo todo. Os dois quadrinistas deram fõlego para os quadrinhos e tiraram um pouco da mácula da década de 80.

Imaginem a seguinte coisa: os Eua proibiu todo o tipo de heroísmo, com exceção dos heróis autorizados pelo governo e alguns clandestinos que não desistiram dos seus ideais. Nesse status quo, um dos grandes heróis é assasinado , como uma reação em cadeia a investigação e a descoberta pelo responsável provoca coisas sem precedentes, por fim seu expetacular desfecho. Sobre esse prisma alguns estudiosos chegaram a afirmar que a obra tenta explicar, por vias indiretas, a teoria do caos. Ponto de vista interessante depois de algumas releituras.

Watchman foi relançado várias vezes, a ultima foi feita pela Brainstore.


3) Akira - Katsuhiro Otomo
Para contemplar nossa tríade de hqs bem influenciadas por 1984, temos Akira. Num mundo apocalíptico dominado por gangues e empresas sem escrúopulos, daí surge uma trama sobre pessoas com poderes mentais que findará num tema clássico: A rivalidade entre dois amigos e seu trágico desfecho

Além do enrendo bem elaborado, a arte de Otomo é fantástica, influenciou toda geração posterios e mais, solidificou o Japão como produtor de quadrinhos e desenhos animados.


4) O sistema - DC Comics - Peter Kuper
Se pensarmos desde quando as histórias em quadrinhos existem, poderemos considerar que elas existem há muito tempo: desde o tempo das cavernas, onde eram usadas para registros como também para contar histórias através de imagens

Ora, se os quadrinhos começaram sem nenhum balão para fala ou recordatório, era de se esperar que ainda hoje existissem gibis que partilham dessa premissa: narrativa e imagens, apenas.

O Sistema ilustra o cotidiano de uma metrópole que poderia ser qualquer cidade grande ocidental. Nas quase 100 páginas não encotramos nenhuma fala de personagens ou qualquer muleta verbal ou de escrita além das próprias imagens cujo encadeamento é soberbo: passando de personagem a personagem, indo e voltando, como nenhum cinema, teatro, animação ou livro foi capaz de transmitir. Como se todas aquelas pessoas executassem uma música que ora é harmônica e ora é desarmônica com a cidade que habitam

Pode-se dizer que Peter Kuper conseguiu captar a conteporaniedade das cidades utilizando de um recurso que existe desde a pré-história.

5)Contrato com Deus e outras histórias de cortiço - Will Eisner
Cotidiano tratado belamente atrelado a um experimentalismo visual: seria um bom resumo dessa graphic novel. Nenhum superpoder, nada de intrigas internacionais ou monstros intergaláticos para combater. Sim, existem demônios, mas eles são internos, pessoais, no encaram de frente dia a dia, antes do trabalho. A principal história fala de um homem que sempre foi um bom homem, mas que perdeu a fé quando sua querida filha morre. O cotidiano é o mote desse trabalho tão bem executado por aquele que hoje é chamado de "o" mestre dos quadrinhos.

Contrato com Deus foi relançado recentemente pela Devir numa edição de boa qualidade.


sexta-feira, 21 de setembro de 2007

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

TOP 5- Piores Comunidades do Orkut

Nada pode ser pior do que uma comunidade tosca no Orkut. Presenteio vocês com as cinco piores, as mais nocivas, nauseantes e degradantes. Nas palavras de Conrad: "o horror, o horror...".

5-Lindomar: o Sub-Zero brasileiro (Número de Membros: 240.000)
Oba, que legal! Rolou uma treta grupal, e o Lindomar chegou na voadora? WHO CARES? Dane-se o Lindomar e todos os imbecis que participam dessa porcaria. E mais respeito com o Sub-Zero, pô! Qualquer mané agora sendo comparado com ele? Não é assim não! O único que encarava o Raiden de igual pra igual.



4-Te incomodo? Que peeeeeeenaaaaaaa!!!!! (Membros: Dois milhões e meio)
É aquilo que chamo de "comunidade atenuante". Explicando: eu posso ser um(a) completo(a) idiota, agir que nem um(a) completo(a) idiota, ser um(a) histérico(a) filho(a) de uma mãe, agir sempre de acordo com os meus interessantes, pisando em quem quer que seja que passe no meu caminho, e ainda sim estarei certo. Por que? Por que eu estou na comunidade "Te incomodo? Que peeeeeeeennnaaaaaaaaa!!!!!". Eu posso tudo! E o resto do mundo que se dane. Invejosos! "Pessoas... elas são as piores" (Jerry Seinfeld).


3-Seu Madruga, um X-men? (Membros: 140.000)
Eu odeio Chaves. Eu não suporto o Chaves. Eu odeio o Chapolin. Eu odeio o Bolanos. Eu odeio a Chiquinha, o Quico e o escambau. Mas até aí, tudo bem. O que me mata é um bando de marmanjo barbado criando e discutindo um tema tão estúpido numa comunidade. O Seu Madruga é um X-Men. Quanta criatividade. Os "argumentos" usados para a engraçadíssima (há, há, há) hipótese são, de acordo com a descrição da comunidade: "Ele fica 14 meses sem pagar o aluguel", "Ele sempre enrola o Seu Barriga", "Ele já foi campeão de boxe". Sério. Nessas horas que eu vejo que o Comunismo é uma boa idéia: botar toda essa cambada quebrando tijolo ao invés de perder o tempo com bobagens. Há, mas o Chaves é uma metáfora social inteligente, né? Se vocês dizem, eu acredito...

2-Eu detesto a Segunda-Feira (Membros: 750.000)
Não? JURA? Você detesta a Segunda-Feira? Achei que era só eu, bom saber! Mas infelizmente, tenho uma má notícia pra você: eu não poderei entrar nessa comuna. O meu mapa astral diz que o dia mais favorável pra mim é a Segunda, então, sabe como é, né? Pena. Mas eu reconheço a total validade e importância dessa comuna. O mundo precisa realmente saber quais são as pessoas que não gostam da Segunda Feira. Serão elas que liderarão o mundo na era pós-aquecimento global, com certeza. Aqueles workaholics que odeiam os finais de semana! Danem-se eles!


1- Sou legal, não estou te dando mole (Membros: um milhão e meio)
A campeã absoluta da cretinagem. Deixem-me descrever o tipinho das meninas que infestam essa triste comunidade: são garotas que gostam de estar sempre rodeadas por capachos bajulando e inflando os seus egos, adoram atiçar esses pobres seres, dando abertura para essas patéticas criaturas se declararem, e eles, esperando uma confirmação que parecia certa, mordem a isca, para então somente elas poderem ter a oportunidade de dizer um colossal não e se divertirem com a miséria do pobre coitado. Depois, considerando o quanto as mulheres dão atenção para as chamadas convenções da sociedade, e considerando também o horror que elas têm de serem chamadas de, usando uma linguagem perjoravita, "galinhas", elas acabam entrando nessa comunidade, para tirarem a culpa dos seus atos das costas, culpando aqueles seres mal intencionados que não souberam interpretar uma simples demonstração de amizade e companheirismo. Enquanto houverem seres patrocinando esse comportamento absurdo, essa comunidade existirá, firme e forte. Aí, vocês perguntam: "mas Progressista, e os homens que participam dessa comunidade? Não tem só mulher não!". Bom, para os rapazes que participam dessa comuna, eu tenho um número apenas: 3069-6707. Esse é o telefone do Departamento de Psiquiatria do Hospital das Clínicas. O horário de atendimento é das 8:30 até as 16:00. Quando a atendente perguntar sobre alguma preferência em relação ao campo de atuação do psiquiatra, diga apenas isso: "eu gostaria de lidar com um profissional que trate da parte de super-dimensionamento do ego". Pronto, logo você estará muitíssimo bem encaminhado. Boa sorte.

Política para quem precisa

Ah, não! Poupe-nos dos seus inquietantes ataques de modéstia, Fundamentalista. É senso comum que os seus textos políticos são pérolas de situacionismo, e suas observações ferinas e aguçadas são festejadas por estudantes de Comunicação Social, não sem justiça. Não é a toa que colocaram em você a alcunha de "Voltaire das Mercês". É o novo Candido, chutando o rabo do Pangloss e ficando entediado com as suas Cunegundes.

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Camarada Fundamentalista penitente

Pior do que blog sobre política, é este blog falando sobre política. E pior do que este blog falando sobre política, sou eu falando neste blog sobre política.
O importante é que eu me arrependi, e eu sei que o perdão existe, mesmo que não venha de você.
***
PS: essa recusa da obra da juventude exclui, por favor, meu apoio à candidatura de Steve Buscemi, que aí não se trata de política, mas de fé. Fé humanista, uma coisa tosca, admito; mas, ainda assim, fé.

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

TETÉIA DA SEMANA

Monica Veloso

Amante do ilustríssimo Senador da República, Renan Calheiros. Com a absolvição de Renan, inocentado da acusação de quebra de decoro parlamentar na semana pessada pelos seus companheiros de senado (com letra minúscula mesmo), Monica poderá continuar tendo a escola da sua filhinha paga com o nosso dinheiro. Isso não é lindo? Lúdico, diria eu. Essa é a minha sincera homenagem aos nossos senadores, bastiões da moral e incorruptíveis guardiões da sociedade. Lembrem-se sempre, antes de criticarem os nossos adorados políticos: VOCÊS colocaram eles lá. Que eu saiba, ninguém foi obrigado a votar no senhor Calheiros, ou nos deputados Mauf e Fernando Collor (sim, para os esquecidos, os dois são Deputados Federais eleitos) com uma arma na cabeça. Vocês merecem tudo isso. Chorei de dar risada com a saída Chapliniana do Renan depois da votação. É tanta cara-de-pau, que eu nem sei porque ele não disse de uma vez que tinha aprontado, mas que iria ser absolvido mesmo assim. Nem precisaria ter fingido ser inocente, seu Calheiros! No mais, mais uma vez reintero minhas sinceras gratulações aos nossos senadores e políticos. O pior do Brasil é o brasileiro. E viva a república das bananas.



Obs: irei apanhar do Fundamentalista, que odeia que falemos de política nesse blog. Adendo feito, bom dia para todos.

domingo, 16 de setembro de 2007

Me fala de amor!

"Esquece a política e me fala de amor." Então, tá. Amor é mesmo um assunto bem melhor que política. Se Shakespeare não tivesse falado de amor, o que ele disse de política nem interessaria. De fato, nunca interessou. Embora sempre haja chatos pra dissertarem sobre o "Shakespeare político" e embolsarem títulos junto à Academia, que esta descanse em paz. Porque Shakespeare era um cara esperto, talvez o artista mais esperto do mundo, e eu nem sabia que talento artístico e esperteza andavam juntos. Pra mim, ou se era artista e otário, ou pós-moderno (tsc, tsc, tsc) e esperto. Mas a gente tá aqui, nessa vida, é pra aprender coisa nova até chegar a nossa hora (credo...), né?
Shakespeare ia na onda, pra cair nas graças de quem precisasse cair. E fez o que fez, sendo o preferido dos figurões e agradando às massas. Tipo eu, Shakespeare era igualzinho a mim. Eu, que sou a parte "chata e inteligente" desse blog, assombrando os filisteus e suas namoradinhas com a carranca da alta cultura, à parte os esgares de concessões a Nelly Furtado e college bands. Não acham que com Shakespeare era a mesma coisa? Quando aqueles rapazinhos vinham fazer testes pra sua companhia teatral, não supunham que o seu Shakespeare ia botar eles pra correr citando Plínio, o Velho, com a King James em riste? Que nem eu e vocês.

Mas olha, gente, é bom parar com isso, que eu sou do povão. Não vou falar que sou filisteu, porque gosto de Persona, do Bergman, e o Paulo Coelho não; e uma coisa que a gente aprende nesse caminho acidentado que é o de se garantir uma formação intelectual e artística é que se a gente está divergindo do Paulo Coelho (e por que não dizer também de quem gosta de Drummond irrestritamente...), não tem como não estar andando certo. E olha que numa entrevista, há muito tempo, ele disse que gostava de Dom Quixote. Mas se eu gosto de My hero, do Foo Fighters, o Paulo Coelho também pode gostar de Cervantes, não pode? Apesar de que quando fotografaram a Glória Maria e ele no aeroporto, o bruxo tinha, junto com São Cipriano for dummies, um livro fininho que um aluno de Engenharia amigo meu disse que era Dom Quixote para as crianças, do Monteiro Lobato. Esse meu amigo reconheceu a capa na hora, pois foi o único livro que ele leu inteiro e gostou mesmo. "Que nem o Alckmin", eu falei pra ele. "É", me respondeu, sacudindo a cabeça, bem entusiasmado.

(O Paulo Coelho e a Glória Maria estavam esperando o avião deles pra um lugar do Extremo Oriente onde gravaram o treinamento da Uma Thurman com o Gordon Liu em Kill Bill: Volume 2. Esperaram muito por causa da crise aérea... ai, eu disse que não ia falar de política, caramba! Já chega a piada do Alckmin, que eu nem ia colocar se o engenheiro tivesse sacado.)

Mas foi pra falar de amor que eu postei. E Amor, pra mim, é liberar total o meu jeitinho filisteu de ser, que eu também tenho. Por isso, costumo confundir estar apaixonado com aquilo que eu sinto ouvindo essas bandinhas indie (lá-lá-lá-lá...) que eu tenho aqui, no meu MP3 player, sem ninguém no busão que vai pra facul lotado de fã de Chico Buarque ficar sabendo. Uma definição musical do amor, pois, em tópicos:

1) é como uma banda indie;

2) tem vocal de uma menininha bonita que andava com os esquisitões na época do colégio e, daí, formou uma banda com eles, porque ela era cheia de atitude;

3) as canções são sempre melodiosas, TÊM refrão, e as letras falam de losers encontrando o amor, perdendo o amor, tentando compreender o amor, sendo enganados no amor e - meu Deus, até onde vai a imaginação dessa rapaziada! - enganando no amor, losers enganando no amor.
B-servação: falar do Paulo Coelho é que nem bater em cachorro morto; e nem estou falando da obra do Paulo Coelho, que aí é palhaçada mesmo. Se eu falo dele, da pessoa dele, do mago que ele é, é porque ele foi encrencar com o Bergman, e depois deste morto, e pra mim Bergman é que nem o Corinthians pros corintianos.

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

A MTV e o VMB: uma exibição de atrocidades


Quando a alta cúpula da MTV anunciou, no começo do ano, que o canal iria diminuir drasticamente o espaço dado para os videoclipes na programação, acabando inclusive com o programa Disk MTV, que estava no ar na emissora desde o primeiro dia de exibição, em 1990, criou-se uma comoção estridente entre o público da emissora. O chororô foi geral, mas o canal se manteve irredutível. A justificativa dada, colocando a culpa na internet pela pouca audiência conseguida pelos programas de clipes, foi o motor que manteve essa convicção do canal em pé, apesar dos protestos. Mas quando foi dada essa notícia, apenas uma constatação veio na minha mente. O VMB, Video Music Brasil, que desde a sua criação, em 1995, tornou-se disparado a maior audiência e maior fonte de faturamento do canal. Pois bem. Todas as categorias da premiação tratavam de clipes. Das categorias técnicas até o prêmio mais importante, a escolha da audiência, tudo girava em torno deles. Então, se a MTV anunciava a virtual eliminação dos mesmos da sua programação, , automaticamente também anunciava a extinção da premiação também, já que não existe o menor sentido em premiar clipes numa emissora que dedica uma exígua faixa na sua programação para eles, e que nem programas de paradas têm mais, sendo que o Disk e o Top 20 Brasil (também extinto) eram os maiores termômetros para a premiação. Esse seria o raciocínio lógico. Mas para os padrões da MTV atual, nada precisa ser necessariamente o que parece ser.

PARTE UM: MORTE NATURAL

O canal hoje é um cadáver, alimentando-se de programas horrendos da matriz norte-americana, que correspondem a mais da metade da programação, e produções da própria MTV Brasil que deixam a desejar em todos os níveis de produção e conteúdo que se possa imaginar. A detestável Daniela Ciccarelli, que tem 3 programas na casa, entre eles o abjecto Beija Sapo, é o rosto atual do canal, algo que é absolutamente compreensível, já que ela atende a todas as exigências do público alvo da emissora. O merchandising invasivo e excessivo nos programas é nauseante, é impossível não ligar em qualquer programa do canal e não ser bombardeado com ofertas de torpedos de celulares, refrigerantes, sandálias, cartões de créditos, todo tipo de bobagem que já seria difícil de aturar nos comerciais, também agora bem no meio dos já péssimos programas. Parece aqueles vespertinos de fofocas das Gazetas e Rede TVs da vida, mas com o verniz "cool" e "descolado" da MTV por trás, como que se fosse um selo de qualidade para os adolescentes babões, que só consomem aquilo que lhes induzem. Ao lado da Cicarelli, os outros Vjs não ajudam muito não, com os veteraníssimos Cazé e Marina Person constrangedoramente deslocados, Marcos Mion inócuo como sempre a novata Luísa Michelletti e o "causa perdida" Léo Madeira dando um show de desinformação no péssimo Jornal da MTV, que deveria ser o centro de influência da emissora, mas é somente motivo de escárnio para os verdadeiros fãs de música. Vendo todo esse panorama desolador, é impossível não se lembrar de tempos melhores na emissora, quando para ser Vj era necessário saber exatamente tudo aquilo que estava se falando, e que as apostas da emissora e os programas eram capazes de trazer novidades e discussões realmente relevantes e inquietantes. Tempos de apresentadores como o Gastão Moreira, Fábio Massari, Zeca Camargo e até, pasmem, Thunderbird. A faixa de programas americanos era preenchida com o sensacional desenho Beavis and Butthead, a Liquid Television, o Aeon Flux, entre outros. Nada dos lixos de agora. Tempos nos quais o Lado B, mítico programa de clipes alternativos, tinha uma hora de duração. Que o Gás Total, excelente programa de clipes que passava nas tardes apresentado pelo Gastão, tinha duas horas e meia somente com os Nirvanas e Smashing Pumpkins da vida. Hoje, lambemos os ossos jogados pela cínica e estúpida direção do canal, incapaz de ler corretamente os avisos e oportunidades no meio da maior crise da indústria musical.

PARTE DOIS: MORTE CONSCIENTE

Eu não achava que eles teriam coragem de seguir em frente com isso. Seguindo a fundo no meu pensamento, achava que eles tinha matado a sua galinha dos ovos de ouro. Era o fim do VMB. Mas houve muito de ingenuidade nesse raciocínio. É lógico que a MTV não iria abrir mão do único programa na emissora capaz de gerar repercussão e dinheiro no meio de toda essa crise. Apenas teriam de mudar a roupagem, para absorver a estrutura da programação nova do canal. Ou seja, criar meios de não ter de depender dos clipes para realizar a premiação. Eles conseguiram, lógico. Aboliram todas as premiações por seguimento. Esqueçam categorias como melhor clipe de rock, de pop, de axé, de samba, de rumba, de polka, de mambo, de guarânia e o escambau. Primeiro passo. O segundo, mais forte e impactante: todos os prêmios não mais terão os clipes como alvo, e sim as músicas e os artistas isoladamente. O famoso "molde Grammy"da coisa. Artista do ano, Hit do ano, Show do ano, nada disso tendo a ver com os clipes. Terceiro passo: tchau, categorias técnicas. Nada mais de melhor fotografia, melhor diretor e adjacentes. Essas três decisões diminuíram consideravelmente o número de categorias e, mais profundamente, significaram a total renúncia feita pela MTV à mídia que era o carro chefe do canal e a sua própria razão de existência e moeda de influência: os clipes. Querem que nós compremos que o M da sigla seja referente somente a música em si, e não para a representação em vídeo da mesma, ignorando a cartilha pela qual a emissora rezou nos últimos 17 anos. Truque antigo, velho, como ensinar para um cachorro matreiro a abanar o rabo. Cabe a nós, que admitimos, sim, que a velha MTV fez brotar nos nosso corações (eu sou brega mesmo, jão) o amor pelo rock e pela cultura pop, não comprar essa palhaçada e torcer para que o inevitável fim, que atingirá também a MTV americana, que vive os mesmos problemas da nossa, venha o mais rápido e indolorosamente possível. Se temos o You Tube e a internet toda para, pelas nossas mãos, saciar as mesmas necessidades de consumo e opinião que antes deixávamos preguiçosamente a cargo da nossa querida Eme Tê Vê, por que então temos de lamentar? Foi bom enquanto durou, mas que possamos então apertar o botão que proporcione o fim dessa injustificável agonia. A não ser, lógico, para os masoquistas que adoram ver programas com nomes de mega corporações de refrigerantes promovendo encontros entre o CPM-22 (argh!) e o Babado Novo (urgh!). Mas quem nasce com vocação pra lata de lixo...

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Será que alguém entende?

Já haviam me falado, em poucas coisas costumo ser cético. Era exceção. Diziam que existiam alguns seres masculinos iluminados que, por incrível que pareça, compreendiam as mulheres. Caro leitor, me disseram que existiam tais seres, no imaginário, e bota imaginário, costuma tal afirmação estar presente quando citamos ficção-científicas baratas e certos filmes "hollywoodianos" encabeçado por algum ator galã, ele nem precisaria entender o sexo feminino.

Falo de e para nós, pessoas comuns: aqueles que as mulheres costumam ficar por pena; aqueles que não são muito bonitos, as vezes nem bonitos; aqueles com alguma barriguinha de choop e pelos no peito; aqueles que vivem com pouco dinheiro(alguns até se divertem com isso). Pessoas comuns, é disso que abordo. Se existisse tal ente, queria entrevista-lo, conhece-lo. Pedir umas dicas, quem sabe. Então marquei uma entrevista e pedi para o camarada progressista fazer a reportagem, abaixo, trancrevo um trecho dela.

Camarada Progressista:
então você é capaz de entender as mulheres?
Que Entende as Mulheres: Exatamente
C. P. : Quando começou a entender as mulheres?
Q.E.M. : Faz bastante tempo, na infância. Sabe, fui criado pela minha mãe, meu pai e minha tia que morava com a gente. Podemos considerar que meu adorado papai não era nenhum entusiasta do trabalho e muito menos um abstêmio exemplar. Por fim, sempre acarretava problemas para minha mãe, sempre.
C.P. : Ele batia nela?
Q.E.M. : Quando ainda conseguia levantar o braço ou quando ela não consegui fugir, sim, ele batia. E por muitos anos continuava na mesma, não conseguia entender o porquê da minha mãe não largar ele, já que ela sustentava a casa. Ou mesmo minha tia tentar evitar a situação ou, pelo menos, incentivar minha mãe a fim de deixa-lo.
C.P. : E quando foi entender?
Q.E.M. : Entendi muito bem a situação, e as mulheres de um modo geral, quando peguei meu pai beijando minha tia.
C.P. : Que coisa! Acha que entender as mulheres ajudou vc a lidar melhor com elas?
Q.E.M. : Sim, sem dúvida!
C.P. : E vc acha que com isso ficou mais fácil conquista-las?
Q.E.M. : Nada disso, fofo!
(Camarada Progressista left the building, apressadamente)

terça-feira, 11 de setembro de 2007

Latino: o maior compositor brasileiro


Já caminhávamos para a primeira metade da década de 90. O mundo musical assistia absorto ao crescimento exponencial dos sertanejos e pagodeiros, assolando as frequências musicais e vendendo discos aos borbotões(há, o doce mundo pré-internet...). O rock brasileiro agonizava dolorosamente, e teria sido muito pior se não tivesse o exíguo espaço na mídia proporcionado pela na época recém-inaugurada MTV brasileira, lembrando-se que o alcance da emissora na época era mínimo, o que não melhorava muito a situação dos nossos "roqueiros" (sic) . Nesse cenário, francamente favorável para os compositores populares que soubessem interpretar os anseios musicais de todo um novo público, que queria ser tomado por músicas fáceis, que já viessem no piloto automático, dizendo as palavras mais simples e diretas da maneira que eles queriam ouvir, sem surpresas e sem espaço para questionamentos existenciais mais profundos e ousadias musicais desnecessárias, com os "eu te amo" no lugar certo e os "volta pra mim" também, aparecia o nosso maior hitmaker.

Latino. O pioneiro do funk. O precursor do charm. O compositor de músicas que atingiriam o patamar mais alto que uma canção poderia aspirar alcançar, o de mudar padrões comportamentais e influenciar pessoas. A música que lançou esse carioca da remota cidade de Maria da Graça nos braços do sucesso foi a colossal Me Leva. Com um clima de funk-cabaré de fazer corar um Soft Cell da vida, com versos imortais como "me leva, me leva que eu te quero me leva, me leva que o futuro nos espera", Latino estourou nas paradas de todo o Brasil (momento Eli Corrêa) e colocou o seu nome no hall dos grandes ídolos populares. Com o seu sucesso, Latino abriu as portas para outros artistas do chamado "funk meloso carioca", como os já esquecidos Copacabana Beat e a dupla Claudinho e Buchecha (os Hall & Oates tupiniquins, mas isso é papo pra outro post). Mas depois desse sucesso inacreditável, Latino esmoreceu. Sem emplacar novos hits, foi desaparecendo gradualmente da grande mídia, ficando no limbo por todo o resto da década. Só conseguiria sair desse ostracismo quase que uma década inteira depois. Mas seria uma volta triunfante, um vôo rasante da fênix, ferida e sedenta.

Latino pegou sua mulher na época, Kelly Key, e escreveu um libelo de influência Nabokoviana, tratando da vingança emocional de uma mulher que, quando adolescente, não conseguiu seduzir um homem mais experiente e que agora, já crescida, saboreiava a vingança ao desprezar esse mesmo homem que um dia não tinha se subjugado aos seus caprichos eróticos-juvenis. Baba Baby, o nome da canção. Latino, que deve ser um ávido leitor de Nabokov (e consequentemente, do Dostoievski e do Tolstoi, é tudo ali por perto mesmo), resolveu lançar uma nova e brilhante luz sobre o clássico Lolita: e se o sujeito rejeitasse os avanços da moleca e ela, depois de anos, voltasse e despertasse nele um desejo incontrolável e agora sem as amarras da idade e dos processos penais por pedofilia, mas a garota aproveitasse a situação para empreender uma bela vingancinha, no melhor estilo mulher desprezada? Oras, não seria essa a verdadeira afirmação do ideal feminino, a tênue linha que começa em Eva (para os ateus, em Luzia) e termina na revolução feminista do século XX? Sim, meus amigos. Um insight genial. O sucesso foi estrondoso. Kelly Key saiu das trevas do anonimato para virar uma estrela, e o Latino voltava a colocar suas composições no imaginário popular.
No ano seguinte, Latino se separou da senhorita Key, e resolveu expandir seus talentos para outras freguesias, se é que vocês me entendem. Juntou-se profissionalmente (não existem provas de um relacionamento amoroso entre eles) com a jovem cantora Luka, e escreveu mais uma música que abalaria todas as estruturas do cenário musical brasileiro. Tô Nem Aí. O ideal nilista, a afirmação do indivíduo, o pensamento Nietzcheziano do homem como uma identidade sólida e voltada para a construção do eu e do ego. Latino sentiu que a brutalidade do capitalismo estava sugando toda a individualidade, de uma maneira mais sutil e perversa do que a dos sistemas comunistas-socialistas. Ele não aguentou ver o homem sendo transformado em mais uma máquina, quase um compêndio de sistemas binários e hexadecimais pronto para assumir funções automáticas e efêmeras. Com isso, escreveu essa letra, uma declaração de independência de padrões, rótulos e opiniões alheias. Mais uma vez, Latino entregava ao povo um hit que não só dava calos nos pés, mas sim provocava uma reflexão necessária e, mais importante, fora dos campos de influência inflados e contaminados das universidades e centros de inteligência.


Depois de de dois sucessos que definiram toda uma geração e colocaram o país aos seus pés, Latino poderia ter descansado e contemplado suas criações. Mas não. Homem inquieto, criativo e empreendedor, foi buscar na Romênia, terra de vampiros e empaladores, a inspiração para mais um arrasa-quarteirões. E nasceu uma música furiosa, de mensagem direta e implacavelmente honesta, uma ode às orgias e sexualidades modernas, o homem sem medo do seu ardor sexual, o clamor Nelson Rodrigueano, o sexo como fator de união e congregação: Festa no Apê. O refrão que uniu um país inteiro. Admitimos, finalmente: somos a terra das frivolidades. Carnavais e pecados justificados pela visão de um homem à frente de seu tempo. E pelo terceiro ano seguido, Latino era o dono do país. Depois desses três tiros certeiros, Latino parece ter dado um tempo pra refletir sobre sua posição como músico e artista, no combalido mercado fonográfico tupiniquim. Tenho certeza que ele está, em algum canto do seu amado Rio de Janeiro, planejando a próxima revolução musical. E nós ficamos aqui, ansiosos, aguardando o chamado do nosso mestre de cerimônias favorito. Latino, traga-nos de volta a folia dos seus sons! A atemporidade das suas palavras!

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

TETÉIA DA SEMANA

Vanessa Hudgens

Estrela do musical da Disney, High School Musical, mania entre os aborrescentes, ops, adolescentes tupiniquins, que já está no seu segundo empreendimento cinematográfico. Foi protagonista de um escândalo nessa semana, tendo fotos suas como veio ao mundo sendo exibidas pela internet. Nós, como somos um blog elegante e sofisticado, não colocaremos essas fotos, nem daremos links para sites com as mesmas. Mas deixem-me dissertar mais uma vez em cima de uma teoria à respeito do chamado "mundinho Disney", algo que já discuti no mítico mês Lindsay Lohan (há, Lindsay....). Esse mundo de lantejoulas, futilidades e babaquices adolescentes, com garotas virginais e angelicais à espera de um amor corajoso e heróico, capaz de superar todas as amarras do destino e vilões caricaturais que existirem pelo caminho, o famoso complexo de Cinderela, que sufoca os esforços da Disney no que se trata de "programas voltados para o público adolescente". Aí, as estrelas Disneynianas se metem em escândalos a cada cinco segundos, e toda a imagem que esses horrendos programas se esforçam para passar vão para o ralo. Alguém na companhia do falecido Walt irá um dia descobrir que existem diferenças gritantes no produto que se deva oferecer para crianças e adolescentes. E somente então, seremos poupados da gritaria e hipocrisia vinda desses torturantes programas. E dá-lhe cantoria para cima dos incautos. Mas vou parar de dar porradas. E para dar um alento nessa triste semana vivida por ela, digo que Vanessa conseguiu atingir o nível mais alto que uma starlete poderia almejar: a posição de Tetéia da Semana. Parabéns, e pelo amor hein, a tecla delete não está na sua máquina fotográfica só de enfeite não, valeu?

domingo, 9 de setembro de 2007

Tô sabendo!

Camarada X, será que você é tão – bem, vamos dizer assim: humilde quanto eu? Quer dizer, quando alguém (em geral, nitidamente filisteu) te pergunta se você manja de Nietzsche, você é tão escrupuloso que responde que não, só porque AINDA não leu a mais recente tese de doutoramento da Universidade de Freiburg sobre o emprego de Ich na obra do bigodudo, especialmente no Nascimento da Tragédia?

Vejamos: no Inglês você só arranha, mesmo tendo lido Ulysses no original, além de ficar traduzindo todos os dias, antes de dormir, pelo menos uns quatro parágrafos de Finnegans Wake, só pra ver se melhora um pouco sua compreensão das estruturas gramaticais? E do Godardzzzzzz, você viu quase todos os 7.000 filmes (talvez somente 6.780, mais exatamente 6.783), leu pelo menos uns três catataus de semiótica do acossado (lá-lá-lá-lá...), conseguiu explicar pra sua avó (é sempre a avó o paradigma do filisteísmo, coitadinha dela) cada uma das alusões à Sã Doutrina em Je Vous Salue, Marie e, de quebra, com uma análise originalíssima, convenceu a velhota de que Godard estava na verdade é anunciando as Boas Novas, aquele devoto?

Mas, apesar disso tudo, ainda insiste em que Godard você curte, e não vai negar que bastante, mas que, se por acaso sabe alguma coisa do cineasta – e olha que é só em caráter hipotético, por favor –, não é nada mais que senso comum entre quem gosta um pouquinho que seja de cinema?

Camarada, Camarada X, chega de mentiras e de falsa modéstia (e estou me dirigindo também a mim). Chega de hesitar, chega de se esconder. Como um sábio blogueiro já disse, quando você não tiver certeza sobre alguma coisa a seu próprio respeito, sempre assuma a opinião mais megalomaníaca possível. A humildade era pra ser a virtude capital à intelligentsia e ao espírito que supostamente a orienta, o iluminista (ai, que contradição, já que de humilde o Iluminismo não tinha nada); a humildade sempre traria à mente a lembrança do caráter permanentemente provisório e progressivo do conhecimento científico. Mas um Richard Dawkins da vida está aí pra mostrar que isso tudo não passa de groselha.

É hora de pularmos para o outro lado, se quisermos fazer alguma coisa, se quisermos ser grandes e alcançar de uma vez por todas aquele futuro promissor que a professora da escolinha prometia pra mãe da gente. Tipo, se você só descobriu que Night and Day é do Cole Porter porque baixou a trilha sonora de Jumanji inteirinha pelo E-mule, mas alguém um dia mencionar o compositor numa conversa, mesmo que incidentalmente e muito por alto, interrompa-o na hora e conte que você absolutamente a-do-ra Cole Porter, que não tem uma música de que você não goste. E de Glauber Rocha, então! Sabe Gangues de Nova York, aquela câmera girando em torno dos atores enquanto eles partiam pra porrada? Hã, pois é referência a O Deus e o Capeta em Terra de Sol, tá ligado?

sábado, 8 de setembro de 2007

A sabedoria viva do Camarada Fundamentalista

E às vezes eu, que tenho mó verve hegeliana, sento no boteco só pra trocar figurinha com outros filósofos da velha escola. E o que me vai saindo, assim, espontaneamente, anoto no guardanapo e, chegando em casa, me dou conta de que superei La Rochefoucauld brincando.

Abaixo, minhas Reflexões e Máximas casualissíssimas:

Pessoas que têm ou muito ou nenhum dinheiro julgam poder fazer o que quiserem, porque têm ou muito ou nenhum dinheiro: às tais deveria ser negado o direito de ir e vir.
E como confiar em um negócio como a numerologia, que te faz escrever o próprio nome errado, tudo pra atrair “energias positivas”. Quer dizer, escrever certo, agora, dá azar.

Dizem que procuramos no outro o que nos falta: por isso a mulher quer um homem que saiba escutá-la.

Aquele que se gaba de sua descontração está, de fato, exaltando sua estupidez.

Avoado é eufemismo para idiota.

Idiota é eufemismo para fútil.

Fútil não é eufemismo para nada.

Toda a auto-ajuda possível e funcional está baseada nisso – em se sentir bem consigo mesmo: a felicidade é, pois, uma exaltação da falta de caráter.

Nunca conheci um homem de bem com a vida que não jogasse papel de bala na calçada, nem um otimista que pagasse o dinheiro que pediu emprestado.

Máxima infame: o Homem Invisível queria ser visto: aposto que ele nem pensava se tinha um narigão.

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Salingerianas: a queda de Owen Wilson

Semana passada, o ator estadunidense Owen Wilson, protagonista de filmes como Anaconda (blargh!), Bater e Correr, Starsky e Hutch e Penetras-Bons de Bico, cometeu uma tentativa frustrada de suicídio ao cortar o pulso e tomar uma dose elevada de remédios e pílulas. Socorrido a tempo, acabou se safando da morte. Tal ato chocou profundamente os fãs do ator, já que a sua persona cinematográfica sempre se constituiu de seres imaturos, ingênuos e engraçados, os famosos "de bem com a vida", como se diz no jargão. Por isso, os fãs demoraram para absorver a idéia de que aquele cara, que sempre se mostrava tão, como poderia dizer, relax nas telas, poderia chegar a tamanho ato de desespero na vida real. Esse acontecimento surpreendente trouxe-me lembranças de um grande filme do começo dessa década. E esse filme, sua criação e seus personagens podem, sim, trazer elucidações à respeito do extremado ato tomado por Wilson semana passada.

Mas vamos ao filme. Os Excêntricos Tenenbaums, fruto de mais uma parceria do diretor Wes Anderson com o Owen Wilson. Os dois, como já tinam feito nos dois filmes anteriores de Anderson, Pura Adrenalina e Rushmore - Três é Demais, escreveram o roteiro em conjunto. A história versa sobre uma família absurdamente disfuncional de intelectuais e prodígios. O pai é um advogado malandro, auspicioso, separado há muito tempo da esposa, mas que, ao se ver afundado em dívidas e despejado do Hotel aonde morava, resolve tentar conquistar de novo seus filhos e sua esposa, apenas para conseguir arranjar um teto de novo. Os filhos, todos atormentados e sufocantemente instrospectivos, vêem com reticência a volta do pai. . O filme é claramente inspirado na saga da família Glass, personagens criados por J.D. Salinger, escritor americano e também autor do colossal O Apanhador no Campo de Centeio. A história dos Glasses se desenvolve em diversos contos e livros. O filho mais velho no filme, interpretado por Luke Wilson, um tenista que nutre uma paixão excentricamente dolorosa pela sua irmã mais nova, que é adotada e casada, é um sujeito afável e gentil, sendo único que acaba aceitando a volta do pai sem maiores conflitos. Ao descobrir as aventuras amorosas da irmã, e saber que ela tem um caso com seu melhor amigo, um escritor chamado Eli Cash (interpretado por... sim, Owen Wilson), ele acaba tentando o suicídio, sem obter êxito, ou apenas usando o seu ato para uma tentativa desesperada de chamar a atenção da família para os seus problemas. A irmã adotada, interpretada pela Gwyneth Paltrow, é uma dramaturga que enfrenta uma crise de depressão no seu casamento, fruto de sua inedaquação perante o mundo, algo que somente piora quando o pai volta a conviver com a família, já que ele não perde a oportunidade de ressaltar que ela não é do seu sangue, mesmo que de forma não intencional. Na família Glass de Sallinger, eram sete irmãos, todos também prodígios. O mais velho, Seymour Glass, era descrito como sendo um sujeito calmo, amável, o mais tranquilo de todos os irmãos, e o favorito de seus pais. Pois ele comete suícidio numa das histórias, devastando a família. A irmã mais nova dos Glass, Franny, é uma jovem universitária que enfrenta uma violenta crise de identidade ao ler um livro religioso, e também mostra um avisão absurdamente crítica e ácida frente o mundo e as pessoas. Apesar das diferenças, a referência é clara.

Assim como os Glass, os Tenenbaums são gênios que, por não conseguirem canalizar tamanho potencial para coisas não-destrutivas, acabam dilacerando todo o mundo que os cerca, uma sinalização clara de falta de maturidade. Owen Wilson (agora começam as suposições absurdas) deve ser um fã de Sallinger, e o seu personagem no filme,o escritor, imagino eu que seja, ao mesmo tempo, uma homenagem à Sallinger e uma amostra do vazio que Wilson deva sentir, por ser um artista amado pelo seu público, mas que não sente isso como algo saudável. A inadequação e a total aversão aos valores falsos e deturpados da sociedade, fatores sempre mostrados pelos personagens de Sallinger, devem vir frontalmente de acordo com os sentimentos dele. Por isso, a sua tentativa de suicídio não me surpreende. Não que apenas o fato de alguém ler Salliger seja prova irrefutável de qualquer coisa. Mas Owen Wilson mostrou no seu roteiro justamente indicado ao Oscar que é um homem que se preocupa com questões existenciais fundamentais. E a velha e perigosa combinação, sujeito problemático que acaba encontrando alívio em interpretações errôneas e equivocadas de grandes clássicos da literatura, e com um empurrão da depressão e das drogas acaba levando esses questionamentos existenciais ao seu nível mais extremo e trágico, a solução mais burra e simples: o suicídio. Agora, eu já sei o que vocês vão dizer: e aquela cena no Penetras Bons de Bico, que o personagem dele acaba lendo um livro cujo título era "como evitar o suicídio", logo depois de uma desilusão amorosa? E os rumores que ele teria se suicidado pelo fim do seu romance com a atriz Kate Hudson? Essa não seria uma triste coincidência? A resposta é: não.

terça-feira, 4 de setembro de 2007

A inutil tentativa de limitar a si mesmo ou epopéoa do camarada

Passei muito tempo esperando as coisas, desde a infância é uma das minhas mais fortes características. É senhoras e senhores, sou moderado desde os meus tempos juvenis; seja a menina com meu beijo prometido, os colegas na porta da escola, um amigo na catraca do mêtro. Além da conhecida paciência que acabou me tomando de assalto(um assalto leve, próximo de uma punga), foi a capacidade de não se estressar muito com os incovenientes freqüentes do dia-dia urbano. Se fosse pra chegar atrasado eu prefiria não me aborrecer e deixar que fosse atrasado.

Mas minha espera, de uma forma geral, acarretou vários problemas para minha formação. Aqui quero salientar é a incapacidade de me definir por completo. Como sempre fui sossegado com as coisas e nunca dediquei um tempo pra me formar e saber certos limites pessoais, trazendo indefinições pra toda as coisas que executo: escrevendo, pensando, em ações onde pudesse deixar minha marca: escrevia o meu nome na lousa com a mão direita; com a esquerda, apagava o que começara.

E na escrita, sobretudo nesse blog começou a ficar claro a situação. Os outros dois camaradas tem suas identidades bem definidas, sejam elas chatas ou ruins, inteligentes ou engraçadas. Por contraste consegui realmente perceber se eu quero continuar a fazer parte desse panteão de bons escritores ou me recolher. E justamente por fazer um contra-peso neles, por cosequência no próprio mecanismo do blog, decidi continuar, alem de ser bem divertido. Só tenho que escrever um pouco mais, mostrar para todos a minha anarquia, assumir minha loucura e falta de preparo. Só isso, talvez vcs tenham que me agüentar, então espero que segurem!

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

TETÉIA DA SEMANA

Cláudia Leite

É isso aê, patuléia! Preparem os batuques, refinem os agogôs, comprem os melhores abadás e fiquem prontos: Axé is in the house! Cláudia Leite, vocalista ditosa e graciosa da apocalíptica e catastrófica e praguenta banda Babado Novo. Eu poderia dizer que a Cláudia é uma Ivete Sangalo mais simpática e emocional, sem a mesma empáfia e falsa humildade da nojenta e onipresente cantora baiana (a Cláudia é carioca). Mas até aí, normal. O problema é que, quando falamos em axé, não podemos achar inocentes: todos são culpados. Não existe ritmo mais insuportável nessa terra de meu Deus. Eu prefiro ouvir duzentos discos de polka seguidos amarrados do que ter de aguentar cinco minutos de uma "canção" dessa porcaria. Mas a Cláudia é tão simpática, que fica até chato tentar jogá-la aos leões. Ou talvez seja apenas o velho charme feminino, tirando a racionalidade dos homens e fazendo-os suportar todo tipo de porcaria em nome da velha sedução. A sua entrada no rol das Tetéias atendeu a um pedido pessoal de um dos camaradas, cujo nome não entregarei por não achar isso FUNDAMENTAL para a questão, se é que vocês me entendem. Babado Novo, hein, camarada? Uhm.....

domingo, 2 de setembro de 2007

Não me digam que não falei dos anos 80 - Parte 1

Durante todo essa experimentação estilística que passamos e passsaremos no labor deste blog, nesse período de quase seis meses, sempre deixei claro que não sou muito defensor da década de 80, ainda se tratando do período que nasci e também os dois outros camaradas. Cheguei até a denominar de era da escuridão, de década perdida e outros adjetivos negativos.

Como as noites escuras tem sempre a lua como acompanhante solitária, sobretudo para exercer sua marca e sua grande beleza, a década perdida tem suas qualidades, e não falo isso somente por causa do surgimento dos três camaradas que despontarão ao mundo como dínamos. Pois sim, seu brilho se estende por outras áreas, tem até um pedaço na música, quem diria. É nessa seção que quero salientar.

A dificuldade pra lembrar, musicalmente falando, me assusta. Consigo associar a coisas ruins da infância, sobretudo quando eu chorava. Pensar, pra mim, que os anos 80 não se resumiam só a Balão Mágico e Cabeça Dinossauro, verdade, demorou um tempo. Tive que conhecer mais da música internacional, e pra piorar, no começo desse calvário musical fui cada vez mais achando que deveriam embala-lo e jogar no espaço, ad eternum; se necessário proibir no mundo todo de citar qualquer coisa relacionada a música do período. Oitent.., num menor sinal, chibata!

Na procura do Graal tropecei em algumas bandas interessantes, devo dizer, decisivas para as gerações posteriores: Public Enemy, Beastie Boys, Talking Heads, Minutemen. Decidi comentar das últimas, pois as primeiras eu já era iniciado indiretamente, ou seja, elas já permeavam aquilo que costumava ouvir enquanto Talking Heads e Minutemen abriram caminhos para eu poder entrar em contato com o que se produz hoje e, logicamente, ter base para poder criticar duramente os atuais músicos.

Minutemen é uma das bandas que fazia parte do cenário punk-rock/hardcore dos anos 80, até aí existiam bandas do punk-rock saindo pelo ladrão das gravadoras estadunidenses, mas não como esta banda californiana. As marés, o surf, a latinidade acabou refletindo na música feita pelo trio de San Pedro: viradas, mudanças de ritmo e de estilo( a música começa como um rock e termina como jazz; só os intrumentos, um a um, solando e depois todos voltando para o tema), a capacidade técnica do trio impressiona e a sensibilidade fez o Minutemen não se prender a rótulos e ao terrível estigma da época, em pouco mais de cinco anos deixaram sua marca influenciando Fugazi e, até mesmo, o Red Hot Chilly Peppers. O único pesar foi que a banda acabou quando o guitarrista morreu em 85. Pena.

Já Talking Heads está na virada dos anos 70/80, na verdade no final dos setenta e alcançou sua maturidade musical nos anos 80, ainda que prefire o album Talking Heads 77. Uma banda liderada pelo genial David Byrne não poderia ser ruim, eles pegam boas coisas que tiveram nos anos 60/70, como James Brown, Funkadelic, Fella Kutti e colocam misturadas no rock que faziam: desde ska, pop, ritmos africanos, como o já citado funk. As colagens e as fusões soam melodiosas e as vezes brega pra mostrar que são dos anos 80, lógico. Mas um brega completamente apaixonante e que gruda no ouvido, brega-punk-rock, fica dificil de imaginar? Aquele jeito, influenciou como a maioria das bandas pós-rock iam tocar e tocam. E vc se pega ouvindo talking heads, pois cada vez mais que ouve mais quer ouvir. Além de ser bom dá um vontade de dançar na luz da lua, com licença..

sábado, 1 de setembro de 2007

Cinema- Estréias da Semana

Paranoia - Diretor: D.J. Caruso; Elenco: Shia LaBeouf, Sarah Roemer, Carrie-Anne Moss
Filme que homenageia uma certa película dos anos 50, um filminho bem fraquinho, suspense de quinta categoria, um tal de Janela Indiscreta aí, não sei se vocês conhecem .A premissa é idêntica. No original, um fotógrafo quebrava a perna e, tendo de passar um tempo de molho em casa pra se recuperar, adquiria o gosto de bibilhotar com um binóculo a vida dos vizinhos, até suspeitar que um morador do prédio da frente poderia ter matado sua esposa. Nesse, um moleque problemático fica de prisão domiciliar no verão, também começa a espionar os seus vizinhos e também desconfia de um assassinato. Só que esse filme é mil vezes melhor que aquela produção de 1954. Afinal, o D.J. Caruso, diretor do fabuloso thriller Roubando Vidas (grande momento na carreira da Angelina Jolie), é muito superior aquele diretor inglês que não manjava nada de suspense, o tal de Alfred Hitchcock. O Shia LaBeouf, com 20 anos na cara, é muito melhor que o James Stewart, e a Sara Roemer coloca a Grace Kelly no chinelo.Aliás, deixe-me fazer um adendo: Grace quem? Parabéns aos produtores que tiveram essa brilhante idéia, realmente o mundo precisava de uma versão do Janela Indiscreta para miguxos.

Cidade dos Homens- Direção: Paulo Morelli;Elenco: Douglas Silva, Darlan Cunha
Versão para o cinema da série da rede Globo que reaproveitava o contexto do filme Cidade de Deus, contando da história de dois jovens amigos tentando sobreviver em meio ao mundo brutal do tráfico que assola os morros cariocas (ficou bem Globo Reporter essa descrição). Tem gente por aí dizendo que o filme acerta mais que o Cidade de Deus por mostrar a contribuição das classes mais altas do Rio para a violência nos morros. Bobagem, nem é possível comparar a qualidade narrativa e técnica dos dois filmes, já que o Fernando Meirelles é apenas o produtor aqui, assim como no seriado.. De resto, aquilo tudo que já estamos cansados de saber, mais uma tentativa de se fazer um retrato de uma situação que provavelmente tenderá a piorar cada vez mais. Por isso, como dizem por aí, a melhor saída pro Brasil é o aeroporto.

Licença para Casar - Diretor: Ken Kwapis; Elenco: Robin Williams, John Krasinski, Mandy Moore
Pro fundo do poço, e cavando! Bela tentativa, Robin Williams. Uma comédia romântica batidíssima, que recicla conceitos de duzentos filmes que nem eram tão bons assim. Eu tenho uma opinião muito juramentada sobre ele. É bem simples: o Robin Williams não é engraçado. De maneira alguma. Suas melhores atuações sempre se deram em papéis mais sérios. O seu histerismo é caso para ser estudado por comissões psiquiátricas, não para ser apreciado por amantes do humor. Quando se mete a fazer papéis mais sérios, e quando pega diretores competentes pelo caminho, aí sim temos o seu melhor, como nos Sociedade dos Poetas Mortos e Pescador de Ilusões da vida. Nesse filmeco, ainda temos que aturar os trejeitos e caras de tédio da chatíssima Mandy Moore, a versão comportada e sem talento da Lindsay Lohan (ué, não era a Hillary Duff?). Nem o John Krasinski, que atua na sensacional versão americana da série The Office, salva o barco. Passe longe desse lixo, com todas as suas forças.