domingo, 2 de setembro de 2007

Não me digam que não falei dos anos 80 - Parte 1

Durante todo essa experimentação estilística que passamos e passsaremos no labor deste blog, nesse período de quase seis meses, sempre deixei claro que não sou muito defensor da década de 80, ainda se tratando do período que nasci e também os dois outros camaradas. Cheguei até a denominar de era da escuridão, de década perdida e outros adjetivos negativos.

Como as noites escuras tem sempre a lua como acompanhante solitária, sobretudo para exercer sua marca e sua grande beleza, a década perdida tem suas qualidades, e não falo isso somente por causa do surgimento dos três camaradas que despontarão ao mundo como dínamos. Pois sim, seu brilho se estende por outras áreas, tem até um pedaço na música, quem diria. É nessa seção que quero salientar.

A dificuldade pra lembrar, musicalmente falando, me assusta. Consigo associar a coisas ruins da infância, sobretudo quando eu chorava. Pensar, pra mim, que os anos 80 não se resumiam só a Balão Mágico e Cabeça Dinossauro, verdade, demorou um tempo. Tive que conhecer mais da música internacional, e pra piorar, no começo desse calvário musical fui cada vez mais achando que deveriam embala-lo e jogar no espaço, ad eternum; se necessário proibir no mundo todo de citar qualquer coisa relacionada a música do período. Oitent.., num menor sinal, chibata!

Na procura do Graal tropecei em algumas bandas interessantes, devo dizer, decisivas para as gerações posteriores: Public Enemy, Beastie Boys, Talking Heads, Minutemen. Decidi comentar das últimas, pois as primeiras eu já era iniciado indiretamente, ou seja, elas já permeavam aquilo que costumava ouvir enquanto Talking Heads e Minutemen abriram caminhos para eu poder entrar em contato com o que se produz hoje e, logicamente, ter base para poder criticar duramente os atuais músicos.

Minutemen é uma das bandas que fazia parte do cenário punk-rock/hardcore dos anos 80, até aí existiam bandas do punk-rock saindo pelo ladrão das gravadoras estadunidenses, mas não como esta banda californiana. As marés, o surf, a latinidade acabou refletindo na música feita pelo trio de San Pedro: viradas, mudanças de ritmo e de estilo( a música começa como um rock e termina como jazz; só os intrumentos, um a um, solando e depois todos voltando para o tema), a capacidade técnica do trio impressiona e a sensibilidade fez o Minutemen não se prender a rótulos e ao terrível estigma da época, em pouco mais de cinco anos deixaram sua marca influenciando Fugazi e, até mesmo, o Red Hot Chilly Peppers. O único pesar foi que a banda acabou quando o guitarrista morreu em 85. Pena.

Já Talking Heads está na virada dos anos 70/80, na verdade no final dos setenta e alcançou sua maturidade musical nos anos 80, ainda que prefire o album Talking Heads 77. Uma banda liderada pelo genial David Byrne não poderia ser ruim, eles pegam boas coisas que tiveram nos anos 60/70, como James Brown, Funkadelic, Fella Kutti e colocam misturadas no rock que faziam: desde ska, pop, ritmos africanos, como o já citado funk. As colagens e as fusões soam melodiosas e as vezes brega pra mostrar que são dos anos 80, lógico. Mas um brega completamente apaixonante e que gruda no ouvido, brega-punk-rock, fica dificil de imaginar? Aquele jeito, influenciou como a maioria das bandas pós-rock iam tocar e tocam. E vc se pega ouvindo talking heads, pois cada vez mais que ouve mais quer ouvir. Além de ser bom dá um vontade de dançar na luz da lua, com licença..

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