segunda-feira, 31 de março de 2008

TETÉIA DA SEMANA

Laura Linney

Atriz norte-americana. Apareceu bem dando um pouco de luz ao péssimo filme Congo, em 1995. Depois disso, conseguiu construir uma bela carreira, emprestando sempre seu imenso talento a filmes como O Show de Truman, Conte Comigo, Sobre Meninos e Lobos, Simplesmente Amor (quando contracenou com o cosa-nostra Rodrigo Santoro), Kinsey e A Lula e a Baleia. Foi indicada pela terceira vez ao Oscar nesse ano com o filme A Família Savage (filme visto no Brasil por mim, o Fundamentalista e mais umas sete pessoas, infelizmente). Na fraca adaptação cinematográfica do livro Os Diários de Nanny, lançado ano passado, humilhou a Scarlett Johansson em todas as cenas que contracenevam juntas, fazendo a queridinha dos nerds ficar menor ainda perto do seu talento e conseguindo os únicos elogios reservados para o filme. Está na hora da Academia reconhecer que Linney está um patamar acima de suas colegas e finalmente fazer justiça a essa nova-iorquina, filha de um dramaturgo teatral e que sempre sonhou em atuar nas peças do pai. Logicamente o destino reservou surpresas mais fascinantes para a senhorita Linney.

domingo, 30 de março de 2008

O Belo é o Burro

Ouvindo o Tim Maia da fase racional, fiz a experiência de que o belo não é só burro, mas muito burro.

Quanta bobagem, mas que bonito! O que me lançou à melancólica consciência da nossa condição, clichê filosófico de praxe, porque se deduz daí que, para o homem, a beleza é necessariamente franqueada pelo sacrifício de toda e qualquer inteligência. Tá, sei, muito gentinha isso de ficar se lamentando pela inteligência, esse consolo a que se apela, porque sempre estamos nos sentindo feios (falo por você, como não), como quem é pobre, porém limpinho.

Se disser que está vendo o Universo em Desencanto, te dou uma na orelia.

Mais casos de que inteligência é prescindível e atrapalha, pra expandir o ponto de partida black:

A mulher bonita, em todas as suas variações da beleza exuberante, desde a voluptuosa nojentinha até a bonequinha sem sal.

Bach, outro péssimo letrista. Toda vez que queria versificar a partir de seu pietismo, a congregação se constrangia, contrita. Alguém talvez gostasse de emendar que, nessa mesma linha, tem a ópera em geral, but, well, a própria música é uma coisa burra, se a idéia da gente de inteligência é do tempo da palmatória, a minha é, segundo a qual inteligente e discursivo são indivisíveis, a-ham. Porque expressões como 'fraseado inteligente" ou "melodia inteligente", pra mim, que sou leigo, convenientemente não fazem sentido algum. Assim eu penso por bem da dominação dos que escrevem bem sobre os que não, que, tá, ainda está por vir. Grosseiramente, trata-se de Platão. É nóis.

Todos os filmes chineses com gente voando (aqui eu ia inserir parenteticamente que se trata de uma redundância, mas que piadinha vencida seria, né?). Porque, antes da gente dormir, é um espetáculo visual, etc.

Que mais, que mais?

Ah, e Jackson Pollock, se eu entendesse um poucochinho que seja de pintura.

Agora sim, o Universo em Desencanto.

Mas a Beleza é mesmo superior à Inteligência, ó simbolista, algo a que tenho de dar o braço a torcer, quando me pego cantando, todo alegrinho, da necessidade de se ler o livro e mandando os outros se imunizarem. “Apenas um, apenas um contato irá fazer nossa união legal.” Então, imuniza aí, ô.

quinta-feira, 27 de março de 2008

Resenhas de Cds - Parte 2

Muitos meses atrás, publiquei um post falando sobre álbuns relevantes que tinham sido lançados no ano passado. Desde aquele texto para cá, muitas novidades foram colocadas à prova para os fãs de música, ol que me faz sentir na obrigação de dar uma geral nos álbums mais importantes. Um update, sim, um update. Para essa galera bonita, simpática, antenada e cada vez mais marombada (é isso aê, exercícios e bomba pra ficar forte ), ai vai as raçudas resenhas do Progressista, esse ser abissal com mania de usar a terceira pessoa para se referir a si próprio (o que denotaria talvez um transtorno de personalidade?).

Radiohead - In Rainbows
Cogitei por muito tempo fazer um texto falando sobre a campanha de divulgação do álbum, a já famosa "quer pagar quanto?", quando a banda resolveu disponibilizar as músicas no seu site, deixando a cargo dos fãs decidir quanto gostariam de pagar pelos downloads, podendo até baixar de graça. O Radiohead não é as Casas Bahia, mas também gosta de agradar o povão. Como faz muito tempo que a banda vive mais de polêmicas idiotas e promoções cabeças-oportunistas (preocupações furadas com o aquecimento global e a pobreza dos países de terceiro mundo, entre outras) do que de música mesmo, resolvi não me dar ao trabalho. Desde o belo OK Computer (longos dez anos atrás) que a banda vem fazendo algo que nem de longe lembra música, com discos pífios que servem somente para agradar críticos e fãs masoquistas. Sim, a banda virou um Godard musical. Sim, isso é um porre. Ver uma banda obviamente talentosa, com um vocalista inteligente (mala, mas inteligente) fazendo discos inaudíveis por pura birra do sucesso. Mas esse novo álbum, In Rainbows, realmente me surpreendeu. Menos caótico que os lixos anteriores (Kid A, Amnesiac e Hail to The Thief) e capaz de momentos realmente interessantes. Três músicas do disco fazem jus à produção da banda antes do período pós-Kid A, Nude, Reckoner e, principalmente, a última faixa, Videotaipe. Um milagre, mas Thom Yorke parece finalmente que pode existir experimentalismos com um mínimo de coerência melódica, e que, pasmem, isso pode resultar em belas canções. Ainda está longe da excelência de um OK Computer, mas o caminho parece estar corrigido. Mas se vacilarem de novo...

Foo Fighters - Echoes, Silence, Patience & Grace
A volta do enganador. Dave Grohl, o Forrest Gump do rock, mais uma vez nos oferece toda a sua inapitdão para o mundo das canções. Os discos que a banda lançou até o insípido There's Nothing Left To Lose (2001) primavam sempre por melodias risonhamente simples e riffs ganchudos e, yeah, pesados. Sim, era bem descerebrado, mas podia ser divertido pacas. Principalmente o The Colour And The Shape. Só que o senhor Grohl começou a sentir vergonha da falta de pretensões de sua banda, que inevitavelmente empalecia perante as comparações com uma banda tão cerebral como era o Nirvana. E aí... Bom, quando menos se espera, é aí que não sai nada mesmo. Depois do horrendo disco duplo In Your Honor , no qual pudemos comprovar o quanto Grohl era falho quando tentava soar mais sério, agora somos bombardeados com mais um atestado inequívoco de incompetência. Dá dó quando se ouve esse novo disco da banda, ver o quanto eles devem ter se esforçado para construir músicas mais complexas, de soluções menos óbvias e temas menos estúpidos, e sentir que eles novamente falharam miseravelmente. Pela milésima vez ele faz uma música em homenagem a Kurt Cobain e atacando a Courtney Love(Let It Die, melhorzinha do disco). Sério, depois vem reclamar quando comparam a sua banda com o Nirvana. De resto, o álbum mais uma vez alterna metade das músicas como pesadas e a outra metade como lentas. Mas é aquela coisa: quando o Foo Fighters que soar pesado e sério ao mesmo tempo, acaba soando como uma daquelas bandas horrendas derivativas do grunge que infestaram o rock nos anos 90, o que não pode, em momento algum, ser um elogio. Riffs jogados a ermo, refrões e melodias pouco inspiradas e terrivelmente cansativas. Um saco, o que é fatal para uma banda como essa. Erase/Replace, The Pretender, Loag Road to Ruin, não se salva uma. Como nos dois primeiros e melhores discos da banda quem tocou bateria foi o próprio Grohl (inegavelmente um bom bateirista), aqueles discos soavam bem mais nervosos que esses novos, culpa do incompetente Taylor Hawkins, incapaz de variar o ritmo de qualquer música que seja. Nas músicas lentas, Grohl tenta soar como Neil Young, e o resultado são canções impossíveis de ser ouvidas mais de uma vez. Sério, dá um bode. Mas o momento mais absurdo mesmo vem com a constragedora Cheer Up Boys (Your Make-Up is Running), tentativa de tirar um sarro dos emos. Patético, principalmente quando lembramos que muitas bandas emos por aí andam tocando melhor que o Foo Fighters. Tiozinho, dá um tempo, vai? Nem vou fazer a velha rotina do "Kurt Cobain deve estar se revirando no túmulo!". Juro que não vou.


My Chemical Romance - The Black Parade
Esse é o melhor disco que poderia sair desse grande balaio de gatos que convencionou-se chamar de "bandas emo". O melhor que os emos poderiam produzir. Simples: se as composições dessas bandas bandeiam para amores frustrados e medos desse mundo pervo e cruel, que tal então chutar o balde e tranformar tudo num belo de um dramalhão de uma vez, bem over e exagerado mesmo? O Queen fez com o hard rock e deu certo, imaginem então isso num mundo tão adequado quanto esse que moram os tristonhos emos? A falta de vergonha na cara da banda chega a ser um alento às vezes. Lógico que ainda é uma porcaria, mas pô, diverte um bocado. Welcome to The Black Parade é a melhor imitação de Bohemian Rhapsody já produzida, Mama é um lamento tão clichezento e exagerado que só podemos aplaudir mesmo(a faixa tem até a Liza Minnelli cantando, só faltou chamarem a Montserrat Caballé) e Teenagers vai fazer a molecada pentelha do seu prédio pogar. Sim, eles vão pogar e colocar delineadores. Prepare-se, a invasão está apenas começando.


White Stripes - Icky Thump
Outro enganador? Sim, pode apostar. Jack White e Meg White (que andou fazendo coisa muito feia por aí) voltam com o seu rock estúpido e minimalista. Depois de dispensar as guitarras no anterior, o melhorzinho da banda Get Behind Me Satan, Jack volta a despejar seus riffs farofentos nos pobres ouvidos dos ouvintes. Junto com a pior bateirista da história da humanidade, logicamente. Eu já vi a Karen Carpenter (ela mesmo, que morreu de bulimia e era vocalista dos, dãh, Carpenters) tocando bateria antes do sucesso, e ela dava de dez nessa ignóbil da Meg White. E, pelos céus, coloca um baixista pra tocar nessa bagaça! De resto, salvam-se no disco com muita boa vontade 300 MPH Torrential Outpour Blues (claramente melhor trabalhada que as outras do disco) e Conquest. De resto, tudo o que nós já ouvimos nos cada vez mais iguais discos da banda (com exceção do já citado GBMS. Talvez White devesse seguir o caminho que mostrou naquele penúltimo disco). O melhor desse lançamento foi que ele retardou o segundo disco do outro projeto do maleta White, o Raconteurs. Perto do Raconteurs, o White Stripes parece o Led Zeppelin.


Lenny Kravitz - It's Time For a Love Revolution
É incrível o quanto o Lenny Kravitz é brega. Sendo a música pesada, lenta, balada, dançante, roqueira, funkeada, não importa como, ele sempre consegue soar dolorosamente brega. Me dei ao trabalho de ouvir esse disco ao saber de elogios feitos para o mesmo, mas como sempre (algo que já era evidenciado pelo título) é um album, sim, isso mesmo, bregão. Seria Lenny o Sidney Magal yankee? Uma cigana aqui e outra acolá e ia ficar igualzinho. As velhas ladainhas ripongas, as mesmas baladas de corar até fã do Chicago, e os rocks que nunca conseguem pegar no breu. Aúnica coisa divertida no disco é contar quantas músicas possuem a palavra love no título. Tem até uma, que consegue ser mais brega que a horrorosa Again (um dos maiores hits dele), apropriadamente chamada Love, Love, Love. Blá, blá, blá. Um dos problemas dele é querer sempre tocar todos os instrumentos nas gravações de seus discos. Alguém precisaria falar que ele não é o Prince. Se montasse uma banda e trabalhasse delegando mais, quem sabe não sairiam coisas mais decentes. E tá vindo muito pro Brasil, logo vamos encontrar ele e as múmias do Deep Purple (banda que faz show todo mês por essas bandas) tomando uma caipirinha nos bares da Augusta.


Britney Spears - Blackout
Críticos de todas as partes elogiaram esse disco. Não consigo entender. Não sabia que cadáveres conseguiam gravar canções. Mais malhada e detonada que boneco de Judas em sábado de aleluia, Britney Spears hoje só serve para aqueles queiram apostar quando ela vai morrer em bolões. Não caiam no conto, o disco é tétrico. Se ele não é o desastre épico que se anunciava, os méritos são todos dos trocentos produtores (entre eles os Clutchs e o Neptunes). Ouvindo as músicas, chegava a duvidar que Britney tivesse cantado em qualquer parte do disco. Devem ter chamado uma sósia, já que a mulher mal consegue se comportar como um ser humano minimamente são, quanto mais trabalhar arduamente em cima de um disco. Quanto à elogiada música Gimme More, o mundo deve estar perdido mesmo. Se essa música for boa, eu me chamo Kevin Federline. Sim, eu quero a guarda dos moleques, Britney!


Jack Johnson - Sleep Through The Static
ZZZZZZZZ ZZZZZZZZZZZZ ZZZZZZZZZZZZZ
ZZZZZZZZZZZZZZ ZZZZZZZZZZZZZZZ ZZZZZZZZZ
ZZZZZZZZZZZZZ ZZZZZZZZZZZZZZ ZZZZZZZZZZZ
ZZZZZZZZZZZZZ ZZZZZZZZZZZZZZ ZZZZZZZZ
ZZZZZZZZZZZZZZZZZZZ ZZZZZZZZZZZZ ZZZZZZZZ
ZZZZZZZZZZZZZZZZ ZZZZZZZZZZZZ ZZZZZZZZZZZZZZ
ZZZZZZZZZZZZZZ ZZZZZZZZZZZZZZ ZZZZZZZZZ
ZZZZZZZZZZZZZZZZ ZZZZZZZ ZZZZZZZZZZZZ
ZZZZZZZZZZZZZ ZZZZZZZZZZZZZZ ZZZZZZZZZZ
ZZZZZZZZZZZZZ ZZZZZZZZZZ ZZZZZZZZZZZZ
ZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZ ZZZZZZZ ZZZZZZZ
ZZZZZZZZZZZZZZ ZZZZZZZZ ZZZZZZZZZZ
ZZZZZZZZZZ ZZZZZZZZZ ZZZZZZZZZZZZZ
O quê, alguém chamou aê?

quarta-feira, 26 de março de 2008

Para as massas

1. Mas agora eu também me popularizei, tenho orkut, e você pode me encontrar de havaianas no Largo da Batata, comprando DVD pirata do Calcinha Preta.

2. Marcelo Adnet na MTV: muuuuito engraçado (já fui mais articulado que isso, também). 15 Minutos é um dos novos programas da MTV. É, eu insisto na MTV. Hábito? Capaz. Esse Marcelo Adnet faz tipo um stand up. Sem medo de ser feliz, confesso que gargalho quando ele imita o José Wilker.

Para fazer um yuppie liberar uma grana pro blog, apelei pro vestidinho justo.

3. E onde José Wilker é crítico de cinema e Pedro Bial é poeta, Camarada Fundamentalista é escritor. Logo, logo saí o meu primeiro romance: As fantásticas aventuras de Neide e sua amiga Fatiminha na Terra de Vera Cruz, com prefácio de Diogo Vasconcellos, nosso correspondente em Portugal.

4. Ostentar cultura que a gente não tem sempre foi uma das minhas propostas a nível deste blog. Ter propostas também.

5. E o Rafinha ter ganhado o BBB 8 quer dizer que pelo menos metade do Brasil agora é emo? Medo.

terça-feira, 25 de março de 2008

The not so Good, the Bad & the Ugly

Infelizmente, certas coisas não são transferíveis: entre elas, carteirinha de clube e espírito. Daí que, fim de semana ensolarado, sem poder dar um mergulho na piscina e engolir meio litro de água clorada, você vai ver Onde os Fracos não têm Vez e sai do cinema torcendo o nariz, porque “não tem final”. Filisteu. Te rogo uma praga, hein: tomara que o Michael Bay nunca mais filme uma explosão. Medo.

Bad Boys II (2003), refilmagem de Thelma & Louise dirigida por Michael Bay, com as devidas correções machas no roteiro.

Mas disfarça pelo menos. Cá entre nós, sei que, pra você, final mesmo é o de Thelma & Louise, e até hoje você vende pros outros a groselha do “carpe diem” com aquela cena na cabeça. E no teu profile do orkut resume a tua ética: "ou tudo ou nada", "amigas para sempre", "a vida é pra valer". Porque o filistinismo deixa rastros.

segunda-feira, 24 de março de 2008

TETÉIA DA SEMANA

Beth Gibbons
Cantora inglesa, vocalista da mítica banda de trip-hop Portishead, que forma ao lado do Nirvana e do Radiohead a trinca de ouro da música na década de noventa (o quê, Prodigy? Habla com la mano!). Depois de lançarem dois discos seminais, Dummy (1994) e o epônimo Portishead (1997), a banda sumiu por longos dez anos, e finalmente anuncia o seu terceiro disco, por enquanto entitulado Thrid, previsto para sair em breve. Obviamente a senhorita Gibbons não ficou parada durante esse longuíssimo hiato, produzindo belos discos solos e vindo até para o Brasil em 2003. Que Beth coloca qualquer cantora de música pop hoje no chinelo, disso não há dúvida. O medo é o Portishead ter perdido o bonde da história, e Beth e seus parceiros de banda Adrian Utley e Geoff Barrow (principal compositor) não fazerem um disco à altura das glórias passadas. Mas, caçamba, do jeito que essa mulher canta, o cara pode colocar atirei o pau no gato (belo exemplo de dodecafonia musical) que ainda sim sai algo digno. Esperemos.

domingo, 23 de março de 2008

Fomos ao Cinema ver A Família Savage

Sorte pura a minha e do Fundamentalista. Conseguimos assistir ao filme A Família Savage (The Savages no original) na única data de pré-estréia nesse feriado, antes do lançamento oficial prometido para semana que vem (se é que eles não adiarão de novo). O filme foi indicado aos Oscars de roteiro original (para a sua roteirista-diretora, Tamara Jenkins) e melhor atriz (Laura Linney, que perdeu para a Marion Cottilard). E fôra elogiadíssimo em sua carreira de festivais no circuito europeu-americano. Segundo filme dirigido por Jenkins (sendo o anterior o pouco visto Os Subúrbios de Beverly Hills, que tinha o Alan Arkin e a Mena Suvari), pelo jeito marca uma virada na vida dessa diretora já quarentona. O roteiro conta a história de dois irmãos (uma dramaturga amadora e o outro professor de artes dramáticas) vivendo em cidades diferentes, marcados por uma infância de abandono (da parte da mãe que foi embora quando eram crianças) e abuso (da parte do pai), e que precisam se reunir para cuidar do mesmíssimo pai que os maltratou na infância, já que o pobre diabo se mostra às vias da demência, sendo despejado depois da morte da madrasta dos irmãos. Sim, já vejo você pensando ai: "família disfuncional? Irmãos separados e distantes se reunindo forçosamente por uma causa maior? Alarme de identificador de clichês do cinema alternativo americano, ativar!". Mas calma, filhão, nem tanto ao mar, nem tanto à terra. O roteiro não é um primor, chega a exagerar nas gracinhas em certos momentos (principalmente no meio do filme), mas acerta ao demonstrar o peso dramático da situação vivida pelos irmãos de uma maneira bem naturalista, evitando ao máximo climas demasiadamente soturnos. E, aí residindo o maior acerto de Jenkins, aposta todas as fichas em dois atores formidáveis, que conseguem construir tão organicamente seus personagens e a interação entre eles, que chega a parecer ser fácil atuar. Laura Linney e Philip Seymour Hoffman, os dois que na minha opinião ocupam facilmente o Top-10 de melhores atores em atividade. Muita sorte de Jenkins, mesmo, ter gente desse gabarito protagonizando seu filme.
Linney é o coração do filme, mostrando uma personagem à beira dos quarenta anos, longe de ter o domínio sobre suas emoções e sobre diversos aspectos na sua vida, mas que ao mesmo tempo nos comove o tempo inteiro com a sua inabalável (e na maioria das vezes desastrada) vontade de criar laços com seu pai e irmão, fazendo de tudo para ter algum peso e importância na vida deles (e seu caso com um homem casado reflete esse lado da sua personalidade). Considerando que Linney sempre se caracterizou por interpretar mulheres classudas e elegantes, marcando presença sempre com a inteligência que exalavam, é admirável ver como ela consegue com categoria fazer uma personagem tão imatura emocionalmente, embora obviamente culta. Realmente, a Marion Cottilard não venceu qualquer uma no Oscar não, tem que comemorar pra sempre esse prêmio (que foi merecido).
Philip Seymour Hoffman, depois de encontrar o Anton Chigurh pela frente. Pelo menos tá vivão. E a Laura Linney tá feliz: não perdeu para a Tilda Swinton. Disse ela: -Cate Blanchett, talk to the hand!
Quanto a Seymour Hoffman, seu personagem era ingrato, com seu racionalismo frio e nenhuma vontade de estabelecer relações mais profundas com sua irmã ou quem quer que fosse, e sua visão cáustica do pai poderia facilmente despertar a ojeriza do público. Mas Hoffman é outro que transborda talento, e consegue apenas com pequenos gestos e sutilezas (como numa bela cena na qual observa o pai na cadeira de rodas sendo arrumado por sua irmã num aeroporto) transmitir toda a dor e vazio da vida daquele homem. O roteiro de Jenkins, se protagonizado por atores menos capacitados, não teria tido tanto êxito. E nós, amanteigados, compramos a história desses dois irmãos quase que alienígenas na vida um do outro, e que acabam no final voltando a serem capazes de acrescentar algo, por menor que seja, nas suas vidas. Não dizia o outro que somente somos válidos como humanos quando fazemos alguma diferença ou importância na vida daqueles que nos são próximos? Linney e Hoffman, mas do que ninguém, sacaram isso com propriedade, e nos proporcionaram belos 117 minutos.

sábado, 22 de março de 2008

7 filmes

Quem disse que ficar em casa é chato? Breviário crítico-metidinho dos últimos filmes que eu vi. Mas falar do que a gente gosta faz o estilo cair vertiginosamente, tipo escrever “cair vertiginosamente”. Você baixa a guarda, larga a pose e fica todo docinho, todo sentimental.

No Calor da Noite: policial bonachão, com Rod Steiger de policial bonachão, as mãos de Sidney Poitier e Sidney Poitier. Muitas risadas e cenas antológicas. Números: Rod Steiger masca o mesmo chiclete 1.475.816 vezes durante os 110 minutos de projeção; e 72 são os confrontos com Sidney Poitier, mas apenas 68 aqueles em que pelo menos um dos dois aprende algo sobre o caráter do outro.

Viver a Vida: HUASHUASHUASHUASHUASH. Mclovin brechtiano.

Godard, em momento de descontração, dança com sua então esposa Anna Karina durante filmagens.

Superbad – É Hoje: Godard. Também brechtiano. Anna Karina massacrada. Mclovin. Leve lenços. You’ll know.

O Boulevard do Crime – Primeira Época: melhor que O Boulevard do Crime – Segunda Época.

O Boulevard do Crime – Segunda Época: Fréderick Lemaitre, Fréderick Lemaitre, Fréderick Lemaitre. E, quando comentá-lo com os amigos chatinhos que gostam e entendem (?) de cinema, choque (mas não se esqueça de fazer cara de Anna Karina) com “É melhor que toda a nouvelle vague junta”. Não me diga!

Memórias do Subdesenvolvimento: o quêêêêêêêêê? Cinema latino-americano que pensa? O quêêêêêêêê? Cinema latino-americano? Você? Não creio. E depois? Garota de Ipanema? Um cantinho e um violão?

A angústia existencial de viver só cercado de mulherão: uma porrada de suspension of disbelief.

O Grito: Antonioni sem medo no coração. Amando muuuuuito. Ladrões de Bicicleta com muita mulher bonita dando mole. E depois querem reduzi-lo ao esteticismo? Talk to the hand! (Andava num impasse: cinema italiano ou francês? Zurlini, Antonioni, Carné, Bresson. Difícil. Mas assistindo O Grito, vi Dorian Gray, essa aí em cima, e, pelamor, como era fácil decidir.)

Eu blogando em cena de filme independente a ser lançado.

Nous Avons été au Cinéma: e quando adaptarem pro cinema a minha história, sobre como eu passei de junkie a blogueiro, well, vou exigir, com cláusula de contrato e tudo, que a Chlöe Sevigny me interprete, tipo a Cate Blanchett interpretando o Bobo Dylan. Pegou mal? E se eu te disser que eu adooooooro David Bowie?

quarta-feira, 19 de março de 2008

Fomos ao Cinema: o primeiro Jubileu

No dia 16 de Abril de 2007 o Camarada Fundamentalista abria oficialmente o blog Fomos ao Cinema, com o já mítico texto "O Nome do Blog Mente". Completamos então, daqui a um mês, o nosso primeiro aniversário. Um ano, senhoras e senhores. Fomos desencorajados. Fomos intimidados. Cortaram bruscamente nossos carros em avenidas movimentadas. Enviaram cartas e e-mails com ameaças para nossas casas e computadores. Mandaram cabeças de cavalos para nossas camas quando acordávamos. Fomos perseguidos pelas inteligências britânicas, francesas e americanas (essa última soando como uma contradição em termos). Mas, ainda que feridos, continuamos firmes, disparando nossos tirinhos nos pés uns dos outros de vez em quando (tirinhos é muito emo-indie, meu!), mas nada que ameace a caminhada inabalável do nosso blog favorito. Por todo esse mês, iremos fazer belas homenagens à vida, aos camaradas e também, logicamente, aos nossos estimadíssimos leitores. Sim, o Fundamentalista irá dar um belo presente miguxesco para vocês. Um cavalheiro, é o que ele é. Aguardem, sim, aguardem.

Um dos méritos do blog nesse primeiro ano foi conseguir unir famílias disfuncionais, como essa da foto, que deve tanto aos nossos textos que até se antecipou às comemorações. Que é isso gente, não precisava, mesmo.

segunda-feira, 17 de março de 2008

TETÉIA DA SEMANA

Alicia Keys

Cantora americana. Atingiu o sucesso em 2002, logo com o seu primeiro disco, emplacando o sucessão Fallin. Na época com apenas 22 anos, Alicia se destacou ao se mostrar uma cantora autoral, habilidosa ao piano e também participando ativamente do processo de composição dos seus discos. Algo que era incomum quando vivíamos o fim da era Britney Spears/boy-bands, quando o negócio era cantar músicas grudentas criadas por produtores espertos. O sucesso de Alicia e Norah Jones e o início da derrocada das gravadoras, sufocadas pelo crescimento da internet, acabaram elevando, ainda que indiretamente, o padrão das composições do mundo pop. Hoje, temos as Amys Winehouses e Kates Nashes fazendo música de qualidade para as massas. Agradecemos a Alicia por isso. O seu mais novo disco, As I Am, acabou de ser lançado no Brasil, e a bela música No One já está fazendo estragos por aí. Hoje a concorrência é feroz, mas se depender da qualidade do novo disco, talvez ela possa clamar o seu lugar de cantora jovem mais respeitada do mundo pop. Sempre a achei mais talentosa que sua concorrente Norah, sem tanto medo de ousar e experimentar caminhos novos. Pelo menos sabemos que podemos acordar tranquilos de manhã sem esperarmos ver o seu nome na lista de obituários, como é comum com os fãs da Winehouse. Isso conta, e muito. Estatística, sabe como é.

sábado, 15 de março de 2008

Camarada Moderado por seus filmes favoritos

Saci, Curupira, Mula-sem-cabeça, Negrinho do Pastoreio, Loira do Banheiro, Homem do Saco, Chupa-cabra, Camarada Moderado. Just highlights. Este último a subversão dos paradigmas folcloristas. O folclore boêmio, engajado, concretista, eletrônico, experimental. O sampler do folclore. Abaixo, um pouco da sua trajetória de blogueiro:

Antes de ser blogueiro, Camarada Moderado fazia teatro de rua. Escrevendo, dirigindo e atuando. Aqui, ele maquia uma de suas atrizes (e também affair).

Camarada Moderado é conhecido por seu ecletismo e versatilidade. Prontamente, aceitou o desafio de ser blogueiro num blog coletivo. Aqui, decidido a blogar.

Ser blogueiro exige renúncias. Apesar da oposição de familiares e amigos, Camarada Moderado não se acovardou. Aqui, ele dando as costas aos caminhos fáceis e às soluções prontas.

Nem sempre é fácil conciliar amor e trabalho. Amar e blogar. Aqui, uma leitora suspirante do camarada. Camarada Moderado ama e bloga, mas às vezes...

... partir um coração é inevitável. Aqui, uma das muitas mulheres elegantemente destroçadas pela notícia de que a fila anda. Isto é, de que a fila andou.

Como tudo começou? Ora, como tudo sempre começa. Com um telefone tocando, como diria Jack Bauer ao Colin Farrell, em Por um Fio. Well, o telefone toca. Camarada Gracinha ligando pra convidar o Camarada Moderado para uma baladeeeeenha. Sussa, meu!

Marcam no metrô. Camarada Gracinha chega antes, espera uns quinze minutos, daí aparece o Camarada Moderado. All Star, camiseta vermelha. Ela sorri. Ela diz: “Posso?” E ele responde: “Claro.” Então, ela o beija. “Mas beijo é traição?”, ela questiona, confusa.

Beijo é traição? Pô, feliz aniversário, Camarada Moderado!

terça-feira, 11 de março de 2008

Em busca do all star rosa


Um dia começou. Não me lembro agora se era dia chuvoso, se nevava ou se o trânsito havia batido recorde de congestionamento. Mas sem dúvida foi um dia deveras importante, oras, nós, camaradas, realizávamos nossa reunião de pauta quando um de nós trés teve a brilhante confabulação:
"Precisamos de uma camarada para o nosso blog."

Nós eramos, ainda, o melhor da intelectualidade, como digo: dínamos pensantes, porém machos; acredito, muito machos. Gostavamos de mulheres, das meninas indies e da garota ruiva do Snoopy. Ou seja um macho alfa padrão, sem esquisitices e gostos peculiares, digamos, mais coloridos. Mesmo o progressista com seu apreço pela Ally Macbeal; sim, inclusive ele parece ser bastante hetero para balancear a trupe.

Camarada fundamentalista, nos seus últimos textos, parece que começou a sentir a ausência do gênero do convívio quase diário no blog, relatanto suas desilusões e sonhos com o sexo feminino. De um hermético padrão, agora é parecido mais com o desiludido e confessional camarada. Pergunto: camarada, onde escondeu tua tacanha?

Em verdade as mulheres parecem ter tomado de assalto o blog, falamos de mulheres novamente( primeiros meses) e frequente.

Uma vez propusemos o concurso "Você garota, faça parte do Fomos ao Cinema", infelizmente a vencedora renunciou ao cargo sem ao menos começar. Por isso, proponho, sem a consulta dos meus associados, um novo concurso, "faça parte do blog, meninas, ganhando uma camiseta". e por favor, a campeã traga nosso taciturno camarada de volta.

segunda-feira, 10 de março de 2008

TETÉIA DA SEMANA

Camilla Belle
Atriz americana, mas uma brazuca de coração (explico no final o motivo), estrela do mais novo arrasa-quarteirão do alemão doido de pedra Roland Emmerich, 10.000 a.c., que estreiou sexta-feira aqui. Sim, mais um épico do diretor que deu ao mundo Independence Day, Godzilla e O Dia Depois de Amanhã. Seria isso um currículo ou uma ficha criminal? Bom, voltando a falar da Camilla, depois de fazer um bom currículo como atriz infantil em filmes como O Patriota (do Emmerich também) e Mundo Perdido, ela apareceu mais crescida e clamando um lugar ao sol para o mundo contracenando com um atorzinho de quinta, um tal de Daniel Day-Lewis, no filme A Balada de Jack e Rose. Tarefa pra deixar qualquer um preocupado (né não, Paul Dano?), mas que ela conseguiu tirar de letra, sem sumir perante o mito irlandês. Depois fez o péssimo remake do filme Quando um Estranho Chama, e agora aparece bem na mais nova produção de Emmerich, que estreiou em primeiro lugar nas bilheterias yankee. O filme vem sendo malhado, mas todos estão poupando Camilla das críticas, um bom sinal. Apesar de ter nascido em Los Angeles e do pai ser americano, Camilla é filha de uma brasileira, e toda a família da parte da mãe vive em São Paulo. Por isso, ela fala um português perfeito e está sempre por essas bandas, e anda dizendo por aí que se acha mais brasileira que gringa. Que bonito éééééééééé....., já dizia Luis Bandeira.

sábado, 8 de março de 2008

E no Dia Internacional das Mulheres

Depois do meu aniversário e do Natal, a data mais importante do ano é o Dia Internacional das Mulheres. Este blog é jovenzinho, menininho, então é a primeira vez que a gente comemora a maior dentre as ocasiões que não chegaram a ser feriado no calendário. Uma das coisas que se poderia fazer é dissertar sobre a hipocrisia e o absurdo que a data dissimula ou tenta dissimular. Que exista o dia da mulher, como existe o do índio e o da árvore, mostra que você, jovem leitora, está em desvantagem. No mínimo, vive tão ameaçada quanto a jabuticabeira no fim da rua.

Mas seria politicamente correto demais. Vai que depois não sai, e vira tipo um tique, gagueira, e eu passo a falar com a consciência; e sinceramente, quando penso em alguém falando só com a consciência, imagino um cara falando sozinho ou com uma voz metálica, que nem a do Stephen Hawking. Por sinal, alusão a Stephen Hawking não é nem um poucochinho politicamente correta, e não é pelo fato dele ser judeu, né, criançada?

Mas em vez de eu encher o saco dos fãs de Charlie Brown Jr. que estiverem me lendo acidentalmente, e fazer do post um libelo sobre como as mulheres sofreram e sofrem ainda hoje, com toda a problemática social condensada caramelizada, coberta com flocos crocantes e o delicioso chocolate Nestlé, montei uma pequena galeria de mulheres indispensáveis para qualquer patriarcado que se preze. Muito pessoal, pois sim. Dos critérios, você pergunta. Como foi tudo de memória e, eu não sei por quê, mas a minha sempre privilegia as mais bonitas, beleza foi importante, sim, se é o que você quer saber. E são poucas, porque cada uma delas baranrigaricuti-paradigmáticas. Dos paradigmas em questão, você pergunta. Tem a porção étnica e classy; tem a porção reminiscências da infância; e tem a tradicional porção babação de ovo macha. Cada qual com sua justificação equivalente.

Melhor foto que achei dela, de um filme, que, s'ocê quisé, tem no YouTube, com áudio grego original. Nossa! (Papas é a da esquerda, filisteu!)

Irene Papas. Atriz grega, que ficou famosa com sua participação em Zorba, o Grego (anda, faz a piadinha da cueca, filisteu!). Apesar de ou porque monocelhada, ah, mas que traços, que traços! Quanto caráter, quanta força nesse rosto. Admito que é estranha, no mínimo ambígua essa minha atração, já que caráter não é um elemento comum, talvez nem mesmo raro, da beleza feminina. Estamos diante, portanto, de uma verdadeira anomalia, pois se trata de um genuíno rosto de mulher transpassado, quase como uma aura (não, gente, esoterismo, não: é Walter Benjamin!), por qualidades masculinas. Ou tradicionalmente masculinas. Ó flagelo da humanidade, que associemos caráter exclusivamente ao homem masculino macho! Porque mulé tem que ser é bonita e cheirosa.

Outra foto terrível, tá. Mas é que as mulheres deste panteão, diferente de party girls e carreiristas diversas, se furtam a paparazzi.

Garotinha Ruiva. O fato de ela ser um desenho só acentua a natureza ficcional das demais mulheres que aqui figuram. Se você sabe redigir períodos subordinados que façam sentido, é claro que foi meio Charlie Brown na vida, a não ser que você seja gay, mas não sou eu que vou encrencar com isso. Leu Salinger (a saga da família Glass), assistiu The Royal Tenenbaums e Arrested Development, e gostou? Como dizem em comunidade de Orkut, que é o ponto mais baixo do estilo: entra aí. Mas se tiver um beagle, juro que te interno.

"..."

Nastassja Kinski. A maior objeção contra a homossexualidade masculina que existe e razão suficiente pra eu descer da torre de marfim e escrever coisas tão pueris como “maior objeção contra a homossexualidade masculina que existe”. Ou, falando objetivamente, a mulher mais bonita dos últimos, hmm, trinta anos. Eu nem tinha nascido e ela já era assim colossal, e desde então não apareceu um outro rosto que se comparasse ao da atriz alemã, filha de Klaus Kinski, que só pode ter vendido a alma pro diabo pra gerar alguém tão bonito, sendo ele tão bonito em itálico. Se ela disser vamo, eu vou. Só por causa do Paris, Texas, você deve estar imaginando aí nessa sua cabecinha tontinha, porque eu podia, até deveria, ter citado uma olímpica Classic Hollywood, mas eu sou indie, ô. Agora, a Mulher Samambaia...

Com essa heterogeneidade e justificativas, trata-se da homen-agem machista mais libertária que você já viu, a-ham. Mas ó só a surpresa que eu te preparei, lindona:

Porque tu é indie, né?

Leitora do Fomos ao Cinema. Opa, opa, opa. Essa mulher cheia do ziriguidum, com o samba no pé e uma idéia na cabeça, que é bonita, e é bonita, e é bonita. Você que me bouleversa enquanto eu recolho as cinzas do sutiã, mas você ri, ri, porque sabe que eu quero é te provocar, eu quero é te beijar, e vem comigo dançar, dançar, dançar. Ah, e se você dança, é claro que eu também danço, poxa.

sexta-feira, 7 de março de 2008

TOP 5- Bob Dylan

Como não pude ir no show dele ontem em Sampa (não tenho 900 paus para pagar pelos ingressos), faço aqui a lista das minhas canções favoritas dele. Como é bem provável que Bob não volte mais por essas bandas (67 anos, sabe como é), nada mais justo do que eu fazer essa pequena e honrada listinha.

5-All Along The Watchtower (1967): Dois cavaleiros se aproximavam, nessa bela metafora dos artistas (bobos da corte, segundo Dylan) versus o mundo.

4-Visions of Johanna (1965): Dylan onírico, desfilando belas imagens por cima de uma composição mais caprichada. Vale ouro, jão.

3-Desolation Row (1966): Um tratado classudo da ignorância e violência que marcaram a infância do jovem Bob (sim, Dylan um dia correu atrás de pipa e balão).

2-Simple Twist of Fate (1975): Devastado pelo fim do casamento, Dylan criou a única letra de amor da história do rock que chegou a ser comparada a Shakespeare. Um feito? Sim, pode apostar.

1-It's Alright Ma (I'm Only Bleeding) (1965): Seca e árida, com suas batidas densas de violão, um Dylan apocalíptico, flertando com o nilismo em sua busca por respostas (que o levariam a uma conversão religiosa nos anos 70). "It's life, and life only".

quinta-feira, 6 de março de 2008

Fortuna, Imperatrix Mundi!

É voltei, emanharado de trabalhos na faculdade já, primeira semana e querem que façamos o fichamento de trinta livros sobre comunicação, artes e filosofia, ou seja, sem tempo para conquistar o mundo, nem pelas beiradas; bordas tão acostumadas com minhas mordidas habituais.

Precisamos de um tempo para enriquecer, além da costumaz sorte que todos os milionários apresentam, deve vir junto tempo: o bom e velho ócio criativo, já citado diversas vezes nesse blog( e todas provalvelmente por este orador iregular).

Nessa madrugada, num dia de ócio particular, acabei assistindo Roda da Fortuna, filme dos irmãos Coen de 1994. Roda da fortuna aborda uma megacorporação onde seu diretor, no meio de uma reunião, se mata, jogando do último andar do prédio. Os acionistas majoritários querem aproveitar as quedas nas ações, na verdade, querem agrava-las afim de lucrar muito, para isso contratam um pretenso idiota para o cargo de diretor da empresa. Além das atuações de Paul Newman e Tim Robbins que merecem destaque, falamos de um filme dos grandes irmãos coen, ou seja, recheado de humor ácido e ironias as situções reais:como a dificuldade de conseguir o primeiro emprego e outras situação exageradas do mundo das corporações e seus efeitos nas pessoas.

Quer ganhar dinheiro, salte e arrisque na Roda da Fortuna. Era isso que queria falar. e se vc for idiota, melhor, pode ser que consiga um bom emprego

terça-feira, 4 de março de 2008

Mãe, essa aqui é a minha namorada indie

Mina indie é a resposta?

Com essa pergunta em mente, saí por aí esses dias, meio Tenenbaum, prestando-me a belos enquadramentos pelas ruas de São Paulo. Se bem que eu não acredito em mina indie. Nem em mina emo, punk, otaku ou intelectual. Por que mulher é uma criatura que, de tão complexa, é refratária a rótulos? Nããããão. É porque mulher é tudo poser. Mulher é poser? Gente, eu não sabia disso. Tô pretérito.

Mulher é poser porque gosta de homem. Homem gay também é poser, aliás. Gostar de homem é caso perdido, porque homem é, nas palavras de Camarada Mamãe Fundamentalista, vem a nós, vosso reino jamais. Deixa eu explicar. Enquanto mulheres estão interessadas em gente, homens estão interessados em coisas. Mulheres criam filhos, e homens constroem pontes. Entre a mãe e o engenheiro, a distância é de uma pensão pra bancar a educação da criança revoltada com o escroto que engravidou a minha mãe.

Típica indie que circula pela Augusta e Consolação.

Daí que mulher é poser porque parece que nasce pra ser abandonada. I got a theory, listen to me. Tem a ver com o que a Condoleezza Rice, a Sabrina Sato e a tua mãe (opa!) têm em comum. Todo mês o corpo delas se prepara pra gerar uma criança. Ou seja, mulher nasceu pra ser mãe. É uma vocação. Mas e o homem? Nasceu pra quê? Ué, pra ser filho da mãe, e aqui você ri assim, ó: qua-qua-qua-qua. É o Silvio quem paga o nosso salário.

O homem é o filho da mãe que é a mulher (quer pedir a ajuda dos lógicos?). Percebe que um nunca alcança o outro? Só quase. A mulher é coagida pelo processo natural das coisas a assumir a criança que foi dada à luz. E pra ter certeza disso, derrubam a diva, no mínimo, uns três dias, depois do parto, pra não poder fugir. Mas o homem, se quiser, foge nove meses antes da coisa engrossar pra valer. Tá, gente, o sistema não é perfeito, e eu sei que tem mulher abortando de graça, dando no pé que nem homem e jogando criança em lata de lixo. E tem também Juno ganhando Oscar, você ia esquecendo.

Mina indie em lágrimas durante uma sessão de Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças.

Mas as istastístísticas, gente, as istastístísticas, que não me deixam mentir. A Mãe Solteira é já tão característica dessa terra radiosa quanto o Cristo Redentor, o Pelé e a Mulata Pelada, a da arquitetura do Niemeyer, porque a gente sempre fica highbrow se o assunto permite. Como disse um professor meu – e de vez em quando eu aprendo uma coisinha assim na escola, que eu cato no ar –, essa coisa de pai não pegou aqui no Brasil. Principalmente aqui, na verdade. O professor em questão é viúvo.

Lascívia vermelha, hihihi.

E, finalmente, mulher é poser porque, vem cá, mas você já viu uma mãe, mas mãe de verdade, se interessar por alguma coisa além dos filhos? Se se interessar, teve pelo menos um que pariu e jogou fora, fica vendo. Ai, que bonitinho eu falAnuH axim, tãUm faiXiStAzinhU xOvinishtAHHHH. Por isso que eu falo que mulher não gosta meeeesmo de cinema, de música, de livros ou de qualquer outra coisa. Porque mulher gosta é de pessoas, só por causa do filhinho que ainda nem teve. Repito: V-O-cação. E um dia o filhinho cresce e pica a mula com uma bandida qualquer, provavelmente uma mina indie, e fica mamãe sozinha, sem ter feito nada da vida a não ser ter dado de comer e vestido o sem-coração.

Mas mina indie é a resposta? Ela vai me amar como eu sou, que nem o pai da Juno disse que tinha de ser? E mina indie é tipo a Juno? Ou tipo a Ellen Page? Ou tipo a Diablo Cody? Eu estava pensando em alguém mais Margot Tenenbaum, se bem que eu não gostei de Shakespeare Apaixonado. Ah, quer saber, eu preciso é de um abraço seu.

Esse final foi pra te chocar.

Michael Jackson: 25 anos do Thriller

Saiu no Brasil recentemente a edição comemorativa dos vinte e cinco anos de lançamento do disco mais vendido da história, Thriller, do maluco de carteirinha Michael Jackson. Edição luxuosa, contando com remixes de gente como o Kanye West, Wi.l.l.i.a.m (o dono do péssimo Black Eyed Peas), entre outros menos cotados. Tal lançamento não deixa de ser um oportunismo, quando lembramos a lama na qual a carreira de Jackson está afundada, e que ele lançará seu primeiro álbum de inéditas em sete anos brevemente. Mas não se pode descartar a importância de um disco que vendeu 50 milhões de cópias no mundo todo. A pergunta é uma só: o disco era tão bom assim? Ou foi o sintoma de uma era? Como artista musicalmente falando, Jackson não tinha nem de longe o mesmo talento de um Prince, por exemplo. Seu único disco verdadeiramente bom é o primeiro, o belo Off The Wall. Thriller é irregular, para dizer o mínimo (dependendo totalmente do talento do produtor Quincy Jones),e os que seguiram eram bisonhos. Bad, Dangerous e Invicible, todos decepcionaram amargamente o público de um artista de quem todos tanto esperavam. Lógico que a turbulenta vida pessoal de Jacko não ajudou em nada, com seus inúmeros casos de pedofilia na casa dos horrores, mais conhecida como Neverland. Dica: se um dia for chamado para ir lá, educadamente decline do convite. Não é uma idéia, digamos, sadia. Mas agora, farei um faixa-a-faixa do disco que um dia ficou 27 semanas em primeiro lugar na parada da Billboard, e que colocou sete das suas nove faixas no top-10 americano. Disseco aqui então Thriller, em homenagem a todos que, assim como eu, são filhos da amalucada década de 80:

Capa da edição especial de aniversário, mostrando Michael e seus amiguinhos Zumbis.

1-Wanna be Startin' Somethin": Música mais acelerada do disco, soa inevitavelmente datada, com suas gordas linhas de baixo e sintetizadores pouco sutis. O trabalho de percussão foi todo realizado pelo coisa -nossa Paulinho da Costa, e é o único destaque da faixa. Com um refrão safado e repetido à exaustão, a música, que é a mais longa do disco (passando dos seis minutos) gruda e cansa rapidamente. Bola fora do mito Quincy Jones, que talvez tenha tido pouco o que fazer, pela música ter sido uma das quatro do disco escritas por Jackson, que deve ter teimado para ela sair desse jeito.

2- Baby Be Mine: Uma das duas do músicas do disco a não virar single de sucesso (a outra sendo The Lady In My Life), é muito melhor que outras músicas de Jackson que viraram hits. Faixa que mais lembra o espírito do disco anterior, Off The Wall, com uma produção bem mais orgânica. Black Music de primeira, injustamente esquecida.

3-The Girl is Mine: Lixo. Dueto fraquíssimo de Jackson com Paul McCartney, que resultou no fim da rápida amizade dos dois e na compra por Jacko dos direitos das músicas dos Beatles, o que foi trágica para os fãs da banda, que se viram impossibilitados de ouvir as músicas do grupo nas rádios e canais de TV, o que segue até hoje. O jeitão jeca da música é explicado pela triste fase que McCartney viveu nos anos 80, lançando discos que virariam piada. Nem Jones salvou essa.

4-Thriller: Todos se lembram do icônico clipe (na verdade um curta de quinze minutos), que lançou a MTV ao status de "canal jovem", algo que ela começa a perder somente agora, com o advento da internet. Mas quanto a música em si, méritos totais para Quincy Jones, que constrói um clima tenso e arrebatador utilizando basicamente apenas sequências infernais de baixo , sampleadas milhões de vezes por produtores, rappers e o escambau, com intervenções ocasionais precisas de metais, guitarras e sintetizadores. O refrão, majestosamente cantado por Jackson, presta uma homenagem dele aos seus filmes de terror favoritos (John Carpenter, Dario Argento, entre outros). Inicia a sequência de três canções que acabaram quase que sozinhas criando o status do disco.

5-Beat It: Com um riff de guitarra tocado por Eddie Van Halen (pasmem), Beat It é a canção mais "rock" do disco. O riff é melhor do que muitos que Van Halen produziu na sua própria banda, o que me leva a imaginar toda a grana que ele ganhou para tocar com Jackson. Ao invés do riff ser tocado repetidamente, nas pontes eram repetidas rápidas sequências de guitarra junto da bateria, para o riff entrar, gloriosamente, junto do refrão, em outra bela sacada de Quincy Jones. Rola até um solo de Van Halen no meio da música. Era impossível uma canção como essa não virar hit. Jackson tentou repetir a parceria com um guitarrista virtuoso ao convidar o Slash do Guns N' Roses para tocar na música Black and White, do álbum Dangerous, mas o resultado passou muito longe da excelência dessa. E deixou o Axl Rose louco da vida com Slash, já que até hoje ele reclama dessa "traição".

Michael e Quincy Jones, com dois dos trezentos Grammys ganhos pelo Thriller

6-Billie Jean: Os 4 minutos e 54 segundos mais espetaculares da história do pop. Nunca foi feita uma música tão perfeita quanto essa. Classuda do começo ao fim. Jackson e Jones estavam inspiradíssimos, e a música é referência para toda a produção musical até os dias de hoje. Sim, nós sabemos bem que o filho não era do Michael (ele não parece ser muito chegado, sabe como é), mas nem isso apaga a excelência dessa canção.

7-Human Nature: Música mais calma do disco, não mantem o nível estratosférico da canção anterior. Tem o jeitão das baladas daquela época, poderia ser facilmente composta por um Phil Collins da vida. Isso não pode, de maneira alguma, ser um elogio.

8-P.Y.T. (Pretty Young Thing): Constrangedora tentativa de Jackson soar como um garanhão pegador. Funkzinho sem maiores pretensões, que não consegue passar no teste do tempo, soando datado e quadrado. Péssimo uso de vocoders, que somente começam a encaixar bem em canções hoje em dia, vide o bom uso deles por bandas como o Daft Punk, por exemplo. A música fez sucesso mais por osmose, seguindo o caminho aberto pelas outras músicas, que ciraram uma demanda altísisma de músicas do Jacko junto com os fãs, do que por méritos próprios.

9-The Lady in My Life: Canção que fecha o disco, é a única balada propriamente dita. A letra é fraquíssima, e a música não fazia muito para escapar do rótulo "mela-cueca", apostando numa estrutura totalmente convencional e livre de maiores surpresas e invencionices. Imagino que era um ás guardado por Jackson e Jones caso o disco não estivesse fazendo sucesso, mas como a situação se mostrou absolutamente contrária, a música acabou não precisando sair à tona. Um desfecho nada satisfatório, mas que serviu apenas como, digamos, reserva de mercado.

Depois de tudo isso, é fácil perceber o quanto esse disco é superestimado. As 50 milhões de cópias devem-se à trinca fortíssima do meio do disco, Thriller, Beat It e, principalmente, Billie Jean, todas fruto do talento de Quincy Jones, muito mais do que o talento de Michael Jackson como compositor. O próximo disco de Jackson, que sairá ainda nesse ano, será produzido pelo incauto do Wil.l.i.am, o que não é nada promissor, já que é sinõnimo de samplers dolorosamente óbvios e melodias construídas todas em cima de onomatopéias, como vimos dezenas de vezes nas canções do Black Eyed Peas. Essa é a vantagem do Prince, que nunca precisou se apoiar em produtor nenhum, já que é capaz de emular uma banda inteira sozinho. Mas Thriller tinha o seu valor, com certeza, não tiremos isso de Jacko. Isso não!

segunda-feira, 3 de março de 2008

TETÉIA DA SEMANA

Alice Braga
Atriz paulistana, fazendo sucesso nos US and A (como diria Borat) ao aparecer junto do Will Smith no filme Eu Sou a Lenda. Sobrinha da Sônia Braga, construiu uma respeitável filmografia aqui na terra do Zé Carioca, fazendo filmes como Cidade Baixa e Cidade de Deus. Com o estouro do último filme no exterior e as surpreendentes indicações ao Oscar, Alice acabou sendo visada no cenário internacional, recebendo belas ofertas para colocar à prova o seu talento. Como se saiu bem ao dividir a cena com Smith, que é o astro mais rentável do mundo no momento (seus dez últimos filmes renderam mais de cem milhões nos EUA), podemos esperar coisas muitos boas dela. Está filmando com o renomado David Mamet um filme chamado Redbelt (junto do bibelô Rodrigo Santoro), filmou o Ensaio Sobre a Cegueira com o Fernando Meirelles e famosos como a Julianne Moore e o Mark Ruffallo, e tem outros grandes projetos engatilhados. Que ela é mais completa como atriz do que sua tia, isso não se duvida. Apareceu até na capa da Vanity Fair, conceituada revista americana, junto de outras atrizes promissoras. O caminho está engatilhado, é só ficar longe das party girls, que tudo vai dar certo.

Movimentos Pendulares e o cinema ou Drops do moderado

Camarada moderado is back. Após um período de trabalho árduo e sem internet em casa, voltei para misturas mais as coisas no "Fomos ao Cinema". Enfim, não sabendo do falar e não gosto de falar sobre nada, pois me lembra de uma tal série que detesto; resolvi, por fim, falar um pouco sobre cinema e algumas coisas a mais. Na verdade seria mais como Rapidinhas do Moderado.

Bem o oscar foi um merda, Juno ganhou de melhor roteiro, daí se denota a porcaria que foi a premiação, pelo amor de deus, até premiações do oscar tem limite, dessa vez a academia conseguiu ultrapassa-lo definitivamente; a, já quase esquecendo, temos , nós, blogueiros, leitores e fãs de cinema a obrigação de fazer o movimento, "por favor volte Billy Cristal".

Tim Burton, Jonnhy Depp e uma atmosfera gótica: será que já vi isso em outo lugar, pior, agora em versão musical. Misto de curiosidade e medo; enquanto o medo continuar vencendo não me atrevo a encarar esse filme.

domingo, 2 de março de 2008

The deep profound philosophy and other issues

Eu sou a favor de auto-ajuda se ninguém estiver ganhando dinheiro em cima, o que é – a sátira começa aqui – uma contradição em termos, eu sei, você sabe. Anyway, auto-ajuda pode funcionar, mudando algum aspecto da sua maneira de pensar. Mas para que isso aconteça, um poucochinho de auto-análise é indispensável, e o conhece-te-a-ti-mesmo volta com tudo, suuuupertendência. Mas não demais, que senão carrega o visual.

Profundidade, esse acessório tão superestimado, por exemplo, é resultado direto de auto-análise, mas que já cansou, tenho que te dizer. E, ao contrário do que o pessoal fala, profundidade não tem nada a ver com inteligência. Já vi muito estudante de Letras que entende o outro e a si mesmo, cheio de sensibilidade e ética. Em compensação, a maioria dos matemáticos que eu conheci era louca pra fazer uma ponta na Malhação. É a diferença entre pessoas como Antoine Saint-Exupéry e Ludwig Wittgenstein. A lacrimosidade e o espírito emo de O Pequeno Príncipe versus a insensibilidade e a aridez do positivismo lógico.

Day-Lewis: indivíduo profundo num momento de pouca profundidade.

Gente que nem Oscar Wilde também, que defendia que “O artista é um criador de belas coisas”, ou que “Um livro é bem ou mal escrito: eis tudo”, e que “A Arte é superfície”; enfim, que acha que tudo se resume à Beleza, trata-se de pessoas extremamente frívolas, sem amor nenhum no coração, sem S2 mesmo :o(.

O sistema educacional austríaco é célebre pela formação de indivíduos pouco profundos e superficiais. Acima, Hitler pequerrucho: eugenia e limpeza étnica como meios para o estabelecimento do III Reich à luz do ideal clássico de Beleza; e Wittgenstein: goleiro medíocre.

Profundidade que, como eu li outro lia, folheando um manual de Psicologia, depende de como o indivíduo elabora as próprias emoções. Aquele que, quando está triste, pergunta por que está assim, é profundo. Já o superficial é aquele que está triste porque está triste. Os primeiros estão sempre insistindo nos assuntos dos quais os segundos estão sempre fugindo. Wittgenstein, que era uma pessoa assim muito superficial, escreveu que perguntar a razão de se estar sentindo de uma determinada maneira não tem resposta, porque é uma pergunta sem sentido. Diz ele, no aforismo 6.5 do Tratactus Logico-Philosophicus: “Para uma resposta que não se pode formular, tampouco se pode formular a questão. O enigma não existe” E tem mais:

5.6 Os limites de minha linguagem significam os limites de meu mundo. Ou seja: se eu não disser que te amo, então eu não te amo; se eu não disser que estou triste, então eu não estou triste. O mesmo para o contrário: se eu disser que te amo, então eu te amo; se eu disser que estou feliz, então eu estou feliz, eeeehhhhh. Pensamento positivo é TU-DO!

5.631 O sujeito que pensa, representa, não existe. Ou seja: viver a vida, moçada: quem pensa demais, não vive.

6.43 O mundo do feliz é um mundo diferente do mundo do infeliz. Ou seja: geeeente, que deprê! Vamô parar com esse papo bravo, que tá tudo muito down, e vamô animando aí, que hoje eu vou causar, u-huuu!

7 Sobre aquilo de que não se pode falar, deve-se calar. Ou seja: rsrsrsrs.

Toda a chamada primeira fase de sua obra, representada pelo Tractatus, é uma crítica à suposta profundidade dos profundos, que se envolvem em intermináveis discursos vazios. Arrasô.