É isso mesmo, o Oscar 2008 está chegando, 24 de Fevereiro já está aí. Agora que a greve dos roteiristas acabou (finalmente o The Office vai poder voltar), a festa está mais garantida do que nunca. Todos acusam a premiação de ser um engodo, sempre preferindo outros critérios que não os de méritos artísticos. Se você analisar os ganhadores ao prêmio principal, melhor filme, desde a primeira cerimônia em 1929 que premiou o belo filme Asas, verá que, realmente, muita coisa boa foi preterida em favor de filmes que tivessem o famoso "jeitão de Oscar", ou seja, histórias edificantes de superação e dramas épicos capazes de comover grandes audiências. Mas, chega de papo furado. Revelo aqui minha lista dos cinco piores filmes ganhadores do prêmio principal. Sim, desde 1929. Aqui o negócio é completo, Jão. Em breve, os cinco melhores, e reflexões sobre os grandes filmes, cineastas e atores ignorados. Quanta emoção.
Suporífero musical baseado na história de Oliver Twist, clássico de Charles Dickens, cheio de números constrangedores e nababescos, que em nada engrandecem a obra original. Uma bola fora do bom diretor Carol Reed, autor do excelente O Terceiro Homem, e que perdeu toda a classe e ousadia que marcaram sua primeira fase como diretor em prol de filmes mais babaquinhas, como esse e o anterior Agonia e Êxtase. Mas aquele foi um ano fraco, Oliver concorreu com filmes meia boca como Raquel, Raquel, O Leão de Inverno e Funny Girl e Romeu e Julieta, aquele mesmo, do Franco Zefirelli. Sim. Oliver praticamente marcou o fim da Classic Hollywood, já que os filmes ganhadores depois seguiram uma linha totalmente diferente. Mas o que realmente irrita o mundo desde aquela cerimônia: era o ano de 2001-Uma Odisséia no Espaço, tanto que Kubrick foi indicado a melhor diretor e roteiro, mas o filme levou apenas o prêmio de efeitos especiais e nem indicado a melhor filme foi. Sério, existe alguém nesse mundo que possa ser capaz de falar que Oliver é melhor ou mais importante e relevante que 2001? Foi tudo uma grande piada na verdade, que ninguém pegou até hoje? Há, tá, o filme do Kubrick tem 150 minutos dos quais 120 são em silêncio, enquanto Oliver é cheio de crianças insuportáveis berrando por toda a projeção. Blá, blá, blá, blá.
4-Conduzindo Miss Daisy - Melhor filme de 1989, dirigido por Bruce Beresford
O filme ganhou a estatueta por ter conseguido um milagre: fazer o espectador pegar no sono vendo um filme de apenas 100 minutos. Ganhou do Meu Pé Esquerdo, Campo dos Sonhos e Sociedade dos Poetas Mortos, pasmem. Que tivessem apenas dado o Oscar para a Jessica Tandy, já que queriam tanto homenagear ela por sua carreira, e pronto. Mas não, quiseram ir além e glorificar mais uma vez a mediocridade. A coisa foi tão tosca que o seu diretor, Bruce Beresford, nem indicado na sua categoria foi. Para se ter uma idéia, a melhor coisa desse filme, melhor até que a atuação da Jessica Tandy(cuja "perfomance" se resume a ficar reclamando com o Morgan Freeman o tempo todo), foi o desempenho do Dan Aykroyd, merecidamente lembrado na categoria de melhor coadjuvante. Quando a melhor coisa do seu filme é o Dan Aykroyd, você sabe que a coisa está muito feia. Mais uma vergonha para assombrar a Academia por todo o sempre.
3-Shakespeare Apaixonado - Melhor filme de 1998, dirigido por John Madden
O Shakespeare estava apaixonado. WHO CARES? Outro momento vergonhoso, digno de figurar eternamente nos anais da vergonha do Oscar. Uma comédia romântica de quinta, com o péssimo casal Joseph Fiennes (irmão menos talentoso do Ralph) e Gwyneth Paltrow (o Oscar que ela ganhou é uma piada até hoje, a Fernanda Montenegro devia ter se matado por ter perdido o prêmio para ela) garantido belos bocejos, enquanto que a fraca história - baseada em pontos altamente controversos e discutíveis da vida do bardo inglês, já que não se pode provar os fatos vomitados pelo filme - nunca deixa de ser medíocre. Mas a maior vergonha é uma só: o filme carregará sempre o estigma de ser o único ganhador do Oscar e melhor filme a ter o Ben Affleck no seu elenco. Qualquer pessoa que entenda o mínimo de cinema sabe que quem coloca esse loser no seu elenco está pouco se lixando para a qualidade do mesmo. John Madden, no caso, incompetente de marca maior, que depois fez o trágico Capitão Corelli, um dos piores filmes da década que vivemos. O ano era fraco, os outros concorrentes eram O Resgate do Soldado Ryan (Spielberg ganhou o prêmio de melhor diretor, justamente por um dos seus filmes mais fracos), Elizabeth, e, mil vezes argh, A Vida é Bela (deu calafrios até de lembrar, bati na madeira aqui, Roberto Benigni 666). O prêmio deveria ter ido ou para o Além da Linha Vermelha ou para o Show de Truman, que teve o Peter Weir indicado como melhor diretor.
2- Volta ao Mundo em 80 Dias - melhor filme de 1956, dirigido por Michael Todd
Um dos mais caros, dispendisiosos e insuportáveis exercícios de auto-indulgência da história do cinema. Pegaram o livro do chato do Julio Verne e fizeram uma bagunça em cima. Se você era comediante e estivesse passando na frente da United Artists no momento das filmagens, era chamado pra fazer alguma gracinha no filme. Até o comediante mexicano Cantiflas, inspiração do Roberto Bolanos e famosíssimo na época, foi chamado para fazer o filme. O classudo David Niven faz de tudo para segurar as excruciantes duas horas e quarenta e cinco minutos de projeção, mas é pouco. Dizem que o prêmio foi comprado, já que havia uma caríssima festa em Nova Iorque pronta na mesma noite da cerimônia, o que deixou todos intrigados. Se você (no caso, o produtor e diretor Michael Todd) já torrou milhões para fazer um filme desses e ainda sim gasta mais uma dinherama para comemorar algo que seria conhecido apenas no meio da festa, é por você já saber o resultado antecipadamente. No mais, o prêmio teria ficado em mãos muito mais seguras se tivesse ido para dois outros concorrentes daquele ano, Assim Caminha a Humanidade, clássico de George Stevens, e o Rei e Eu, logicamente. Até os Dez Mandamentos teria merecido mais. Pomposidade por pomposidade, era um filme muito mais impactante.
1-Kramer Vs. Kramer - melhor filme de 1979, dirigido por Robert Benton
A maior piada da história do Oscar. Ganha até de quando o Rocky venceu o Taxi Driver, três anos antes. Aonde eles estavam com a cabeça? Quantas você tem de beber para se achar no direito de dispensar um filme como Apocalipse Now em favor de uma porcaria dessas? Apocalipse Now, pô! Dá para pensar em comparar a envergadura desses dois filmes? Não deu. Nem o Dustin Hoffman conseguiu explicar essa. Você assiste Kramer Vs. Kramer hoje, passados quase trinta anos, e não conseguiria imaginar outro lugar para esse filme do que a implacável e justísisma vala dos esquecidos. Não funciona como drama familiar, não funciona como estudo de personagens, não funciona como nada. Mas ele jamais irá para lá. Pois num belo dia do inverno de 1980, Kramer Vs. Kramer bateu Apocalipse Now na premiação mais importante do cinema. E deu o principal argumento para os inúmeros detratores da premiação mais coxinha do planeta.
Menções "honrosas": Crash- No Limite (vai virar série de TV, o que faz todo o sentido), Como era Verde o Meu Vale (um dos filmes mais fracos de John Ford, infamemente lembrado por ter vencido Cidadão Kane na premiação de 42), Amor, Sublime Amor (musical dolorosamente ingênuo de 62, tratando guerra de gangues como se fosse um passeio no parque), Entre Dois Amores, Gandhi, Rain Man e O Último Imperador (quatro exemplos do quão desastrosa foi a década de 80 para a premiação), Gladiador (épico com e minúsculo) e, logicamente, O Paciente Inglês, tirei até cara ou coroa entre esse e o Oliver para ver quem seria o quinto da lista. Tô brincando, pô! Cara e coroa não, foi tudo nos detalhes minunciosos, certo?
muito bom apesar de eu não concordar 100% com a lista hahahaha
ResponderExcluirRapaz, vc pega pesado, hein? Dan Aykroyd é um bom ator. E já deu a raiva de Kramer vs Kramer, né? É um ótimo filme. Assim como Gente Como a Gente. Não importa se mereceu Oscar ou não.
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