Então, você está esperando o ônibus e vê um casalzinho quebrando o pau. De repente parece que você, antes impaciente com a demora, está no sofá da sua casa, assistindo ao drama de uma paty girl disléxica. Ele está terminando com ela; isto é, como se fosse simples assim. Porque não é que namorado e namorada agem como se efetivamente encenassem uma cena de novela das oito, da qual sem dúvida tiraram as formulações que dão voz e cor ao diálogo? Mas não só isso. O conjunto inteiro das justificativas e sutilezas psicológicas de folhetim estão ali para preencher um momento decisivo daquelas vidas, quando ela lhe dá um tapa, e ele revida com um soco no ombro, não porque ele tivesse errado, mas porque é cavalheiro demais pra ser na cara. Recompondo-se, ela tenta revidar inutilmente, pois ele trava os braços dela, fazendo-a desistir, em lágrimas. E quando ele lhe dá as costas, ela não se agüenta e corre para impedir que ele se vá.
Uma parte de você, a esclarecida, se pergunta por que, afinal de contas, as pessoas desistem tão rápido de ser simplesmente humanas; por que se agarram tão desesperadamente a versões ridículas de si mesmas, convertendo-se em personagens chatinhas de livros ruins? A resposta você já conhece – é mais fácil ser uma caricatura –, mas não é o que importa: você só está sendo nojentinho. Mas a outra parte quer mesmo é ignorar o ônibus, que acabou de chegar, e só pegar o próximo, porque, como com as novelas, você não suporta esperar pelo próximo capítulo pra ver se ele vai ficar com ela.
Em todos os casos, a foto enriquece o post. Mas neste, em especial.
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