domingo, 2 de dezembro de 2007

Fomos ao cinema ver O Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford

Uma obra, se bem sucedida, é do tamanho de suas pretensões. Bem, apesar da ousadia da forma e das afirmações feitas pelo roteiro, O Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford não é imenso como seu título nem sublime como as paisagens que lhe servem de pano de fundo, porque falta à própria abordagem da figura de Jesse James a grandeza do intemporal. O que está em jogo é uma questão sociológica, que poderia muito bem ser derivada para o universal, mas que acaba circunscrita a um discurso muito familiar a nós, com explicações e conclusões muito contemporâneas.

É irônico que logo Brad Pitt incorpore Jesse James num filme cuja proposta é analisar a fama e o culto das celebridades, ou o mito analisado sob a estética do mito. Que se trate de um épico, ou melhor, que retrate a trajetória de seu protagonista epicamente, só reforça o esvaziamento dessa vida. Aliás, esse esvaziamento é ressentido em todas as personagens e acentuado pelos longos planos e pausas. A aridez e vastidão das paisagens comunica uma desolação que é própria de um mundo sem indivíduos com vontade e desígnio autônomos. Na radiografia de uma celebridade, profundidade psicológica só pode se dar como uma patologia, e Jesse James é um homem atormentado por alucinações, o que o leva a preparar sua morte pelas mãos de Robert Ford, o único personagem com a mesma determinação que ele e, portanto, capaz de enxergar além do mito.

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