sábado, 22 de dezembro de 2007

Yankee Swap

Final de ano, amigo secreto na firma. A gente tira quem não quer, diz o que não deve; mas abafa. Pra cá, eu reservei coisas menos classe média. Mas quem quiser algo do tipo, vai pro shopping.

Natal, que é o frenesi da classe média, só tem paralelo mesmo com o Carnaval, quando as havaianas ganham muita purpurina e lantejoula, isto é, muito glitter e paetê. Aí, a classe média, muito família, fica acuada, porque toda essa catarse da pobreza e do luxo assusta. O Natal, não; o Natal é tempo de sublimar toda a energia sexual em consumismo. Muito, muito mais bonitinho.

Comigo não é diferente, e eu comprei uns três filmes. Lubitsch, Ford e Capra. E, claro, vou chorar assistindo A felicidade não se compra. Classic Hollywood é tipo o Novo Testamento do pequeno-burguês.

"Ela só pensa em beijar, beijar, beijar, beijar
E vem comigo dançar, dançar..."

Aliás, tive uma experiência espiritual anteontem, no Fifties, quando um grupo de descolados sentou na mesa ao lado daquela em que estava eu e o Camarada Progressista. Era quase 1 da manhã, então a espiritualidade ia alta. Só sei que comecei a pensar em que tipo de pessoa eu queria ser. Mas você vê, tem coisa mais classe média que epifania numa hamburgueria em Moema? Só faltava eu morder o Onion Burguer, o creme de queijo cair e queimar minha perna, e eu finalmente compreender que o sofrimento e, por tabela, a realidade, é uma ilusão. Dinkin flicka.

***

Preocupar-se com algo é o mesmo que dar importância a algo. Definição que tem o defeito de recorrer a um termo a que também falta a auto-evidência de “pensar”: preocupar-se com algo é pensar em algo. Trata-se de um insight.

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