terça-feira, 19 de agosto de 2008

Citius, Altius, Fortius! - Reflexões Olímpicas

Não há nada melhor do que ser brasileiro e assistir aos Jogos Olímpicos. Eu espero quatro anos inteiros por esse momento. Um momento de ser um brasileiro, mas do que em qualquer outro. Sério, ficar insone nas madrugadas, bater no peito orgulhoso e ver o Brasil-sil-sil de Policarpo Quaresma e Dorival Caymmi (in memorian) perder na vela, no basquete, no atletismo, no ciclismo, no judô, no handball, no polo aquático, no hipismo, na ginástica artística, na ginástica rítmica, nos saltos ornamentais, na luta greco-romana, no boxe, no taekwondo, na canoagem, no tiro, no badminton, no triatlon, no arco-e-flecha, no remo, no pentatlo, no levantamento de peso, no vôlei, no vôlei de praia, e outros que eu esqueci o nome. Aonde tiver um atleta com uma camisa escrita BRASIL no peito, com certeza haverá uma linda, gloriosa, olímpica derrota. Eu não consigo tirar os olhos da telinha. E o bom dos Jogos Olímpicos é que nós conseguimos sempre levar piabada até na única modalidade que somos supostamente os melhores, o orgulho da nação. Sim, o futebol. E pra Argentina, ainda! Que delícia! É um desbunde. Diz-se brasileiros, mas pode chamar de sádicos mesmo. Mas vocês devem ter reparado que eu omiti a natação lá em cima. É um esporte no qual temos o prazer de acompanhar as mesmas derrotas de todos os outros esportes.

BUÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁ!!!!!!!!!!!!! É assim que eu gosto.


Mas eu tenho um protesto a fazer. Sim, é contra você, César Cielo. Quem o senhor pensa que é pra chegar nas Olímpiadas e ousar vencer uma prova? Quem é você para achar que pode quebrar o nosso maravilhoso sadismo olímpico ganhando uma competição? Quem o senhor acha que é para ousar colocar uma medalha de ouro, eu disse, uma MEDALHA DE OURO num peito no qual esteja marcado o nome Brasil? Quem o senhor imagina ser ao ousar subir no alto de um pódio, lugar que não foi feito para brasileiro pisar, e ouvir com a medalha no peito o nosso hino? Imagino o trabalho que o senhor deu para a organização dos jogos, que deve ter tido de baixar na internet nos Limes Wires da vida o nosso hino, que ninguém nem se dá ao trabalho de levar para as provas. Não, tá errado. Tá tudo errado. Você é um traidor, um apátrida. O seu lugar não é aqui, no seio da nação na qual tudo se planta e tudo se dá. O senhor devia ter feito como todos os nossos maravilhosos atletas e ter pego uma bela vigésima-quinta colocação e colocado a culpa na piscina, no cloro, no óculos, no maiô, no dólar, na morte do Heath Ledger, e todas aquelas desculpas deliciosas que só fazem as derrotas dos nossos queridos atletas ficarem mais saborosas ainda. O senhor é um brincalhão, senhor Cielo! Por isso, lanço a campanha EXÍLIO JÁ para você. Vá embora do nosso país e compita por um daqueles países nos quais os atletas estão mais preocupados em vencer do que em arrumar desculpas e passear por aí, como Cuba, Rússia, China e outros. Ver o nosso dinheiro ser gasto com você e o senhor fazer por merecer é um desgosto muito grande. Fora, já! Há, lembrei, o senhor treina nos EUA... Tá, eu te perdôo então. Agora deixem eu ir, parece que daqui a pouco vai começar uma competição de atletismo com um brazuca, e vocês já sabem, né? Não somos os mais rápidos, nem os mais altos, e nem os mais fortes. Que orgulho. Abre a cortina do passado!


Capitão Nascimento para Cielo: "Tira essa bandeira da cabeça, que você é moleque!"

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