

Perguntaram-me uma vez se sabia a diferença entre essas duas modalidades; sim, era um conversa de bar.
“Bem...”
A conversa durou duas horas: da explicação minha veio a argumentação dos outros, logo da argumentação passamos para uma calorosa discussão e, por fim, uma confusão local. Aqui como a réplica vem através de comentários e ninguém vai ficar gritando comigo “offlinemente”, assim explanarei algumas teorias sobre o assunto.
1)Quando temos o predomínio de planos super-close e detalhe estamos falando de uma produção do ramo do entretenimento do sexo, caso seja o oposto; as pessoas demoram para tirar a roupa, nem isso, muitas vezes transam com as roupas do corpo, aí passamos levemente para o imagético erótico. Considerando que meias, sapatos saltos agulha e adornos de ouro nunca foram roupas e se aparecerem invalida completamente o viés erótico. Exceção para filmes de malandro e rappers, nessas particularidades valem os adornos de ouro.
2) Entregadores de pizzas, encanadores, bombeiros, enfermeiras, aeromoças e colegias não costumam ter uma vida louca cheias de tramas sexuais, muito menos costumam, todas eles, serem adeptos do sexo casual relâmpago com desconhecidas(os) esquecendo assim que deveriam estar trabalhando ou quem sabe fazendo a lição de Estudo Sociais. Caso aparece em abundância tais elementos. voltamos ao universo da pornografia.
3)Se existe algo no mínimo parecido com um enredo,um roteiro onde os personagens movam alguma trama em busca de superação/eliminação de um problema. Se caso aja um mínimo desenrolar de uma trama que não pareça burlesca demais até para a média de filmes B de terror, então parece-me um filme erótico
O Mestre: animando os cinemas do centrão
4) Trilhas incidentais dificilmente são colocadas nos momentos íntimos das personagens, caso ocorra, será algo condizente com a trama e não um clone bêbado do Kennie G com dor de barriga a tocar o saxofone da trilha inteira.
A velocidade e a competitividade do mundo contemporâneo são formas inevitáveis de exclusão. Quem mais sofre nisso são os idosos, os popularmente chamados velhinhos. Somos levados a crer que a democracia não é, afinal, para todos quando os membros mais frágeis de nossa sociedade são submetidos ao descaso das autoridades, em filas quilométricas de hospitais ineficientes, e à indiferença da sociedade civil, enredada em sua sanha consumista que não leva a lugar nenhum.
É nesse cenário desolador, no entanto, que mudanças são sempre possíveis, por mais incrível que pareça. É tempo de refletirmos juntos, reconhecermos deficiências e encontramos soluções. Abrir-se-á então uma grande oportunidade de nos colocarmos no lugar do outro e vivenciarmos a experiência do abandono e da tristeza. E, perplexos, nos perguntaremos: será que não somos também os culpados? Será que, no fim das contas, não tratamos o velhinho como um animal, que deve se contentar com os nossos restos de afeto e – por que não dizer? – de comida?
Basta um dia nas ruas de uma metrópole rica e impessoal como São Paulo para sermos confrontados por uma realidade muito mais atroz que aquela pintada nas cores opacas da mais pungente obra literária. Eu mesmo fiz essa experiência e percorri, em nome dos jovens muito ocupados com seus estudos e suas carreiras, os becos absurdos a que idosos são empurrados pela marcha desumana dos negócios. Em suas fisionomias, contemplei as escolhas que fizemos, escolhas que passam por cima de direitos que qualquer legislação do mundo supõe inalienáveis. Em suas fisionomias, a decadência de nosso modo de vida estava escrita com traços irregulares e fibrosos que apenas o silêncio e a reflexão nos permitem ler.
Os idosos são hoje subumanizados, são cidadãos de segunda classe, vivendo numa marginalização sem nome. A verdade é que convenientemente esquecemos que também nós seremos idosos um dia. Mas, em vista de como vão as as coisas, também nós seremos vítimas de uma sociedade que não valoriza a experiência de vida, que não cuida dos fragilizados. O individualismo insano que praticamos é a sentença de morte futura que pesa sobre nossas cabeças. Quem nos acolherá? Quem olhará por nós quando somos incapazes de olhar por estas criaturas inúteis em que se transformaram os jovens de outrora? Rezemos para que nossos filhos e netos demonstrem a compaixão que nós mesmos não demonstramos.
Como o protagonista desse filme, perdido entre essas várias verdades, lutando e esperando a verdade aparecer na linha do seu destino, que será escrito por ninguém mais, ninguém menos do que ele mesmo, assim como os americanos escreveram o seu turbulento ao elegerem duas vezes Bush, e agora encontraram a verdade ao elegerem Obama.
Além de nos proporcionar um raro, elegante e inteligente exercício de estilo, que não se prende ao convencional e nem espera respostas fáceis e soluções simples para os anseios dos seus complexos personagens, Charlie Kauffman também nos traz, com os traços impávidos e belos da melhor ficção, a melhor reflexão lançada até o presente momento sobre o novo mundo que se monta à nossa frente. Mundo esse que tem “Obama” escrito por todo ele. A nós, resta apenas a oportunidade de agradecermos, e desejarmos que momentos como esse possam sempre se repetir.
Falar de blog é tão relevante quanto reportagem sobre dona de casa que come tijolo.
Mas o que é um blog?
Um blog é um exercício de narcisismo.
Podia também ser um exercício de halterofilismo.
Semana passada finalmente tomei coragem pra assumir e contei pra minha mãe que sou blogueiro há quase dois anos. Claro que no fundo, no fundo eu sempre fui blogueiro, e ela sempre soube disso. As mães simplesmente sabem. O problema é que se recusam a admitir.
Desde pequeno ela notava que eu era diferente das outras crianças, essencialmente mais frouxo e cheio de manias. Como já existia no mundo um Woody Allen, que era por acaso um judeu novaiorquino baixinho, ela se contentou em me criar pra ser um japonês paulistano baixinho. Não foi fácil crescer em meio ao preconceito. Tive de superar o fato de ser japonês.
Em vez de fazer Engenharia...
Mas eu estava falando da minha infância difícil de exclusão e humilhação. Depois que me roubaram a terceira lancheira consecutiva quando eu ainda estava no Pré, minha mãe teve certeza de que eu era uma criança especial. Para ela isso queria necessariamente dizer que eu era gênio. Foi o que ela me disse. Eu lembro que ela estava enxugando dentro das minhas orelhas daquele jeito enérgico que as mães fazem entochando o tecido grosso da toalha bem fundo até a pele ficar vermelha.
Calma, mãe, eu só tava blogando!
Quando via as meninas da quarta série, a Andressa, a Fabi, a Simone, a Rita, circulando entre si o caderninho de enquete, eu ficava com um comichão e tinha vontade de arrancar da mão delas e me trancar no banheiro imundo da escola e responder qual era a minha cor favorita, o meu refrigerante favorito e de que menino, quer dizer, menina eu gostava.
Anos mais tarde comprei eu mesmo um caderno a fim de registrar minhas experiências, impressões e sentimentos. E na adolescência tive algumas experiências.
Meus heróis?
Naturalmente, são todos heróis intelectuais. Groucho Marx, Charles Chaplin, Sócrates, Mel Brooks, Woody Allen, Larry David. E eu.
Inclusive, escrevi um samba étnico:
"Se até Sócrates era judeu, por que não eu? Por que não eu?"
Ai, que absurdo, é claro que eu nunca fiz parte do PC aqui, em Itapecerica da Serra.
O que é um blog?
O blog é uma gota, um suspiro, um guarda-chuva, um pato.
Deixe-me explicar a situação para vocês. Isto é um blog, ou seja, por trás dele existem pessoas desocupadas. Se vocês olharem nos arquivos do blog, poderão observar que eu era um idiota no começo e agora sou o Messias e vim lhes dizer que a resposta é uma só:
Uma palavra que me defina? Narcisista.
Eu queria escrever um livro charmoso e irônico como Rhapsody in Blue, que é uma peça musical. Gatsby quase chega lá, mas é romântico em vez de irônico. Tudo bem. Deixa comigo. Seria o seguinte. Um jovem (naturalmente meu alterego) idealista, corajoso e incansável luta contra as injustiças de seu tempo até conhecer, do outro lado das linhas inimigas, Katharine Hepburn, a filha do governador. E daí em diante ele ficará dividido entre seus nobres ideais e o amor. Muita paixão numa prosa sedutora e elegante.
Ele amava o blog, sua vida, sua inconsequência, sua ambiguidade moral.
O que é um blog?
O blog é um "Não!".
Quem escreve quer ser lido. Deveria ser óbvio. Mas tem uma meia dúzia de espíritos livres para quem é feio querer ser lido. Querer ser famosinho. Desde que descobriram a potência crítica do diminutivo, não restou um ídolo sequer a ser derrubado.
Mas quer saber? Eu quero ser famosinho. Acho que quem escreve deveria ser incensado e, por que não?, defumado como são os jogadores de futebol e os atores de Hollywood. Escritores surpreendidos em praias do Mediterrâneo, com seus físicos decadentes à mostra, ou com os seios saltando de vestidos espalhafatosos na noite de entrega do Camões. E claro que também fotografadas nossas Clarices e Cecílias sem calcinha descendo de limusines para sessão de autógrafos e aulas magnas sobre a difícil posição da mulher literata.
O que é um blog?
É um abraço universal e metafísico que eu quero dar no mundo todo pela impossibilidade mesma do carinho.
Aniversário é um momento especialmente constrangedor porque revela que tipo de ideias tolas e extravagantes as pessoas alimentam a respeito de si mesmas. Muito pior quando blogs ou blogueiros aniversariam. Os mais discretos ou hipócritas geralmente acabam dizendo, como desculpa para referir o fato, meia dúzia de platitudes sobre o ridículo da data e querem que os leitores as engulam como uma "reflexão distanciada".
Mas certamente é mais interessante que eu fale sobre a minha vida. Conheço histórias melhores. Histórias de homens que se viram desafiados pelas circunstâncias.
O que é um blog?
Um pum. Pum. Pum. Pum. Pum. Pum. Pum. Pum. Pum. Pum. Pum. Pum. Pum. Pum. Pum.
Anastácia
16 de Abril - 2 anos de Fomos ao Cinema. Viva a Mãe Rússia.