sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

J. D. Salinger - R.I.P.

" Franny respirou fundo, lentamente, mas continuou com o fone colado ao ouvido. O zumbido de linha livre seguiu-se, é claro, ao estalido da ligação desfeita. Franny parecia encontrar uma beleza extraordinária no zumbido contínuo, como se ele fosse o melhor substituto possível para o silêncio primordial. Mas também parecia saber quando parar de escutar, como se toda a sabedoria, seja ela muito ou pouca, que existe no mundo, lhe pertencesse de repente. Quando repôs o fone no gancho, parecia saber exatamente o que tinha também que fazer em seguida. Afastou o cinzeiro e os cigarros, depois retirou a colcha de algodão da cama onde estivera sentada, descalçou os chinelos e meteu-se na cama. Durante alguns minutos, antes de cair no sono, num profundo sono sem sonhos, ela se manteve imóvel, sorrindo para o teto."

1919-2010

Nenhum comentário:

Postar um comentário