Segue aqui uma lista com os dez melhores filmes da década
passada, a mesma que terminou com o Corona batendo na nossa portinha. Lembrando
que a lista reflete apenas a opinião desse que vos fala, então não que ninguém
resolva encher a porra do meu saco chorando a ausência dos seus filmes (ou
taras) favoritos. Beijunda e força sempre no coração de todes (olha o protocolo
WOKE ai, gente!!!!)
10 – Era uma Vez em Hollywood - 2019
Uma carta ao mesmo de amor e lamento de Quentin Tarantino
para sua amada Los Angeles. O filme nos transporta para um momento específico
na história da cidade, quando a
“inocência” (na falta de um
melhor termo) dos primeiros e impressionáveis anos de Tarantino foi devastada
pela explosão de violência trazida pelos distúrbios e comoções do fim da década
de 60. O diretor captura aquele ambiente com o habitual apuro técnico e paixão,
criando uma experiência absolutamente intrigante e devastadora para seus espectadores.
Destaque para outro grande trabalho de Brad Pitt e para um DiCaprio com um
surpreendente timing cômico e disposição para rir de si mesmo. Margot Robbie
também mostra talento para composição, atingindo todas as notas certas com sua
Sharon Tate, mesmo com o tempo reduzido de tela. O trabalho de casting do
elenco foi absolutamente impressionante, revelando quase que sozinho toda a
nova geração de atores hollywoodianos que vem se destacando nos últimos anos
(Austin Butler, Sidney Sweeney, Mikey Madison, Victoria Predetti).
9 – Azul é a Cor Mais Quente – 2013
Filme que causou furor em 2013, tanto pela temática quanto
por problemas de bastidores, mas que merece ser lembrado e analisado pela sua
trama, entregando uma história de amor e auto-conhecimento como poucas vezes visto
nos últimos anos, marcados pela eterna e tediosa dualidade de filmes de
super-heróis/filmes de streaming. Deixando de lado as polêmicas dos bastidores,
deve-se celebrar a direção inventiva e segura do talentoso Abdellatif Kechiche
e as grandes atuações de Léa Seydoux e Adéle Exarchopoulos, que foram
inexplicavelmente preteridas na campanha do Oscar.
8 – O Mestre – 2012
Embora seja um filme mais comedido dentro do que Paul Thomas
Anderson costuma oferecer no escopo do seu trabalho, O Mestre impressiona pela
força de suas atuações, principalmente pelo trabalho avassalador do genial
Philip Seymour Hoffman, que simplesmente oblitera tudo o que vê pela frente em
todas as cenas que participa. Joaquin Phoenix também comete uma de suas
performances mais apaixonadas. Anderson usa seu talento como diretor de uma
maneira mais sutil, atuando como um metrônomo, dando ritmo e cor para as
performances e entendendo que a força do filme estava no seu intérprete
principal. A morte de Hoffman é sentida até hoje, deixando um vácuo de talento
irrecuperável.
7 – O Grande Hotel Budapeste – 2014
Filme mais bem sucedido de Wes Anderson no círculo de
premiações, garantindo sua única indicação ao Oscar de melhor Diretor, O Grande
Hotel Budapeste é um dos mergulhos mais divertidos e fascinantes dentro do
universo do talentoso autor. Além de apresentar sua costumeira mesmerizante
experiência visual, Anderson surpreende ao criar uma trama extremamente mordaz
e ácida, mostrando que o domínio de seus elementos estava atingindo àquela
altura um nível impressionante, com total autoconfiança e segurança nas suas convicções
e habilidades como diretor e roteirista. Isso pode gerado o começo de uma fase
que incomodou e incomoda antigos fãs seus, que pregam histericamente na
“INTERNET” que ele começou a afundar na
autoindulgência nos últimos projetos (algo do qual eu discordo veementemente).
Ainda bem que Anderson não dá a mínima para essas sirenes do apocalipse e
continua fazendo o que bem entende.
6 – Relatos Selvagens – 2014
Grande exemplar da boa fase que o cinema argentino vem
passando nos últimos 20 anos, Relatos Selvagens impressiona por encontrar uma
harmonia quase espiritual dentro do caos gerado por suas diversas histórias
paralelas. Excelente trabalho do sumido diretor Damián Szifron e mais um palco
para desfrutarmos do talento de Ricardo Darín, que finalmente está sendo
reconhecido no mundo todo com o sucesso da série O Eternauta.
5 – Corra! – 2017
Jordan Peele fez toda uma geração morrer de rir com os quadros de humor do excelente programa Key e Peele, trabalho que fazia junto de seu colega Keegan-Michael Key. Quando anunciou que estrearia como diretor a surpresa foi geral, já que todos queriam que ele continuasse no campo do humor. Só que ai perderíamos não só um dos melhores filmes da década, como também um dos melhores filmes de terror de todos os tempos. Peele chuta a porta e cria um clima nervoso e aterrorizante, se dando ao luxo de usar o contexto histórico da escravidão e culpa branca ao seu favor, mostrando um virtuosismo narrativo que deveria não ter passado desapercebido pelos fãs do programa, já que muitos quadros já faziam uso de seu talento nesse quesito. Nota também para o seu filme seguinte, Nós, que é criminalmente subestimado.
4 - Her – 2013
Obra-prima do diretor Spike Jonze e melhor trabalho de
Joaquin Phoenix como ator, mostrando uma composição cuidadosa e comedida, que
foge do tipo costumeiro de seus papéis, que tendem normalmente a personagens
perturbados e impulsivos. O filme é absolutamente relevante dentro do cenário
de onipresença de Inteligência Artificial cada vez mais dominando nosso
cotidiano. A sua busca por humanidade e conexões dentro de um mundo asséptico e
artificial nunca deixa de ser fascinante.
3 – La La Land – 2016
O filme é lembrado pela sua excelência técnica, com o
diretor Damien Chazelle e sua equipe impressionando seus espectadores a cada
frame, criando um espetáculo visual e sonoro inesquecível. Destaque também para
os trabalhos apaixonados de Ryan Gosling e Emma Stone. Criou uma onda de
musicais neomodernos que está hoje mais evidenciada do que nunca, como vimos
com o sucesso de Wicked na última temporada, embora os resultados desses
projetos nem sempre sejam satisfatórios.
2 – A Rede Social – 2010
Último clássico inquestionável de David Fincher, A Rede
Social jamais perdeu seu status como o filme que ao mesmo tempo mostrou
fascinação e medo com o lançamento da fase mais aguda da era das redes sociais,
antevendo todos os problemas que enfrentamos hoje, já longínquos 15 anos
depois. Fincher não mostra timidez ao fazer uso de todo seu virtuosismo técnico
e obsessão por detalhes, fazendo uso de mais um grande trabalho de roteiro de
Aaron Sorkin para tentar entender esse caleidoscópio bizarro e por vezes
assustador dessas mentes tão brilhantes e intransigentes, que descambaram nessa
linda era de fascismo virtual que vivemos hoje. Destaque total para a atuação
de Jesse Eisenberg, em um dos maiores trabalhos de interpretação dos últimos
anos.
1 – O Lobo
de Wall Street – 2013
Tenham-se ou não reservas com a parceria do gênio Martin
Scorcese com Leonardo DiCaprio, é impossível negar que O Lobo de Wall Street
foi a maior experiência cinematográfica daquela década. Vertiginoso do começo
ao fim, o filme é um ataque a todos os sentidos e gostos, virando sua
metralhadora para a cultura yuppie-vitaminada-por-quilos-e-quilos-de-cocaína, cometendo no caminho um massacre inesquecível aos sensos de seus agradecidos espectadores.
É admirável presenciar um mestre com décadas de experiência como Scorcese disposto
a deixar sua verve e coração punk transbordar de maneira tão visceral e energética,
sem medo de julgamentos ou ideias pré-concebidas sobre como artistas como ele
deveriam colocar seus conceitos e paixões em caixas atrás de caixas em cima de
caixas do lado de mais caixas e caixas e caixas e caixas e FIM
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