domingo, 20 de julho de 2008

A Volta do Progressista? E ele Foi ao Cinema ver Cavaleiro das Trevas? Onde?

Shake it up now, funk soul brothers. Fomos ao Cinema, o blog mais gingado da net está de volta. Oh yeah, baby. Os dias nebulosos se foram. A manhã desperta, cheia de promessas, e... putz, esgotei o estoque de clichês. Peço desculpas pela longa ausência dos Camaradas, problemas logísticos, pessoais, físicos, e também (pelo o que consta à boca pequena, finjam que não fui eu que falei) fiscais. Tipo, foi mal ai mesmo. Cogitamos mudar o nome para o inglês, e colocamos na ferramenta de tradução instantânea do google, mais uma dessas belas facilidades do mundo contemporãneo. O nome dado? We Went to the Movie Theather. Se o Google fosse uma pessoa física, e não um site de buscas da internet formado em sua maioria por códigos binários e hexadecimais, eu juro que quebrava a cara dele. Esse título soaria como uma gincana, um monte de gente babada e suja indo pro cinema para encontrar os seus sensos de comunidade. Malditos hippies!

Como essa volta bacana (adjetivo do tempo dos seus avós) coincide com a bombástica estréia do filme Cavaleiro das Trevas, nada mais justo do que eu dissertar sobre aspectos do filme que estão me deixando enraivecido. Como a insanidade coletiva que faz uma boa parte dos críticos colocaram essa porcaria como um dos melhores filmes já feitos. Aspectos esses que encontram ressonância com a própria história do blog, que também teve Camaradas que morreram ao mergulharem na depressão depois de interpretarem bandidos- psicóticos- com- maquiagem- de- palhaço.

Por isso, antes de começar a falar sobre o filme, gostaria de deixar um pequeno pensamento sobre a morte para vocês:

" In the shadowplay, acting out your own death, knowing no more"
Profundo. Agora, vamos aos aspectos que quero abordar sobre o Cavaleiro das Trevas, uma rápida e subserviente análise sobre os efeitos que o filme causa na nossa sociedade, sejam eles justos ou não. Tudo dividido em três categorias. 3 é um numero cabalístico, assim como o são o 2, 5, 6,8, 9, 4, 1 e 7. Haja numerologia.


Dos Aspectos Positivos - Parrudagens


Cavaleiro das Trevas é melhor do que o Howard The Duck. A disputa é acirrada, mas no final das contas é melhor. Pouquinho, mas é. Espera ai, pensando melhor... uhm.... difícil.


Dos Aspectos Negativos - As Quedas nas Casas de Usher


Christopher Nolan é o maior engodo da história. Isso não é bom. Merecerá algum dia todo um texto estudando o fascínio cego que seus filmes despertam nos críticos. É como o cheiro de sangue, enlouquecendo os Lobos nas pradarias. Pradarias!


Cristian Bale? Alguém lembra que ele está no filme? Qual é o papel que ele interpreta? Dizem que ele é aquele maluquinho que se veste de morcego, mas não sei se seria verdade. Nem o Michael Keaton foi tão ofuscado assim. Talvez se ele também tivesse dado um jeito de ir dessa pra melhor... Não, Bale vale mais vivo do que morto, ao menos por enquanto.


Maggie Gylenhaal é feinha e sem sal. Um cone com peruca teria feito melhor o serviço. Repito: eu ajudava, se tivesse faltando bufunfa pra trazer a Natalie Portman. Há, não, ia ser mais uma pra roubar o filme do loser Bale. Ficou melhor como estava, então.


152 minutos de duração. Sério, deveriam existir leis contra filmes de super-heróis (pelo o que saiba, o Batman ainda é um) com mais de 90 minutos de duração. Passou disso, era cadeia para todos os envolvidos. Agora, quando um megalomaníaco como Nolan vai fazer um filme assim e acha que deve se inspirar num espetáculo carnavalesco do quilate de um Fogo Contra Fogo (que tinha excruciantes 170 minutos), ai estamos perdidos mesmo. Michael Mann e Christopher Nolan, que dupla de farsantes.




E repito, pela milésima vez: se um filme com um bilionário que se veste com uniforme de morcego com uma cueca por cima da roupa que combate os criminosos mais perigosos da cidade apenas no muque devesse ser focado na realidade, então eu realmente estou perdido. Mundo, você venceu. Mas continuem ai, falando que Dark Knight é melhor que o Poderoso Chefão. Um dia eu irei acreditar. Falaram até que a Dercy Gonçalves morreu! Se eu acreditei nisso, acreditarei em tudo.

Dá logo um tiro nele e acaba com essa palhaçada. Palhaçada, pegaram? É, foi mal

Do Coringa - Era Jack, agora é Ledger, que morreu


O Coringa do Jack Nicholson era melhor. Nossa, depois dessa, acabei de assinar minha sentença de morte. Então, repito com maiúsculas: O CORINGA DO JACK NICHOLSON ERA MELHOR. Bem mais de acordo com o universo do personagem. Ledger era um ótimo ator, provavelmente ia ser o melhor de sua geração, e o seu Coringa é adequado. Mas, pelo amor... O cara morre, vira mito, e é sempre a mesma desgraça. Se ele não tivesse tombado, aposto o que vocês quiserem que o filme e a atuação dele não iam ter nem 10% do impacto e furor de agora. Cansei dessa porcaria. Toda vez que um tonho morrer e largar mulher e filha ao Deus-dará, e o pessoal colocar o cara como gênio, eu vou vir aqui esculhambar. Respeito aos mortos? Não, respeito à minha e à sua inteligência. Estou pronto para apanhar! A morte é minha conhecida! Huhuahuaauhauahuhaua!

O Coringa de Ledger é melhor, porque ele está morto e o Jack vivo.

4 comentários:

  1. Aaaah, vai...

    Vai, Progressista! Admite que gostou do filme, vai... Todo mundo sabe que você gostou. Admite que está dando uma de Do Contra só para ter algo de interessante a dizer sobre o filme sem repetir os bilhões de elogios rasgados que meio mundo já soltou pela internet.

    Ok. Eu tenho que admitir que esse hype todo em cima do Ledger já está cansando um pouco. Agora, se o nosso saudoso "Ennis 'The Joker' Del Mar" realmente merece todos os elogios por conta de uma interpretação que foge aos padrões e é digna de Oscar, distanciando-se de todo o seu trabalho de atuação anterior (alguém se lembra do Jake Grimm ou do Ulrich Von Lichtenstein depois do Coringa?) ou se o cara está sendo superestimado porque morreu precocemente, isso é algo que nunca poderemos saber. Apenas especular.

    Só uma coisa: hype em cima do Ledger à parte, o filme é do Bale. E nem vem dizer que o Coringa roubou a cena, que o Bale desapareceu em cena, ou se deixou ofuscar pelos vilões. Tudo balela! Os vilões (todos!) são mera escada pro Batman encarar as frustrações de ser o cara que precisar salvar a cidade mesmo que isso foda completamente com a vida dele, mesmo que para isso ele tenha que fazer todos os sacrifícios do mundo. O homem é Jesus Cristo, sempre pronto a se sacrificar pela humanidade. Dá para perceber a emoção nos olhos dele, ao ver no Dent a esperança de um futuro melhor para Gotham. Ele acreditou no Dent. Queria acreditar. Precisava acreditar. Tanto que fez o que fez. Para honrar a memória do promotor público. Para manter a bandidagem na cadeia. Para ser o (anti)"herói" que a cidade precisa.

    Agora, eu bem que gostaria de ter visto o Harvey metendo a bala na cabeça do filho do Gordon. Só pra saber se o recém-comissário também iria pirar naquela cidade de loucos. E Gary Oldman é Gary Oldman (lembre-se do Stansfield de O Profissional!). Alguém duvida que a interpretação dele seria genial?

    Só pra terminar: Acho a Maggie bem gatinha. Ok. Ela não é nenhuma Natalie Portman. Mas deu um jeitão "mulher madura" que faltava à Rachel Dawes. "Mulher pilantra" também, afinal, ela enganou o Bruce direitinho, coitado. Para quem diz que ela é feia, é porque não viu o olhar "pilantra/masoquista/submissa/gosto-de-apanhar/vem-me-comer" dela em A Secretária. Naquele filme ela me ganhou pra sempre. Mesmo não tendo uma beleza tradicional.


    Em tempo: O Coringa do Nicholson era gordo, velho, careca, rebolava ao som de Prince e matou os pais do Batman. Não tinha como ele ser melhor do que qualquer outro Coringa que inventassem. Foi aí que eu percebi que você estava tirando uma com a minha cara. Só faltou você dizer que Cesar Romero era melhor.

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  2. NADA TENHO contra vigilantes. Contra? Minha adolescência cinéfila não foi só Bergman, não foi só Bresson, não foi só Renoir. Nos intervalos, escondido de meus amigos intelectuais, eu gostava de assistir a Clint Eastwood limpando as ruas de San Francisco. "Do you feel lucky, punk?" converteu-se para mim em mantra espiritual, tão emblemático como o "Play it again, Sam" que Ingrid Bergman (nunca) disse em "Casablanca".
    Para não falar de prazeres menores, ou maiores, como Charles Bronson em "Desejo de Matar". Que será feito de Bronson? Divago. Recordo apenas uma seqüência de um dos filmes da série: Bronson, caminhando lentamente nas ruas do bairro, com câmera fotográfica sobre o ombro e tomando sorvete em pose turística. Subitamente, o bandido entra em cena, pega a câmera de Bronson e foge como um galgo de competição.
    Bronson não corre atrás. Com a mesma displicência com que tomava o sorvete, joga-o fora, saca da arma (a inevitável Magnum 44), aponta sem pressa e atira no bandido, como quem atira em um animal. O bandido tomba. Bronson recupera a câmera (mas não o sorvete). Só quem nunca teve uma câmera roubada em plena rua é que não entende o prazer de assistir a essa cena.
    Nada tenho contra vigilantes, repito. Mas também acrescento que os vigilantes têm de cumprir dois requisitos básicos.
    Em primeiro lugar, só podem existir na tela, não na vida real. Na vida real, continuo a preferir o Estado de Direito, em que existem leis, polícia e tribunais, e não loucos ou beneméritos que gostam de fazer justiça com as próprias mãos.
    Mas mesmo os vigilantes das telas têm de cumprir um segundo requisito: não podem usar collants, máscaras, pinturas ou capas supostamente voadoras. Dizem-me que Batman, ou Super-Homem, é uma metáfora profunda sobre a nossa condição solitária e urbana; heróis derradeiros da pós-modernidade. Não comento. Exceto para dizer que morro de rir quando vejo um ator, supostamente adulto e racional, enfiado num pijama colorido e disposto a salvar a humanidade das mãos maléficas de um vilão tão ridículo e tão colorido quanto ele.
    Sem falar dos fãs: homens feitos, alguns casados, que continuam a acreditar que um super-herói em pleno vôo compensa todas as ereções falhadas.
    E foi assim que assisti ao último Batman, "O Cavaleiro das Trevas", dirigido por Christopher Nolan. Não vale a pena apresentar o filme: durante meses e meses e meses, uma máquina publicitária que não pára tentou convencer o mundo de que "O Cavaleiro das Trevas" era o melhor da série e, juro que ouvi, um dos maiores filmes de toda a história do cinema. De acordo com os promotores, Nolan trocara a fantasia sombria de Tim Burton e o espetáculo adocicado de Joel Schumacher por um realismo digno de Michael Mann: desde "Fogo contra Fogo" ninguém filmava assim uma cidade, cruamente e no osso.
    E os atores? Os atores seriam exemplos de um realismo ainda mais brutal, com destaque para o Coringa, papel que pode valer a Heath Ledger o Oscar póstumo. Alguns, mais ousados, ainda acrescentam que Ledger morreu de overdose precisamente por causa das exigências do papel.
    Não tenciono polemizar com a sabedoria dos críticos, mas suspeito de que Heath Ledger morreu de overdose porque, depois de assistir ao resultado, não agüentou a vergonha. E quem o pode censurar?
    Eu não, rapazes. E confesso que entrei na sala com boa vontade: "O Cavaleiro das Trevas" apresenta o herói (Batman) em luta final contra o mestre da anarquia (Coringa), um lunático que não deseja dinheiro nem poder como os vilões tradicionais, mas sim pura destruição. Na cabeça dos criadores, essa oposição simplória entre civilização/caos seria uma metáfora sobre o mundo pós-11 de Setembro: um mundo em que o terrorismo niilista não deseja um objetivo político preciso, mas simplesmente mergulhar o Ocidente num clima de paranóia destrutivo e autodestrutivo.
    Infelizmente para os criadores, a narrativa não é apenas infantil em sua pretensão política e filosófica; é incongruente quando Batman ou Coringa entram no enquadramento. Razão simples: se a fantasia já é difícil de engolir como fantasia, imaginem apresentá-la em tom "realista" e até "documental".
    Confrontado com Batman e Coringa, nenhum adulto equilibrado vê um super-herói e um super- vilão. Vê, simplesmente, dois dementes em pijamas que fugiram do asilo da cidade.

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  3. o engraçado q esse cara escreveu 9 dias depois de vc, na folha.
    uhmmmmmmm coincidencia ou os antidepressivos em doses cavalares de Ledger balançaram o planeta.
    interessante

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  4. Só uma anotação, por mais que jack nicholson possa ter interpretado um coringa melhor que Heath Ledger, o personagem escrito para Ledger está muito mais de acordo com o UNIVERSO em que o coringa foi criado. Apenas isto!
    Grato.

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