segunda-feira, 10 de novembro de 2008

O que ando lendo - Um pouco de quadrinhos

Há tempos que não falo de quadrinhos nesse espaço. Lembro de promessas não cumpridas, resenhas fracassadas, enfim, todos meus projetos de tornar este blog talvez algo que se comprometesse mais com o universo da arte sequencial.

Deixando as mágoas pessoais de lado, consegui, depois de muito esforço, escolher alguns
quadrinhos bem curiosos que ando lendo. Algo de bom gosto, na pior, pelo menos, meu gosto.

Planetary - De Warren Ellis e John Cassaday
Imagine um quadrinho onde os protagonista estão a procura da história secreta do mundo, essa busca é realizada por seres com algumas habilidades sobre-humanas e tais seres, no decorrer da saga, se deparam com situações que remetem a vários elementos da cultura pop do século vinte: de personagens de histórias pulps, teorias de física surreais até personagens bem conhecidos. Inclusive, os vilões da trama, são inspirados no Quarteto Fantástico.

Apresentados os clichês e um pouco da trama pode-se imediatamente pensar que dessa história não se tirará muita coisa, nada muito interessante. Pelo contrário, Ellis é competente no andamento da narrativa: cada elemento da grande trama é apresentando cuidadosamente, lembra um jogo de xadrez onde o embate final dos protagonistas contra os Quatros(os personagens inspirados no Quarteto que são os grandes vilões) é, num dado momento, eminente, e como tal, anucia-se como grande motor do enredo e o desfecho da obra.

Planetary foi publicado por duas editoras no Brasil: a Devir publicou dois encadernados que ainda estão em circulação e abrange os 12 primeiros números. O resto do material foi publicado pela Pixel na sua revista mensal Pixel Magazine até a número 14 da mesma revista.

DMZ - De Brian Wood e Ricardo Burchielli
A Colômbia enfrenta uma guerra civil; as Farcs e o governo vigente travam uma batalha espaço por espaço, uma batalha minuciosa pelo território colombiano e o mais importante nele: os civis que tentam levar um vida normal em meio ao caos da situação bélica.

Agora vamos aumentar esse exemplo; transportando uma guerra civil para o coração do Estados Unidos da América e a Ilha de Manhattan como uma zona desmilitarizada, palco das ações da trama. Temos de um lado os exércitos do Estados Unidos; de outro, os Exércitos Livres, uma milícia que funciona como uma idéia e não apresenta um centro passível de ser aniquilado pelo exército americano, contudo o avanço da milícia foi barrada em New Jersey. No centro desse impasse temos uma ilha de Manhattan habitada por 400.000 pessoas que ficaram depois da evacuação da ilha.

Matthew Roth, aspirante a jornalista, se depara com esse universo caótico e devido a eventos acidentais será a fonte de notícias para aqueles que ainda são americanos. O autor, inclusive, trabalha muito bem com o cotidiano das pessoas que tentam sobreviver em DMZ; um ponto forte da obra: ao mesmo tempo que somos apresentados a lugares que conhecemos(pelo menos em fotos) completamente modificados, a civilização yankee que conhecemos modificada pela guerra parecendo um terra de ninguém de fazer inveja a muitos filmes apocalípticos; ele traça a evolução do próprio protagonista durante o percurso, pois ele é obrigado a tomar decisões éticas e morais muito difíceis para sobreviver e continuar escrevendo as notícias sobre DMZ.

DMZ é publicado pela Pixel na Revista Pixel Media.

Y: The Last Man - De Brian K. Vaughan e Pia Guerra
Os seres com cromossomo Y foram exterminadas da face da Terra. Além de quase 50% da população humana estar extinta, muitos cargos e funções vitais para a sobrevivência da humanidade eram redutos quase exclusivo dos homens. Contudo, e para infelicidade de algumas mulheres, sobrou um ser do sexo masculinio: Yorick Brown. Na verdade dois, ele e seu macaco de estimação Ampersand.

Por enquanto, pelo menos o que foi publicado pela Pixel na sua pérola Pixel Media, temos Yorrick, auxiliado pela única agente mulher da Culper Ring afim de tornar possível a reabitação dos homens na Terra enquanto é perseguido pelas amazonas(sim, elas tiraram um dos seios) e também por outras radicais(que permanecem com os gêmeos intactos).

Uma conclusão, se possível.
Além do espaço de publicação comum, pelo menos aqui, esses quadrinhos compartilham um mesmo universo de referências; trabalhando com elementos da cultura pop de maneira coesa. Não só colocando referência atuais como construindo outras através desse processo. Os autores são pessoas bastante modernosas, inclusive eles tem blogs pessoais e até, pasmem, twitter. Quem sabe após dar um olhada, nem que seja via pdf ou jpeg nesses quadrinhos, quem sabe se não vai encher o saco dos autores com perguntas específicas sobre episódios particulares? Isso me lembra outra referência e uma outra história em quadrinhos, mas esta fica para outro post.

Um pouco mais, talvez?

Um comentário:

  1. Hum...

    Estava lendo FreakAngels estes dias mesmo. Bom. Muito bom.

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