quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Buscemi & Proust Investigações

Steve Buscemi e Marcel Proust são dois detetives muito atrapalhados que vivem se metendo em altas confusões. Um dia cruza o caminho deles uma mulher que vai deixar os detetives fora de órbita: Elisha Cuthbert. Essa gata de arrasar está numa grande enrascada com bandidões superperigosos, e esses dois malucos vão ter que ajudá-la e ainda por cima salvar a própria pele.

Buscemi & Proust Investigações: foto promocional para jornais (Proust tingiu só pro anúncio).

Manhã chuvosa. No escritório Buscemi & Proust Investigações, Marcel Proust sentado em sua escrivaninha, com fones de ouvido, cantava “Disorder”, do Joy Division: “I’ve got the spirit, but lose the feeling”, quando chega Steve Buscemi, com uma cara horrível. “FEELING, FEELING, FEELING, FEELING, FEEEEEELING!”

- Pomba, Marcel! Vê se faz alguma coisa. Estive a manhã toda tratando de negócios, e você aqui sem fazer nada! – Proust ouve quieto, os olhos baços como naquelas fotografias dele blasé; Steve vai tirando o casaco e o chapéu de detetive, e depois vai até a garrafa de café: - Pomba, nem o café você fez!?

Tirando os fones, Proust responde:

– É que eu ando mó triste. Além disso, acho que finalmente cheguei àquela intuição artística de que te falo, através da qual vou poder amarrar todos os eventos da minha vida até aqui numa obra imortal de sete volumes que ninguém irá ler – olhos brilhantes, mas estranhamente ainda baços.

- Que ninguém irá ler. Pô, você ainda insiste com essa história de escrever? E como é que ficam os negócios? Estive conversando com Mr. T durante quase duas horas. Duas horas! Tá aqui o relatório que eu rascunhei. – Buscemi, exasperado, joga sobre a escrivaninha de Proust uma pasta amarelada; dentro, apenas uma folha, que Proust lê em voz alta:

“Mr. T, née Theodor Wiesengrund Adorno, não gostou das recentes declarações. Encontrei ele num bar sujo da Baixa Augusta, porque ele queria me dizer que ia pegar quem andou falando mal dele. Ele me mandou dizer: “EU VOU TE PEGAR!”. Quer a nossa ajuda pra apanhar os comédia que andaram falando mal dele.”

Apesar dos garranchos, a leitura fluiu, mas Proust pensou consigo mesmo que Buscemi escrevia muito mal. – Tá, e aí, por onde a gente começa? – respondeu Proust, canceriano, afetando iniciativa e prontidão inexistentes.

- A gente começa por algum lugar quando você tirar a sua bunda daí, parar de ouvir Joy Division e fizer uns telefonemas.
– Mas é que Joy Division me inspira; além disso, você sabe que eu odeio telefone, eu me atrapalho todo.
– Pomba, Marcel, você é detetive!

Foi então que, no meio de mais uma discussão dos dois grandes detetives, a porta do escritório se abriu e entrou a delícia suprema dos fãs de 24 Horas, Jack Ba..., quer dizer, Elisha Cuthbert. Esse é aquele momento em que a câmera corta para os detetives: um olha apalermado, no caso Buscemi; e o outro, mais dissimulado, finge indiferença, no caso Proust, que nesta história não é gay.

Eis a expressão de Buscemi:

Eis Elisha Cuthbert no escritório da Buscemi & Proust Investigações:

Com olhar malicioso, mas num tom inocente, a beldade fala:

- Detetives Steve Buscemi – dirige-se a Buscemi – e Marcel Proust – dirige-se a Proust –, preciso da ajuda dos senhores.
- Por favor, sente-se – Buscemi oferece sua cadeira, que ele arrasta de trás da mesa, e se senta na mesa. – Pode falar. Quer beber algo? Infelizmente não temos café – diz enfaticamente, virando-se para Proust, que entende a indireta e se encolhe bem bunda-mole na cadeira. – Mas pode falar, senhorita...
- Cuthbert, Elisha Cuthbert. Não, muito obrigada – ela responde, doce, doce, e os detetives suspiram bem bichas paradoxalmente por serem bem machos.
- Vou direto ao assunto, detetives. Eu paguei pra escreverem um “artigo” bem ofensivo contra Mr. T. Sei que ele já os procurou.
- CASO ENCERRADO! – grita Proust.
- Você é um idiota – Buscemi fala por todos nós. – Por favor, prossiga, senhorita.

Ela se ajeita na cadeira, tirando um lenço da bolsa, enquanto lágrimas começam a rolar pela pele jovem e lisa de seu lindo e resplandecente rosto. A seda do leço roçando de leve a face branca e pura, apenas as lágrimas delicadas se interpondo ao tecido amarrotado em suas mãozinhas de anjo enluvadas. Ai, ai.

- Mr. T disse que ia me ajudar num momento muito difícil da minha vida. Eu acabei me apaixonando por ele. No começo, ele realmente me ajudou. Mas depois, quando ele começou a fazer sucesso com Esquadrão Classe A, me deixou de lado, esquecendo todas as suas promessas.
- Maldito! – interrompe Proust, sinceramente comovido e alterado.
- Com toda certeza, Marcel, com toda certeza – completa Buscemi. – Nós vamos dar um jeito nisso, senhorita Cuthbert.
- Eu estava sozinha, perdida. Fiquei arrasada. Então, me vinguei. Paguei um moleque pra escrever umas bobagens contra Mr. T, mas a situação, como os senhores vêem, saiu do controle. Ele deixou claro para seus capangas que, palavras dele, “acabaria com a raça de quem quer que fosse o responsável pela produção do falso, ainda que o chiste, mesmo sofrível, seja em si mesmo portador do conteúdo crítico responsável por retirar o véu da coisa”, e partiu a mesa em duas com seu braço poderoso.

Foi então que Mr. T apareceu, o ébano luzidio de seus braços poderosos à mostra.

– Que palhaçada pré-crítica é essa! O gesto atraiçoador movido de homem para homem como pressuposto universal do assassínio!

- Ãããããhhhhh??? - perplexidade geral.

Foto (Elisha Cuthbert perplexa):

Antes de continuar, uma foto de Mr. T durante seu exílio nos EUA, em 1944:


- Não, peraí - me interrompe Buscemi. Então, todos dizem:

- Pô, Fundamentalista, aí já é demais!

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