quarta-feira, 15 de abril de 2009

Post de aniversário de blog

Falar de blog é tão relevante quanto reportagem sobre dona de casa que come tijolo.

Mas o que é um blog?

Um blog é um exercício de narcisismo.

Podia também ser um exercício de halterofilismo.

Semana passada finalmente tomei coragem pra assumir e contei pra minha mãe que sou blogueiro há quase dois anos. Claro que no fundo, no fundo eu sempre fui blogueiro, e ela sempre soube disso. As mães simplesmente sabem. O problema é que se recusam a admitir.

Desde pequeno ela notava que eu era diferente das outras crianças, essencialmente mais frouxo e cheio de manias. Como já existia no mundo um Woody Allen, que era por acaso um judeu novaiorquino baixinho, ela se contentou em me criar pra ser um japonês paulistano baixinho. Não foi fácil crescer em meio ao preconceito. Tive de superar o fato de ser japonês.

Em vez de fazer Engenharia...

Mas eu estava falando da minha infância difícil de exclusão e humilhação. Depois que me roubaram a terceira lancheira consecutiva quando eu ainda estava no Pré, minha mãe teve certeza de que eu era uma criança especial. Para ela isso queria necessariamente dizer que eu era gênio. Foi o que ela me disse. Eu lembro que ela estava enxugando dentro das minhas orelhas daquele jeito enérgico que as mães fazem entochando o tecido grosso da toalha bem fundo até a pele ficar vermelha.

Calma, mãe, eu só tava blogando!

Quando via as meninas da quarta série, a Andressa, a Fabi, a Simone, a Rita, circulando entre si o caderninho de enquete, eu ficava com um comichão e tinha vontade de arrancar da mão delas e me trancar no banheiro imundo da escola e responder qual era a minha cor favorita, o meu refrigerante favorito e de que menino, quer dizer, menina eu gostava.

Anos mais tarde comprei eu mesmo um caderno a fim de registrar minhas experiências, impressões e sentimentos. E na adolescência tive algumas experiências.

Meus heróis?

Naturalmente, são todos heróis intelectuais. Groucho Marx, Charles Chaplin, Sócrates, Mel Brooks, Woody Allen, Larry David. E eu.

Inclusive, escrevi um samba étnico:

"Se até Sócrates era judeu, por que não eu? Por que não eu?"

Ai, que absurdo, é claro que eu nunca fiz parte do PC aqui, em Itapecerica da Serra.

O que é um blog?

O blog é uma gota, um suspiro, um guarda-chuva, um pato.

Deixe-me explicar a situação para vocês. Isto é um blog, ou seja, por trás dele existem pessoas desocupadas. Se vocês olharem nos arquivos do blog, poderão observar que eu era um idiota no começo e agora sou o Messias e vim lhes dizer que a resposta é uma só:


Uma palavra que me defina? Narcisista.

Eu queria escrever um livro charmoso e irônico como Rhapsody in Blue, que é uma peça musical. Gatsby quase chega lá, mas é romântico em vez de irônico. Tudo bem. Deixa comigo. Seria o seguinte. Um jovem (naturalmente meu alterego) idealista, corajoso e incansável luta contra as injustiças de seu tempo até conhecer, do outro lado das linhas inimigas, Katharine Hepburn, a filha do governador. E daí em diante ele ficará dividido entre seus nobres ideais e o amor. Muita paixão numa prosa sedutora e elegante.

Ele amava o blog, sua vida, sua inconsequência, sua ambiguidade moral.

O que é um blog?

O blog é um "Não!".

Quem escreve quer ser lido. Deveria ser óbvio. Mas tem uma meia dúzia de espíritos livres para quem é feio querer ser lido. Querer ser famosinho. Desde que descobriram a potência crítica do diminutivo, não restou um ídolo sequer a ser derrubado.

Mas quer saber? Eu quero ser famosinho. Acho que quem escreve deveria ser incensado e, por que não?, defumado como são os jogadores de futebol e os atores de Hollywood. Escritores surpreendidos em praias do Mediterrâneo, com seus físicos decadentes à mostra, ou com os seios saltando de vestidos espalhafatosos na noite de entrega do Camões. E claro que também fotografadas nossas Clarices e Cecílias sem calcinha descendo de limusines para sessão de autógrafos e aulas magnas sobre a difícil posição da mulher literata.

O que é um blog?

É um abraço universal e metafísico que eu quero dar no mundo todo pela impossibilidade mesma do carinho.

Aniversário é um momento especialmente constrangedor porque revela que tipo de ideias tolas e extravagantes as pessoas alimentam a respeito de si mesmas. Muito pior quando blogs ou blogueiros aniversariam. Os mais discretos ou hipócritas geralmente acabam dizendo, como desculpa para referir o fato, meia dúzia de platitudes sobre o ridículo da data e querem que os leitores as engulam como uma "reflexão distanciada".

Mas certamente é mais interessante que eu fale sobre a minha vida. Conheço histórias melhores. Histórias de homens que se viram desafiados pelas circunstâncias.

O que é um blog?

Um pum. Pum. Pum. Pum. Pum. Pum. Pum. Pum. Pum. Pum. Pum. Pum. Pum. Pum. Pum.

3 comentários:

  1. JAPONÊS?!? Como assim você é Japonês?!? Nerdizinho, levemente afeminado (levemente é eufemismo meu), e agora japonês. Só pode ser a versão brazuca do Hiro Nakamura. Yatááá!

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  2. Para os camaradas blogueiros:

    Parabéns por mais esse ano! Orgulhem-se de ser quem são (pq eu me orgulho mto de ser amiga de vcs)!

    Para o anônimo acima:

    Vc é um grande imbecil! Ele não é nerdizinho, nem afeminado e mto menos a versão brazuca do Hiro Nakamura! E vc não devia falar do que não sabe (principalmente se tem uma capacidade de julgamento tão baixa!)! Que graça tem escrever um comentário só pra ofender? Qual a finalidade? Vc deve estar precisando mto de atenção (ou que troquem suas fraldas!)...
    P.S.: E além de ser um porco racista, é burro, pq se fosse um pouquinho mais inteligente teria visto que os nomes dos camaradas foram publicados, e teria percebido antes o sobrenome nipônico do Camarada Fundamentalista.

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