quinta-feira, 11 de agosto de 2011

A vida explica a arte: entrevista com Lars Von Trier

O artista por ele mesmo.

Meu nome é Lars von Trier. Eu sou um cineasta dinamarquês. Meu trabalho é influenciado por Brecht como um prédio da Cohab é influenciado pela Bauhaus.

Uma câmera na mão e uma ideia na cabeça.

Por fora bela viola, por dentro pão bolorento.

Diga-me com quem andas e eu te direi quem és.

Quem muito abaixa, mostra a bunda.

Ui. Bem, você é conhecido como um cineasta anti-establishment, apesar de sempre escalar um elenco de estrelas hollywoodianas. Imagino que você pretenda com isso ir além da fachada desconstruindo a imagem que a indústria das celebridades criou para esses indivíduos a fim de lhes devolver a humanidade ironicamente, diga-se de passagem, através da degradação.

É por aí [anotando]. E eu também gosto de dinheiro.

"Nunca escalaria Natalie Portman. Ela não é loira."

Você, como Hitchcock, tem alguma fixação com loiras angelicais?

Éééé. E Bergman.

Mas Bergman não tinha opção: na Suécia todas são loiras.

Ué, e o Hitchcock era gorducho e baixinho.

Você disse que seu último filme, Melancolia, foi motivado pela sua depressão.

Sim. Mas é mais do que isso. Melancolia é um 2001: uma odisseia no espaço com Wagner em vez de Strauss e a voz engraçada do Kiefer Sutherland em vez da voz engraçada do Hall 2000. É uma ficção científica psicológica intimista sobre a maldade do ser humano. Tipo os filmes do Joel Schumacher.

Explique a sequência inicial.

Adoro Wagner. Me identifico muito com suas ideias. Sei que é tabu. Mas não tem nada de errado com ópera em alemão. Die Walküre é insuperável. Imagine um estábulo e violinos.

É essa a chave do simbolismo dos cavalos no filme?

Na mosca [coçando o cotovelo].

O republicano quando jovem.

Alguns críticos disseram que Melancolia não passa de uma fantasia autoindulgente e megalomaníaca.

Não entendi a pergunta.

Vou reformular: você gostaria que o mundo acabasse?

Só porque no filme a depressão da Kirsten Dunst é do tamanho de um planeta que se choca com a Terra, explodindo tudo?

Vou reformular mais uma vez: por que Jack Bauer não explodiu o planeta assassino?

Sou conhecido como um cineasta anti-establishment, apesar de sempre escalar um elenco de estrelas hollywoodianas. Imagino que você pretenda..., quer dizer, eu pretendo com isso ir além da fachada desconstruindo a imagem que a indústria das celebridades criou para esses indivíduos a fim de lhes devolver a humanidade ironicamente, diga-se de passagem, através da degradação [lendo].

Poderia comentar o episódio de Cannes?

Bom, Ross e Rachel viajam sem ninguém ficar sabendo, exceto Joey. O pessoal começa a perguntar sobre os dois, e Joey, pressionado, não consegue guardar o segredo. Ele diz que eles viajaram pra Cannes quando de fato eles viajaram pra Cannes. Mas ninguém acredita. Lá Ross e Rachel me conhecem durante um coquetel. Rachel bebe um pouco demais, e acabamos na cama. Na manhã seguinte, Ross e eu tomamos café juntos e começamos a discutir quando eu lhe digo que não acredito na evolução.

Por que nunca foi ao ar?

Você sabe quem manda nos Estados Unidos. Se eu der nome aos bois... Por exemplo, nem sabia que ainda baniam gente hoje em dia.

Pra terminar, fale um pouco sobre sua misantropia.

O ser humano é mau e egoísta. Eu não acredito no ser humano. Ele nunca devolveu o meu CD do Erasure.

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