sábado, 31 de maio de 2025

ERRATAS - Camarada Progressista

 Eu escrevi uma porrada de texto no blog nos anos de atividade aguda. Eu errei um monte de informação nesses textos, mas eu sou humano também, sabe, eu erro como todo mundo erra! Vocês também são todos errados, vocês sabem disso, okkkkk????  Quem pode bater no peito e falar que é DEUS, HEIN? Ninguém! Só Deus! Nem ele, se ele não existir! Então, toma aí as correções de erros cometidos pelo Camarada Progressista nos anos áureos do blog.


Já pedindo desculpas de antemão para vocês. DESCULPA, GALERA! 


"Eddie Murphy e Marlon Brando disputaram ferrenhamente o papel de Don Corleone em O Poderoso Chefão, culminando em uma briga de facas que foi ganha por Brando".

Olha só o disparate. Essa informação não é somente errada, ela é absurda! Um devaneio,  sem qualquer tipo de embasamento ou realidade factual! Todo mundo sabe que a disputa entre Brando e Murphy pelo papel de Don Corleone foi resolvida em uma disputa de TESOURAS. Brando saiu vencedor, por ser mais familiarizado com a arma branca. 

Murphy ficou extremamente sentido por ter perdido o papel, desabafando anos depois em seu mega hit Party All the Time (vocês devem lembrar do refrão "Marlon Brando wants to party all the time, party all the time, party all the tiiiimmmmeeeee!!). Murphy pôde finalmente exorcizar esse fantasma dirigindo e atuando no seu clássico filme de gangster Os Donos da Noite, no qual inseriu uma indireta brutal em um diálogo entre o seu personagem e o de Richard Pryor: "Esses caras estão mais doidões que cara que bota atriz vestida de indígena para receber prêmio!".

"Gengis Khan conquistou também a Argentina, assumindo controle do pais e mudando seu nome para Khanlãndia, algo que irritou sobremaneira o jogador Maradona, que foi em público xingar o conquistador mongol, chamando-o de "Pelotudo de mierda""

Isso aí não foi somente um erro. Tá mais para um verdadeiro estupro de geopolítica e história. Quando que Gengis Khan conquistou a Argentina, se ela nem tinha sido descoberta ainda quando ele estava vivo? Só tinha a galera pré-colombiana na época! Os mongóis nem tinham barco para uma viagem tão longa assim! O que aconteceu, e aí retomo meu compromisso com a VERDADE e FATOS, foi que Maradona estava putaço com a Guerra das Malvinas, algo que fez o jogador vir a público dar a seguinte declaração:  "Essa Tatcher aí acha que é o Gengis Khan! Querem se meter com mi Argentina! Pelotuda de mierda!". Foi isso. Depois veio a Mano de Díos, mas aí eu não escrevi sobre isso no blog. 







Esse homem jamais conquistou essa terra! Esse mapa é falso! Nada disso jamais existiu!


"Waldick Soriano começou sua carreira como sósia de David Lee Roth"

Não. Não, não, não, mil vezes não! Waldick nasceu em 1933 e fez sucesso nos anos 60/70! O Van Halen só foi fazer sucesso bem depois, no fim dos anos 70! Tudo errado. O que aconteceu, e aí pode ter sido o que me confundiu quando escrevi o texto, foi que Waldick deu uma vez a seguinte declaração, quando perguntado em uma entrevista sobre o Van Halen: "eu não conheço esse cabra desse Roth ai não, mas teve uma vez que eu estava relaxando numa casa de tolerância lá em Jaboatão dos Guararapes com algumas meninas que eram muito minhas amigas, quando eu posso jurar que vi um pelego que era a cara desse rapaz.  Ele tava tomando uma Malt 90 e dizendo em alto e bom som que queria ser Gigolô. Se era ou não aí eu não sei, mas que parecia esse cabra, ah, isso parecia!". Foi isso que aconteceu, basicamente.


CAUSE IIIIIII AIN'T GOT NOBOOOODDDDDYYYYYY!!!!!!


"Scorcese filmou várias cenas com os personagens Henry Hill e Tommy DeVito em um hotel de Caldas Novas, mostrando os personagens relaxando e se divertindo nos toboáguas do local, mas preferiu depois cortar essas cenas por achar que elas confundiriam os espectadores por culpa das cenas passadas na Flórida".

Acho que tava bebaço quando escrevi isso aí. Bons Companheiros com cenas filmadas em Goiás? Não pode ser sério. Como explicar? Bom, deixa eu tentar, fazendo uma retrospectiva dos acontecimentos:

-1987 rola o acidente do Césio 137, em Goiânia;

-1988 rola a criação do estado de Tocantins, separando essa região definitivamente do estado de Goiás;

- As filmagens de Os Bons Companheiros acontecem em meados de 1989;

-o filme é lançado em 1990.

Pronto. Essa sequência de acontecimentos pode explicar o ocorrido. Tudo isso obviamente causou uma confusão do cacete no subconsciente do jovem Progressista, algo que acabou explodindo quando esse pobre rapaz foi escrever o tal texto em seu blog, já na sua fase adulta. Acontece muito, galera. Perguntem lá pro chat GPT que ele vai confirmar. 


Termino aqui, então, a primeira fase do projeto "ERRATAS". Faltou corrigir uma porrada de erros ainda, afinal, foram 197 textos escritos na época. Até a continuação, então. 


segunda-feira, 26 de maio de 2025

Ninguém Sai Triste de Cannes

 Não, não é a epidemia de dança de Estrasburgo em 1518, mas é bem parecido

 

Ninguém pode negar a vocação para inovação que o festival de Cannes sempre demonstrou. Por décadas referência de premiações mais voltadas para o circuito de arte do que mainstream, o prêmio era considerado um selo de qualidade instantâneo para seus ganhadores. 

Só que os tempos mudam. Na realidade que vivemos desde a pandemia, então, aí você pode escolher seu acelerador quântico preferido e se esbaldar. A velocidade e alcance com o qual vemos instituições e conceitos antes sagrados sendo transformados em piada está atingindo níveis assustadores.

O que vimos em Cannes na última semana foi digno de um espetáculo circense. Sem querer entrar no mérito do caráter cada vez mais predatório que as premiações do mundo do entretenimento tem exibido nesses tempos de redes sociais e influencers, e tentando olhar para os acontecimentos do festival de maneira isolada, posso dizer que fiquei chocado com a quantidade de risadas que dei acompanhando as notícias e eventos que se desenrolavam na Riviera Francesa. 

Foi tudo absolutamente espontâneo. Acreditem, não era minha intenção ou agenda cair na risada acompanhando o festival. Simplesmente foi algo que aconteceu de maneira constante nessa semana. Ver as intermináveis sessões de aplausos para todo e qualquer filme que estivesse sendo exibido, as caras de felicidade e humildade ensaiadas à exaustão pelos artistas, esses que metem os pés pelas mãos por estarem sempre em pânico com a eterna ameaça de serem os próximos alvos da Inquisição Espanhola das redes, culminando em manobras de RP que foram ficando exponencialmente mais ridículas e absurdas à medida que o festival caminhava para sua fase mais aguda, criando um inesperado cenário cômico para aqueles que, como eu, esperavam uma semana de celebração da combalida sétima arte.

Um desastre completo. As benditas palmas foram tão exageradas e fora de lugar que acabaram basicamente criando uma polêmica sobre a legitimidade das mesmas, algo que mancha de maneira brutal o legado histórico do festival. Ficou um troço ridículo, brega, cafona, para chutar o balde logo de uma vez.

Volto então a considerar o contexto global do negócio todo. Cannes é um navio sem rumo, perdido nas tormentas desses terríveis anos pós-Corona, mas isso não pode ser, de maneira alguma, uma justificativa para o espetáculo tragicômico que presenciamos. Eles teriam a obrigação de tentar pelo menos fazer o simples e entregar uma premiação digna, que não provocasse surtos de risadas e escárnio entre aqueles que consomem cultura, tanto de arte quando de massa. 


 

 

sexta-feira, 7 de março de 2025

 O cinema, o Oscar e o Brasil

Ganhamos o tal do Oscar (na verdade, quem ganhou foi a joint venture entre o Unibanco e Fernanda Torres. Aqui, meu ego explodiu logo no começo do texto. Sinto muito, é que faz tempo que não escrevo—sejam pacientes com o velho).

Podemos esquecer essa premiação de vez? Acabar com essa estranha obsessão de transformar um evento de cinema em um Majestoso ou Fla-Flu nervoso e tenso? Podemos abandonar essa fixação por premiações internacionais, em vez de focarmos na criação de boas produções e mais espaços de exibição para o cinema nacional em nossa própria terra?

É verdade, eu ainda queria que Fernanda Torres ganhasse o prêmio de Melhor Atriz. Entretanto, a realidade material indica que isso seria muito complicado. A justificativa para tal dificuldade reside no fato de que Anora também estava concorrendo—um excelente filme independente estadunidense que critica estrangeiros ricos e defende uma mulher lidando com problemas em seu respectivo trabalho.

Sem falar da atuação de Mikey Madison: natural, espontânea e jovial. Esse é outro ponto—uma atriz jovem e talentosa, num filme de superação em um contexto semelhante ao de Uma Linda Mulher. Além disso, há uma certa profundidade em sua interpretação, tornando-se mais tangível por meio de um realismo que, na verdade, se aproxima de um naturalismo. Esse naturalismo nos mostra o fim trágico de todos que se relacionam com alguém rico acima de qualquer moralidade. Desde o início, ele tenta provar a impossibilidade desse relacionamento, revelando indícios que vão sendo desvelados aos poucos na narrativa.

Da mesma forma que o pobre Ícaro, que se perdeu ao voar muito próximo do sol, talvez devêssemos nos afastar do foco dessa premiação para alcançar um horizonte melhor—embora, para o filho de Dédalo, isso não tenha funcionado tão bem. Mais do que tudo, parece necessário desviar nossa atenção dessas premiações.


Pobre Kid, digo Ícaro que ficou panguando no céu

Pois é assim que devemos enxergar a premiação estadunidense: um prêmio raro, que não devemos buscar incessantemente para as futuras produções tupiniquins. Trata-se de uma premiação voltada, em sua maioria, para o mercado de língua inglesa, com poucas exceções de lobby estrangeiro bem-sucedido (o diretor de Parasita deixou sua marca).

Essa é a realidade cruel dessa cerimônia: há pouco espaço para produções em língua não inglesa, disputado por todo o resto do mundo. Logo, nossa premiação nacional deve ter uma resposta focada em nossos problemas internos—ela deve servir para fortalecer o meio audiovisual brasileiro e, ao mesmo tempo, buscar uma relação mais sólida com nossa história (uma possível reconciliação com o termo "Golpe Militar"? Ou ainda haverá aqueles que chamam de "revolução" um movimento que ocorre de cima para baixo, uma quartelada—contrariando até o grupo musical As Meninas, banda que compreendeu o conflito de classes melhor que muitos acadêmicos).

Se o futuro nos reserva um grande cinema voltado para o nosso mercado, com nossas necessidades e para o nosso público—incluindo a criação de cinemas populares, comunitários e, por que não, estatais?—com a Tela Brasil ganhando corpo, força e oferecendo espaço tanto para o cinema comercial quanto para produções artísticas rentáveis, ficarei bem satisfeito.

Bem, prefiro esse sonho a outra estatueta (a menos que eu ganhe uma—nesse caso, tudo muda de figura, pois sou Camarada, mas Moderado)