segunda-feira, 12 de maio de 2008

Mim minus Mim?

Perdido. Tal palavra basta para me definir, com certeza. De qualquer maneira, os trâmites findam nesse mesmo caminho. São 23, 24 anos e continuo com o mesmo papo de adolescente reclamão: que no mundo não encontro lugar, meu espaço dissolve-se no tempo e vêm todo aquele processo pós-moderno previsível; mas deixo de lado, ora, não sou padre e nem virgem pra brincar de vida interior. Se existe algo que me incomoda ela existe além de mim, algo que não tenho controle total, como se a cabeça se estendesse para o meio exterior: seja pelo meio da consciência coletiva, seja pela comunicação. Sinto constantemente embriagado, por isso fora de um controle social rígido e diário, na qual as pessoas se habituam, querendo elas ou não.



Uma pianola no meio da rua? Mas ninguém por perto, será que posso toca-la?Uma música, um sentido?



Não vou falar que tudo isso me atrapalha, uma grande massa disforme que interage comigo. Posso dizer uma náusea, agora fui exagerado e literário; sim, uma náusea me atrapalha, vomitei tudo aquilo que o Sarte repete desde 48: "sinto ali na parede, nos suspensórios, por todo lado ao redor de mim. Ela forma um todo com o café: sou eu que estou nela". Já disse, o problema é meu mas não está ao meu alcance, ele me cobre, me tange, me cega, pois não vejo na sua totalidade. Que melhor forma de busca-la, pra resolve-la que um diário, anotar todos aqueles pensamentos sobre tudo e todos. Problema pessoal resolvido? Nem precisou comprar "Quem roubou meu queijo"?

Se não me encaixo como posso ter um diário? Todos tem um diário; algo entre um blog ou um confessionário, pelo menos todos aqueles reprimidos, reprimidos até por alguma coisa que não sabem o que exatamente seja: repressão silenciosa que toma forma. Gosto de pensar nos escritores como um bando de "não-fiz por-isso-escrevo", talvez não esteja tão longe de um definição, assim como uma generalização brutal; um pensamento universalista, portanto definidor, pautado pelo isso ou aquilo, dicotomia do velho mestre Platão. Dois mil e quinhentos anos depois e volto pro grego barbudo que falava do professor em diálogos, que patético...



Momentum, o tempo importa... o sentido, mas que sentido, meu caro, tudo vira pra direita...


Tivesse eu uma mulher namorada tudo se resolveria, não é mesmo? Transaria mais, pensaria menos; pensar, parece que quando penso, tento resolver as coisas. Se algo se impõe, não respondo e quando tento, me frusto. Continuo, ora de que maneira mais fácil é esta: existo, logo continuo; caminho caindo, batendo nas paredes, adentrando no labirinto; por enquanto sozinho, fugir junto é sempre mais complicado. Poderia culpar a arte, sim esta sim, tudo movimento, ams tudo se movimenta e as pessoas continuam, a culpa minha de certa forma. Se existo, o mundo que me sufoca o qual não controlo, também é culpa minha. Não é a arte, a falta de comunicação, a sociedade, enfim, algo se impõe, vou esbarrando, batendo a cabeça, cedo eu ou o meu obstáculo. Como gosto da minha pessoa espero que seja o segundo.

Da total inexpressão a quase esquizofrenia, gosto de pensar como alguém a ser salvo, por mim mesmo assim espero. Burguês esclarecido, vai, empina a bunda, mostra o suor no rosto, as mãos cheias de calos e, sim, todo aquele dinheiro amassado. Sou daqueles chatos que querem construir alguma coisa, ver um trabalho meu, digo também, chato e egocêntrico; pois, além de tudo, quero ver o que consegui construir: penso em erguer um puxadinho; filho é muito custo e responsabilidade e nem fale dos feijões, não sou um bom criador de toda forma, por isso vou erguer um puxadinho na minha casa, vai ser minha marca.





Deite e relaxe...imagine, se vc não existisse?


Depois de montar meu puxadinho, talvez me sinta meio perdido, menos esvaziado; menos desfocados, com uma identidade menos deformada, desinformada, passo para a ficção: imagine o mundo sem vc? Do cinema para a vida, da vida para outro meio, mediando tudo. Quero dizer, já pensou nisso, é psicologia de boteco ou de filme barato, mas é um argumento interessante que pras pessoas perdidas, é um último escape, já que as palavras bastam, segue um rumo fora do blog.

2 comentários:

  1. É bom estar sem rumo, camarada. Há tantas opções. Lembro de um episódio do Muppet Babies, Miss Piggy e Caco, Fozzy, Gonzo, Animal & Rowlf descobrem um corredor com muitas portas, cada uma delas vai parar em outra dimensão. Ah, eu ficava super concentrada nesse desenho.
    Tão bom estar perdido: mistério, aventura, comédia, tudo isso. "O sabor refrescante da vida", como diria qualquer propaganda. Ou: "Mente aberta 24 horas por dia, para grandes saques e depósitos interessantes", céus, um slogan como esse nunca poderia vender cigarro, tão direto & eficiente: deveria ser de preservativo ou best-seller com alguma valia. Enfim, isso de pensar muito dá dor de cabeça & outras coisas: mau estar, revolta, ímpetos criativos, vontade de mudar o mundo e doenças piores, tou sabendo. Ah, se o puxadinho, os quadrinhos & os desenhos animados não ajudarem a controlar sua cabeça rolando em todas as direções, não sei, não sei...tsc, tsc. Concentre num poema oriental: imagem, pá. Idéia forte numa imagem, sem aquele ranger nas engrenagens do cérebro.

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  2. Talvez a melhor forma de se achar seja mesmo se perdendo. Pelo menos há uma procura. E achar alguém pra ajudar (mesmo quando ajuda significa apenas um bom ouvido e um cafuné enquanto se ouve) pode ajudar muito. A idéia de arranjar uma namorada não significa apenas "pensar menos", mas, sim, um passo em direção à famigerada maturidade: alguém para dividir, partilhar, fazer parte = assumir responsabilidades!
    Mas a pergunta que me faço é: o que impediria um camarada animado e sempre tão cheio idéias e assuntos tão ecléticos de encontar seu caminho?

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