quarta-feira, 1 de julho de 2009

Fomos ao cinema ver Apenas o fim

Apenas o fim é um trabalho de conclusão de curso de alunos da PUC-Rio, que vimos com aquele prazer solidário bem ao gosto parlamentar, pois a gente é jovem, universitário e wannabe que nem a molecada na tela. O comentário cinematográfico profissionalizante se resume a isso mesmo – é um trabalho de conclusão de curso de alunos da PUC-Rio. Pra quem perde tempo vendo o Dado Dolabella cavalgando de cueca, tá bom demais.

A primeira cena é particularmente amadora, dando a entender que os recursos eram mesmo escassos ou então que a perspectiva de acesso a essa história é tal que se esconde no forro de marquises para captar a vida pulsando. É um ângulo doido, trutinha. O filme vai ganhando naturalidade à medida que a identificação com espertezas à Woody Allen se acentua nos diálogos pela repetição e com direito a alusões metalinguísticas explícitas como o loser que se coloca no roteiro e uma edição pocket de “Que Loucura!” no quarto do protagonista neurótico.

Informação técnica relevante é que é feita pelo menos uma piada com Godard ligando-o corretamente a Transformers, o que é toda a história do cinema. Isso nos remete naturalmente a mais uma digressão que é a marca da falta do que dizer sobre qualquer assunto dos meus textos, s’il vous plait. Quantas fadinhas críticas de cinema não caíram mortas cada vez que eu disse que não acreditava em crítica cinematográfica? Provavelmente, muitas. Mas a única coisa que deve ser levada a sério nessa vida com certeza não tem nada a ver com Godard e Michael Bay. E Kubrick, nem feder, fede mais. Imagine você. Imagine eu.

Mó bacaninha pra nascidos em 1984-1986.

Oitenta minutinhos depois você já readquiriu o genuíno sotaque carioca que nunca teve e está se perguntando por que não eu, isto é, se for wannabe o suficiente pra ter um blog. Sempre achei esse o melhor critério para se julgar qualquer objeto artistíshco: eu consigo fazer igual? Por isso é que Vermeer e todos os anos 1980 são pura arte.

Quem for mesmo brasileiro, vai assistir.

3 comentários:

  1. Cadê a liberdade de expressão??

    Também adorei esse filme...

    E eu jurava que vcs tinham tirado o Moderado do blog...

    :P

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  2. Já eu achei que vocês tinham tirado o espaço de comentários do blog.

    O que aconteceu? Ele ficou fora do ar mesmo ou eu fiquei louco e imaginei tudo isso?

    E porque o Moderado quase nunca posta?

    :P

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  3. Boa crítica. Ela começa muito bem, revelando o amadorismo inicial das primeiras cenas, comparando o roteiro com a metalinguagem de Woody Allen (poderia ter citado Adaptação ou Sinédoque Nova Iorque também), citando a polêmica comparação entre Transformers e Godard que o protagonista faz para irritar a namorada - o que gera para o crítico uma possível discussão sobre a importância do cinema - e da crítica cinematográfica - em nossas vidas.
    Mas quando parece que vai engatar mais alguma coisa, talvez comentar o final pós-créditos que imita o final que Allen mostra em Noivo Neurótico Noiva Nervosa, ou discutir a geração nascida em meados dos anos 80, brasileiros com All Star no pé e cultura pop na cabeça, ou ainda continuar discutindo a relevância do cinema e da crítica - o que conferiria caráter metalinguístico à própria crítica - o texto termina sem mais nem menos. Uma ótima introdução com três primeiros parágrafos excelentes para um último parágrafo bem mais ou menos. Talvez devesse desenvolver mais. Obrigado.

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