sexta-feira, 14 de setembro de 2007

A MTV e o VMB: uma exibição de atrocidades


Quando a alta cúpula da MTV anunciou, no começo do ano, que o canal iria diminuir drasticamente o espaço dado para os videoclipes na programação, acabando inclusive com o programa Disk MTV, que estava no ar na emissora desde o primeiro dia de exibição, em 1990, criou-se uma comoção estridente entre o público da emissora. O chororô foi geral, mas o canal se manteve irredutível. A justificativa dada, colocando a culpa na internet pela pouca audiência conseguida pelos programas de clipes, foi o motor que manteve essa convicção do canal em pé, apesar dos protestos. Mas quando foi dada essa notícia, apenas uma constatação veio na minha mente. O VMB, Video Music Brasil, que desde a sua criação, em 1995, tornou-se disparado a maior audiência e maior fonte de faturamento do canal. Pois bem. Todas as categorias da premiação tratavam de clipes. Das categorias técnicas até o prêmio mais importante, a escolha da audiência, tudo girava em torno deles. Então, se a MTV anunciava a virtual eliminação dos mesmos da sua programação, , automaticamente também anunciava a extinção da premiação também, já que não existe o menor sentido em premiar clipes numa emissora que dedica uma exígua faixa na sua programação para eles, e que nem programas de paradas têm mais, sendo que o Disk e o Top 20 Brasil (também extinto) eram os maiores termômetros para a premiação. Esse seria o raciocínio lógico. Mas para os padrões da MTV atual, nada precisa ser necessariamente o que parece ser.

PARTE UM: MORTE NATURAL

O canal hoje é um cadáver, alimentando-se de programas horrendos da matriz norte-americana, que correspondem a mais da metade da programação, e produções da própria MTV Brasil que deixam a desejar em todos os níveis de produção e conteúdo que se possa imaginar. A detestável Daniela Ciccarelli, que tem 3 programas na casa, entre eles o abjecto Beija Sapo, é o rosto atual do canal, algo que é absolutamente compreensível, já que ela atende a todas as exigências do público alvo da emissora. O merchandising invasivo e excessivo nos programas é nauseante, é impossível não ligar em qualquer programa do canal e não ser bombardeado com ofertas de torpedos de celulares, refrigerantes, sandálias, cartões de créditos, todo tipo de bobagem que já seria difícil de aturar nos comerciais, também agora bem no meio dos já péssimos programas. Parece aqueles vespertinos de fofocas das Gazetas e Rede TVs da vida, mas com o verniz "cool" e "descolado" da MTV por trás, como que se fosse um selo de qualidade para os adolescentes babões, que só consomem aquilo que lhes induzem. Ao lado da Cicarelli, os outros Vjs não ajudam muito não, com os veteraníssimos Cazé e Marina Person constrangedoramente deslocados, Marcos Mion inócuo como sempre a novata Luísa Michelletti e o "causa perdida" Léo Madeira dando um show de desinformação no péssimo Jornal da MTV, que deveria ser o centro de influência da emissora, mas é somente motivo de escárnio para os verdadeiros fãs de música. Vendo todo esse panorama desolador, é impossível não se lembrar de tempos melhores na emissora, quando para ser Vj era necessário saber exatamente tudo aquilo que estava se falando, e que as apostas da emissora e os programas eram capazes de trazer novidades e discussões realmente relevantes e inquietantes. Tempos de apresentadores como o Gastão Moreira, Fábio Massari, Zeca Camargo e até, pasmem, Thunderbird. A faixa de programas americanos era preenchida com o sensacional desenho Beavis and Butthead, a Liquid Television, o Aeon Flux, entre outros. Nada dos lixos de agora. Tempos nos quais o Lado B, mítico programa de clipes alternativos, tinha uma hora de duração. Que o Gás Total, excelente programa de clipes que passava nas tardes apresentado pelo Gastão, tinha duas horas e meia somente com os Nirvanas e Smashing Pumpkins da vida. Hoje, lambemos os ossos jogados pela cínica e estúpida direção do canal, incapaz de ler corretamente os avisos e oportunidades no meio da maior crise da indústria musical.

PARTE DOIS: MORTE CONSCIENTE

Eu não achava que eles teriam coragem de seguir em frente com isso. Seguindo a fundo no meu pensamento, achava que eles tinha matado a sua galinha dos ovos de ouro. Era o fim do VMB. Mas houve muito de ingenuidade nesse raciocínio. É lógico que a MTV não iria abrir mão do único programa na emissora capaz de gerar repercussão e dinheiro no meio de toda essa crise. Apenas teriam de mudar a roupagem, para absorver a estrutura da programação nova do canal. Ou seja, criar meios de não ter de depender dos clipes para realizar a premiação. Eles conseguiram, lógico. Aboliram todas as premiações por seguimento. Esqueçam categorias como melhor clipe de rock, de pop, de axé, de samba, de rumba, de polka, de mambo, de guarânia e o escambau. Primeiro passo. O segundo, mais forte e impactante: todos os prêmios não mais terão os clipes como alvo, e sim as músicas e os artistas isoladamente. O famoso "molde Grammy"da coisa. Artista do ano, Hit do ano, Show do ano, nada disso tendo a ver com os clipes. Terceiro passo: tchau, categorias técnicas. Nada mais de melhor fotografia, melhor diretor e adjacentes. Essas três decisões diminuíram consideravelmente o número de categorias e, mais profundamente, significaram a total renúncia feita pela MTV à mídia que era o carro chefe do canal e a sua própria razão de existência e moeda de influência: os clipes. Querem que nós compremos que o M da sigla seja referente somente a música em si, e não para a representação em vídeo da mesma, ignorando a cartilha pela qual a emissora rezou nos últimos 17 anos. Truque antigo, velho, como ensinar para um cachorro matreiro a abanar o rabo. Cabe a nós, que admitimos, sim, que a velha MTV fez brotar nos nosso corações (eu sou brega mesmo, jão) o amor pelo rock e pela cultura pop, não comprar essa palhaçada e torcer para que o inevitável fim, que atingirá também a MTV americana, que vive os mesmos problemas da nossa, venha o mais rápido e indolorosamente possível. Se temos o You Tube e a internet toda para, pelas nossas mãos, saciar as mesmas necessidades de consumo e opinião que antes deixávamos preguiçosamente a cargo da nossa querida Eme Tê Vê, por que então temos de lamentar? Foi bom enquanto durou, mas que possamos então apertar o botão que proporcione o fim dessa injustificável agonia. A não ser, lógico, para os masoquistas que adoram ver programas com nomes de mega corporações de refrigerantes promovendo encontros entre o CPM-22 (argh!) e o Babado Novo (urgh!). Mas quem nasce com vocação pra lata de lixo...

3 comentários:

  1. Progressista? Bom, eu concordo plenamente com tudo o que você escreveu mas, colocando todas as cartas na mesa, a Mtv tinha outra opção? A cada dia que passa a galerinha que tá no colegial fica mais imbecil então, como fazer um programa tipo teleguiado ou barraco MTV pra essa galera? Tem hoje o Debate MTV que não é a mesma coisa mais dá pra encarar. Quem vai ficar na frente da TV esperando passar o clipe que tá disponível agora na net? O produto que a MTV vendia todo mundo carrega no bolso nos seus IPod's de 80GB. Eu acho que a MTV vai ser a primeira, depois vem o SBT e a Globo. Esse papo de programação linear tá deixando de existir. Eu mesmo assisti uma matéria hoje (sexta) que passou domingo passado na cultura. O pessoal do Lost sacou isso e trouxe a trama pro mundo real, com o Lost Experience e, praticamente, matou a TV porque quem não correu por fora não vai entender o seriado. Meu caro camarada progressista, como você bem disse a MTV é um cadáver, e bater em cadáver é pecado.
    ;D

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  2. MTV só nas madrugadas ou no amanhecer do dia.
    Tem hermes e Renato que são divertidos, mas tenho saudades do tempo que o Casé soltava toda sua inteligência e irreverência.

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  3. É...Agora tudo fez sentido, a mtv jogou lah em cima artistas como nx0, que ela mesma criou, empurrando guela abaixo do telespectador, apenas o lixo momentâneo ou (bola da vez) da musica brasileira.
    VMBosta esse ano, o macaco brasileiro discubriu ontem que possui liberdade de expressão e que pode falar em rede nacional palavrões e gestos obscenos...foi a únika coisa que aconteceu ontem na premiação...Talvez eu não tenha entendido o contexto da premiação, contudo ficou um pouco mais claro quando marilyn manson subiu no palco para se apresentar.Começou a se tocar, fikei com medo dele tirar o pau pra fora e pedir pra alguem chupar...hueahueauhae era uq faltava pra noite bizarra.
    A mtv esta morta e enterrada!

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