quarta-feira, 26 de setembro de 2007

O fundamentalismo em prática

Odeio todos os graduandos, sobretudo os de Letras. E, dentre os de Letras, sobretudo aqueles cuja maior ambição acadêmica (num sentido lato) é se tornarem professores de inglês. E sem exceções, até se for mulher, e bonita, porque o meu ódio contra a mediocridade humana é a coisa mais imparcial que eu conheço no mundo todo. E nisso, até pareço um cruzado, degolando os malditos sarracenos. E não que eu não seja medíocre, pois o sou freqüentemente: acho que até por isso mesmo eu fico com mais raiva ainda e desconto nos medíocres-sem-culpa.

Mas o que me mata é alguém ter a oportunidade de se tornar, de alguma forma, melhor e mais relevante para a droga desse mundo e simplesmente se fechar, achando tudo muito chato, difícil ou estranho. As três palavras mais usadas por gente medíocre, prisioneiros da convencionalidade que são. (“Difícil” pode ser substituído por “complicado”; e “estranho”, por “esquisito”.)

Mas, então, vocês, muito conciliadores e brandos, podem me perguntar: “Mas camarada, pode você por acaso legislar sobre o que é melhor ou pior e, daí, considerar alguém medíocre ou não?” Em outras palavras: quem tu pensa que é? Ora, respondendo no mesmo tom que vim adotando desde o início deste texto, diria: “será que o nome Camarada FUNDAMENTALISTA não diz nada? Se não diz, no máximo, posso pedir, e muito gentilmente, que afastem de mim esse papinho relativista de vocês”.

Mas eu amo vocês. Vocês nos adicionaram aos favoritos, e por isso eu amo vocês. Vocês vão clicar naqueles links do Google Adsense que a gente colocou logo aí em cima mostrando que, afinal de contas, a gente também quer faturar um pouquinho que seja com essa história toda, e por isso eu amo vocês. Sim, e por tudo isso, a minha resposta tem de ser melhor e mais educada que aquela. Vamos a ela, pois.

Na verdade, só tenho uma coisa a dizer: gente medíocre também incomoda vocês, eu sei que sim. Esse pessoal pra quem não se pode dizer nada que escape ao vocabulário e universo de idéias da novela das oito, sem escutar, acompanhado de uma careta: “Ãh, como assim? Não entendi”. Nessas horas, o que vocês fazem? Vocês não saem andando, não viram e dizem “ah, fala com a minha mão”? Pois se não fazem, deveriam. Chega de paz e amor.

E, por favor, não se trata de rejeitar o fácil pura e simplesmente, e de viver em função de tudo quanto seja hábito e expressão de exceção, deixando de usar a sua bota-plataforma só porque todo o mundo tá usando, mesmo você tendo começado a usá-las muito antes de virar moda. Não é nada disso. Não torçam as minhas palavras. A questão é outra: a questão é a seguinte: se um dia o horóscopo falhar e você ficar sem saber o que fazer, a quem você vai recorrer? A alguém que vai morrer sem ter lido, no grego, Parmênides conceituar o Ser e o não-Ser? Ah, pois eu não creio nisso de jeito nenhum, menina.

Um comentário:

  1. essa cena de lost in translation é muito engraçada, hahahaha...

    parece que essa personagem foi baseada na cameron diaz, que meio que dava em cima do spike jonze durante as filmagens de quero ser john malkovich, que na época, era marido da sofia coppola, diretora do primeiro filme citado....

    ufa! acho mais fácil ser medíocre, a gente escreve menos, hahahahahaha...

    mas falando sério: acho que as pessoas podem ter vários lados... a cameron diaz por exemplo, eu não a admiro muito nem como atriz, nem como pessoa, pois ela passa essa imagem de loira burra, mas no quero ser john, ela mostra um outro lado...

    mas admiro nela também a simpatia, que não faz mal a ninguém, desde que, não a torne medíocre... pra falar a verdade, prefiro ser a cameron diaz do quem vai ficar com mary, do que a scarlet johansson e seu ar blasé, posando de vítma da circunstância, no lost in...

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