Melhores filmes lançados em 2007:
5-ZodíacoMais um belo momento de David Fincher, um filme obssessivo e inteligente, que conseguiu se sobressair mesmo com uma (na minha opinião) equivocada escolha de elenco. A longa duração do filme é um empecilho apenas para aqueles incapazes de se prenderem a uma boa história e todas suas nuances. É o filme mais contido visualmente de Fincher, sem os virtuosismos que marcaram seus trabalhos anteriores. Aliás, os melhores filmes por ele feitos são aqueles que se prenderam mais a história. Vide O Quarto do Pânico, que é cheio de efeitos e virtuosismos e é uma bela porcaria.
4-Pequena Miss SunshineMaior surpresa do ano, o primeiro esforço cinematográfico do casal Jonanthan Dayton e Valerie Farris (que dirigiram duzentos clipe do Smashing Pumpkins anteriormente) foi um esforço de sentimentalismo nada óbvio, ao mesmo tempo que soube brincar com os clichês do senil cinema alternativo americano. E tinha no elenco o Steve Carell, cada vez mais ídolo de dois terços do blog. Se bem que a escolha original para o papel era o Bill Murray... é, não tinha como errar mesmo.
3-Borat: O Segundo Melhor Repórter do Glorioso País Cazaquistão Viaja à AméricaMockumentary que deu um pau no provincianismo dos yankees, mostrando através das interações reais do personagem Borat (criação do comediante inglês Sacha Baron Cohen) com anônimos do interior dos EUA toda a ignorância e complexo de superioridade existente no coração daquele país. E Baron Cohen garantiu o show com seu timing perfeito.
2-O Bom PastorInjustiçado thriller de espionagem dirigido pelo ator Robert De Niro, inexplicavelmente deixado de lado por crítica e público (criticaram a longa duração do filme principalmente), é um belo exercício de personagem, e o intricado roteiro garante uma classe que pouco se encontra nos filmes do gênero hoje em dia. Matt Damon provou ser capaz de atuar, ao compor um personagem incapaz de mostrar qualquer tipo de descontrole ou emoções. Sua face no filme é intransponível.
1- O Assassinato de Jesse James Pelo Covarde Robert FordUm filme feito com o espírito da dourada década de 70, época mais brilhante da história da sétima arte. Sem qualquer tipo de pressa ou vontade de colocar os carros na frente dos bois, critica a cultura das celebridades direto da fonte, da primeira de todas, Jesse James, ao mesmo tempo que olha com grande frustração e auto-piedade para a patética saga de Robert Ford, que virou um vilão de primeira categoria apenas por ter enxergado a verdadeira essência de James, ao invés de se conformar e comprar o mito vendido pelo sensacionalismo da época. Sensacionais atuações de Brad Pitt e principalmente de Casey Affleck, a quem deixo mais uma vez o conselho: mude o sobrenome. Você é talentoso demais para carregar essa cruz injusta nas costas.
Menções honrosas: Tropa de Elite, Cartas de Iwo Jima, Filhos da Esperança
Piores filmes lançados em 2007:
5-BabelZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZglobalização,
ZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZcaleidoscópio humano, ZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZ Gael Garcia Bernal,
ZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZ mega astros hollywoodianos engajados (essa é sua, Brad Pitt), ZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZ diretor Mexicano. Aliás, lanço aqui a campanha: DIRETORES MEXICANOS, PEÇAM PRA SAIR!
4-DreamgirlsAo invés de comprarem longo a história da Diana Rosse das Supremes, vieram com essa ficção de quinta baseada na história real, mudando os nomes dos personagens e criando músicas novas. O resultado foi desastroso. Trilha de quinta categoria, que em nada honra a categoria das canções das Supremes, ex-participante do American Idol ganhando o Oscar e, apocalypse now, Eddie Murphy sendo indicado para o prêmio, apenas por cantar três musiquinhas toscas durante o filme. Mas nada disso supera a maior das verdades: esse filme é constrangedor. Sério, assisti no cinema e senti-me constrangido, por mim e pelos atores que participaram. Bem que eu achei estranho quando soube que o Jamie Foxx não queria fazer. Vergonhoso.
3- Homem-Aranha 3Sério: é um dos piores roteiros que já vi na vida. Tem de pegar os incautos que escreveram essa tristeza (para ser mais preciso, Sam Raimi e o seu irmãozinho Ivan Raimi) e encher de porrada. Sam Raimi principalmente, se é pra fazer filme de má vontade, que fique em casa comendo amendoins então. Não dá, os dois primeiros filmes tão dignos e decentes, e aí vem esse lixo pra jogar tudo descarga abaixo. Só não chega ao nível de um Batman e Robin porque Joel Schumacher é imbatível na sua ruindade absoluta. Mas só de eu ter pensado se seria algo possível, só de eu ter imaginado Homem-Aranha 3 do lado daquela "coisa", significa algo muito, muito ruim.
2-Número 23Jim Carrey, descanse em paz. Acabou. Eu avisei: não se meta com o Joel Schumacher. Deixa ele lá, quieto, dando comida para os seus gatos. Mas não teve jeito. O resultado foi desastroso. Carrey, ator que precisa sempre de um diretor talentoso para segurar seus instintos histriônicos (Peter Weir e Milos Forman que o digam) se viu totalmente solto para entregar uma atuação ridícula, e Schumacher mostrando ter o talento para direção de qualquer calouro ingressando nas faculdades de cinema da vida. Ou seja: nenhum. O cara fez duzentos filmes, trabalhou com alguns dos melhores atores, sempre consegue financiamento para os seus, ahn, digamos, "filmes", e é incapaz de planejar uma só tomada que seja ao menos decente. Sem dúvida, Ed Wood foi um injustiçado.
1-TransformersSe o Michael Bay tivesse lançado cinco filmes nesse ano, independentemente dos temas, elenco ou outros fatores, os cinco filmes estariam encabeçando nessa lista. Como lançou um só, então é direto para o primeiro lugar. Michael Bay é o maior câncer da história do cinema. E todos os que deixam ele seguir em frente e incentivam a sua carreira(como o senhor Steven Spielberg, produtor desse lixo baseado num horrendo desenho da década de 80) deveriam ser classificados como terroristas.




















E para abrir nossa infelizmente reduzida galeria (por falta de tempo dos colaboradores deste blog), como não poderia deixar de ser – John McClane. Trata-se de uma espécie de Heracles moderno. E, com efeito, supera o semideus, considerando-se que este levou, para realizar os Doze Trabalhos, muito mais tempo do que dispôs McClane, que salvou o Natal, por duas vezes, em apenas algumas horas, e sem qualquer patrocínio divino. (Notem que, curiosamente, quando o cenário não era o Natal, como nas duas seqüencias de 1995 e de 2007, o brilhantismo da série Die Hard se perdeu. O que ilustra a estreita ligação entre o significado desta época e o personagem.)






até os nossos dias, perdido nos perus dos yankees, minha idéia fixa favorita". Nessa altura, tinha Godard esquecido que o Pasolini era ateu. E que Cristo exercia igual fascínio nos dois por culpa do seu discurso gregário, quase uma antevisão dos ideais comunistas tão violentamente defendido pelos dois. Godard tinha esquecido dessas coisas. Mas como sempre foi um homem de câmeras paradas e idéias na cabeça, foi em frente. O filme se chamou "O Divertido Natal de Godard". Duas idéias definiam o mote do filme: uma, culpar os yankees pela degradação dos valores natalinos. Duas, imaginar Papai Noel como uma espécie de Marx moderno, tentando preservar suas ideologias e ao mesmo tempo tendo de faturar alguns fazendo propaganda. Colocou o Jean-Paul Belmondo como o bom velhinho, com uma bela pança postiça na barriga e um capuz vermelho cobrindo o rosto todo com quatro furos para os olhos, nariz e boca, ao invés do costumeiro gorro. Ao invés do personagem ser chamado no filme pela denominação francesa, Pere Noel, o filme todo ele é chamado de Santa Claus. Depois dos créditos, o filme abre com uma tomada externa de uma gigantesca fábrica com o logo da Coca-Cola, e uma legenda embaixo escrita "Atlanta, EUA". Em seguida, a câmera fixa-se atrás de uma cadeira na qual o Papai Noel está sentado, de frente para uma mesa, mas a visão do traseiro do velhinho nos impede de ver quem está sentado, já que a câmera não se move. Um estranho diálogo se segue, mais ou menos assim:


