quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Melhor Diretor Vivo: Quem ocupará o trono de Bergman?

Nesse último mês, o mundo do cinema perdeu, quase que de uma vez, dois mitos: Michelangelo Antonioni, diretor dos classicáços Depois Daquele Beijo e Profissão: Repórter, e o espetacular Ingmar Bergman. As duas mortes reacenderam uma velha questão: quem seria o melhor diretor vivo, já que Bergman, que detinha quase que por unanimidade o título, nos deixou. Esses dias li um ranking de um site americano (não guardei o link, podem me bater), que fez um apanhado dos melhores de todos os tempos, e cometeu estultices inacreditáveis, como colocar o Luis Bunuel na trigésima sétima posição, o Kurosawa em décimo primeiro, atrás do David Fincher, que é um excelente diretor, mas que ainda precisa correr muito pra poder chegar nesse nível. Mas a pior de todas foi a colocação do Federico Fellini: sexagésimo sétimo. Isso mesmo. Ai não dá, é pra cuspir na cara do cidadão que me faz um negócio deles. Mas voltando ao assunto do dia, melhor diretor vivo. Eu me arrisco aqui a fazer uma tentativa, com a cara e a coragem, pelo bem de nossos leitores. Quer dizer, coitados...
O time dos sonhos dos diretores, o olimpo dentro do qual os aspirantes procuram lutar para um dia chegar, consiste nos seguintes nomes (sem ordem de importância): Alfred Hitchcock, Orson Welles, Stanley Kubrick, John Ford, François Truffaut, Francis Ford Coppola, Jean-Luc Godard, Federico Fellini, Píer Paolo Pasolini, Akira Kurosawa, Martin Scorcese, David Lean, Robert Altman, Luis Bunuel, Krzysztof Kieslowski e Ingmar Bergman. Desses todos, apenas três continuam em pé, como diriam vulgarmente, vivinhos da silva: Godard, Scorcese e Coppolla. Então, você pensaria assim: pronto, um dos três é o eleito, correto? Mas a questão é mais complexa, jão. Farei um breve apanhado de outros postulantes ao titulo, e no final, darei o veredicto final.
Roman Polanski: esse é de responsa. Bebê de Rosemary, Chinatown, Tess, filmes de classe estoanteante (não gosto do Pianista). Mas o que danou o cidadão foi ele não poder mais pisar nos Estados Unidos depois do processo por assédio sexual que sofreu em 1977. Tendo que financiar os seus filmes na Europa por conta própria, perdeu grandes oportunidades e acabou ficando pra trás. Mas é um grande diretor, sem dúvida alguma.
Werner Herzog: alemão doido de pedra, mas extremamente talentoso, Herzog é um diretor de insights, de idéias e realizações fulminantes e incisivas. Lembra, pelo gosto por conceitos polêmicos e inteligentes, o mítico italiano Pasolini. Filmes como Aguirre, Fitzcarraldo, Nosferatu e O Homem Urso provam o seu talento, mas os seus detratores reclamam da simplicidade técnica e cênica de seus filmes, já que ele normalmente usa pessoas comuns para interpretarem papéis nos seus filmes. Tudo bobagem, já que Herzog tem concepções de cinema que não precisam fazer uso dessas ferramentas.
Lars Vor Trier: Essa foi piada, desculpem. E os insones de todo mundo agradecem. Voltamos com a nossa programação normal.
Peter Weir: diretor australiano, autor de grandes filmes como Picnic na Montanha Misteriosa, A Testemunha, A Costa do Mosquito, Sociedade dos Poetas Mortos, Truman Show e Mestre dos Mares. É um excelente diretor, talvez o melhor dos convencionais,digo, dos que não costumam escrever seus roteiros. Mas ele raramente falhou (Green Card talvez?), sempre consegue fazer milagres com os scripts que recebe e fazer o nome de vários roteiristas com os quais trabalhou.
Fernando Meirelles: Domésticas, Cidade de Deus e Jardineiro Fiel. Poderá vir a ser, mas ainda falta chão, embora sejam todos bons filmes (Cidade de Deus é sensacional)
Milos Forman: sabem qual o problema do Milos Forman? Ter virado, depois do Amadeus, diretor de biografias. Nunca fez um filme ruim na vida, mas limitou demais seu campo de ação com isso. Uma pena, quem viu O Estranho no Ninho sabe que o cara tem classe.
Joel e Ethan Coen: excelentes, mas como são duas pessoas (é o que dizem) não poderiam ser eleitos como “o” melhor diretor. Coitados.
Sofia Coppola: papai Francis não deixaria. Espera ele morrer, ai quem sabe...
David Fincher: seria um sério candidato, se não tivesse cometido o horrendo O Quarto do Pânico. Que porcaria foi aquela? E Jared Leto não dá, pô!
John Waters: esse é mito. Hairspray? Pink Flamingos? Cry Baby? Mamãe É De Morte? Isso é trash, isso é amor pelo cinema, por toda uma cultura! Estamos contigo, Waters , you're the man! (Coincidência ou não,é a cara escarrada do Buscemi. Só podia ser)
Steven Spielberg: acharam que eu ia esquecer dele, né? Talvez o diretor com o melhor senso de ritmo do cinema. Já fez todos os tipos de filmes, e sempre se sai com obras absurdamente eficientes em sua proposta, divertir a audiência com um mínimo de inteligência. Mesmo se desconsiderarmos seus clássicos, como E.T., Caçadores da Arca Perdida, Tubarão, Lista de Schindler e Contatos Imediatos do Terceiro Grau, e lembrássemos apenas de obras menos famosas suas, como A Cor Púrpura, Império do Sol e Minority Report, poderíamos colocá-lo tranquilamente nessa lista. Os problemas: medo de se aprofundar em temáticas mais profundas e adultas (hesitou tremendamente em dirigir o Lista de Schindler) e uma inexplicável obsessão pelas relações entre pais e filhos, mesmo naqueles filmes que claramente não pedem por isso. Momentos bregas e distoantes foram gerados em nome dessa obsessão.

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Agora, os três citados lá em cima:
Martin Scorcese: Scorcese é um diretor de extremo talento. Seus movimentos refinados de câmera lembram nos momentos mais inspirados um Kubrick, o que é algo gigantesco. E suas histórias, sempre ousadas e brutalmente honestas, criaram momentos inesquecíveis. Mas nos últimos anos, Martin andou jogando demais para os críticos em nome do tão sonhado Oscar, e por isso perdeu pontos comigo. Mas Taxi Driver, Touro Indomável e Bons Companheiros já humilham qualquer um.
Francis Ford Coppola: Poderoso Chefão, a trilogia, e Apocalypse Now. Pronto. Essas belezinhas nos levam a esquecer bobagens como Cotton Club, Peggy Sue (que tem seus defensores), Drácula, e o horroroso Jack. Do Poderoso Chefão para o Jack, passando por muitas drogas, ego-trips e dinheiros jogados no lixo. Mas o cara fez aquelas maravilhas, então estará eternamente perdoado.

Jean-Luc Godard: Último remanescente da época de ouro da nouvelle-vague, Godard (que é o ser que aparece na foto lá em cima, fazendo pose de mau) é o alvo favorito daqueles que criticam o suposto "cabecismo" do cinema europeu. Lógico que filmes nos quais ele faz o favor de passar 100 minutos sem mover a câmera do lugar apenas indo de cena para cena não ajudam muito. Godard é um diretor que se perdeu quando, em algum momento dos anos 60, resolveu tentar fazer filmes engajados e supostamente "relevantes" politicamente. A maionese desandou, e depois de uns bons 20 anos, parou e começou a fazer experimentos excruciantemente chatos. Mas lembrem-se do Acossado. E do A Chinesa, talve? Alphaville? Pô, não diminuemos a importância de um homem por trinta anos de devaneios!

Veredicto: o melhor diretor vivo chama-se JOHN WATERS, o filho favorito de Baltimore. O que, você achou que o bagulho era sério? Um moleque de 23 anos querer decidir um negócio desses? Vão perguntar lá pro Roger Ebert, ele tem um programa de TV e eu não tenho.

Um comentário:

  1. ah pára! é óbvio!!!

    michael bay ceeeerto! hahahaha...

    "e uma inexplicável obsessão pelas , mesmo naqueles que claramente ..." faltou uma palavra ou tô disléxica hoje? fiquei curiosa!

    e falando sério, desses todos, eu tb não quero me comprometer... mas cidade de deus é f•da!
    bjus!

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