segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Um pouco sobre a música brasileira - Parte 1

Quando eu afirmei que as bases da música mundial popular devem muito para o eixo Inglaterra-Eua-Jamaica-Cuba-Brasil, não falei levianamente e não inclui meu país porque sou um nacionalista maluco, apenas, talvez, um maluco sem indícios de nacionalismo. Mas antes de mergulhar a fundo na música intercambiável, ficariam surpresos do troca-troca entre esses países, também achava que o Brasil não deveria ser incluído nessa escola de influências , então resolvi pesquisar, aí comecei a mudar de idéia.

Primeiro passsemos para os meados da década de 50 e a década de 60, eu poderia falar dos figurões da bossa nova e da tropicália, mas ficaria no mesmo discurso de todos os nacionalistas malucos, não, as bases interessantes e mais desconhecidas vem de Eumir Deodato, Airto Moreira, Hermeto Pascoal, João Donato, Moacir Santos e Jorge Ben.

Eumir Deodato começou sua experiência na bossa é verdade, com Tom Jobim e cia, já em 67 migrou para os Eua e estorou sua carreira de sucesso ao fazer os arranjos da música tema de 2001, de Stanley Kubrick(pasmem!) e mais conhecido no meio musical com produção e arranjos musicais para Frank Sinatra e Robert Flack, Cool and Gang e ,mais recentemente, para Bjork. Um bom disco para começar a interagir com este gênio seria Deodato 2 (1973).

Não consigo medir palavras quando falo do bruxo Hermeto Pascoal, complicado encontrar as palavras que garantam a influência e sua genialidade por completo, todavia tentarei um pequena abordagem do bruxo albino: é considerado por boa parte dos músicos como um dos maiores gênios em atividade na música mundial. Polistrumentista, é famoso por sua capacidade de extrair música boa de qualquer coisa, desde chaleiras e brinquedos de plástico até a fala das pessoas. Seu início de carreira começa, na verdade sua primeira participação em gravações é no álbum Pernambuco no Pandeiro e Seu Regional(1958), depois de várias viagens com essa banda Hermeto atinge a fama, como também a maturidade intelectual, com o Quarteto Novo, álbum de mesmo nome lançado no ano de 1967. Grupo instrumental formado em 1966, ainda como Trio Novo, por Theo de Barros (contrabaixo e violão), Heraldo do Monte (viola e guitarra) e Airto Moreira (bateria), para acompanhar Geraldo Vandré em apresentações e gravações. Mais tarde, passou a atuar como Quarteto Novo a partir da incorporação de Hermeto Pascoal (piano e flauta) à formação original. O grupo seguiu carreira, acompanhando Geraldo Vandré em programas da TV Record (SP) e da TV Bandeirantes (SP). O grupo se dissolveu em 69. Hermeto continuou suas experiências durantes as décadas tocando com muitas pessoas aí incluindo, nada menos, que o gênio Miles Davis. Juntos, lançaram um cd chamado Live-Evil(1970) , cujo álbum tem duas faixas compostas por Hermeto( Little Church e Nem Um, Talvez).

Chegamos em Donato, filho de um major da aeronáutica, João Donato de Oliveira Neto, nasceu no Acre em 1934. Seu círculo de amizade era composto por músicos que se reuniam nos bares cariocas para tocar violão e, claro, falar de música. Nos anos 50, freqüentou o Sinatra-Farney Fan Clube, na Tijuca, zona norte carioca, que durou apenas 17 meses, considerado por muitos estudiosos como uma escola para toda a geração que mais tarde criaria a Bossa Nova( falei que não ia falar , mas não deu, hehe). Era amigo dos bossas-novistas mas sempre visto como o excêntico que tocava para si e não para os contra baixistas e bateristas que tentavam lhe acompanhar ao acordeão, piano ou trombone. Na mesma década vai para o Eua e faz seu maior êxito: reincorporar a musicalidade afro-cubana ao jazz. Depois grava Bad Donato(1970) qual incorpora também o que estavam fazendo de mais novo na música brasileira aos ritmos caribenhos e ao jazz.

Após todos acima, temos Moacir Santos, pelos mais velhos, conhecido pelo seus choros no final dos anos 40, é ainda mais conhecido pelo álbum chamado Coisas (1965): são dez composições que ganharam o nome de “Coisa” (numeradas de 1 a 10, sem obedecer a ordem das faixas) e o álbum expandiu definitivamente o horizonte da música brasileira. Tal som levou a bossa além dos limites esperados: arranjos de metais misturam uma vocação erudita com um acento afro trazido pelas batidas. As composições derramam sofisticação melódica e harmônica e convidam ouvidos quaisquer para a apreciação de suas notas. Quando descreve-se uma música assim já pensa como deve ser difícil de digerir, pelo contrário, ele executa uma música difícil e ,ao mesmo tempo, com forte apelo popular, completamente digerível. Se o álbum delimitasse e se fecgacesse em si mesmo, já seria obrigatório tomar nota, mas não, ele influenciou o Afrosambas(1966), de Baden e Vinicius. É sabido que Afrosambas influenciou toda bossa e toda música brasileira da época.

O último ,e não menos importante, é Jorge Bem(que o camarada fundamentalista defendeu tão bem). Difícil escolher algo que não seja bom dele, tudo começa no seu primeiro disco( Samba Esquema Novo de 1963), onde inagurou aquela batida diferente de tudo que as pessoas conheciam até então, onde vai findar na sua grande obra mística: Tábua de Esmeraldas, 1974. A fórmula para esse empreitada genial foi a capacidade despretensiosas das letras aliadas a uma intuição rítmica soberba que faz ser, na minha opinião, o melhor Jorge Ben.

Depois de dar uma apanhado geral que tal puxar um desse álbuns e ver se concorda comigo? Se não, pode me chamar de nacionalista, mas não se esqueça que antes eu sou maluco, eu sou maluco.

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