sábado, 18 de agosto de 2007

Buscemi e Macy: o caso Fargo

Eu assisti ao Fargo pela milésima vez esses dias, num dos canais a cabo da vida. Esse é o filme mais famoso dos Irmãos Coen, Joel e Ethan, e abocanhou bela carreira em premiações internacionais no já longínquo ano de 1996, chegando até mesmo a receber uma indicação ao Oscar de melhor filme. Não é o meu favorito deles (o eleito vocês saberão quando eu fizer o meu ranking de filmes dos irmãos Coen, sou chato mesmo), mas é, sem dúvida alguma, um grande filme. O elenco reúne dois atores que poderiam muito bem exemplificar toda a cena alternativa dos anos 90, o William H. Macy e o Steve Buscemi.
Macy teve nesse filme o momento definitivo de sua carreira, dando um salto que o levou a ser sempre considerado para grandes produções, o que permanece até hoje. Já Buscemi, por outro lado, apenas teve em Fargo uma afirmação de seu talento, que foi revelado ao mundo no primeiro filme do Quentin Tarantino, Cães de Aluguel. Bom, essas são as flores da história toda. Eu nutro uma profunda ojeriza por Macy, ator que me irrita demasiadamente, e faz parte, ao lado do Jared Leto, do Giovanni Ribisi e do Robert Duvall, do quarteto de atores que me faz pensar dez vezes se vale a pena assistir filmes que tenham no seu elenco um deles. Mas voltemos ao Fargo. Macy interpretou no filme o marido falido que, desesperado, resolve armar um plano para conseguir dinheiro, contratando dois criminosos para sequestrarem a sua própria esposa, forçando o seu rico sogro a pagar o resgate, dividindo o dinheiro abocanhado com os dois bandidos. Buscemi interpretou um dos criminosos, o que protagoniza os momentos mais agudos do filme. O personagem de Steve Buscemi foi criado pelos irmãos Coen já com ele em mente desde os esboços iniciais do roteiro. Ou seja, foi feito sobre medida para o ator. Espertos esses imãos Coen. Já William H. Macy, esse não teve a mesma sorte, pelo menos não inicialmente.

O roteiro chegou nas mãos dele, e ele sentiu que o personagem do marido poderia ser o papel de uma vida toda. Ficou desesperado, entrou em contato com os Coen pedindo para ser escalado, mas eles sutilmente recusaram, dizendo não terem ele em mente para o projeto. Macy não se deu por vencido. Voou para Nova York, onde a pré-produção estava sendo realizada, para implorar pelo papel. Depois de muito atormentar a paciência dos irmãos, finalmente eles se cansaram de tanta encheção e deram o tão sonhado papel para Macy. Resultado: o filme foi lançado, tornou-se um sucesso arrasador de crítica e, desgraçadamente, rendeu para Macy a indicação ao Oscar de melhor ator coadjuvante. Já o Steve Buscemi, esse ficou a ver navios, sem indicação nenhuma. Uma injustiça inconcebível. Um absurdo, mais uma vez Buscemi era marginalizado pela academia, enquanto o insípido Macy garantia sua indicação. Notem que o personagem dele era o protagonista do filme, e ele foi indicado na categoria de coadjuvante, sina de uma carreira na qual jamais deixará de ser um intérprete sempre ofuscado por colegas de maior presença. Meu consolo foi ele ter perdido o prêmio, do qual era o favorito segundo as bolsas de apostas da época, para o péssimo Cuba Gooding Jr, que mesmo fazendo de tudo para estragar o Jerry Maguire, não conseguiu e ainda levou a estatueta pra casa. Bem feito para o Macy, perdeu o prêmio para uma frase, "Show me the money". Assistir o Fargo depois de tanto tempo não mudou em nada minhas convicções: esse filme é fruto da categoria dos Coen e do talento da Frances McDormand (que justamente ganhou o Oscar de melhor atriz) e dele, o homem, o mito, a lenda do underground, Steve Buscemi. William H. Macy, you sucks!

Um comentário:

  1. o willian está muito bom no magnólia (sim, eu sou a fã chata do magnólia, hehehe)... a cena dele com o alfred molina é muito boa...
    e acredito que o cuba, ganhou naquele ano, pois ele foi um dos poucos que ridicularizou o tom cruise, na frente do próprio, como na cena do vestiário "help me, help you"... a risada que ele dá depois, diz tudo...

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