sexta-feira, 6 de julho de 2007

entre Murray e Sandler

Lembrando que é o mês camarada progressista, resolvi falar de um dos filmes que esse garoto miguxão mais gosta: Encontros e Desencontros, vulgo Lost in Translation para os íntimos. E, já que sou o egocêntico da turma, comparar com um dos filme que mais gosto, Embriagado de Amor( Punch Drunk Love). A escolha de tal filme foi baseada em duas justificativas: a primeira, os filmes tratam do mesmo assunto, o relacionamento de duas pessoas, sobretudo; segundo, seguindo as palavras do grande mestre Tolstoí, ou seja, falar da sua aldeia e assim almejar o universal, resolvi falar da minha aldeia pessoal e a do meu amigo miguxão.

Vamos a sinopse das duas películas. Encontros e Desencontros narra a história de uma celebridade americana( Bill Murray) que vai ao Japão e acaba conhecendo uma garota(Scarlet Johansson) no hotel em que os dois estão hospedados, a partir disso começam a conviver um com outro. Embriagado de Amor é o seguinte: Barry Egan (Adam Sandler) é um pequeno empresário que passa por dificuldades financeiras. Tendo sido criado ao lado de 7 irmãs, a infância de Barry foi difícil e repleta de abusos, deixando-o com medo de amar. Até que entra em sua vida Lena Leonard (Emily Watson), uma misteriosa mulher por quem Barry se apaixona, daí o filme se desenrola.

No relacionamento de duas pessoas e na escolha de um comediante para protagonista masculino residem as semelhanças dos filme, deixando estas premissas os filmes se distanciam promovendo um diferente desfecho e ambos desfechos satisfatórios.

O filme com Bill Murray apresenta um estado blasê em todo o filme: os enquadramentos, os planos sequências, as cenas, a fotografia, as personagens, os diálogos. Uma letargia que percorre todo filme, mesmo nos momentos mais felizes está presente. Como se fosse uma desorientação dos personagens principais perante aquele ambiente estranho a eles e também indecifrável, a apatia do filme fosse uma defesa dos personagens que contagia o filme também e que justifica bem o título; as personagens estão perdidas, todas, sejam elas ricas, mais velhas, mais novas, não importa. E as impede de tomar qualquer decisão ariscada e mudanças radicais.

Enquanto outro filme trata justamente disso: das loucuras que as pessoas fazem, sobretudo quando se está apaixonado. O filme apoiado em telas maravilhosa, enquadramentos geniais, planos sequências(apreciem quando o carro de Barry é atingido e a câmera gira) e um trilha coerente expõe um narrativa que ora parece um musical ora longa da Disney , isso sem o protagonista cantar uma música. Parece o estado que Barry, o personagem, vai chegando, e isto transmitido muito bem pela câmera como pelas atuações de Adam e Emily, falando neles é interessante como tais personagens tão problemáticos podem realmente formar um casal, um casal coerente e que vc acaba torcendo, mesmo sendo clichê e que hoje os finais felizes sejam tão raro. O efeito fábula é justificado, jpa que o filme faz alusão a história de Punch, personagem que tem lutar com o demônio pela alma da amada.

Eu não sei se o camarada progressista é um reprimido(será que ele gosta de tira fotos dos próprios pés?) e eu sou um romântico com problemas psicológicos(já quebrei alguma janela, devo dizer), mas estes filme dão um panorama dos nossos gostos. Enquanto eu sou da escola que o cinema é a arte dos sentidos, um filme deve ser sentido, as pessoas devem sair do filme impressionadas, de alguma maneira. O camarada é indie, me perdi mas era isso que queria falar: o camarada progressista é indie.



Nenhum comentário:

Postar um comentário