segunda-feira, 16 de julho de 2007

Ghost World (Um comentário tardio)

E, aí, depois de meses procurando, achei Ghost World, onde todos diziam que tinha: jogado, numa Lojas Americanas, por R$ 9,90. Antes, eu até tinha topado com uma edição importada por R$ 70, e, olha, confesso que, se não estivesse desempregado na época, teria comprado. O desemprego é uma espécie de lucidez na marra. Bom, e todo o mundo (o Camarada Progressista e uns dois malucos na net) falava do filme, que na TV a cabo recebeu o subtítulo “Mundo Cão”, substituído em DVD por “Aprendendo a Viver”. E aí eu fiquei louco pra ver o filme, que ninguém chamava de obra-prima, mas também não desgostava. E assisti. E era isso mesmo. Não era a última bolacha do pacote, mas sabe que eu adorei o filminho e que, como o Roger Ebert (que vocês devem conhecer daqueles comentários de uma só frase que vêm nas caixas de DVD pra te convencer a levar pra casa filmes do Vin Diesel também por seu valor artístico), eu queria “abraçá-lo”?

Eu sei lá por quê, mas eu também gosto da Thora Birch. Tem isso, que ajudava. E, pra completar, atuando com ela, aquele que é um dos maiores norte-americanos (ou estadunidenses, se você é de Portugal ou um vermelho) vivos na atualidade: Steve Buscemi, o homem que pode revolucionar a América. E aí, você pega esses dois, e, bom, pra ser sincero, pode ser que a gente deixe a parcialidade de lado e defenda uma porcaria só por causa deles. Mas não, não é assim. E fora eles, uma Scarlett Johansson de 17 anos emburrada - vale para o registro biográfico da atriz.
O roteiro, de fato, é redondinho e desenvolve muito bem a protagonista, Enid, interpretada pela Thora Birch, que, diferente das demais personagens à sua volta, se recusa a afundar na indistinção que forma esse “mundo fantasma”. E o grande problema dela é justamente que essa recusa não é clara nem pra ela: o conflito adolescente clássico – “eu não quero ser como eles”. Mas o que existe além deles, senão um bando de idealidades e teorias que vai lá saber se funcionam? E aí é que está: trata-se de saltar no escuro. E por isso é tão difícil.

E diferente do que se poderia esperar, o filme não se restringe à perspectiva da protagonista, que, por exemplo, não acha Seymour (Steve “2008 President” Buscemi) um loser, como o próprio filme deixa claro que ele é, ao assinalar a terapeuta do infeliz virando os olhos ao fim de uma sessão. Muitas vezes nem a privilegia. Na verdade, na trama Enid só se sai como protagonista justamente por romper com os demais membros dessa comunidade cheia de figuras excêntricas, mas estacionadas. Até o fim do filme, o que se vê é o seu descompasso com os demais. E apesar de todo o pessimismo, o saldo é positivo: pode-se até falar em final feliz, dependendo do que a gente espera que isso seja.

A história é adaptada de um quadrinho, ou melhor, de uma graphic novel, cujo criador, Daniel Clowes, também assina, junto com o diretor Terry Zwigoff, o roteiro, que foi indicado ao Oscar – se acaso isso lhes interessa. E vocês vão me perguntar se eu já li o quadrinho, e eu vou perguntar se tenho cara de Camarada Moderado, que, ainda que não esteja claro, é o especialista no assunto. E vocês vão poder me mandar catar lata, e eu vou.

Um comentário:

  1. quando a scarlet não parece emburrada? mesmo assim eu gosto dela...
    a propósito, é ótimo ver os "colegas" se relacionando, mas ainda fica uma pulga atrás da minha orelha: uma pessoa com múltipla personalidade teria tanto tempo assim pra escrever tantos posts....mmm..(dedo indicador e polegar no queixo)...

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