quinta-feira, 19 de julho de 2007

O cinema de James L. Brooks, vulgo Camarada Fundamentalista

James L. Brooks e eu somos a mesma pessoa. James L. Brooks é o meu Tyler Durden. Eu o criei para dar vazão às minhas fantasias otimistas e humanitárias mais loucas. Ele é o meu jeito de dizer ao mundo como eu amo as pessoas. Com seus filmes, me redimo de todas as vezes que agi de forma misantrópica e grosseira com alguém; me redimo de todos os crimes à Holden Caufield que cometi até hoje.

Quando eu filmo, estou interessado, sobretudo, em como pessoas comuns podem exemplificar, da maneira mais perfeita, quão digno o ser humano é, e como essa dignidade é inalienável. Meu cinema trata exclusivamente disso. Vejam, por exemplo, Helen Hunt, em Melhor é Impossível (As good as it gets); e Adam Sandler, em Espanglês (Spanglish).

Nos filmes de Brooks, encontramos crônicas otimistas sobre quando, em meio às dificuldades inerentes ao convívio humano, as pessoas vêm a revelar o melhor de si. Pode-se dizer que James L. Brooks é o Frank Capra contemporâneo. A desesperança contra a qual este último se colocou, ao longo da Grande Depressão, é superficial, já que condicionada a fatores externos, materiais, se comparada ao cinismo da nossa época, este um sintoma espiritual. Em certo sentido, Brooks vai além do mestre, ao enfrentar tempos mais obscuros, que já não engolem anjos ou morais.

Como manipulador das emoções da platéia, poucos conseguem ser tão delicados ao dosar humor, ironia e ternura. É preciso um incrível feeling para se acertar uma genuína comédia dramática; a maioria dos diretores resvala para um dos lados, ou para o drama, ou para a comédia. Esse equilíbrio, tão raro, é um dos méritos de Brooks.

***

Helen Hunt me ligou um dia desses, dizendo que precisava desabafar. Acho que ficamos conversando durante umas duas horas; quando ela desligou, me levantei e vi que eram três da manhã. No dia seguinte, eu tinha de trabalhar, mas não consegui acordar a tempo. De fato, ainda estava dormindo lá pelas dez horas, quando o telefone tocou – era o Camarada Progressista, dizendo que o Camarada Moderado estava desaparecido, que a mãe deste falou que ele saíra há três dias e ainda não voltara pra casa. É duro ser o Camarada Fundamentalista quando não se tem o Brad Pitt pra interpretar o James L. Brooks pra você.

Um comentário:

  1. eu tô dizendo... vocês SÃO uma pessoa só!!! hahahahahaha...
    e realmente, melhor é impossível.. é ótimo!
    e se não fosse o james, ã, quer dizer, tu, talvez não houvesse simpsons na televisão, e o matt groeing teria que esperar até a era da internet pra veicular seus deseinhos mal feitos, hihihihihihihi....
    bjus!

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