domingo, 8 de julho de 2007

Manual Prático do indie pinguim - Parte 3: Caixa de sobrevivência do indie pinguim/O que ouvir atualmente

Depois de acusar(moderamente) o camarada progressista de indie, lembrei que deveria continuar minha série para aquelas pessoas desesperadas que adoraram a primeira parte desse manual, incluindo aí nosso camarada. Continuando na vertente musical, mas agora em álbuns que foram lançados recentemente( do começo dos anos 2000 até hoje) e que tenham vertente válida para os indies de hoje em dia, pois tenho uma preocupação sociológica com essa empreitada.

Indie hoje em dia ouve bastante coisa e não só indie rock, pensei nisso e resolvi abranger outros estilos, sempre pode ter uma garota(o) a quem se aproximar e se surpreender com seu ecletismo musical. Mas sempre preocupado com a palavra alternativo, não precisa ser indie mas precisava ser meio desconhecido. Poderia ser até uma visão mercadológica e de produção alternativa, ok vamos lá!


1) Shades Of Blue - Madlib - 2003 - hip-hop alternativo com toques de jazz
Descobri tal se
r mais por acidente do que qualquer outra coisa. Estava baixando música(faço muito isso) e resolvi ariscar, quem diria que ouviria até hoje e consideraria um dos melhores álbuns que já ouvi?Coisas da vida.

Shades of Blue parte do seguinte conceito: pegar um apanhado de gravações do famoso estúdio Blue Notes(famoso pelas gravações de jazz) e samplear e transformar em hip-hop suave e delicioso de ouvir. Recomendo atenção auditiva em duas faixas: Footprints, feita por Wayne Shorter; a composição de Gene Harris, que era The Look of Slim, foi remixada e tornou-se Slim's Return.

Madlib só por esse álbum já poderia ser chamado de promissor, ainda é um expetacular produtor musical. Se fosse só isso, tem mais, ele resolveu criar heterônimos musicais e produzir tais discos( resta saber se ele leu Fernando Pessoa, não é?). Os discos do seus heterônimos musicais diferem em estilo e até gênero musical do próprio autor, nessa brincadeira ele criou uma banda, Yesterday New Quintet, onde o próprio compôs as musicas, no estúdio tocou todos os intrumentos e ainda produziu o disco. Continua produzindo e produzindo muito, dizem as más línguas(www.pitchforkmedia.com) que ele dorme e vive no estúdio, para se ter uma idéia sua discografia tem 2,2 GB e começou a lançar albuns em 2000. Minha mãe falava que tem gente que não sabe brincar e eu não acreditava. Em suma, se você estiver ouvindo DangerDoom, Quasimoto, Madvillian, Yesterday New Quintet na verdade todo aquele trabalho musical foi arquitetado por um exército de um homem só: Madlib.


2)Nadadenovo - Mombojó - 2004 - "novo maguebeat", pop, samba, rock
Tudo novidade: assim que encarei esse álbum, no começo você acha parecido com os finados Los(loser?) Hermanos, sobretudo pela forma de cantar do vocalista, entretanto começa perceber a sonoridade e as viagen da banda: a experimentação dentro do rock( que faria qualquer StereoLab cair no chão de inveja); a fusão rock e samba em Deixe-se Acreditar; a flauta tranversal em Nem Parece que teima em ficar dançando em cima da harmonia; a transição bem executada entre as faixas Discurso Burocrático e A Missa; a própria A Missa que alterna samba, rock pesado e, seria, um hip-hop? Enfim tal álbum é bem executado, com faixas belas e feitas por músicos que na época tinham 20 e poucos anos, nem precisa mais de motivos pra ouvir. Mas tem, os dois albuns, em versão integral, da banda estão disponíveis para baixar no site da banda(www.mombojo.com.br). Só não entendo uma coisa: pra quê chamar de manguebeat? Só por que é do mesmo estado? Isso eu fiquei sem entender.


3)Unsolved - Karate - 2000 - indie rock com pitadas de jazz
Me apresentaram tal banda, falei: "Interessante...". Resolvi pesquisar e acabei me apaixonando. Nada de experimentações ousadas, harmonias complicadas, conceitos brilhantes e inovadores. Esse album viveria bem se não estivesse existido a musica concreta, não faria muita diferença. Simplesmente som bem executado, bonito, com letras boas.

Tal banda foi formada por músicos formados em uma faculdade de musica pouco conhecida que estudou "normais" como Miles Davis. Se conheceram lá e montaram a banda e resolveram formar uma banda de verdade de indie rock e que banda devo dizer.

Como sempre acabo vertendo pro lado do jazz, acabei escolhendo o álbum que tem mais elementos desse gênero. De uma forma geral todos os álbuns são bons, pena que a banda acabou.


4) Por Pouco - Mundo Livre S/A - 2000 - manguebeat
Uma banda mais antiga, mas que cresceu mais depois do seus primeiros cds. Hoje em dia acho que perderam denovo a mão. Fred 04(líder da banda) tornou-se mais um protestante político atual do que músico. Bem, vamos nos ater ao cd.

O álbum Por Pouco mostra uma maturidade da banda Mundo Livre e mostra também o caminho musical que tal banda escolheu e este caminho difere das outras bandas precurssoras do manguebeat, como Mestre Ambrósio e Nação Zumbi. A primeira busca um resgate das tradições nordestinas enquanto a segunda, mesmo após a morte do líder e cara do próprio movimento, procura atingir uma veia pop criando música de qualidade. Ao mesmo tempo Mundo Livre, como música de protesto, sempre buscou um meio termo e parece que nesse album atingiu o apíce estético. Atenção especial pra descontrução musical que fazem na versão deles de Garota de Ipanema; a letra de Mistério do Samba; a faixa título Por Pouco com sua harmonia genial e a inclusão de violinos aumenta mais a genialidade dessa música.


5)Amputechure - The Mars Volta - 2006 - indie rock, rock progressivo, pós-rock
O guitarrista da banda At the Drive-in(não precisa saber e nem ouvir isso) resolveu tomar vergonha na cara e formar uma banda de verdade. Resultado: esse álbum e mais alguns. Elementos do rock progressivo e sem a masturbação musical que o gênero ficou conhecido, com as latinades do tal guitarrista( Omar Rodriguez definitivamente não é sueco), recomendado também ouvir seus projetos solos.





Pra finalizar, leitores, agora vcs terão mais álbuns pra ouvir, mas lembre-se, tentem ser superciais e vagos, como fui agora.

2 comentários:

  1. Detesto todos, e, alguma alma há de convir comigo: Mars Volta é um porre.

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  2. MOMbojó eh mt foda,mt bom,realmente uma das melhores coisa dos ano 2000.na nova estética...moderdinade e bom gosto sem soar vulgar
    Bom demais

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